"1. Foi necessária a intervenção do FBI e da procuradoria-geral dos Estados Unidos para que fosse mostrado o cartão vermelho a Blatter. Eleito pela quinta vez consecutiva com o menor número de votos de sempre e, sobretudo, sem o apoio dos países da UEFA, o reconduzido presidente da FIFA vai ter um mandato atribulado, que dificilmente levará a termo. Desde logo, porque tem gente poderosa contra si - Obama, Merkel, Cameron - e depois porque os processos para ele mais espinhosos, relacionados com a atribuição dos Mundiais de 2018 à Rússia e de 2022 ao Catar, estão ainda em fase de investigação, embora a prova já recolhida o incrimine em muita coisa. Neste momento só Vladimir Putin o apoia, ao mesmo tempo que pede a Washington que acabe com as tentativas de exercer justiça fora das suas fronteiras. A guerra é planetária. Até o relatório do ex-procurador norte-americano Michael Garcia, contratado a contragosto pela FIFA para se pronunciar sobre a transparência na escolha dos países organizadores daqueles eventos, continua no segredo dos Deuses há largos meses.
2. Em vez de se demitir, mal estalou o escândalo há uma semana, Joseph Blatter, qual bode alpino que nunca se detém perante os obstáculos, transformou-se assim numa espécie de capo mafioso do tipo Al Capone, Don Frank Costello, Don Vito Genovese e Don Salvatore Rina. É preciso dizer que na FIFA House ninguém faz perguntas ou se atreve a contradizer o chefe; ninguém consegue ler um balanço sem um descodificador (e, mesmo assim, fica sem saber que fatia dos 232 milhões de euros gastos em remunerações da Administração (!) toca a Don Joseph). Resta-nos agora aguardar pela vendetta do dirigente suíço, que poderá ser cruel para a Europa: menos um clube, no mínimo, no próximo Mundial, possibilidade de um play-off internacional contra outro continente, menos elementos, no Comité Executivo... A aproveitar seria o exército afro-asiático que o sustenta e defende. E se, em represália, a UEFA abandonasse a FIFA e se autonomizasse?"
Manuel Martins Sá, in A Bola
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