"Parece sina: três quartos de hora de sofrimento, porfiados, diligentes, empenhados, sonhadores, até que Maxi Pereira lá estava no sítio a que os avançados não chegaram para fazer um golo. Depois, mais 45 minutos arrastados ao segundo, ligada muito cedo a “tração atrás”, prejudicada o espetáculo em função da solidez recuada, com Matic em campo ao lado de Javi e com os dois alas (Nolito e Bruno César) alertados para missões defensivas, até que Nélson Oliveira – à terceira – acabou com as reticências, legítimas para quem queria sair de um ciclo terrível mas não sabia se o conseguia alcançar.
Ao contrário do que aconteceu com o FC Porto, em que o Benfica teve de correr atrás de um golo de desvantagem e de um arranque muito melhor do adversário, os encarnados puderam e souberam ser pacientes, equilibrando uma postura coletiva cuidadosa e concentrada com a expectativa de que algum das individualidades (Gaitán, Witsel, Rodrigo) estilhaçasse a muralha defensiva dos russos. Desta vez não houve romantismos – em vez da troca de Aimar por Rodrigo, foi o jovem espanhol, mesmo aniversariante, quem abriu caminho à presença de Matic. Mesmo sem Garay, a defesa do Benfica (com Jardel a dizer que é bombeiro para estes incêndios) mostrou uma concentração rara, algo que tanto pode avaliar-se pela escassez de trabalho a que Artur foi submetido, como pela falta de oportunidades reais do Zenit. Ou seja, sem deslumbrar, sem se aproximar dos vendavais que já provocou esta época, o Benfica muniu-se – inteligentemente – de uma frieza que só foi interrompida por um emotivo pedido de apoio de Luisão ao público, já a segunda parte ia alta. Sabendo que não podia contar com o génio de Pablo Aimar, repartiu as suas tarefas por Witsel (um artista-operário com todas as potencialidades para fazer história no clube) e por Gaitán (não só a recuperar nos desequilíbrios estonteantes que provoca, mas muito capacitado de que também era preciso integrar o espírito de corpo). Mais: desta vez, todas as substituições de Jorge Jesus devem ser aplaudidas. Pena que, mais uma vez, o “numerus clausus” não tenha abrangido Javier Saviola.
Parece-me legítimo que o Benfica sonhe com a ajuda da fortuna no sorteio – se escapar a Barcelona e Real Madrid, ganha direito à ilusão. Afinal, em duas épocas consecutivas, a equipa de Jorge Jesus chega, primeiro, à meia-final da Liga Europa (é ver onde andam os dois finalistas…) e coloca-se agora entre as oito melhores equipas europeias. Num momento em que o campeonato parece ter outro destino, salvaguarda a maquia que a Champions lhe atribui. Salvo melhor opinião, é a segunda grande vitória de um mesmo dia, depois de recusar a proposta da Sport TV. Mas isso só se verá mais adiante."
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