"Já lá vai o tempo de poucas ou nenhumas saudades em que os presidentes dos clubes rivais faziam cruzar ditos, remoques, acusações, ataques verbais, ofensas e outras formas de agitar o ambiente e de cultivar o desassossego nas hostes, o que se reflectia, não raras vezes, num ambiente de perigosa tensão.
Os tempos mudaram, e muito, no futebol português. Hoje, entre o FC Porto e o Benfica, por exemplo, há uma notória paz institucional que nem é oficialmente anunciada, nem é oficiosamente beliscada. Aqui e ali pode-se reconhecer um pequeno sinal de inquietação, até mesmo uma mensagem de contida indignação, mas nada que faça perigar relações pacificadas ou que desperte a ira adormecida dos adeptos mais cáusticos.
Será, talvez, pela constatação e pela consagração desse ambiente bem mais civilizada e com reconhecidos efeitos positivos na diminuição de incidentes e de acidentes no futebol que mais surpreende a persistência e, além disso, a insolência das declarações de Lopetegui sobre Jorge Jesus.
Acredito que elas resultem de uma nova, embora estranha, teoria de comunicação do FC Porto, porque seria inadmissível, para o clube, que o seu treinador montasse todo este circo por livre arbítrio. Porém, não se vislumbra o alcance da ideia, para além de colocar o treinador basco num patamar de antipatia generalizada, por ser tão obviamente grosseiro na análise, desculpabilizante dos seus próprios erros e, pior de tudo, por ser tão vulnerável no plano meramente ético, ao atacar um companheiro de profissão que - valerá a pena recordar - ele próprio começou por desrespeitar em público."
Vítor Serpa, in A Bola
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