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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O ex-improvável Ola John e outras histórias

"O Benfica é o furacão 'Sandy' do futebol português. Por onde passa apaga a luz. Aconteceu o ano passado e neste já aconteceu em Paços e em Moreira de Cónegos

O Benfica é o furacão Sandy do futebol português. Por onde passa apaga a luz. Aconteceu em novembro do ano passado em Braga. Este ano já aconteceu em Paços de Ferreira, por finais de setembro, e em Moreira de Cónegos, na última sexta-feira.
Dirão os nossos adversários que é muito bem feito. Que é o merecido castigo pelo apagão no Estádio da Luz que impediu o FC Porto de festejar às claras o título de 2011.
São coisas diferentes, respondemos nós. Na luz, o jogo já tinha acabado e para lá da portentosa exibição de inexistência de fair-play no que ao assunto dizia respeito, ficou claro nessa noite da Luz que a culpa tinha sido do electricista de serviço que, por sinal, permanece anónimo até aos dias de hoje.
Não foi, portanto, falha técnica. Foi falha humana.
Em Braga, Paços de Ferreira e Moreira de Cónegos, foi sempre falha técnica a ditar os cortes na corrente eléctrica que interromperam os três jogos.
Esta é uma grande diferença.
A explicação para o estranho fenómeno tem sido adiantada pela imprensa. Dizem que a culpa é dos ratos que roem os fios e os cabos dos estádios fazendo com que estourem os disjuntores porque, descarnados, não aguentam a pressão.
Como no conto dos irmãos Grimm, o Benfica só se safa dos ratos se contratar o flautista de Hamelin sempre que viajar para os distritos de Braga e do Porto. Isto se o fenómeno não se estender a outros distritos do país. Com o  flautista de Hamelin em acção os ratos, já se sabe, não têm sorte nenhuma. O que seria excelente noticia quer para o Benfica, quer para o público em geral, quer para a reputação dos electricistas.

POR norma não gosto de avançados que jogam de costas para a baliza. Mas há sempre um dia...
O quarto golo do sueco Zlatan Ibrahimovic à Inglaterra é uma violência, é um exagero, um descaramento. Não se faz. Em comparação com a bicicleta de longo alcance do sueco, todos os outros golos do ano parecem pífios. O portento de Ibrahimovic, no entanto, não conta para atribuição do prémio Puskas 2012 com que a FIFA homenageará o melhor golo do ano.
Os dez nomeados já estavam escolhidos e a votação a decorrer quando o sueco apontou daquela forma indescritível o seu quarto golo à selecção inglesa. Regulamentos são regulamentos, nada a obstar. E a justiça, ainda que tardia, haverá de chegar. O golo de Ibrahimovic, garante a FIFA, pode entrar na corrida para o prémio Puskas de 2013 porque no que diz respeito a golos fabulosos o ano civil do futebol mundial vai de novembro a novembro.
Ficamos, assim, perante uma situação curiosa: ainda não se sabe quem vai ganhar o prémio para o melhor golo de 2012 - Messi, Neymar, Falcao, Bem Arfa... etc... - mas o prémio do golo de 2013 já está entregue ao avançado sueco do Paris Saint-Germain. E ainda faltam quarenta e tal dias para o réveillon.
Noutro tipo de concurso que patrocina, a FIFA, no entanto, bem podia emendar a mão em relação ao reconhecimento devido a Ibrahimovic, aproveitando para meter na ordem dois tipos que também jogam maravilhosamente bem à bola mas que se estão a tornar dois grandes chatos com as suas picardias, vedetismos e ciumeiras mútuas: Lionel Messi e Cristiano Ronaldo.
Era dar a Bola de Ouro, troféu que consagra o melhor jogador do ano, ao artista sueco e ver se em Chamartín e em Nou Camp baixavam um bocadinho a garimpa. É que já não se pode ouvir tanta discussão científica sobre quem é o melhor do mundo, se o português se o argentino.
É o sueco, estúpidos.

NO preciso momento em que a selecção portuguesa jogava no Gabão, num particular de futebol, jogava também a selecção espanhola - campeã da Europa e do Mundo - o seu agendado particular no Panamá. Portugueses e gaboneses empataram a duas bolas enquanto noutro ponto do mundo - também bem longe do conforto do velho continente - os espanhóis venciam os seus anfitriões panamianos por 5-1, pudera se são campeões do mundo...
A fazer fé na imprensa, também os respectivos cachets reflectiam a disparidade entre as selecções ibéricas. Os portugueses receberam 800 mil dólares e os espanhóis 1 milhão e meio. Aceita-se. Honra aos melhores.
Do lado da roja foi o Barcelona quem emprestou mais jogadores a Del Bosque, seis. Do lado das quinas, foi o Sporting de Braga quem cedeu mais jogadores a Del Bento, outros seis. Não tenho conhecimento de protestos do presidente do Barcelona e do presidente do Sporting de Braga apenas se ouviu uma constatação cheia de senso: um clube não se pode ufanar de ter um montão de jogadores seleccionados e, ao mesmo tempo, protestar contra o abuso das escolhas do maldito seleccionador.
No entanto houve quem se queixasse em Portugal. E escutando os queixosos até parece que a única finalidade da ida da Selecção ao Gabão foi a de provar à sociedade que o doutor Isaltino Morais, que patrioticamente se inscreveu na excursão, não tem medo de andar de avião, nem para lá, nem para cá. Não sei a quem é que isto pode ofender, com toda a franqueza.
O Gabão, que nos recebeu, é um país africano e notou-se algum desdém e soberba branca no modo como alguns queixosos se referiam, por exemplo, às condições de terreno. Foi isto o mais lamentável de toda a polémica. No próximo dia 6 de fevereiro, a Selecção Nacional volta a jogar outro particular, desta vez com a Espanha, provavelmente em Vigo. A Espanha, que nos vai receber, é um país vizinho, europeu. Mesmo que em Vigo o relvado esteja uma grande porcaria ninguém se lembrará de lhe chamar capim.

LEIO num jornal a notícia de que o treinador do FC Porto tem vindo a melhorar em muitos aspectos, essencialmente na comunicação, porque trabalha agora com um coach, ou seja, com um treinador de treinadores. Leio noutro jornal que o treinador do FC Porto comentou o sorteio da Taça de Portugal que lhe pôs o Sporting de Braga no caminho, falando em bolinhas amestradas. Está-se já a ver que o treinador é dos bons.
Ai, Sertanense, Sertanense, Sertanense...

NA terça-feira, o Benfica fez um bom resultado com o Celtic mas foi caso para se dizer, com alegria, que a exibição foi muito melhor do que o resultado. O Benfica entrou bem, fez um golo cedo pelo ex-improvável Ola John - que muito me faz lembrar uma versão juvenil do actor norte-americano Tracy Morgan - e voltou a estar em altíssimo plano na primeira meia hora da segunda parte.
O Celtic não sendo uma equipa extraordinária, longe disso, continua a ser o grande candidato ao apuramento para a fase seguinte da Liga dos Campeões. E a culpa não é do Barcelona por ter perdido em Glasgow. A culpa é do Benfica por ter perdido em Moscovo com uma exibição pardacenta e desconcentrada.
É muito provável que o Benfica, nesta temporada de 2012/2013, prossiga a sua carreira europeia na Liga Europa. Compreendo a angústia do tesoureiro do clube mas para mim, simples adepta, a Liga Europa vem muito mais a calhar em termos competitivos e de hipóteses reais do que a Liga dos Campeões.
Mesmo assim confio numa boa atitude em Barcelona e numa presença dignificante. Com Messi ou sem Messi."

Leonor Pinhão, in A Bola

Natal com Luz

"Aproximamo-nos do Natal. Cada vez mais apressado no seu chegar, na razão directa da nossa idade. Ontem foi e hoje está quase a ser.
Se o Natal na sua versão religiosa está relacionado com a Luz do Verbo, o Natal na sua versão mais mundana e comercial está relacionado com luzes e néones.
Mas este ano, com a crise, não há verba e, por isso, luzes é o que vai minguar. No futebol, já começou tal tendência: no jogo entre o Benfica e o Moreirense houve dois apagões: o primeiro porque o sorteio não quis que o jogo fosse na Luz; segundo porque aos 78m lá veio o oportuno apagão do norte, para copiar o da cidade dos cardeais e de Paços de Ferreira. Má sina quando o Benfica vai da Luz para a luz dos outros... há sempre jogo de luzes! No último jogo com a agravante de o apagão ser em Moreira, imagine-se de... Cónegos em vésperas natalícias. A crise chegou mesmo ao Natal!
Luz houve antes no jogo luzido em Vila de Conde, em que Jesus (Jorge) e seus discípulos se encontraram com Espírito Santo (Nuno) e seus arcanjos. Mas, no fim, fez-se luz por obra e graça de Lima depois de uma epístola de Salvio (seja).
Este fim-de-semana espero bem que Jesus e seus seguidores tenham luz para derrotar em Olhão na Luz. Com Lu(i)são e talvez Lu(i)sinho. E assim lançar mais luz sobre o campeonato e ter luz verde(!) para começar a dar à luz o campeão nacional.
Enquanto isso, com Natal sem luzes e subsídio, só resta a esperança de ainda (quando?) ver uma luz ao fundo do túnel. E saudar quem Jesus vestiu de Pai Natal em versão holandesa para entregar a prenda natalícia... aos católicos do Celtic: «Ola John!»"

Bagão Félix, in A Bola

Olá, John !

"A história é recorrente no Benfica ou noutros clubes. Jogadores há que, no seu percurso inicial, frustram muitas das expectativas dos adeptos. Recentemente, na Luz, foi assim com Di Maria, com Gaitán, agora com Ola John.
E o que se passou pouco tempo volvido? O jovem internacional argentino concorreu, não poucas vezes de forma determinante, para o último título nacional, mesmo depois de não se ter livrado de alguns assobios assassinos. Depois? Depois, transferido por gorda maquia, assentou arraiais no colosso Real Madrid, permitindo ao Benfica um encaixe financeiro pouco vulgar.
Nico Gaitán, a escolha de Jesus para suceder a Di Maria, também não se impôs logo de começo. Verdade que estamos na presença de um jogador, tecnicamente muito dotado, mas com irregularidade exibicional. Ainda assim, o também internacional da pátria de Maradona, tem causado desequilíbrios competitivos e poderá estar em breve trecho de se transferir e compensar, de forma ampla, o investimento que nele foi feito.
Agora, Ola John. O jovem holandês, de origem liberiana, foi dos nomes mais sonantes do leque de aquisições com vista à presente temporada. Não teve um início auspicioso, mais parecendo injustificar a opção técnica e o correspondente gasto. E agora?
Ola John disparou, nos últimos embates, para embates muito conseguidos. O seu futebol desconcertante pode ajudar, ajudar muito, o Benfica. Está a ganhar confiança, revela uma desenvoltura fora do convencional, transmite alegria e não menos eficácia à corrente ofensiva da equipa rubra.
Casos há em que o tempo se encarrega de corrigir julgamentos precipitados. Ainda é cedo? É, certamente. Mas a pinta futebolística do ala canhoto afigura-se já inquestionável. É o Benfica que ganha. São os aficionados que têm mais uma boa razão para sorrir benfiquismo."

João Malheiro, in O Benfica