"Na noite da passada quinta-feira senti-me verdadeiro lampião. Quero com esta assombrosa confissão dizer que dei por mim a torcer pelo Benfica na meia final disputada com a Juventus como se fosse mesmo o meu clube do coração. Digo isto apesar de suspeitar que muitas das declarações públicas e politicamente correctas no sentido de garantir que nas provas internacionais mais não são do que o revestimento exterior de um diferente desejo íntimo. Tão íntimo como inconfessável. Tão inconfessável quanto mesquinho. Tão mesquinho que inconfessável. E esse é o de, lá no fundo, bem no fundo, também nesse dia se desejar o pior para o adversário de todos os dias. Mas estou certo que quem assistiu a esse desafio, qualquer que tenha sido o estado de espírito com que iniciou o jogo, não pode deixar de ter sentido um empolgamento pela forma como ele se finou. De alguma forma, esta exibição dos encarnados vale quase como um epítome de toda a temporada. Voltando a provar que a sua capacidade defensiva está num ponto verdadeiramente notável. Feiro ainda mais relevante por a natureza vocacional da equipa ser, naturalmente, atacante. Também serviu para nunca mais se discutir se Jesus é ou não um grande treinador. E também para, mais uma vez, se provar que vale a pena apostar na formação. As coisas são assim: o Benfica na época transacta não venceu nada quando poderia ter vencido tudo. Mas este ano voltou à mesma situação - com a diferença que ainda nada perdeu. Não há acasos nestas coisas. Mérito dos jogadores, sem dúvida, mas não menos do seu treinador. E de quem, contra a voz da turba, soube ser um verdadeiro líder, renovando a confiança do treinador na pior das horas. Aqui está o reto."
Paulo Teixeira Pinto, in A Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!