"A síndrome RED-S é uma condição caracterizada por uma deficiência energética relativa
Com a aproximação dos Jogos Olímpicos e do Europeu de Futebol as atenções estão totalmente focadas na performance dos atletas e nos seus resultados. Contudo, este também é o momento em que devemos focar na sua saúde. No meio da pressão, da procura incessante pela excelência surge com demasiada frequência a RED-S (Relative Energy Deficiency in Sport), uma condição que pode comprometer seriamente o desempenho, mas acima de tudo a saúde a longo prazo dos atletas.
A síndrome RED-S é uma condição caracterizada por uma deficiência energética relativa, resultante de um desequilíbrio entre a ingestão alimentar e o gasto energético. Este desequilíbrio pode ser causado por uma dieta inadequada, aumento da intensidade dos treinos, ou uma combinação de ambos. A prevalência da síndrome RED-S entre os atletas é alarmante. Alguns estudos indicam que cerca 60% dos atletas de elite podem sofrer deste síndrome ou estar em risco de o desenvolver. Este número é especialmente elevado em desportos que enfatizam o culto do corpo e o belo, ou exigem categorias de peso, como ginástica, atletismo, ciclismo e artes marciais, podendo mesmo atingir cerca de 80% destes atletas.
As causas da RED-S são multifacetadas. A pressão para alcançar e manter um baixo peso corporal, combinada com uma carga de treino intensa, muitas vezes leva os atletas a consumir menos calorias do que o necessário para suportar suas atividades físicas. Além disso e acima de tudo, fatores psicológicos, como transtornos alimentares e a busca por um corpo ideal, mas acima de tudo pelo desejo de se tornarem ainda melhores, contribuem significativamente para o desenvolvimento da síndrome.
As consequências deste défice calórico são inevitáveis, podem ser graves e irrecuperáveis, daí que possa levar ao esgotamento do atleta enquanto desportista de alto rendimento, mas também da saúde enquanto indivíduo. Estas consequências são multissistémicas e podem afetar quase todos os sistemas do corpo. Quando um atleta sofre de síndrome RED-S, é como se o próprio organismo entrasse em autodestruição. A falta de energia necessária para sustentar as funções vitais e o treino leva a uma cascata de efeitos negativos. A curto prazo, os atletas podem experimentar uma queda no desempenho desportivo, aumento do risco de lesões e doenças, fadiga constante e dificuldades de concentração.
A longo prazo, as complicações podem ser ainda mais graves, incluindo osteoporose, problemas cardiovasculares, condições autoimunes, distúrbios gastrointestinais e disfunções endócrinas."
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