"Depois de perder 0-3 no Restelo, Manuel Machado, que acabaria por rescindir o Moreirense no dia seguinte, teve frase curiosa, a propósito da remodelação e juventude do plantel definido para esta época. «Não consigo fazer uma mulher parir aos cinco meses».
Isto leva-me a reflectir sobre o fenómeno em relação aos três grandes do futebol português. No caso do Benfica, Rui Vitória deu gémeos ao clube da Luz (tal como Jorge Jesus, fazendo ambos de Luís Filipe Vieira o pai do tetra), mas esta época o agregado familiar encarnado optou pela estranha contradição de querer ter mais um filho (o penta) sem acautelar da melhor forma a concepção e gestação do mesmo. Resta a esperança de ecografias cada vez mais animadoras (como ontem em Old Trafford, apesar da derrota).
No caso do FC Porto, depois de muito dinheiro gasto em pensões de alimentos a pais de filhos pródigos imaginários, Sérgio Conceição surge para o universo azul e branco como o verdadeiro deus da fecundidade. É nele que todos depositam a fé de que o FC Porto desta vez vai mesmo dar à luz o título com que sonha há quatro anos, e sem necessidade de gastar dinheiro em tratamentos de fertilidade.
No caso do Sporting, que há muito sonha com o milagre da vida (15 anos), Jorge Jesus foi a grande aposta de Bruno de Carvalho para a inseminação artificial do sucesso, e cada mercado de verão tem sido período fértil para reforços, mas, por diferentes motivos, que variam de ano para ano, entre culpas próprias e méritos alheios, cada gravidez, por mais sólida que pareça de início, tem sido sempre de risco (na época passada foi mesmo ectópica).
Daqui por uns meses, na hora de fazer contas, quem se apanhar com um eventual insucesso nos braços fará lembrar a música popular: «Mas quem será, mas quem será, mas quem será o pai da criança? Eu sei lá, sei lá, eu sei lá, sei lá...»"
Gonçalo Guimarães, in A Bola
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