"Uma digressão que começou com o pequeno, o especial, o gorducho, o lesionado, o caril, a galinha e o bom vinho.
«Beijos, abraços, acenos daqui e dali. Sorrisos, muitos sorrisos. Não o ambiente cosmopolita dos aeroportos. Ambiente bem à portuguesa e até podia ser a partida de simples família. Mais um voo para o ultramar». O Sport Lisboa e Benfica partia para a sua sexta digressão a África.
Tinham passado exactamente vinte e três anos desde a sua primeira digressão àquele continente. Desta vez não eram os campeões latinos que ali se deslocavam. Eram os tricampeões nacionais e... era Eusébio!
A viagem decorreu entre 3 e 13 de Agosto de 1973, com passagens por Lourenço Marques (Moçambique), Luanda e Sá da Bandeira (Angola). A cidade natal de Eusébio recebeu a equipa 'encarnada' para o primeiro desafio. Do pós-jogo destacaram-se os elogios a Vítor Martins e Nené - '(...) o pequeno Vítor Martins que jogou como gente grande!', 'Nené é um tipo de jogador especial' - e as críticas à forma física de Toni - 'Toni está gorducho e anafado'. Quanto ao 'Pantera Negra', embora tenha marcado um golo e contribuído para a vitória do Benfica, não ficou satisfeito com a sua prestação: 'Fiquei triste por não ter jogado bem na minha terra! (...) Eu não rendi aquilo que seria de desejar e isso magoa-me, ao ponto de ficar triste, pois eu exibi-me frente aos meus conterrâneos e a eles eu queria dedicar as minhas «explosivas» actuações. Mas a minha recente lesão...'. Mal sabia ele que, daí a dois dias, uma nova lesão o faria regressar antecipadamente a Lisboa.
No fim do jogo, aguardava-os '(...) um jantar tipicamente africano'. 'Os sogros de Eusébio foram anfitriões (...) toda a comitiva do Benfica tomou parte num lauto repasto (...)' composto '(...) pelas seguintes iguarias: camarões fritos, caril de caranguejo, galinha à cafreal, regado a bom vinho (...) A ementa (à africana) era de fazer cócegas a qualquer estômago. Por mais débil ou falho de apetite!...'.
De barriga cheia, seguiram caminho para Angola. A digressão tinha que continuar.
A simbolizar esta digressão encontra, na área 26. Benfica universal do Museu do Benfica - Cosme Damião, a Para de Elefante, provavelmente um dos objectos mais inusitados em exposição."
Mafalda Esturrenho, in O Benfica
Que sonho de equipa
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