"Aos 120 anos, o Benfica continua a colocar à prova a minha saúde e as minhas relações. Não há nada nem ninguém na minha vida capaz de me retirar o apetite por completo como o Benfica. Um segundo é suficiente para eu passar de um modo esfomeado, ansioso por devorar duas francesinhas e uma panela de arroz de feijão, para um modo onde nem sequer um amendoim me consegue atravessar o esófago. No Benfica, quando temos de falar em jejum, não nos referimos propriamente aos títulos. Por cá, essa é uma expressão que ultrapassa a dimensão futebolística. Eu lembro-me bem da preocupação da minha mãe, quando eu era criança, pelo facto de o meu pai não ter feito uma única refeição durante 11 anos.
Não há notícia ou acontecimento que coloque em causa o bom estado do meu miocárdio com a regularidade com que o Benfica o faz. Na verdade, estou convencido de que, se o meu coração sobreviveu até hoje às múltiplas ameaças de que já foi alvo por parte do Glorioso, não há nada que o possa quebrar subitamente.
Então e a agenda? Por aqui vemos também a intolerância de quem nos rodeia. Casamentos, aniversários, ou qualquer outro evento festivo são uma dor de cabeça, na medida em que os anfitriões não compreendem a minha ausência se a data coincidir com um jogo do Benfica. O leitor pode não acreditar, mas já houve quem tivesse o desplante de me dizer que se eu não vou é porque eu não quero, por se tratar de um decisão que depende só de mim. Como seu eu tivesse poder para alterar o calendário dos jogos!
O Benfica já me deixou triste, angustiado e sem energia para sorrir ou falar. E, ainda assim, eu não aceitaria outro modo de viver. Porque cada momento de alegria é mais do que suficiente para continuar apaixonado eternamente. Sou do Benfica, e isso me envaidece!"
Pedro Soares, in O Benfica
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