"Há pouco tempo, ouvi atentamente uma curta entrevista radiofónica de Álvaro Magalhães. Falava sobre o seu regresso a Angola como técnico do recém-promovido Nacional de Benguela. E denunciava a dificuldade que tem tido em exercer o seu ofício em terras portuguesas. Deste modo incisivo e directo: «Trabalho sozinho. Não pago a assessorias para colocar o meu nome nos jornais. Todos conhecem o meu trabalho como ex-jogador e como treinador. E tenho pena de ter sido forçado a emigrar outra vez (...). Infelizmente há um lobby que está a impedir que alguns treinadores competentes possam trabalhar no nosso futebol.»
Ora aqui está um testemunho lancinante sobre o que se passa (também) à volta do mundo do futebol. Das aparências de imagem, das não notícias meticulosamente transformadas em pseudonotícias, das espertezas de quem dribla melhor fora de campo do que neste, das pressões de intermediários cujo objectivo é a soberana comissão, das manobras de bastidores desumanizadas e enviesadas.
Enfim, de quem não joga ou treina... mas ganha sempre. Com a generosa compreensão do sistema e da sua entropia.
Por isso, Álvaro - que admirei como futebolista de raça e coração e que prestigiou o Benfica e o futebol português - é um treinador só. Uma solidão paradoxalmente por boas razões e decepcionantes consequências. Um emigrante - como outros bons treinadores - porque não entra na roda de certa engrenagem sórdida. Um benfiquista, que depois de ter contríbuido decisivamente para o seu clube ser campeão em 2005 em Trapattoni, foi dispensado como um qualquer."
Bagão Félix, in O Benfica
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