"As fotografias de Roland Oliveira revisitam lugares, pessoas, modos de estar e afectos de um tempo ímpar na história do Sport Lisboa e Benfica.
Munido da sua Rolleiflex, de lentes gémeas e distância focal fixa, usando filme a preto e branco com o formato de 6x6cm, Roland Oliveira (1920-2007) fotografou durante mais de cinco décadas o seu território de afectos, o Sport Lisboa e Benfica. Nascido em São Vicente, Cabo Verde, mudou-se depois da II Guerra Mundial para Portugal e, como repórter fotográfico desde o final da década de 40, colaborou com inúmeras publicações desportivas, entre as quais a Stadium e o Record. Sócio do Sport Lisboa e Benfica desde 1945, colaborou a partir da década de 50 com o jornal O Benfica e mais tarde com O Benfica Ilustrado. Viajou com a equipa de futebol, retratou secções e equipas, eleições, tertúlias, saraus, e parte das suas fotografias foram agora reunidas numa exposição que está patente na antiga secretaria do Benfica na Rua do Jardim do Regedor, até 15 de Outubro.
Cobrindo os anos de 1955 a 1962, esta exposição revela-nos a entrega e dedicação de associados e dirigentes que, sob a visão de futuro das direcções lideradas por Joaquim Ferreira Bogalho (1952 a 1957) e de Maurício Vieira de Brito (1957 a 1962), souberam conciliar o crescimento do património físico a uma dimensão desportiva internacional sem precedentes para a escala do país. Estes são anos decisivos na afirmação da hegemonia do Benfica, com a construção do novo Estádio da Luz, e a sua ampliação apenas seis anos mais tarde, o início do profissionalismo no futebol com a vinda de Otto Glória, o ecletismo das modalidades amadoras e uma imensa vida social e associativa. Em 1956, o Benfica movimentava cerca de 2609 atletas em 21 modalidades.
Atrás da baliza, na pista de atletismo ou no parapeito do rinque, Roland aguardava o tempo certo, a defesa do guarda-redes, o momento em que a bola cruzava a linha de baliza, o ponto mais alto do salto, a passagem dos ciclistas, etc. Estas fotografias são de um tempo em que a fotografia era a única imagem dos acontecimentos e, como uma arqueologia visual, permitem-nos revisitar sítios, pessoas, modos de estar e afectos, fintando inúmeras vezes a realidade, e (re)constroem fragmentos importantes da nossa memória colectiva."
Paulo Catrica, in O Benfica
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