"Acabou o jogo da Madeira e, apesar da grande festa benfiquista, logo se percebeu: não dá para muito mais. Nem sequer dará para esconder as dificuldades. O Benfica chega a este momento final e crucial da época preso por arames.
Jorge Jesus tem feito os possíveis numa gestão cuidada e racional do plantel, mas os que escala para jogar deixam em campo a marca do sacrifício, da vontade, do querer, mas já não conseguem evidenciar o fulgor, a criatividade, a espontaneidade que levou a equipa, esta época, a jogar o melhor futebol do campeonato português.
Neste quadro, que jogo a jogo parece tornar-se mais evidente, a questão está agora em saber se a águia ainda conseguirá voar até ao lugar com que sonhou desde o início do seu longo voo. Talvez que a ideia de ter esse lugar já à vista seja suficiente para lhe dar a força e o alento de que necessita, mas a verdade é que parece exausta.
Coloca-se, entretanto, uma outra questão pertinente. O Benfica sabe que terá de ganhar os dois jogos no Estádio da Luz, com o Estoril e com o Moreirense, para ser campeão, sem precisar do jogo no Porto, mas também sabe que ainda vai ter de lutar arduamente por um lugar na final da Liga Europa e tentar ganhar, por fim, a Taça de Portugal. Onde irá buscar forças para tanto? Será ainda possível um último fôlego e um último golpe de asa?
Esta é a expectativa maior que leva à natural ansiedade dos seus adeptos. A águia está cada vez mais perto da tal época de sonho de que falava Jorge Jesus, mas ninguém se atreve a adivinhar o fim, porque este parece ser, sem dúvida, um dos maiores filmes de suspense de que há memória no futebol português."
Vítor Serpa, in A Bola
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