"Não sou dos que pensam ser o videoárbitro o remédio para todos os males do futebol português. Mas também não embarco na onda de desconfiança dos que o olham de lado, recusando-lhe méritos ou negando a ideia de que pode ajudar a resolver, pelo menos, parte dos problemas. Acho que o melhor a fazer é dar-lhe o benefício da dúvida. Esperar, analisar os resultados e fazer-lhe uma análise mais consistente. Dito isto, devo dizer que acredito tratar-se de passo muito importante para um futebol mais transparente. E com menos ruído. Porque não eliminando o erro, vai reduzir, se calhar até de forma significativa se for usado de forma inteligente, os jogos resolvidos por lances mal avaliados pelos árbitros. E isso dará aos dirigentes menos moral para utilizarem a arbitragem como bode expiatório para os seus próprios falhanços.
Continuará, é certo, a haver discussão - e os clubes até terão um novo alvo par disparar. Mas esse é um problema que não pode ser resolvido pelo videoárbitro. Para atacar essa faceta - a mais feia - do futebol português só há um caminho: regulamentos mais duros. Já toda a gente percebeu. A pergunta é: estão todos a remar para o mesmo lado? Face ao que se viu esta semana a resposta é óbvia: não! E o que se viu esta semana? Que as propostas apresentadas não passaram (como acontece com tudo...) de mais uma forma de os clubes atacarem os rivais. E não é esse o espírito certo para abraçar tamanha empreitada.
A solução? Os clubes não podem ter todo esse poder nas mãos. Não podem (ou não deviam poder) legislar em causa própria. Porque enquanto o puderem fazer, não há videoárbitro (por mais méritos que tenha) que nos valha. Mas se juntarmos videoárbitro e castigos a sério talvez a coisa mude de figura. Tenhamos a esperança. Um já aí está, o outro talvez não demore."
Ricardo Quaresma, in A Bola
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