Últimas indefectivações

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Mensagens de luto...

Bofetadas

"Se houve momentos em que aqui defendi respostas mais drásticas e directas em relação aos ataques dos nossos inimigos (e já lá vamos à parte dos inimigos...), há outros em que a resposta deve ser servida morna, com dois ou três dias de atraso. Foi o que se passou ali para os lados do Campo Grande no último fim de semana. À semelhança do que já tinha acontecido no ano passado, em vésperas de um dérbi lisboeta, também neste ano os benfiquistas foram brindados com a entrevista de um irresponsável presidente sobre o nosso clube. E desta vez o SL Benfica respondeu com elevação, com quatro golos de elevação - e poderiam ter sido mais - contra um adversário que, fruto do insucesso dos últimos 50 anos, se tornou inimigo por sua livre vontade.
Nada temos contra rivais desportivos, porque estes só nos fazem crescer enquanto competidores, mas tenho tudo contra aquilo que se tornaram FC Porto e Sporting CP nas últimas décadas. A cegueira, o ódio, a violência gratuita, a ilegalidade, o crime, a corrupção a a inveja tornaram-se habituais nestes clubes, e nos seus dirigentes, e nalguns - muitos - adeptos. Atacam sem escrúpulos, rebolam na sujidade para se mascararem de inocentes, mas nada lhe serve.
Nunca serão maiores por isso, porque não têm mais para onde crescer. E já estão de cabeça perdida, depois das piratarias e da loucura orçamental nas modalidades.
Agora, é continuar a dar estas bofetadas de quatro dedos."

Ricardo Santos, in O Benfica

João Mágico Félix

"O universo da magia produziu nomes grandiosos ao longo da história. Harry Potter, Albus Dumbledore, Severus Snapte e Voldemort são alguns dos mais extraordinários feiticeiros que o mundo já conheceu. Todos espantosos, mas nenhum se aproxima da excelência já demonstrada por um mago que acaba de emergir. João Félix é capaz de produzir magia bem mais exótica, e o que mais impressiona é que nem sequer precisa de usar uma varinha. Um Wingardium Leviosa parece uma brincadeira de bebé ao lado da habilidade técnica do João Félix. Há vários séculos que Hogwarts é reconhecida como a melhor escola de magia e bruxaria do mundo, no entanto parece-me que está a ficar ultrapassado pelo Caixa Futebol Campus. J. K. Rowling tornou-se figura célebre a uma escola planetária após conceber Harry Potter e companhia, portanto suponho que dentro em breve os pais do João Félix vão começar a ser agraciados de Viseu até ao Bangladeche.
Em 23/12/2018, Frederico Varandas veio a público comentar o facto de a SAD do Benfica ter sido ilibada no caso E-Toupeira. À noite, o SCP perdeu em Guimarães (1-0) e o Benfica goleou o SC Braga (6-2).
Em 30/01/2019 foi divulgado o editorial da edição semanal do jornal Sporting, e Frederico Varandas dedicou quase todos os parágrafos ao Benfica. À noite, o SCP empatou em Setúbal (1-1) - na mesma jornada, o Benfica goleou o Boavista (5-1).
Em 01/02/2019, Frederico Varandas deu uma entrevista à RTP3 e voltou a reservar quase todo o tempo de antena ao Benfica. Dois dias depois, o Benfica atropelou o SCP em Alvalade (4-2).
Antes, o meu stress antes dos jogos do Benfica só passava com um calmante. Agora, só possa se souber que o Frederico Varandas deu uma entrevista."

Pedro Soares, in O Benfica

O pseudo-hacker

"Eram nove da manhã em mais um dia nublado num longínquo país da União Europeia. Num prédio meio tenebroso, um jovem acompanhado do seu pajem azul e verde preparava-se para ir tomar o pequeno-almoço, curiosamente pago pelo seu pajem que o protegia diariamente. Mas porquê tanta protecção?
Nos tempos modernos, o manietismo é a forma habitual de condução dos acontecimentos da vida. Quem tem mais capacidade de criar situações é quem melhor se salva no mundo moderno! Controlar as escutas de uma investigação é a melhor foram de 'plantar' factos que possam a investigação para um rumo que não é o rumo verdadeiro!
Ficámos a saber na semana passada que entrar em sistemas privados de informação, obtendo dados confidenciais e pessoais, adulterando-os, deixa de ser crime desde que o visado que foi roubado tenha constituído uma situação de planeamento fiscal pelo mundo inteiro para com isso pagar impostos mais baixos.
Aliás, em Portugal, nem existe nada disso de vantagens fiscais - os reformados da União Europeia que vêm viver para Portugal pagam menos de metade dos impostos que eu pago, os arquitectos, engenheiros, técnicos similares, geólogos, artistas plásticos, actores, músicos, artistas de bailado, cinema, rádio e televisão, cantores, escultores, pintores, auditores, consultores fiscais, médicos, dentistas, professores, psicólogos, profissões liberais, arqueólogos, biólogos e especialistas em ciência da vida, programadores informáticos, actividades de investigação científica e de desenvolvimento, investidores, administradores e gestores, todos estes que sendo residentes fora de Portugal venham para Portugal e aqui peçam o estatuto de residente não habitual, durante 10 anos, pagarão 20% de impostos sobre o rendimento, repito 20% de imposto! Em termos práticos, quem cá está e sempre esteve a labutar, a trabalhar, a sofrer, a pagar, é que alimenta esta máquina toda, e esses não interessam, pois são mais um no meio do lixo!
Deve ter sido por denunciar esta vergonha que o tal hacker agora vai ter um estatuto privilegiado de menino bem-comportado, que tem direito a ir às aulas quando quer e lhe apetece, sem o professor lhe marcar qualquer falta, e tudo isto sob a batuta de aplausos dos seus advogados! Advogados que vestem de branco e se apresentam como libertadores da opressão do imperador romano a Jesus Cristo!
Afinal de contas, Mourinhos, Ronaldos, Pepes, Falcões, etc., etc., etc., em vez de criarem estruturas complicadíssimas com sede na Irlanda para facturar, bastaria terem tido o estatuto de residentes não habituais e jogar e treinar em Portugal, que ainda pagariam menos de imposto do que o que acabaram por pagar na Irlanda e pagaram agora em Espanha e noutros países da União Europeia, fora os honorários que gastaram!
Os portugueses que estupidamente nunca saíram do país onde nasceram é que continuam, coitados, a trabalhar e a pagar impostos como nunca ninguém pagou!"

Pragal Colaço, in O Benfica

Dérbis

"Não há dois jogos iguais. E se o dérbi de Alvalade, a contar para o Campeonato, mostrou um Benfica muito, mas mesmo muito, superior ao eterno rival, o dérbi da Luz, para a Taça, tanto pode ter sido parecido como totalmente diferente.
No momento em que escrevo ainda nada sei sobre ele. Mas há algo que nenhum resultado ou exibição vai poder desmentir: o Benfica tem melhores jogadores, melhor equipa e, ao que parece, também melhor treinador do que o Sporting. Em Alvalade pudemos ver a afirmação total de uma equipa, de um modelo de jogo, e de um técnico que deu outro fôlego a um fantástico conjunto de jogadores, que, sobretudo do meio-campo para diante, nada deve aos melhores plantéis deste século. E, já agora, também a confirmação de uma estrela talhada para altos voos: falo obviamente de João Félix, que tem tudo para se tornar o melhor jogador português do pós-Ronaldo.
A partida de domingo até deixou, por estranho que pareça, um certo sabor a desencanto, não obviamente pela clara vitória, nem pelos importantes três pontos, mas pelos números relativamente moderados do placar final, que a dada altura pareciam poder vir a ser muito mais expressivos - sendo que ainda temos por vingar uma certa goleada de 1986.
Entraram seis golos, valeram quatro, além de bolas no poste e várias oportunidades claras para marcar, e marcar, e voltar a marcar. O resultado final de 2-4 não fez justiça ao que se passou em campo. Mas, enfim, o futebol nem sempre é justo.
Esperamos que, na partida da Taça, a nossa superioridade tenha sido tradução devida, permitindo um resultado confortável para a segunda mão."

Luís Fialho, in O Benfica

Oito dourado

"Na passada sexta-feira foi dado mais um passo firme rumo ao futuro do Sport Lisboa e Benfica. O Conselho de Administração da SAD tomou uma decisão que marcará os próximos anos do nosso clube. A promoção à equipa principal de futebol de mais quatro pérolas do Caixa Futebol Campus tem de ser destacada. Zlobin (guarda-redes), Ferro (defesa), Florentino (médio) e Jota (avançado) mereceram esta decisão. O presidente Luís Filipe Vieira deve ser saudado pela coerência numa política desportiva que faz todo o sentido e que devia merecer uma profunda reflexão dos responsáveis do futebol português. A frustração que constitui o facto de perdermos tanto tempo a discutir questões menores leva-me a saudar a coragem, a firmeza e a consistência da SAD. Há muitos anos que Luís Filipe Vieira tem brandido a bandeira da formação. O sonho do presidente é conhecido - todas as equipas do SL Benfica deverão ser constituídas por atletas formados em nossa casa.
O caso do futebol é bem paradigmático da política que passou do papel à prática. Há clubes que são fantásticos a planear e a montar power-points. O problema é pôr em prática aquilo que teorizam. E, neste aspecto, o SL Benfica está muitos anos à frente. Se olharmos para o plantel da nossa equipa principal, oito dos 28 elementos são 'made in Seixal'. A juntar aos quatro reforços de Janeiro, temos outro quarteto - Rúben Dias, Yuri Ribeiro, Gedson Fernandes e João Félix. E se nos lembrarmos dos jovens formados na nossa academia que dão cartas nas cinco maiores ligas europeias - inglesa, espanhola, alemã, italiano e francesa -, temos motivos para nos sentirmos orgulhosos."

Pedro Guerra, in O Benfica

Capacitar os jovens


"O Para ti Se não faltares! é verdadeiramente um projecto de capacitação pessoal dos jovens. Claro que é um projecto de combate ao abandono escolar e que os adeptos comportamentais e os resultados são muito importantes e celebrados, mas na verdade o projecto é muito mais que isso, senão vejamos: dez anos e perto de 400 jovens depois encontramos jovens que passaram pelo projecto nas escolas e além delas, nas comunidades e nos bairros. Comprovamos no dia a dia uma valorização positiva da imagem destes jovens e não rato a sua organização activa em projectos de cidadania e melhoria da comunicação em que vivem. Eles e elas são muitas vezes voluntários, colaboram com a escola nas suas acções, não se conformam com que acham que está errado e corrigem-no na medida das suas possibilidades. Por isso, se fizer falta ir para a rua apoiar os sem-abrigo, por exemplo, aí estão eles, e não vão de mãos a abanar, porque entretanto bateram a todos as portas e angariaram tudo o que podiam para fazer a diferença!
Encontramo-los amiúde na sua escola de referência, porque na sua maioria continuaram os estudos pelo secundário, em cada vez mais casos, para além disso, sem nunca perderem a ligação ao projecto. Por isso continuam a desempenhar o seu papel no Para ti Se não faltares!, sendo, cada vez mais, embaixadores e modelos de afirmação positiva para os outros jovens. É assim que nas sessões de acolhimento ou nas de premiação é muito frequente que tomem a palavra e a Fundação lhe dê lugar de destaque e liderança até na entrega de prémios e aconselhamento aos outros jovens!
Muitos são voluntários em diversos projectos e iniciativas, e alguns já trabalham connosco nos seus territórios como monitores do próprio projecto que os ajudou a crescer. Por isso estes jovens dão em dobro o retorno do investimento em fizemos neles, seja à sociedade em geral, seja à Fundação Benfica, enchendo-nos de orgulho pelo facto de hoje podermos ser, verdadeiramente, colegas em processos de transformação social.
Parabéns a eles e aos que agora começam a sua caminhada no projecto!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Cada vez mais

"No final daquela tão saborosa (e já adivinhada...) festa do último domingo no Campo Grande, ao passar pelos jornalistas apinhados na zona mista, o nosso presidente não deixou de afirmar dois ou três assertos que, nas presentes circunstâncias, voltaram a marcar a manifesta diferença do seu estatuto de presidente e do seu posicionamento como líder. Numa contida declaração, Luís Filipe Vieira usou de toda a sensatez e fez muito bem em desprezar a boçal atitude que o (ainda) congénere verde tinha reiteradamente ousado produzir nas vésperas do encontro para reacender o antibenfiquismo congénito das suas hostes, optando por se referir ao essencial na breve comunicação, expressamente dirigida ao universo benfiquista. Primeiro, referiu-se à gratidão da equipa perante o entusiástico apoio dos adeptos manifestado no decorrer de todo o desafio, que ele própria decidira acompanhar discretamente no isolamento do balneário.
E, depois, ao assinalar que o dérbi tinha mostrado 'o Benfica que não se verga e que dia a dia vai construindo o seu futuro', acentuando que a notável exibição da nossa equipa se tinha realizado no estrito contexto de 'mais um jogo, apenas', também renovaria o seu expresso apelo de sempre para que os Benfiquistas acreditem já que 'treino a treino, jogo a jogo, está a nascer um novo Benfica, com identidade própria: à Benfica'.
Como ensina a nossa História, o sentido de unidade e da conjunção de esforços entre as equipas, as estruturas profissionais, a direcção do Clube e a administração da SAD e o vasto universo dos sócios e adeptos, sempre constituíram os factores decisivos e determinantes na consolidação do desenvolvimento e expansão do Benfica.
Designadamente na década mais recente, esta tem sido a consigna mais constantemente assumida por Luís Filipe Vieira, na implantação dos projectos de modernidade que ele soube imprimir ao Glorioso do século XXI. Por isso é natural que o presidente volte sempre ao mesmo tema de nos mantermos todos juntos, tanto quando vivemos os momentos mais empolgantes das vitórias como quando nos encontramos diante das cargas de ataques mais soezes dos nossos jurados inimigos, ou quando sofremos da parcialidade das arbitragens e dos enviezamentos de comissões e conselhos disciplinares, ou, ainda, quando sistematicamente nos escolhem como exclusivo alvo de campanhas de comunicação que só disparam 'sentenças' caluniosas e mentirosas 'verdades' sobre o Benfica.
A serenidade com que Luís Filipe Vieira interveio no fim do jogo, assim como a tranquilidade com que os nossos dois mil e quinhentos adeptos cumpriram os trajectos de ida e volta na caixa de segurança da Polícia, antes e depois do encontro, significam a mesmíssima coisa: unidos entre nós, apenas concentrados no que temos de fazer e sem nos preocuparmos com as asneiras dos outros, venceremos sempre. Cada vez mais."

José Nuno Martins, in O Benfica

A lage

"Não se sabe se alguma vez terá verdadeira dimensão para treinador de equipa grande mas pelo menos mostra saber bem o que faz

Os dois Sporting - Benfica empolgaram o País serviram, entre outras coisas, para confirmar duas ideias que, de algum modo, já vinham de trás: que o Benfica está realmente transformado para muito melhor e que o Sporting perdeu boa parte da dinâmica e alegria que pareceu ter ganho com a chegada do holandês Keizer ao comando da equipa.
O Benfica de Bruno Lage já não tem nada a ver com o Benfica que Rui Vitória deixou nos primeiros dias de 2019. Não é só o sistema que foi alterado; é a confiança e a ligação de jogadores e equipa com a mensagem do novo treinador. Não tenho qualquer dúvida que Bruno Lage sabe o que está a fazer e faz o que faz porque conhece os jogadores e sabe que com estes jogadores pode, fazendo o que está a fazer, levar a equipa a sentir-se muito mais confortável em campo. E leva.
Não sei se Bruno Lage algum dia terá dimensão para ser, de corpo inteiro, treinador de uma grande equipa como a do Benfica - o treinador de uma grande equipa não precisa de saber apenas de futebol porque, como diria Manuel Sérgio, quem só percebe de saber apenas de futebol nem de futebol percebe. Muitos treinadores podem, momentaneamente, treinar grandes equipas, mas nenhum treinador se tornará verdadeiramente grande e de grandes equipas sem mostrar que, além de futebol, também sabe gerir, liderar e comunicar.
Não sei, repito, se algum dia Bruno Lage crescerá ao ponto de se ver reconhecido como treinador de equipas grandes, mas isso não impede que se perceba já que Lage sabe muito bem o que está a fazer à frente desta equipa do Benfica que parecia, com Rui Vitória, condenada a mais sucessivos insucessos.
Sim, é verdade que não gostei de um do outro episódio de Bruno Lage na sala de imprensa da Luz. Mas já lhe elogiei, por outro lado, o modo descomplexado como fala de futebol, do jogo e dos jogadores, e aprecio-lhe a serenidade mesmo nos mais intensos momentos vividos em pleno jogo, junto à linha lateral.
Sim, pode ser apenas simples coincidência, mas também é verdade que não gosto de ver Lage chamar à linha um jovem como João Félix para lhe dar instruções sempre que decide substituir um dos tubarões da equipa - aconteceu em Alvalade quando fez sair Pizzi, quando substituiu Salvio, primeiro, e mais uma vez Pizzi, pouco depois.
Coincidência ou não, a verdade é que ao chamar à linha lateral um qualquer jogador no momento em que outros jogadores abandonam o campo, uma das ideias que o treinador pode dar é a de que procura evitar o confronto com os substituídos. Dirá Bruno Lage que aproveita precisamente o momento da substituição para renovar instruções. Aceita-se, evidentemente. Mas então a coincidência não foi simples. Foi enorme. E o treinador de uma grande equipa também deve evitar más interpretações.

Mais algumas outras notas a propósito, sobretudo, deste Benfica - Sporting da Taça de Portugal, que o Benfica esteve sempre bem mais perto de ganhar por maior vantagem do que o Sporting de o perder, como veio a perder, pela diferença mínima, deixando a eliminatória totalmente em aberto. Um Benfica que, infelizmente para a equipa, voltou a ter num excepcional jogador como é Salvio um rendimento francamente pobre e um Benfica que não tem ainda no jovem Svilar um suplente verdadeiramente à altura de Vlachodimos.
Por fim, reconhecer como essencial ao jogo deste Benfica a dupla Samaris - Gabriel, dois pilares que equilibraram todo o futebol do 4x4x2 de Bruno Lage, muito consistente, dinâmico, pressionante e muito compacto. Em dois confrontos com o leão, a águia marcou seis golos e dos três que sofreu, dois foram de bola parada. Isso pareceu querer dizer muito deste novo Benfica.
E dos vencidos, o que se pode dizer dos vencidos? Que as palavras de Bruno Fernandes em Alvalade e de Coates, agora, na Luz, e o rosto de Nani, no primeiro jogo, ou de Bas Dost, no segundo, parecem tudo menos de circunstância. Talvez seja precipitado procurar já algumas conclusões, mas algo parece realmente não estar bem no reino do leão.

A caminho dos 30 anos, sem contrato como clube para lá dessa época, a praticamente sem contar para o totobola do então treinador Rui Vitória durante quase todo o ano de 2018, o grego Andreas Samaris é agora um dos mais importantes jogadores na reviravolta que Lage deu ao futebol do Benfica. Samaris já fez mais jogos completos desde que Lage tomou conta da equipa do que em todo o ano passado (apenas 3 vezes os 90 minutos em campo em 2018, e apenas duas das quais em jogos da Primeira Liga, e já parte final da última edição do campeonato). É verdade que falta Fejsa, mas Samaris dá um exemplo!
As contas que Samaris acerta agora com este Benfica de Bruno Lage são as contas de um grande profissional, que mesmo tendo estado tanto tempo sem contar, mostra não se ter resignado e se apresentou absolutamente pronto no momento em que o novo treinador decidiu chamá-lo ao onze da equipa.
Nunca estive sequer perto de Samaris. Mas estou certo que os adeptos portugueses - e não apenas os do Benfica - partilharão da mesma sensação que eu: Samaris só pode mesmo ser um grande profissional. O que todos sabemos, porque é evidente, é que Samaris é um jogador de enorme carácter no sentido em que é um jogador que dá tudo ao jogo, que tem uma fantástica determinação e em empenho irrepreensível em campo, que mesmo quando passa algumas marcas se percebe que o faz na larga maioria das vezes por entrega positiva ao jogo e pouquíssimas vezes por aqueles impulsos negativos que chegaram já a valer-lhe alguns indesejáveis castigos.
Todos os benfiquistas se recordarão da importância de Samaris para a equipa que conquistou o título, ainda com Jorge Jesus, em 2015. Chegado à Luz nessa época, Samaris fez qualquer coisa como 24 jogos completos para a Liga (num total de 28 presenças) e confirmou em campo toda a qualidade, experiência e bravura que levaram o Benfica a ir buscá-lo ao Olympiakos.
No final dessa época, quando a equipa do Benfica festejava o título no Marquês de Pombal, lembro-me de ver Samaris ser interpelado em inglês por uma jornalista da Benfica TV e responder qualquer coisa como isto: «Pergunta em português porque eu quero responder em português!». Sem qualquer desprimor para todos os outros, lembro-me também de ter pensado que um jogador que diz (e faz) o que Samaris disse (e fez) só podia mesmo ser um grande profissional. Quatro anos depois, creio que isso está mais do que confirmado e não custa a crer que os benfiquistas mantenham a esperança de ouvir o presidente do clube anunciar ter renovado o contrato com Samaris. Um jogador como ele pode não merecer tudo; mas merece, no mínimo, deixar a Luz pela porta grande!

quase tudo foi praticamente dito e comentado sobre a despropositada (pelo momento, pela linguagem e, sobretudo, pela incoerência) declaração de guerra do presidente do Sporting ao presidente do Benfica, numa altura em que as respectivas equipas de futebol se defrontariam por duas vezes em tão pouco tempo (com todo o impacto positivo e negativo que todos, com maior ou menor responsabilidade, poderiam criar), e numa altura em que, da parte do Benfica, não se perceber que tivesse havido a mais pequena afronta, palavra ou intrusão à vida do Sporting e, sobretudo, à presidência ainda tão recente de Frederico Varandas.
O que talvez não tenha sido tão comentado foi outra despropositado declaração do presidente leonino, ao transmitir (inocentemente ou não) a ideia de que o plantel sportinguista é de reduzida qualidade. Precisava o presidente de o dizer? Ou terá querido, de certo modo, sacudir alguma água do capote? Nem sempre o que parece é, bem o sabemos, mas por vezes o que parece... não parece nada bem. Foi o caso!

Fernando Chalana foi, durante muito tempo - muito tempo mesmo - o jogador português que mais admirei e o melhor que vi jogar, porque já pouco vi jogar Eusébio. Claro que depois houve Futre, e Figo, e agora Ronaldo. Mas Chalana foi ainda mais do que apenas  melhor jogador que durante muito tempo vi jogar em Portugal. Foi, também, um bom amigo.
Foi ainda Chalana uma estrela impressionante, que muitos, das mais recentes gerações, nem imaginar conseguirão, porque infelizmente a carreira de Chalana teve as curvas inesperadas que só as malditas lesões impedem de controlar.
Um jogador enorme e afinal com um futebol tão simples, porque é afinal quase sempre simples o que os grandes artistas sabem fazer. Mas foi Chalana também, e sempre, um rapaz tão genuinamente simples como o futebol que jogava.
Chalana completa este domingo 60 anos. Parabéns, Chalana.
Celebremos a vida de um homem a quem a saúde continua, infelizmente, a pregar malditas partidas!"

João Bonzinho, in A Bola

Aqui ao lado e tão longe...

"O Espanhol, de Barcelona, fundado em 1900, foi comprado há três anos pelo grupo chinês Rastar, que se dedica à comercialização de miniaturas de automóveis e videojogos. Há poucos dias, os periquitos, como são conhecidos em Espanha, contrataram ao Shangai SIPG de Vítor Pereira o internacional chinês Wu Lei, melhor marcador das últimas três edições no campeonato da China, apontado como um dos maiores valores do futebol daquele país. Na estreia com a camisola do Espanhol, no estádio de La Cerâmica, frente ao Villarreal (2-2), Wu Lei foi suplente utilizado, mas nem essa circunstância impediu que o jogo fosse visto na China por 40 milhões de telespectadores.
De facto, apesar de ter ficado amputada do principal combustível da última década - a rivalidade entre Cristiano Ronaldo e Messi - La Liga tem procurando não perder espaço para outros campeonatos, através de novas formas de angariação de receitas.

Aqui ao lado, passando a fronteira para Badajoz, Ayamonte ou Tuy, respeita-se o negócio do futebol, não há quem denigra o produto e as querelas são resolvidos dentro de portas. E este comportamento é também visto nas outras grandes ligas europeias, que há muito centralizaram receitas televisivas e passaram a olhar pelo interesse colectivo e não pela quintarola de cada um. Assim se explica o susseso de uns e o declínio de outros, que tenderá a aumentar se não arrepiarem caminho. E a verdade é que, por cá, não se vislumbram quaisquer sinais exteriores de bom senso, é a lei do salve-se quem puder a imperar, sem a perspectiva global onde assenta sempre o êxito dos grandes projectos."


José Manuel Delgado, in A Bola

Rui Pinto e a proteção dos denunciantes

"Os "hackers" poderiam fazer o que a investigação pública não pode num Estado de Direito. Deve por isso avançar-se na efectiva protecção de denunciantes trabalhadores, esvaziando a utilidades dos "hackers".

Rui Pinto (RP), um jovem "cool" e português, acedeu a informações confidenciais e de interesse público, e denunciou-as. RP provoca reacções extremas: empatia pelo génio, dimensão e relevância da informação; antipatia pela falta de ética, uma personagem do vale-tudo.
RP refugiou-se na Hungria e foi alvo de um mandado de detenção europeu, emitido pelas autoridades portuguesas. Terá cometido diversas infracções: acesso ilegítimo a e-mails, violação de segredo, ofensa a pessoa colectiva; acedido ilicitamente a documentos confidenciais sobre fundos de investimento e clubes de futebol, dirigentes e jogadores; criado o domínio e conteúdos do "football leaks"; e ensaiado obter uma quantia avultada (extorsão) para não revelar alguns desses crimes.
No entanto, ele também estará a auxiliar investigações criminais no mundo do futebol. E os media e os Estados aproveitam-se de dados obtidos ilicitamente para denunciar e incriminar.
Eis a questão difícil, a de saber se um "hacker" deve ser protegido, pois, apesar de cometer crimes, também denuncia crimes de interesse público, e permite uma investigação pública que não existiria na sua ausência. Em 2010, o Tribunal Constitucional alemão decidiu que a compra de dados pela autoridade tributária a um denunciante no Liechtenstein não era uma forma proibida de obtenção de prova. No Liechtenstein, o denunciante foi condenado.
A protecção de denunciantes está a ganhar fôlego. A Convenção da ONU contra a Corrupção promove a protecção de funcionários públicos que revelem actos de corrupção às autoridades. Na União Europeia (UE) ganha força a protecção de denunciantes trabalhadores ou ex-trabalhadores de uma organização, com acesso a informação confidencial.
Segundo uma consulta pública da UE em 2017, num total de 5,707 respostas, 10% dos inquiridos tinham conhecimento de denúncias, 77% ocorridas em organizações privadas, 56% em organizações situadas num Estado-Membro e com mais do que 250 trabalhadores. 85% respondeu que os trabalhadores raramente denunciam ameaças ao interesse público com medo de retaliações.
A protecção de trabalhadores denunciantes é vista como uma forma de resistência à má conduta e abuso empresariais, um instrumento relevante para promover a transparência, a justiça e a democracia, e prevenir condutas ilícitas ou imorais das organizações (fraude, corrupção, evasão fiscal, gestão de fundos públicos e ameaças à saúde, segurança ou ambiente).
Em contrapartida, estes são temidos por divulgarem correspondência confidencial, diminuírem a atmosfera de confiança no local de trabalho, prejudicarem a reputação e confiança das instituições públicas e de pessoas.
A protecção de "hackers" coloca maiores dúvidas porque, ao contrário dos trabalhadores, eles não tiveram acesso a informação confidencial, obtiveram-na por violação da confidencialidade. Os seus propósitos nem sempre são claros e a sua conduta pode ser motivada para obter quantias avultadas, em troca da não divulgação dos segredos.
A venda de informação aos media e às autoridades também causa danos graves: promove um mercado negro planetário, redução das garantias de defesa, violação do direito ao bom nome, justiça privada em vez de justiça pública.
Essa protecção seria uma forma de contornar a proibição de obtenção de prova por violação de correspondência. Os "hackers" poderiam fazer o que a investigação pública não pode num Estado de Direito. Deve por isso avançar-se na efectiva protecção de denunciantes trabalhadores, esvaziando a utilidades dos "hackers". Caso contrário, vai ser difícil aos Estados prescindirem destes."


PS: Que nota a senhora professora Dourado daria a este texto, num exame?!!!
Então a cronista, fala de denunciantes como trabalhadores, ou ex-trabalhadores de empresas ou instituições, e não releva o facto de Rui Pinto, não ser trabalhador ou ex-trabalhador de nenhuma das instituições vitimas da sua curiosidade?!!!
E já agora, quais são os crimes de interesse público relevados pela informação digital roubada ao Benfica?!!!

Dia do Benfiquismo

"O Estádio da Luz será palco, no próximo domingo, de mais um memorável encontro das Casas do Benfica, numa iniciativa que se repete e que representa hoje a maior manifestação de proximidade a um clube existente em Portugal.
O Benfica-Nacional terá assim um motivo adicional – e particularmente especial – para se transformar numa gloriosa tarde em família. O ‘jogo das casas’ trará ao nosso estádio mais de 2.500 Benfiquistas, vindos precisamente de 140 casas, filiais e delegações, numa expressão de dedicação e amor clubista que não encontra paralelo.
Não há dias para se ser mais ou menos adepto. Mais ou menos apaixonado. Mais ou menos dedicado. Ser do Benfica é ser sempre a 100%. Mas pode dizer-se, a pretexto do encontro do próximo domingo, que desta vez o 10 de Fevereiro foi escolhido para ser o Dia do Benfiquismo!
O momento para que, em conjunto, em nossa casa, possamos conviver, reflectir, analisar, projectar e perceber tudo o que nos é possível fazer para tornar o Benfica cada vez mais forte.
O ‘jogo das casas’ e a grandiosa mobilização que a iniciativa envolve é um impressionante sinal da vitalidade do nosso clube – que estando perto de completar 115 anos de vida também está, curiosamente, mais ‘jovem’ e saudável do que nunca. As Casas do Benfica, presentes em 5 continentes, são cada vez mais um orgulho para todos os Benfiquistas.

PS: Enorme sentimento de dor perante a tragédia que ocorreu no Centro de Treinos do Flamengo. Pesar e luto e total solidariedade. Força, Flamengo!"

Profundo pesar e afecto com o Flamengo

"O Sport Lisboa e Benfica manifesta a sua maior solidariedade ao Clube de Regatas do Flamengo perante a terrível tragédia que ocorreu no seu Centro de Treinos na Vargem Grande, no Rio de Janeiro.
Momento de enorme dor e luto que partilhamos com o nosso povo irmão, com um clube amigo e com as famílias dos jovens promissores e quadros do clube que perderam a vida.
Em meu nome pessoal e em nome de todos os Benfiquistas fica a palavra de profundo pesar e afecto neste momento particularmente difícil para o futebol e desporto brasileiro."

António Areia pagou indemnização ao SL Benfica

"O Sport Lisboa e Benfica informa que o andebolista António Areia pagou neste mês o valor de 25 mil euros ao qual foi condenado a pagar por ter rescindido sem justa causa com o Clube em 2015. 
Recorde-se que a decisão unânime dos Juízes do Tribunal da Relação de Lisboa relativamente a este processo foi conhecida em Junho do ano passado."

Confiar para aprender

"Nos dias que vão correndo é frequente depararmo-nos com a suspeição e desconfiança nos diversos domínios da nossa vida em sociedade, quer no que respeita à política, às finanças e ao próprio desporto.
Este ambiente de suspeição e desconfiança, justificado por factos, mas também muito por via do empolamento que em termos especulativos deles vamos fazendo, pode ter efeitos muito profundos sobre as crianças e jovens que presenciam estas situações.
Como se pode depreender do título deste texto não pretendo juntar-me a este coro e quero chamar a atenção para a importância da confiança na Educação e no Desporto.
Ao longo de algumas décadas de actividade profissional na Educação Física e no Desporto fui podendo constatar que, para a motivação de um jovem que pretende aprender ou aperfeiçoar-se na prática de um desporto, a confiança é um factor indispensável.
Poder sentir que o professor ou treinador confia nele, independentemente dos erros e derrotas que o seu percurso vai sofrendo, é fundamental para poder aprender e aperfeiçoar-se.
Na vida como no desporto os erros e insucessos acontecem a todos. Os jovens que conseguem aprender mais e atingem maiores níveis de prestação não são os que nunca fazem erros ou ganham sempre, mas sim os que têm melhores condições para aceitarem os erros e compreenderem como os podem evitar no futuro. Neste processo, saber que o treinador não deixa de confiar nele, ainda que o faça reconhecer os seus erros ou contributo para os insucessos numa equipa, reveste-se da maior importância para a reacção positiva em todos os momentos.
Alguns dos jovens de maior talento potencial que o nosso desporto produz não atingem o nível competitivo que poderiam almejar exactamente porque não sentiram o ambiente de confiança que é necessário para se desenvolverem plenamente.
Para a obtenção de níveis elevados de autoconfiança que permitem a um jovem melhorar e realizar-se no treino e competição, sem medo de correr novos riscos, é indispensável contar com a confiança incondicional do seu treinador.
Uma outra questão em torno do tema é a imprescindível confiança que o jovem tem de ter no seu treinador. Esta é uma questão premente num ambiente social dominado por múltiplas suspeições em torno dos mais diversos responsáveis pelo exercício do poder. Tanto mais importante quando falamos de jovens e da proximidade que se vive no desporto.
Enquanto que o treinador deve demonstrar ao jovem que confia nele de forma incondicional, ainda que não alijando a sua função de orientação e avaliação do percurso percorrido, o jovem precisará de sentir que pode confiar no seu treinador pelo exemplo dado. Na construção dessa confiança o exemplo do treinador é mais importante do que quaisquer outras mensagens que dele lhe chegam.
As reacções do treinador perante as situações mais frustrantes, como os erros comprometedores e os maus resultados nas competições, vão marcar profundamente o jovem.
Encontrar justificações externas, como as más decisões de quem arbitra, para os maus resultados, poderá criar um clima menos frustrante, mas não contribui para reconhecer os nossos erros e aprender a evitá-los no futuro."

Benfiquismo (MLXXXIX)

King & Prince !!!

Bigodix à Chalanix

"Svilar está a deixar crescer o bigode... vá, o buço, que nenhum puto de 19 anos tem bigode... excepto eu que aos 10 já parecia o saudoso Barros, que acima do pescoço tinha uma bola felpuda, com olhos, nariz, boca e orelhas a espreitarem entre os tufos capilares. Provavelmente ao belga ainda não foi explicada a importância da decoração supra labial no SLB, nem ele terá consciência de que bigode e bandelete não combinam. Alguém que o prepare para a grande mudança que vai operar na sua vida. 
O histórico "bigodístico glorioso" recua até à fundação da Nação, sendo o Pai Disto Tudo portador de um esbelto e cavalheiresco exemplar, tal qual 98% dos seus colegas fundadores. Mais recentemente, fizeram escola a esfíngica bigodaça do Toni "do Benfica", a louca penugem do Bento "da baliza" ou a farfalhuda lã facial do Carlão "do pontapézão". Acima destes contudo, aparece o fiel amigo do Chalana "Pequeno Genial".
O que diferenciava o aparato capilar do Chalanix era o facto de ter substância. Era parte integrante do pequeno corpo genial que vestia de vermelho e branco e dava-lhe à vontade, mais 2 ou 3 metros cúbicos de estrutura. O Bigode do Chalana era único porque esvoaçava ao sabor do sprint do craque, ululava quando o resto do extraterrestre serpenteava e era perfeitamente simétrico, porque habitava a cara de um perfeitamente ambidestro.
Domingo, Fernando Albino de Sousa Chalana comemora 60 anos. Coincidentemente, ou talvez não, porque os deuses da bola deitam-se mais tarde do que o Taarabt, o Benfica joga na Catedral da Luz. Tudo se conjuga para uma desejada, merecida e sentida homenagem ao Homem que está a passar por dificuldades, onde estas mais doem: na saúde. Assim e apenas porque nem todos são como eu e portanto, em 4 dias não conseguem promover um frondoso cortinado de pêlo acima do lábio, seria da mais elementar justiça que o SLB, da mesma forma que coloca cartolinas coloridas para coreografias pré jogo, deixasse nas cadeiras d'O Estádio um bigode (de papel ou felpudo, consoante o comprometimento com a ideia) para que fosse usado pelos Benfiquistas durante os 90 minutos.A acção seria simples, o efeito é que seria Genial... como o pequeno Astérix Encarnado.
#BigodixàChalanix"

Bom dérbi, ficou tudo em aberto

"Jogo de alta intensidade equipas mais à defensiva. Incerteza sobre quem irá à final

Ponto prévio
Quatro dias separaram este dó anterior jogo entre Benfica e Sporting. Parece consensual que não só o resultado mas também a exibição foram demonstrativos da superioridade dos da Luz. Aguardava-se, pois, com expectativa as ilações retiradas e consequentes alterações a ser implementadas pelo comando técnico sportinguista. Expor novamente os dois centrais à dupla Seferovic/Félix, um pivô defensivo sem preocupações de recuo para estabelecer equilíbrio e os laterais abertos e muito projectados ofensivamente saiu caro.

Sporting
1. O Sporting surgiu significativamente alterado na composição individual e no posicionamento a meio-campo, com o triângulo rodado: em vez de 1+2 foi 2+1 com Wendel e Gudelj nas costas de Bruno Fernandes. No bloco médio baixo apresentou linhas mais curtas, a mostrar-se mais consistente defensivamente, mas a cometer erros ao nível da protecção dos seus laterais sobretudo sobre o corredor direito, o que acabaria por resultar no primeiro golo do Benfica por falta de acompanhamento e cobertura ao Bruno Gaspar.

Benfica
2. Este dérbi apresentou um Benfica de continuidade, a atravessar fase muito positiva, o que resulta num estado emocional muito estável e por isso melhor quer no plano individual, quer no colectivo, com melhor domínio dos diferentes tipos de jogo, cadência e ritmo.

Vantagem
3. À forte reacção pela perda de bola por parte do Benfica e posicionamento muito alto, aproveitando a insistência em acções individuais com sistemática perda de bola por parte dos jogadores do Sporting, ganhou o Benfica uma vantagem que se ajustava ao desempenho das equipas até ao intervalo.

Felicidade
4. No segundo tempo, a forte entrada do Benfica, a condicionar claramente a primeira fase de construção por parte do Sporting, e a disso tirar benefício com alguma felicidade assim chegando ao 2-0, em que Tiago Ilori fez autogolo na sequência de um forte remate de João Félix. Surgiu, então, a resposta da equipa verde e branca, com uma alteração táctica não habitual, passando a jogar em 4x4x2 face à entrada de Bas Dost para junto de Luiz Phellype, e no melhor dos lances para o Sporting, consegue reduzir em lance de bola parada.

Incerteza
5. Num jogo de alta intensidade, o número reduzido de acções de qualquer um dos guarda-redes denunciou um melhor trabalho do plano defensivo do que do nível ofensivo de qualquer das equipas. Sobra tudo de bom para o futebol e incerteza de qual dos dois estará na final do Jamor, dado o curto desnivelamento do resultado que deixou a eliminatória em aberto."

Manuel Machado, in A Bola

Dérbi regressou à 'normalidade'

"Depois do cataclismo leonino do passado domingo, os jogadores do Sporting viram-se confrontados com a necessidade de darem uma imagem mais lisonjeira das suas capacidades. Ontem, mais concentrados e com uma maior coesão a meio-campo, os leões realizaram uma partida dentro do aceitável, colocando muitas dificuldades a um Benfica que esteve longe do que fizera em Alvalade, mas mesmo assim superior.
Pode dizer-se, então, que o dérbi regressou à normalidade, ou seja, um duelo entre rivais, mais ou menos bem jogado, mas sempre intenso e de olhos nos olhos.
O resultado de 2-1 favorável ao Benfica deixa tudo em aberto para a segunda mão, não sendo possível adivinhar o estado de forma das duas equipas quando se cruzaram em Alvalade, já que essa partida será disputada daqui a dois meses. Não, não é engano, o que se passa é que o futebol português tem coisas estranhas, e esta é uma delas...
Quanto às consequências do jogo de ontem, Marcel Keizer, apesar da derrota, recebeu na Luz um pequeno balão de oxigénio, que lhe permitirá enfrentar o Feirense sem o baraço ao pescoço. Se passar na Feira, a sequência seguinte, Villarreal, SC Braga, Villarreal, Marítimo, determinará o seu futuro a verde e branco. Já Bruno Lage tem de manter a sua equipa de pés bem assentes no chão e o aviso de ontem deve surtir efeito.

PS - Bruno Fernandes é um futebolista impressionante, tem entrega, tem visão, tem golo, e está ao nível dos melhores do panorama internacional. Se durante os jogos deixar de dedicar tanta atenção aos árbitros, ainda melhor jogador será..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Mudanças no Benfica

"Que o futebol do Benfica mudou com Bruno Lage não é novidade. As triangulações entre lateral, médio e extremo que representavam mais de 50 por centro do jogo ofensivo deixaram de ser um mantra para se tornarem apenas uma variável; as alterações de sistema e de movimentações beneficiaram Pizzi, hoje apenas mais uma peça na engrenagem; Grimaldo ataca muito mais que André Almeida porque um é lateral-esquerdo do mais ofensivo que há e o outro faz lembrar os defesas-direitos à antiga.
Mais do que a forma, também mudou o conteúdo e destaco três jogadores: a metamorfose de Gabriel ao nível da intensidade (hoje corre muito mais ao lado de apenas um médio do que correu quando jogou com dois), Samaris regressando às dinâmicas do 4x4x2 que exibiu com Jorge Jesus e um Rúben Dias com zero necessidade de recorrer a um jogo agressivo para se impor e exibindo assinalável qualidade técnica de passe.
O mais desafio de Lage será outro: continuidade. Fábio Capello dizia que os treinadores são ladrões de ideias e mais cedo ou mais tarde haverá fórmula de travar muitos das actuais movimentações das águias. A grande chicotada é aquela que tem efeitos quando já não se notam as feridas.
(...)"

Fernando Urbano, in A Bola

As memórias de pessoas clinicamente falecidas incluem túneis, luz, aulas com o prof. de Alverca. Tudo passa (...)

"Svilar
Fica a sensação de que podia ter feito mais qualquer coisa no lance do golo do Sporting - o bigode, por exemplo.

André Almeida
Parece confortável na sua nova pele. Agora que não lhe pedem para resolver jogos, André Almeida regressou ao horário de expediente normal e comporta-se como um lateral direito sóbrio, de processos simples, que não inventa. Mas não se preocupem. Quando as saudades das suas invenções começarem a bater, ele vai chegar-se à frente para mais uma assistência que parece fácil - vinda dele - ou mais um golo que parecia impossível - se não fosse ele.

Rúben Dias
Assim que se cruzou com Luiz Phelyppe entregou-lhe a chave do carro e uma nota de 5 euros, mas percebeu o equívoco a tempo e lá acertou a marcação a tempo.

Jardel
Teve pouco tempo para humilhar os seus adversários esta noite. Abandonou o jogo antes do final da primeira parte com uma lesão e não disfarçou o olhar desconfiado, como se tivesse sido alvo de uma emboscada organizada pelos miúdos do Seixal para promoverem Ferro ao onze titular.

Samaris
As recordações de pessoas que estiveram clinicamente mortas incluem túneis luminosos, pessoas próximas, nuvens densas, escuridão absoluta, ou a recepção de instruções de jogo dadas por um professor de Alverca do Ribatejo. Felizmente, todas elas regressam a si com uma enorme vontade de viver e aproveitar a fortuna de uma nova oportunidade.

Gabriel
Se a expressão rolo compressor voltou a entrar no léxico benfiquista, isso deve-se em grande parte à evolução de Gabriel, um rapaz que parecia ter tudo para ser um novo Filipe Augusto ou coisa parecida, e que afinal é um monstro de um jogador que dá novos mundos ao futebol benfiquista, com e sem bola. Muito bem no remate do golo, apontando às mãos de Renan porque sabia que este se encarregaria de colocar a bola na baliza.

Pizzi
Depois daquela história dos Super Wings, e sabendo do crescendo exibicional do colectivo, Pizzi até jogava na baliza se fosse preciso. Não espantou portanto que se tivesse desunhado para jogar numa posição que não é a sua. Ao fim de alguns minutos já se tinha familiarizado com o corredor esquerdo. Pouco depois fez uma assistência para golo.

Salvio
Ainda não deve ter visto os desenhos animados favoritos do filho de Bruno Lage, tal é a mania de tentar salvar o Benfica através de lances individuais. É certo que lançou o Benfica para um ataque fulminante que culminou no primeiro golo, mas fez por apagar isso da nossa memória. Esta manhã, quando os colegas estiverem a rever os erros cometidos durante a partida, Salvio terá uma maratona de Super Wings à sua espera no computador da biblioteca.

João Félix
um conhecido historial de génios bem sucedidos que passaram a fase inicial das suas carreiras a atirarem-se para o chão, portanto há que manter a calma. Enquanto João Félix for sobrevivendo a arraiais de pancada como o da primeira parte, continuará a reunir condições para ser o jogador que todos querem ter. Concordo com os críticos: o miúdo não joga como se valesse 120 milhões. Joga como se não quisesse saber disso para nada. É continuar.

Seferovic
Faltou a sua pontaria para transformar em goleada uma vitória que nunca chegou a estar verdadeiramente em causa. Continua a festejar os golos da equipa gritando asneiras em português. Só lhe fica bem.

Ferro
Não sei quanto a vocês, mas eu nunca tinha feito base jumping. Pensei que ia morrer, mas acabou por ser interessante. Quem sabe um dia destes repito a experiência.

Rafa
Depois de uma exibição dominadora em Alvalade, o banco de suplentes. Cedeu o lugar a Salvio, mas recuperou-o uma hora depois. Até os mestres da táctica como Bruno Lage cometem erros. É também isso que os aproxima de nós.

Cervi
Continua a recuperar dos anos de convívio próximo com Rui Vitória. Há-de voltar a si mesmo."

"Pisões" a João Félix

"A apologia, feita por um ex-internacional português, de que a melhor forma de condicionar o talento de João Félix seria através de “pisões” tem que ser amplamente denunciada e rejeitada. De forma muito clara!
Compete a todos e cada um de nós – apaixonados e profissionais do futebol, diversos agentes desportivos e, em particular, às equipas de arbitragem – não permitir que a natural competitividade de um jogo de futebol se transforme numa espécie de caça ao homem e ao talento.
Nenhum órgão de comunicação internacional ou algum programa desportivo de referência permite este tipo de argumentação quando – em Itália, Espanha ou Inglaterra – se debate a melhor forma de travar talentos como Cristiano Ronaldo, Messi, Modric ou Bernardo Silva.
Este é um tema que consideramos da maior gravidade e, por isso, o Sport Lisboa e Benfica, a nível institucional, já endereçou os adequados protestos junto do Conselho de Administração, Conselho de Opinião, Conselho Geral Independente e Direcção de Informação da RTP e da ERC, por entendermos que declarações daquele tipo não podem, de forma alguma, ser toleradas, desvalorizadas ou minimizadas.
O futebol não pode permitir, em momento algum, que o talento dos seus principais artistas fique à mercê de “golpes baixos”. Futebol é festa e isso foi o que ontem voltou a existir na Luz, com mais de 55 mil espectadores nas bancadas a verem o Benfica fechar da melhor forma um ciclo muito exigente, concluído com duas vitórias frente ao Sporting.
No campeonato, a desvantagem relativamente à liderança foi reduzida de 7 para 3 pontos. O acesso à final da Taça será decidido no início de Abril, em Alvalade, onde o Benfica vai entrar em vantagem. E a Liga Europa tem início na próxima semana, com uma viagem à Turquia para defrontar o Galatasaray.
A noite de ontem ficou ainda marcada pela estreia de Ferro na equipa principal – que se junta assim, no topo da pirâmide, a uma longa lista de craques nascidos no Seixal. Domingo, na Luz, o campeonato estará de volta a partir das 17h30. Foco total, pois, no nosso próximo adversário: Nacional. Nada mais interessa.

PS – Muito carinho e muita força é o que toda a família benfiquista partilha com o nosso grande, grande, grande “pequeno génio” Fernando Chalana. A melhor homenagem que, neste momento, lhe podemos prestar é o apoio diário a quem faz parte da nossa história e da nossa fantástica estrutura criada no Seixal."

Bruno Lage, o tempo corre a favor dele

"Olha-se para ele e percebe-se cada vez melhor que está ali o treinador do Benfica Fez na quarta-feira, dia de dérbi no Estádio da Luz, precisamente um mês desde que Bruno Lage disputou o primeiro jogo como treinador do Benfica.
Um mês percorrido com sete vitórias e uma derrota dura, frente ao FC Porto, nas meias-finais da Taça da Liga, mas um mês também em que o Benfica venceu duas vezes o Sporting (uma delas em Alvalade e com enorme autoridade), em que recuperou quatro pontos ao FC Porto na Liga e em que saltou do quarto para o segundo lugar da classificação.
Portanto, no final deste mês, o balanço é francamente positivo.
Chegou como uma espécie de solução de recurso, uma opção encontrada ali na equipa B, com toda a carga de cepticismo que esta espécie de escolhas costuma significar.
Um mês depois, porém, Bruno Lage ganhou direito a ser olhado como treinador do Benfica de corpo inteiro: uma opção tão válida como outra mais mediática qualquer.
Hoje, de facto, olha-se para ele e não se vê ali uma opção de recurso: vê-se o treinador do Benfica.
É perfeitamente legítimo pensar que, no futuro, esta deferência tende a aumentar. Afinal de contas o nome de Bruno Lage ganha solidez à medida que os jogos passam e, à medida que o nome for ganhando solidez, Bruno Lage tem mais tranquilidade para trabalhar melhor.
O tempo, portanto, corre a favor dele."

Benfica: Bruno Lage

"O Benfica ao vencer em Alvalade, relançou o campeonato estando mais próximo do FC Porto que escorregou em Guimarães, sem cair.
A contudente vitória 4-2, mostra que a escolha em Bruno Lage foi uma excelente opção. O Sporting claudicou, está muito longe do título e tem que lutar para ir à Champions.
O Sporting esta quarta-feira teve o ensejo de se redimir, mas foi um jogo diferente, pois, é a duas mãos. Foi isso que aconteceu perdeu 2-1, mas está tudo em aberto para o jogo de volta, salvou a sua honra. Todavia, não nos podemos esquecer que o Benfica voltou a vencer, num curto espaço de tempo.
O Benfica parece que tem projecto com o novo treinador Bruno Lage, passo a passo, de repente, passou de tudo perdido esta época, para crer que é possível e está somente a 3 pontos do Porto. O tempo vem dar razão, na aposta de quem é da casa, sente o clube de outro modo e é mais barata. O Benfica está com mais solidez e enorme eficácia. O aparecimento de Seferovic, a profundidade de João Félix e Pizzi, fazem o resto. João Félix, infelizmente, não vai ficar muito tempo no Benfica pela sua qualidade e juventude.
A mescla de todos estes factores, mais a moralização por vencer, o maior factor para acreditar tem levado o Benfica a estar de volta. O Rui Vitória já é passado e Bruno Lage tem conseguido calar muitas bocas. De momento, recuperou o pulso e começa a pôr em respeito os seus adversários.
Bruno Lage, o "treinador dos jogadores", tem uma tarefa difícil e procura salvar uma época que parecia perdida, não tem nome, mas tem humildade, fibra e muita qualidade. Ganhou o balneário, que é fundamental, e os jogadores seguem-no com respeito.
Bruno Lage sempre privilegiou a estratégica do jogo não descurando o processo de aprendizagem dos mais novos.
Está em todas as frentes: Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga Europa – em cada jogo está a ser posto à prova, mas tem sido uma agradável surpresa contra as expectativas mais pessimistas.
Em Portugal há o hábito de se pensar, quem é conhecido e famoso é bom, todavia, há muito treinador desconhecido com muito valor e qualidade que nunca teve a oportunidade e as condições para se afirmar. Bruno Lage está a aproveitar a sua oportunidade e a demonstrar que é um treinador para o futuro.
No Sporting, Tiago Fernandes que substitui Peseiro não teve a mesma sorte, mas um dia, pode mostrar o seu valor."

O nome dele é Félix... João Félix

"E é nome de craque, disso não tenha o leitor qualquer dúvida. Completou no domingo em Alvalade 1000 minutos pela equipa principal do Benfica, pela qual alinhou em 22 jogos, 6 dos quais completos.
O miúdo, que despontou no Seixal, só este ano se estreou entre os craques da equipa A. Começou aos poucos, com Rui Vitória, e logo ao terceiro jogo marcou ao Sporting, na primeira volta da Liga na Luz. Depois pareceu desaparecer, mas eis que sob o comando técnico de Bruno Lage surge em grande.
Portugal, os amantes do futebol e a competição nacional precisam de craques assim. Na época de estreia na equipa A do Benfica, João Félix chegou, precisamente no último domingo, frente ao Sporting, aos 1000 minutos com a equipa principal. Durante este período apontou 8 golos e fez 3 assistências.
Parece, de resto, ser genético. João tem um irmão, Hugo Félix, de 14 anos, a jogar nos iniciados do Benfica ,e arte parece igualmente não lhe faltar, principalmente para marcar golos: em 12 jogos fez dez.
Não, não se trata de apelar a qualquer prepotente sentimento lusitano, mas perante tais dados só posso sentir orgulho no que é nacional e é bom.
Trata-se acima de tudo de saudar a qualidade do trabalho, que se está a realizar de base no futebol português, ao descobrir o talento em estado bruto, que num atleta de 19 anos tem de ser gerido com pinças, de maneira a que a cabeça e a forma de pensar estejam ao nível do que futebolisticamente um jovem a despontar para o estrelato tem de ter. De forma a não se perder este diamante.
Natural de Viseu, João Félix, fez parte da formação no FC Porto, e só há quatro épocas chegou ao Benfica.
Bruno Lage falou do jovem jogador fazendo alusão aos Super Wings, os aviões que fazem parte do imaginário das crianças através da programação infantil e que trabalham em equipa.
João Félix é igualmente aquilo que a equipa faz com ele e o que ele faz com a equipa. Mas afinal, não é esse o princípio básico do jogo que todos nós vivemos e sentimos?
Ver os bons jogadores a darem espectáculo inseridos em equipas de grande qualidade, daquelas que cativam, que fazem os milhões de adeptos um pouco por todo o mundo pagar um bilhete ou uma assinatura de um canal desportivo para ver esse espectáculo a que nos acostumámos a chamar de desporto-rei.
Fico feliz por ver um jovem, português, a dar nas vistas desta forma, ao ponto aliás, segundo conta a imprensa, de vários emblemas europeus, incluindo o Real Madrid, já estarem de olho nele.
120 milhões de euros é a cláusula de rescisão do camisola 79 do Benfica.
Para muitos um obstáculo, para outros nem por isso, mas uma coisa é certa: será que o Benfica conseguirá manter João Félix no plantel por muito tempo?
Há quem diga que, para seguir os passos certos no crescimento como homem e como jogador, João Félix devia ficar mais uma época de águia ao peito. Mas se a irreverência e qualidade do jogador se mantiverem, ou até mesmo aumentarem, será que o Benfica conseguirá resistir ao namoro dos grandes emblemas europeus?
A esta questão só teremos resposta nos próximos meses.

P.S.: Escrevo hoje sobre um jovem que revela ter arte nos pés e na cabeça aos 19 anos, e que por isso se arrisca a ser um caso sério nos próximos meses/anos, numa altura em que o melhor do mundo, para mim, completa uns «jovens» 34 anos. Em ocasiões anteriores houve quem se arrepiasse com os elogios que lhe teci. Respeito a opinião dos leitores, mas gostava que num mero exercício de raciocínio tentassem ver onde andavam, aos 34 anos, aqueles que são considerados os maiores nomes da história do futebol.
Este a que me refiro, chama-se Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro e é titular da Juventus, de Itália. Esta terça-feira completou 34 anos. Parabéns atrasados, Cristiano!"

Gestão do risco: na estratégia e na condição física

"Foram preocupações distintas aquelas que nortearam as escolhas de Bruno Lage e de Marcel Keizer para o primeiro round das meias-finais da Taça de Portugal. Do lado do Benfica, a prioridade foi não trair a ideia de jogo apresentada no derby de domingo, mesmo correndo o risco de o balão de oxigénio esvaziar um pouco mais cedo. Do lado do Sporting, imperou a gestão da condição física, com uma mão-cheia de alterações, assumindo o técnico holandês o ónus de a equipa se tornar menos incisiva nas transições ofensivas.
Sem Bas Dost no “onze” inicial, os “leões” descartaram praticamente o cenário de um futebol mais directo, a procurar ganhar a primeira ou segunda bola na tentativa de contornar a pressão imposta pelo rival. Na prática, o único dividendo que conseguiram retirar dessa opção foi reduzir o risco de perda, porque a circulação lenta e previsível em zonas muito recuadas não foi suficiente para superar o posicionamento agressivo do Benfica e sair a jogar apoiado a partir de trás.
Com Pizzi desta vez a começar na ala esquerda (Salvio ocupou o flanco contrário), foi por essa faixa que o Benfica construiu o seu futebol mais associativo, porque o argentino confere sempre um perfil mais vertical ao jogo e porque João Félix, muito vigiado, perdeu quase todos os duelos individuais no lado oposto. Mas seria pela direita que os “encarnados” chegariam ao primeiro golo, tirando partido da deficiente transição defensiva do Sporting, que continua sempre muito exposto em ataque organizado (no caso, era o estreante Cristián Borja que estava muito profundo).
Outra das fragilidades dos “leões” continua a ser a forma como se deixam atrair, em “quantidade”, para a zona da bola, facilitando a tarefa a um adversário que, sob a orientação de Bruno Lage, tem hoje muito mais capacidade de variar o centro do jogo e de ir alternando passes verticais, à procura das ligações no corredor central, com jogadas à largura (sem que o cruzamento seja a opção inevitável).
Ofensivamente, a opção por adiantar Wendel para as costas de Luiz Phellype também só surtiu efeito a meio do segundo tempo, altura em que se percebeu que Ferro (lançado na primeira parte para render o lesionado Jardel) ainda terá arestas a limar. Até então, as linhas de passe que o médio brasileiro tentava dar a Gudelj, Borja ou Bruno Fernandes rapidamente se transformavam de uma oportunidade numa debilidade, porque a pronta recuperação e a transição activada pelo Benfica deixavam muitas vezes o rival com um elemento a menos no corredor central (fruto, também, dos movimentos de Pizzi de fora para dentro).
Se as entradas de Cervi (de um lado) e de Bas Dost (do outro) também não lançaram o jogo noutras bases, ainda que o Sporting nos últimos minutos tenha procurado um futebol mais directo, Diaby conseguiu tirar algum partido do desgaste acumulado nos corredores laterais dos “encarnados”, também num período em que a intensidade da pressão de Samaris e Gabriel tinha caído a pique.
Mas seria o génio individual de Bruno Fernandes a relançar a eliminatória. Um jogador valioso, que oferece muito a um Sporting que continua a saber a pouco."

Quando Varandas é igual ao parapeito de Bruno

"Uma coisa é o ânimo das hostes com base na rivalidade, outra bem diferente é persistir num cavalgar de ódio com os adversários, gerador de tensão e de violência, para esconder os insucessos próprios 

Houve um tempo em que o futebol era um desporto de família. Pais e filhos deslocavam-se aos campos para a festa, sem riscos de violência e com um adequado nível de salutar rivalidade competitiva que acabava por ser a expressão de outras realidades geográficas, sociais, políticas e desportivas, sem consequências de maior.
Esse tempo foi tomado pela indução do ódio na radicalização de várias expressões no fenómeno desportivo, pela saturação do espaço mediático, comprometido com a necessidade de conquistar audiências, e por uma inusitada expressão da afirmação das personalidades apenas por contraste com os outros. Em vez de se afirmarem pelo que fazem, afirmam-se pelo que dizem – e o que dizem não bate certo com o que fazem.
A norte sempre o fizeram para mobilizar as hostes, num bailado que conta com um rude atropelo dos mais elementares pilares do Estado de direito, apesar da candura moralista e pseudojusticeira vigente. É a gente do Apito Dourado, do guarda Abel, das invasões dos centros de estágio de árbitros e do condicionamento da justiça e da sociedade em geral, como ficou bem patente na curadoria de ambientes do designado primata que lidera a claque do clube. Eles são a lei, o território é deles. Eles querem ser uma espécie de bairro onde quem dita as regras são os que controlam as dinâmicas, as transacções e as entradas no território. Infelizmente, há territórios assim em Portugal, que contrastam, felizmente, com o pavoneio livre e democrático de dragões em Lisboa, alguns apenas para exercitar a suprema arte do bitaite e do encaixe financeiro em função da prestação.
A sul, Bruno de Carvalho inaugurou uma parceria estratégica de radicalização do ódio ao Sport Lisboa e Benfica, em conluio com o Norte, que acabou por conduzir ao reerguer do Porto e à quase implosão do Sporting. Altos voos, grandes quedas. Esta voragem de destilação de ódio, tolerada pela Liga e pela Federação Portuguesa de Futebol, tem expressão evidente nas claques. Não há jogo de Sporting ou do Porto em que, mesmo sem ser o adversário, o Sport Lisboa e Benfica ou os seus adeptos não sejam invocados em cânticos de pestilento ódio. A pequenez das personalidades só se consegue afirmar por contraste, por ódio ou por inveja em relação ao outro, o tal que vai consolidando a gestão, vai reforçando o património e as infraestruturas e concretizando um plano presente de salvaguarda do futuro com base na formação.
Uma coisa é o ânimo das hostes com base na rivalidade, outra bem diferente é persistir num cavalgar de ódio com os adversários, gerador de tensão e de violência, para esconder os insucessos próprios, a impreparação ou a simples ausências de ideias e projectos próprios. O recente assomar à varanda do actual presidente do Sporting para, em véspera de dois jogos com o Benfica, retomar a estratégia de ódio e de parceria com Pinto da Costa é bem revelador de que o novo tempo anunciado não passou de conversa fiada. O diagnóstico médico é claro: Varandas não passa de um mero parapeito à moda de Bruno de Carvalho. É certo que há menor animação diária, mas regista-se a mesma falta de senso e a ausência de aprendizagem com os erros do passado. É certo que há uma tradição lusa dos parapeitos das janelas, onde as vizinhas se entretinham a falar da vida alheia, do que se passava no bairro e do que viam na televisão, mas nunca do que se passava dentro das suas portas. A verdade é que nos julgávamos noutro tempo mas, afinal, estão de regresso as codrilheiras. Codrilheira, que resulta de uma abordagem popular da palavra quadrilheiro, aplica-se com propriedade a esta quadrilha que destila ódio para esconder as deficiências próprias, num exercício tolerado por quem tem responsabilidades na gestão da indústria e do espectáculo desportivo do futebol, até ao dia em que todos se sobressaltarão com os resultados do exercício exacerbado que conduz invariavelmente à violência.
Tal como em relação às cordrilheiras, basta confrontá-las com a realidade lá de casa para serem reduzidas à sua significância.
Varandas do tempo novo já se predispôs a ser testemunha da acusação no processo Cashball, em que existem suspeitas reais de pagamento para a viciação de resultados?
Varandas do tempo novo já se predispôs a ser testemunha da acusação no processo da invasão da academia de Alcochete?
Varandas do tempo novo, que contrasta com aquele em que era parte da equipa de Bruno de Carvalho, já deu andamento às situações duvidosas identificadas nas auditorias que foram tornadas públicas em relação à gestão anterior?
Certamente, não. Para tudo isto, mais do que numa varanda ou numa janela aberta, constituiu-se numa marquise opaca, mas para falar ao parapeito para as vizinhas e sobre alegadas vidas alheias não lhe falta verve nem troca os provérbios.
Perante as codrilheiras, as do futebol e as da vida, nada como fazer o trabalho de casa, agir em função das convicções e afirmarmo-nos pelas nossas competências e saberes. O sentido de justiça e de senso acabará por fazer a triagem que se impõe.
Os impávidos da Liga e da Federação só vão acordar quando o ódio e a reiterada impunidade resultar em violência grave? É sempre assim, ignorar os sinais, estremunhar perante as ocorrências. Triste sina a nossa.
(...)"