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quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

O declínio do Sporting e a nova solidez do Benfica


"O futebol, mais do que números ou tácticas, é feito de equilíbrios subtis. Quando um triângulo virtuoso se desfaz, as consequências são inevitáveis. O Sporting, de Ruben Amorim, Hugo Viana e Frederico Varandas foi, durante anos, um exemplo de coesão estratégica e liderança concertada. Mas a erosão desse triângulo revelou uma realidade preocupante: o Sporting perdeu a sua bússola.
A saída de Amorim para o Manchester United foi a primeira peça do dominó a cair, a que se seguirá, a breve trecho, a saída de Hugo Viana para o Manchester City, desestabilizou o Sporting que, após a entrada de João Pereira, venceu apenas um jogo para a Taça de Portugal, somando duas derrotas para o Campeonato e uma goleada, ante o Arsenal, na Liga dos Campeões.
A verdade é que sob a liderança de Rúben Amorim, o Sporting era um organismo vivo e coerente, onde treinador, estrutura directiva e jogadores se alimentavam mutuamente de uma visão clara. Sem ele, o Sporting parece, agora, estar a remar contra uma maré de decisões desarticuladas. A sucessão de resultados menos conseguidos não é apenas uma consequência táctica; é o reflexo de um desnorte estrutural. A equipa, outrora segura e resiliente, vê-se agora entregue a um futebol hesitante e desinspirado, enquanto os adeptos, sempre exigentes, questionam o futuro.
Do outro lado da barricada, o Benfica emergiu, nos últimos meses, como a equipa a jogar melhor futebol em Portugal. Com a entrada de Bruno Lage, o Benfica ganhou estabilidade, confiança, estrutura e estratégia, voltou a ser uma equipa que sabe e sente que pode alcançar tudo aquilo a que se propõe. O Benfica abandonou o brilhantismo ocasional e, até, algum desespero recorrente para se afirmar como uma equipa extremamente sólida e bem oleada. Mais do que o regresso às vitórias, o Benfica exibe consistência e, mais importante, uma identidade.
Com Bruno Lage o que mais impressiona é a maturidade emocional, a consistência dos processos, construído sobre uma base de rigor táctico e grande espírito colectivo. A sucessão de vitórias não é, hoje, casual, mas o produto de uma estrutura que soube corrigir os seus erros do passado recente.
Neste contraste de trajectórias, emerge uma reflexão mais ampla sobre a importância da coesão directiva e da liderança visionária. O Sporting é o exemplo do que acontece quando o elo mais forte de uma cadeia se parte; o Benfica, por sua vez, prova que a mudança corajosa e clara pode, muitas vezes, ser o caminho para a glória.
No futebol, espaço onde as narrativas mudam ao sabor do vento, a lição mais relevante talvez seja esta: o sucesso no futebol português não é apenas uma questão de talento, mas de estruturas sólidas, lideranças claras e uma visão.
Quem ignora esta tríade arrisca-se a transformar glórias efémeras em memórias longínquas."

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