"Não fui apanhado de surpresa pois há alguns dias sabia do seu estado de saúde precário. Mas não deixa de ser muito triste quando penso que foi através de Anacleto Pinto que me interessei pelo Atletismo do Benfica. Eu que até ouvir falar dele e depois de começar a vê-lo correr, na nossa antiga pista de tartan no campo 2 ou na televisão, pensava que só havia Atletismo, em Portugal, no Sporting CP!
Comecei a saber da sua categoria no defunto 'O Benfica Ilustrado' que começou por ser um suplemento mensal do semanário 'O Benfica' em forma de revista. Foi aí que comecei a ler prosas magníficas acerca dele e fotografias apaixonantes de Roland Oliveira. Ainda tenho a revista onde se destaca a sua proeza, em 1966 quando, apenas com 17 anos, se sagrou campeão regional e nacional em Corta-Mato. Numa temporada em que integrou a equipa vencedora da mítica estafeta Cascais-Lisboa, uma prova de estrada.
Natural de Viseu (25 de Fevereiro de 1948) envergou o Manto Sagrado em 1964 (com 16 anos) e foi com ele que se despediu em 1985, com 37 anos, embora tivesse passado por outros clubes: Benfica (1964-1969; 1974-1977; 1980-1985), Académico FC Viseu (1970; 1978-1979) e Sporting Clube de Luanda (1971-1974).
No início dedicou-se às corridas de fundo (5 e 10 mil metros) chegando a recordista nacional dos 10 mil metros em 1967 (30.05,8), ainda com idade de júnior, e 1968, quando se tornou o primeiro português a fazer menos de meia-hora (29.57,6). Em meados dos anos 70, com maior maturidade começou a dedicar-se à maratona, especialidade na qual foi olímpico pelo primeira vez nos Jogos de Montreal'1976 (22.ª lugar) e voltaria a sê-lo em Moscovo'1980 (16.º lugar). Ainda conservo o seu cromo da caderneta dos Jogos Olímpicos de Montreal, em 1976. Tinha eu, então, 15 anos.
Tinha sempre grande expectativa quando corria frente a Carlos Lopes. Ansiava por vê-lo vencer, tal como Fernando Mendes deixar Joaquim Agostinho para trás no ciclismo, pois considerava que esses dois sportinguistas tinham uma visibilidade na Imprensa perfeitamente desmesurada para a realidade. Como se nada mais existisse!
Com sete títulos de campeão nacional, conquistou quatro em pista ao ar livre: três vezes campeão em 5 mil metros (1966, 1976 e 1977) e na estafeta 4x1500m (1967). Na estrada consagrou-se como campeão nacional da maratona (1976 e 1978), além do nacional de Corta-mato (1966). Além de dois Jogos Olímpicos, esteve presente em cinco Mundiais de Corta-mato e treze campeonatos (Europeus e Mundiais) em pista, entre 1966 e 1980.
Em 21 de Março de 2015 faleceu, em Tondela, aos 67 anos. Apesar de nunca ter falado com ele, 'conhecia-o' desde 1966. Pelo respeito como atleta de valor supremo, mas principalmente, como Glorioso do nosso Atletismo, considero que perdi um Amigo! Que tantas alegrias me deu.
Obrigado Anacleto por ter aprendido contigo a gostar, ainda mais, do nosso Clube."
Alberto Miguéns, in O Benfica
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