"Vítor Baía queixou-se. Queixou-se do FC Porto, queixou-se do seu clube. Queixou-se da falta de apoio aos antigos jogadores, ao longo dos anos, na colectividade nortenha. Queixou-se na primeira pessoa do singular, mas poderia ter-se queixado na primeira pessoa do plural.
O antigo guarda-redes portista sabe do que fala. O FC Porto, clube autocrático, vive há mais de um quarto de século na órbita de uma só pessoa. Por isso é que, para o líder todo-poderoso, se tornou insuportável falar no FC Porto de Pedroto, no FC Porto de Gomes, no FC Porto de Oliveira, no FC Porto de Mourinho, no FC Porto-de-outros-mais.
Se Baía falou, outros gostariam de ter falado. Só agora? Desde há muito, desde há cerca de 25 anos. E por que não falam? Por cobardia, por medo, por pavor. Como é possível? Receiam represálias, vinganças ou outras atrocidades. Não foi o bi-Bota de Ouro Fernando Gomes proscrito mais de uma década da casa azul, insultado por uma senhora chamada Carolina Salgado, na altura primeira dama do Dragão, em pleno reduto portista?
No Benfica, cultiva-se a diferença. Ainda em Maio último, sem quaisquer pruridos em dividir os louros da euforia, Luís Filipe Vieira convidou TODOS os ex-campeões do Benfica para assistirem no Camarote Presidencial à conquista do título. Inclusive, jogadores que trocaram o Benfica por outros clubes, inclusive jogadores que publicamente divergiram da actual Direcção, inclusive jogadores que na actualidade defendem outros emblemas. Benfica e FC Porto. Ou a diferença entre o respeito e uma história colectiva e o culto exasperado a uma só figura..."
João Malheiro, in O Benfica
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