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quarta-feira, 5 de junho de 2024

Falar Benfica #166

O Benfica Somos Nós - S03E58

Terceiro Anel: Lanterna Vermelha - S01E12 - Davide Agostinho VS Jorge Rodrigues!

5 minutos: Diário...

Águia: Diário...

Zero: Mercado - Pavlidis, Daniel Bragança e Vítor Bruno

Rabona: Euro24, parte I

COP: Paris - Agate de Sousa

Meio caminho andado


"1. Chegou oficialmente ao fim a temporada de 2023/2024 que nos trouxe apena um troféu - a Supertaça Cândido de Oliveira conquistada frente ao FC Porto -, o que é, manifestamente, pouco para as ambições do Benfica e dos benfiquistas e face à realidade do investimento. O Benfica arrancou a época com uma vitória sobre um adversário de monta numa prestigiada prova oficial, e depois disso, que aconteceu logo nos primeiros dias de agosto, somaram-se desilusões até maio.

2. Não, não foi uma boa temporada do Benfica.

3. Aliás, é também esta a opinião do presidente do Benfica, que reconheceu erros. E reconhecer erros é sempre meio caminho andado. Não foi uma boa temporada do Benfica, disse, por esta e por outras palavras, Rui Costa na BTV quando foi entrevistado, na semana passada, por um grupo de meia dúzia de jornalistas com responsabilidades editoriais em órgãos de comunicação e outras plataformas consideradas independentemente. No entanto, as questões mais 'independentes' surgiram de Hélder Conduto, jornalista da BTV, que só por isso merece elogios extensíveis à redação da televisão oficial do Sport Lisboa e Benfica.

4. O tema fulcral da entrevista do presidente do Benfica foi a questão da continuidade de Roger Schmidt no posto do treinador. Rui Costa desfez o tabu nas suas primeiras respostas, embora, na verdade, pouco houvesse para desfazer. Seria impensável, face à escalada de contestação que acompanhou a equipa do Benfica nas últimas semanas da competição, vermos o presidente do clube e da SAD ceder aos desacatos e á coação entregando o futuro deste ou de qualquer treinador do Benfica ao veredito de multidões enfurecidas.

5. O Benfica regressa ao trabalho pelos primeiros dias de julho. Que seja um bom regresso de um valioso grupo de jogadores que, neste ano, ficou muito aquém do pretendido. Teremos, por certo, novidade em julho. Caras novas, miúdos promovidos, abandonos, empréstimos, trocas, enfim, tudo o que é normal passar-se de um temporada para a outra no seio de uma equipa de futebol. E que volte a ser 'normal' vermos o Benfica a jogar bom futebol e a ganhar títulos para encanto dos adeptos.

6. Graças a um benesse que nos caiu de Bérgamo, vai o Benfica entrar diretamente na próxima edição da Liga dos Campeões. É, sem dúvida, uma excelente notícia porque, escapando o Benfica ao play-off de acesso à Champions, escapa-se a ter de fazer jogos de mais alta responsabilidade logo na abertura da temporada com as implicações que isso teria na preparação de 2024/2025.

7. António Silva e João Neves são os representantes do Benfica na seleção nacional que vai, não tarda nada, disputar o europeu de futebol. Boa sorte, miúdos."

Leonor Pinhão, in O Benfica

O voleibol sai das fronteiras regionais


"Em 1946, o Benfica esteve envolvido na primeira partida da modalidade entre regiões diferentes

A iniciativa de se colocarem frente a frente seleções de voleibol do Porto e de Lisboa partiu da cidade do Norte, que inseriu o jogo na programação das Festas de São João de 1946.
Nessa época, a maioria das periódicos olhava pouco para a modalidade, e, embora as notícias referissem o aumento de interesse, jogava-se muito na rama do amadorismo ou do lazer, como era prática 'nas praias nortenhas em larga escala'. Mais do que para se competir, o voleibol era então visto como útil para a preparação física dos atletas. Assim, mantinha-se desconhecido entre o público em geral.
A partida ficou marcada para 23 de junho, no Estádio do Lima, onde dias antes decorrera em Porto-Lisboa de hóquei em campo, com cinco benfiquistas titulares. O selecionador Mário Lemos reuniu 14 voleibolistas de cinco equipas de Lisboa. O Instituto Superior Técnico reuniu 50% dos selecionados, pois a equipa colhera o octacampeonato regional. Seguiam-se três atletas do Sporting, dois do Benfica, um do Ateneu Comercial de Lisboa e um do Lisboa Ginásio Clube.
O seis inicial lisboeta foi composto por cinco universitários e apenas um do Sporting, o que motivou a que os jornais declarassem que 'houve seis jogadores contra uma equipa' sólida. O 'Porto, muito energético, mas com pouco conjunto', por reunir um seis de equipas distintas, entre FC porto, SC Porto, Vilanovense e Leixões, 'não pôde resistir aos de Lisboa', que levaram a melhor por 0-2, com expressivos parciais de 7-15 e 4-15.
Entre os voleibolistas do Técnico encontravam-se figuras que, no futuro, seriam grandes nomes do Benfica, como David Cohen, multicampeão de ténis entre as décadas de 1950 e 1960, e Nuno de Sousa Barros, que assumiu o papel de treinador de voleibol encarnado entre 1955 e 1980, com poucas interrupções pelo meio.
Nesse jogo esteve ainda como suplente Aurélio Martins, que como voleibolista alinhou em 90 jogos pelo Benfica entre 1944 e 1952. Mário Macias Nunes, capitão encarnado, fora o segundo convocado, embora não chegasse a alinhar. Pelo Clube, fez 35 jogos entre 1944 e 1950. Ambos fizeram parte da equipa que conquistou o primeiro troféu de voleibol do Benfica, um torneio na Parede em 1950.
No ano seguinte, realizou-se novo encontro entre as capitais. Aurélio Marques foi a única águia a ser convocada para o Lisboa-Porto de 1947, no qual a vitória de Lisboa por 2-0, com dois sets a 15-5, reafirmou a supremacia dos clubes do Sul sobre os do Norte nos primeiros anos do voleibol português.
Na área 3 - Orgulho Eclético, do Museu Benfica - Cosme Damião, pode acompanhar a evolução do voleibol nacional através das conquistas encarnadas."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

Benfica, sempre


"Tenho a ideia de que, hoje em dia, não é assim tão comum, mas eu não sou capaz de sentir de outra forma: quero que o Benfica ganhe, independentemente do treinador, dos jogadores ou do presidente. Eu quero que o Benfica ganhe.
Gostando mais ou gostando menos dos intervenientes, o que me importa verdadeiramente é que o Museu Cosme Damião se torne cada vez mais pequeno para acolher troféus. Aliás, o Seixal é crucial para o projeto de futuro do Benfica, mas no meu entender Alcochete é ainda mais. Se ainda estivermos a tempo, penso que devíamos tentar negociar o terreno do novo aeroporto para construir lá o nosso próximo museu.
Jogar à Benfica é maravilhoso, no entanto nem sempre acontece. Ganhar à Benfica é ainda melhor, porém nem sempre é possível. Ao meio destes dois desejos está o ganhar do Benfica, que na verdade é o que todos queremos. É bonito fazer exibições de encher o olho em finais de Liga Europa, mas é ainda mais bonito fazer exibições de olho menos cheio em Turim e deixar a Juventus para trás na sua própria casa. Sermos exigentes faz parte da nossa cultura, contudo é arriscado quando a exigência deixa os olhos cegos.
Levar o Benfica ao colo deveria ser incondicional, e espero que os benfiquistas assumam essa incondicionalidade desde o primeiro dia de pré-época. Não basta erguer bandeiras a dizer que nada nem ninguém é maior do que o Benfica e depois queremos ser um bocadinho maiores. Ninguém é. Todos temos as nossas ideias, mas, quando a bola começa a rolar, a ideia deve ser apenas uma: apoiar o Benfica."

Pedro Soares, in O Benfica

A contestação


"Não sou particularmente saudosista de nenhum passado. A história é continua, vem de tempos imemoriais e resistirá a todos nós - seguindo o seu caminho, com fases melhores e outros piores, com muitos avanços e alguns recuos.
O período que vivemos tem também, naturalmente, as suas peculiaridades.
A proliferação de redes sociais permitiu democratizar a opinião (antes restrita a algumas elites), mas tornou-se igualmente caixa de ressonância das ideias mais disparatadas, potenciando-as até à náusea. E se a comunicação social tradicional já era (e é) vulnerável ao sectarismo e à manipulação, a Internet é também, além disso, permeável à dissimulação, à fraude e mesmo ao crime. Exemplos não faltam em todo o mundo.
Por outro lado, por bons motivos, temos gerações mais jovens que, ao contrário das que as antecederam e  a quem tudo era exigido - pelos pais, pela escola e pela sociedade -, se habituaram a tudo exigir - aos pais, à escola e à sociedade.
No cruzamento destas realidades sociológicas encontramos um caldo cultural muito favorável à contestação - que se exerce das mais variadas formas (legítimas ou ofensivas), pelos mais variáveis motivos (justos ou ignóbeis), amplificando e disseminando ruidosamente toda a espécie de insatisfação.
Temo que o Benfica, enquanto clube mais exposto ao mediatismo, esteja a ser particularmente penalizado por estes circunstâncias.
O nível de contestação a que temos assistido é totalmente desproporcionado. Confunde-se exigência com insulto e agressão. Ignoram-se ostensivamente as idiossincrasias do futebol moderno. E berra-se uma mania de grandezas, como se tivéssemos voado de 1962 para 2024 sem haver nada pelo meio.
Aos que, com imenso amor ao Clube, ainda conseguem manter alguma serenidade, cabe a responsabilidade maior de o defender de quem, por vezes, consciente ou inconscientemente, até parece querer trazer Alcochete para cá."

Luís Fialho, in O Benfica

Futebol de sonho


"Às vezes é preciso inventar novas formas de fazer o que sempre se fez e que parecia imutável. É assim com todas as coisas, mesmo com aquelas que atingiram a perfeição da arte e que, portanto, só queremos preservar como são.
Mas há sempre novas possibilidades, é sempre possível descobrir ângulos escondidos e trilhar novos caminhos. É sempre possível abrir novas portas e alargar os nossos horizontes!
Possível e compensador, se não, vejamos: o futebol de Eusébio a Ronaldo, do desajeitado ao virtuoso, da criança aos protagonistas, atravessava toda a nossas sociedade, mas, na sua prática, não atravessava toda a nossa vida. Interrompia-se ao fim da idade adulta como se jogar à bola fosse impróprio, perigoso e até ridículo nas idades mais avançadas. Como se, no que toca a jogar futebol, a reforma chegasse mais cedo.
Era assim mesmo, uma quase fatalidade, o que acontecia ao futebol nas nossas vidas.
Era, mas já não é, porque alguém viu no jogo mais que virilidade e juventude, viu sabedoria e plenitude, bem-estar e paz.
E então a magia do jogo prolongou-se até ao infinito e preencheu a vida toda como se de um sonho se tratasse. Só que, ao contrário dos bons sonhos, que sempre acabam, este é agora um sonho sem fim, exatamente como o nosso Benfica!"

Jorge Miranda, in O Benfica