Últimas indefectivações

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Semântica desceu aos regionais

"Ernest Hemingway dizia «em África uma coisa é verdade ao amanhecer e mentira pelo meio diz...». É com base nesta verdade mutante ou na capacidade de não reconhecer a mentira que alguns adeptos, de certos (todos) clubes conseguem concordar com as algumas declarações dos seus dirigentes.
Esta semana foi demais. O admitir o erro, a mentira ou o ridículo às vezes é até, para alguns desses adeptos, um acto de menor amor ao clube. Só assim se explica como tanta indigência gramatical nos últimos dias.
Bem sei que o defeso, para além de 487 notícias por hora sobre a lesão de Ronaldo e 674 possíveis compras e vendas de jogadores, não tem trazido grande pimenta.
Mal o nível da semântica desceu aos regionais. Como adepto espero sinceramente não perder tantos jogadores como se lê, mas com igual rigor espero não comprar metade do que anunciam.
Deixo aqui algum do meu primário registo de interesses afectivo: Enzo Pérez é de todos o que me custaria mais ver partir, é inteligência e perfume. Garay faz parte da melhor tradição de centrais de enorme classe do Benfica, na escola de Humberto, Mozer, Ricardo Gomes ou Gamarra. Passei a época a azucrinar a paciência do meu amigo Alcino António (cadeira do lado) que só daríamos o valor ao Siqueira quando ele faltasse. Espero não perceber nada disto. Luisão é o patrão, e ninguém gosta de perder o patrão. Gaitán é magia. Gostava muito de poder ter dez anos do gelo de Oblak. Maxi e Salvio são alma.
Este ano foi com inteligência, perfume, alma, magia e gelo que se conseguiram tantos títulos. Admito pois, que com alguns jogadores diferentes, mas os mesmos ingredientes, se chegue a êxito igual, mas admito sem vergonha o quanto me custa ver sair os melhores. Depois de chegar ao céu, ninguém gosta de sair de lá."

Sílvio Cervan, in A Bola

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