"1. O General nunca foi de muitas falas. Como dizia essa figura de humor finíssimo chamada Aventino Teixeira, apenas coronel: «militar culto só se for autodidacta!» O coronel era autodidacta; o General não. O General pouco aprendeu em todos estes anos de vida. Criou uma imagem de tanta seriedade que nunca ninguém o viu rir. Cultivou uma imagem de tal rectidão que qualquer um diria que engoliu uma vassoura. Talvez ninguém seja capaz de lhe apontar o que quer que seja à honestidade. Eu não sou, certamente. Mas já podemos todos apontar-lhe algo às amizades e à decência dessas amizades. O General tornou-se, de há muitos anos para cá, uma espécie de fantoche do Madaleno que o exibe onde quer e quando quer. Provavelmente são tão amigos, que o Madaleno o trata, com aos bons amigos, por «filho da puta». E isso não é maneira de tratar um general, quanto mais o General. É esse o seu problema. Ou o seu labirinto. Onde se perdeu e nunca mais encontrará o caminho de volta.
2. Já que falo em fardas, não sei se os polícias que se queixam de uns empurrões dados por Jorge Jesus estiveram na grande manifestação que entupiu umas poucas de ruas de Lisboa na passada semana. Sei que o largo no qual se concentraram parecia, depois da debandada, uma lixeira: copos de plástico, papéis, restos de comida. Depois, como está agora na moda, avançou o fascismo manifestativo: por causa de quem se manifesta, o cidadão que não se manifesta chega tarde ao trabalho, demora mais duas horas a regressar a casa, vê-se privado da mais simples das liberdades - a de se deslocar livremente pelas ruas da sua cidade.
Não sei se os polícias que avançaram com um processo contra Jorge Jesus por causa de uns empurrões também contribuíram para a grande vergonha da falta de asseio e de educação ao que assisti ao vivo. Nem se Jesus já tem o relógio de volta..."
Afonso de Melo, in O Benfica
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