Últimas indefectivações

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Crise mais do que previsível

"1) Casa assombrada. O arranque de 2020 dificilmente poderia ser mais obscuro para o Sporting. É certo que as arduidades eram expectáveis, mas apenas 1 vitória – em Setúbal, sem fulgor, ante um Vitória pejado de baixas – e 3 derrotas – ante FC Porto, Benfica e SC Braga – em 4 jogos confirmaram a tendência depressiva da época dos leões. É que após o afastamento precoce da Taça de Portugal ante o Alverca e de um adeus prematuro à conquista do título nacional, por muito árduo que seja assumir um facto que rapidamente se tornou óbvio, o Sporting perdeu a hipótese de conquistar a terceira Taça da Liga consecutiva e falhou a aproximação – ainda que eventual – à luta pelo 2.º lugar. Pior, voltou a cair no 4.º lugar, a 2 pontos do Famalicão, com a agravante de ter consentido que SC Braga (a 2 pontos), Vitória de Guimarães e Rio Ave (ambos a 4 pontos) se aproximassem. Depois, 6 das 8 deslocações que os verde-e-brancos terão que protagonizar até ao fim do campeonato serão a Braga, a Vila do Conde, a Famalicão, a Guimarães, ao Dragão e à Luz. O que implica uma segunda metade de exercício inóspita.
2) Da dupla de médios de contenção ao temerário trivote. Diante do FC Porto, o Sporting procurou ter uma entrada afirmativa e pressionante. Só que o tento madrugador dos dragões, na primeira aproximação à baliza opositora, fez ruir a ambição leonina, desfraldando debilidades no controlo da profundidade, bem patentes na forma como a última linha estava desorganizada e não conseguiu reagir a uma situação de bola descoberta. Ao invés, ante o Benfica e o SC Braga, a formação orientada por Silas entrou mal nos jogos, permitindo que os rivais pressionassem alto com acutilância e reagissem com contundência à perda, o que condicionou as duas primeiras fases de construção – e a ligação entre estas – do Sporting, e abonou recuperações em zonas altas, até porque os médios-centro– Doumbia e Wendel diante do Benfica; Battaglia, Doumbia e Wendel frente ao Braga, num reforço para muscular e equilibrar a zona intermediária que conduziu a uma postura excessivamente temerária – foram sempre obrigados a receber a bola de costas para a baliza adversária. Se ao Benfica faltou eficácia em zona de finalização para ferir, no arranque da partida, o antagonista, a contundência na reacção à perda e na imposição de duelos dos bracarenses permitiram que Ricardo Horta adiantasse os guerreiros no marcador ao minuto 8.
3) Capacidade de reacção. Foi, muito provavelmente, o melhor ponto do Sporting nas 3 partidas. Frente aos dragões, já depois de terem alcançado a igualdade por Acuña, os leões protagonizaram um arranque retumbante de etapa complementar, conduzindo aos 20 minutos de melhor futebol que os leões exibiram em 2019/20. Foram cinco oportunidades claras, sempre com origem no corredor esquerdo, que asseveraram uma dinâmica ofensiva avassaladora, mas também uma ineficácia medonha em zonas de finalização. Frente ao Benfica e ao SC Braga, o Sporting não atingiu esse patamar, até por ter encontrado dificuldades para encontrar os mesmos espaços para assaltar o último terço, a que se juntou a ausência por lesão de Vietto, o que deixa os processos de construção, de criação e de finalização ainda mais dependentes de Bruno Fernandes e de Mathieu. Se é certo que diante das águias, o Sporting até teve as duas melhores oportunidades da etapa inicial, mas viria a faltar-lhe mais acutilância na chegada a zonas de finalização na etapa complementar, ante os guerreiros do Minho, a sagacidade de Bruno Fernandes a bater rapidamente um livre deixou, ante um oponente desconcentrado, Mathieu na cara de Matheus. E o francês não desperdiçou a oportunidade com uma frieza que muitas vezes tem faltado a Luiz Phellype.
4) Finais em perda. Quando se olha para o banco de suplentes do Sporting percebe-se que as opções de Silas são bem mais limitadas do que as de Bruno Lage, de Sérgio Conceição e de Rúben Amorim. E por muito que Silas tente mexer no jogo, as soluções raramente trazem mais-valias, o que reduz também os efeitos de eventuais mudanças estruturais. Um problema que poderá agudizar-se a outro patamar, caso se confirme a saída de Bruno Fernandes para a Premier League, o que tem tudo para acarretar um efeito catastrófico. Por isso, é sem grande surpresa que acontece um registo em perda dos leões na fase final das partidas. Além do golo sofrido ante o FC Porto na sequência de uma bola parada lateral, em que foram expostas as debilidades na defesa do segundo poste, a entrada de Rafa – e cá está a importância de mexer no jogo a partir do banco – desequilibrou nas entrelinhas um jogo que parecia caminhar para um nulo. Em Braga, na meia-final da Taça da Liga, a expulsão de Bolasie foi crucial para desequilibrar definitivamente o jogo. O Sporting desistiu de atacar e baixou linhas com a entrada de Neto para terceiro-central. Algo que não foi suficiente para impedir que os bracarenses usufruíssem de situações de paridade e de superioridade numérica em zona de finalização, como a que esteve na origem do tento de Paulinho ao cair do pano.

Observatório
Marcelo (Paços de Ferreira)
O antigo defesa-central de Rio Ave e de Sporting tem todas as condições para se afirmar como o patrão do sector defensivo dos castores, que se têm reforçado de forma competente no mercado de inverno. Marcelo destaca-se pelo sentido posicional e pela sagacidade na antecipação, mostrando-se impositivo no jogo aéreo nas duas áreas. Além disso, procura oferecer uma saída de bola limpa e criteriosa, alternando passes a diferentes distâncias.

Joel Tagueu (Marítimo)
Chegar, ver e marcar. O avançado camaronês, com nacionalidade brasileira, que deixou excelentes indicações – 19 golos em 49 jogos – na sua anterior passagem pelo Marítimo, será um trunfo importante para José Gomes no decurso da segunda volta. Canhoto móvel e extremamente incisivo no ataque à profundidade, destaca-se pela facilidade, oportunismo e agressividade com que aparece em zonas de finalização, tirando partido do seu jogo aéreo e do remate forte com o pé esquerdo."

Onde morrem os valentes

"Depois de os sandinistas terem derrubado a ditadura na Nicarágua, um berro ensurdeceu os ouvidos da América Latina: «Somoza ya se fué! Que se vaya Pinochet!». Não foi. Isto é, o grande canalha de Santiago ainda se manteve mais uma década no poder.

Gosto de Santiago. Sobretudo vista do alto do Cerro de San Cristóbal, espreitando a brancura nevada dos Andes onde o condor passa. Às vezes, um frio de montanhas faz tremer a senhora da Inmaculada Concepción e o vento espalha-se por entre as folhas das árvores do jardim da Avenida Américo Vespucio. Já não chove em Santiago como no filme de Helvio Soto, mas ninguém se esquece de Salvador Guillermo Allende Gossens que se suicidou no assalto a La Moneda no dia 11 de Setembro de 1973. As pessoas esquecem-se, isso sim, que já houvera 11 de Setembro antes de 11 de Setembro.
Carlos Caszely conheceu o dr. Allende, médico, três anos antes. Era um jovem apoiante da Unidad Popular, amigo de Gladys de Carmen Marín, que se juntara ao Partido Comunista Chileno, e de Volodia Teitelboim Volosky, autor de El Pan de las Estrellas, jogava no Colo Colo, pelo lado esquerdo, jogou sempre pelo lado esquerdo, viveu sempre no lado esquerdo. O dr. Allende, no seu último discurso, transmitido na Radio Magallanes, falou de si próprio no passado. Sabia que ia morrer. Mas falou do Chile no futuro: «Abrir-se-ão as avenidas por onde irão passar os homens livres!». Sabia que o Chile iria sobreviver.
Muitos quiseram fazer do Colo Colo o clube do fascismo. Mas nenhum clube fascista teria como símbolo a face de um mapuche, os homens que falam mapudungun, o som da terra. Nenhum clube fascista teria jogado em Moscovo. Nenhum clube fascista teria acarinhado o espírito revolucionário de Carlos Humberto Caszely Garrido, neto de emigrantes húngaros, conhecido por El Rey del Metro Cuadrado.
«Ese partido yo lo bauticé como el Teatro del Absurdo. Fue algo que no se hace ni en el barrio, cuando se juega con los amigos»: a frase é de Caszely. Fala de um jogo entre o Chile e a União Soviética. Um jogo que simplesmente não existiu. Mas que fez sorrir o canalha de Santiago.
O Estádio Nacional tornou-se um centro clandestino de tortura depois da morte de Allende. Ninguém diria que, por debaixo das bancadas vazias, os cárceres recebiam os opositores ao regime de Pinochet. O futebol não era sequer a coisa mais importante das coisas menos importantes. Importante era a repressão. Cá em cima, sobre a relva, não se ouviam os gritos dos supliciados. O vento que se espalhava por entre as folhas do jardim da Avenida Américo Vespucio lambia os degraus de cimento de El Pasional, em Ñuñoa, e calava as vozes de mais de 40 mil prisioneiros, muitos deles conduzidos, depois dos interrogatórios levados a cabo em seis camarotes preparados para o efeito, para o Campo de Chacabuco, no norte, em Antofagasta, onde foram assassinados. Uma pilhéria antiga ainda se usa no Chile: os clubes pequenos que não atraem público aos estádios são conhecidos por Los Pinochets. 
Hernán Rivera Letelier viveu em Antofagasta. Tem um livro chamado Donde Mueren Los Valientes. Carlos Caszely é um dos valentes. Mas não morreu. Estava no Estádio Nacional no dia 26 de novembro de 1973, foi obrigado a participar na grande farsa do canalha de Santiago. O Chile jogara em Moscovo o primeiro jogo de uma eliminatória supranumerária frente à URSS para discutir a última vaga no Mundial de 1974, que teria lugar na Alemanha Ocidental, e empatara 0-0. Os russos exigiram não jogar a segunda mão em Ñuñoa. Augusto José Ramón Pinochet Ugarte riu-se. O pulha. Stanley Rous, o presidente da FIFA, recebeu um telegrama: «Nenhum desportista soviético poderia pisar um terreno manchado pelo sangue de patriotas chilenos». Mil dólares de multa. Derrota declarada oficialmente.
O Chile entrou em campo sem adversário. Onze jogadores, um árbitro, e mais ninguém. Um apito no silêncio. A passo, os chilenos foram trocando a bola até à baliza vazia. Caszely recusou-se a chutar: «Na véspera houve familiares de desaparecidos que me suplicaram que procurasse, no estádio, por vestígios dos seus parentes. Uma tristeza profunda!». Francisco Valdés, El Chamaco, filho de operários, militante de esquerda, companheiro de Carlos no_Colo Colo, libertou-o do gesto infame. Rematou para as redes que esperavam a bola. Submissas: as redes e a bola.
O canalha de Santiago estava feliz. A imprensa, sobretudo El Mercurio, jornal de todas as falsidades, exultou com o triunfo sobre o inimigo soviético. Em La Moneda, palácio reconstruído e com o nome de Edifício Diego Portales, recebeu os heróis do triunfo vazio, mesquinho. Enfileirou-os na sua frente e foi-os presenteando, um a um, com o afago vil do seu espúrio apreço. Carlos Caszely, o valente, recusou-se a apertar-lhe a mão."

Doze histórias de arbitragem baseadas em factos reais, com discursos friccionados, pontos de exclamação e palavras menos apropriadas

"I - Árbitro Jovem Nomeado Para Jogo Difícil
“É uma vergonha, pá... é à descarada. Com tanto gajo experiente e nomeiam práqui um puto verde, sem andamento para isto. Míudo de me...! Estava-se mesmo a ver que ele não ia ter mão nisto! Maçarico!!”

II - Árbitro Experiente Nomeado Para Jogo Difícil
“Olha, olha, quem é o artista... ainda me lembro daquele penálti em 1957, seu ladrão! É sempre o mesmo, é que já nem escondem! Está tudo viciado, isto!! Esta corja tem que ser toda corrida com urgência!! Que venha sangue novo!”

III - Árbitro Nomeado Que um Dia Assumiu Simpatia Clubista
“Lampião!! Lagarto!! Morcão! Devias ter vergonha na cara, seu corrupto!! Despe mas a camisola, pá! Labrego!! É só levá-los ao colo, não é? É que nem escondes! Seu ordinário!! Sê isento, pá!”

IV - Árbitro Nomeado Que Nunca Assumiu Simpatia Clubista
“Cobardolas, nem homem és!! Dá mas é a cara, seu animal! Ao menos assume, quem não deve não teme!! O que é que tens a esconder, seu boi? Nem és carne nem és peixe, seu nojo de gente!”

V - Árbitro Mais Rigoroso
“Olha para este a distribuir cartões como se fosse Natal!! Mete mas é isso na p..., pá!! Não tens autoridade nenhuma, é disparar a torto e a direito!! Estragaste isto tudo, seu nojento!! Estás contente?”

VI - Árbitro Menos Rigoroso
“Então isto é assim?? Vale tudo? É só dar porrada e nada?? Deixaste os cartões em casa? Que vergonha!! Do pescoço para baixo é canela, é bar aberto!! Seu fraco!”.

VII - Árbitro Mais Diplomático
“Deixa-te de conversas e apita mas é essa m..., pá!! Faz-te homem!! Só paleio, só paleio! Porra! Impõe-te mas é!!! Deixa-te de tangas e põe o jogo a mexer, ó lingrinhas!!! A malta pagou para ver bola, senão ia a uma palestra!”

VIII - Árbitro Menos Diplomático
“Olha-me bem para a arrogância deste gajo!! O rapaz a querer explicar e vira-lhe as costas! Já viram isto? Como é que é possível? Depois estranhas que levaste! Vaidoso, cagão! Que vergonha!! Sê humilde, pá!! Prepotente...”

IX - Árbitro Reconhece Que Errou
“Agora?? Ai agora é que pedes desculpa? Mete mas é as desculpas no.... Em 1982, quando meteste nojo, não disseste nada, pois não? As desculpas não se pedem, evitam-se! Estás comprometido, tens medinho deles, não é? Está na cara!! É preciso ter lata!!

X - Árbitro Não Reconhece Que Errou
“É por estas e por outras que depois levam na cara! Podias ser homenzinho, ao menos, não, seu cabeça de alface? Arrogante de meia tigela! Homem que é homem dá a cara, pá! Ficava-te mal assumir que meteste nojo?”

XI - Árbitro No Primeiro Jogo Da Carreira
“Ai já começas assim, seu meia-leca? Já te estava no sangue, meu grande ladrão! Como é que é possível mandarem gajos destes para aqui! Ele sabe-a toda! Hás-de apanhar muito nesses cor..., seu garoto! Sacana!”

XII - Árbitro No Último Da Carreira
“Ai agora é que vais embora? Já vais tarde, sua besta! Deves estar rico, para bazares assim, de fininho! Seu chulo! Foram anos e anos a desgraçar o futebol, seu ordinário! Nunca hás-de dormir em paz!” * A narrativa só tinha realismo se aproximasse o leitor às pérolas do léxico que se ouve lá dentro. As minhas desculpas aos leitores mais sensíveis pelo "quase-vernáculo"."

Formato da Taça da Liga é muito bom! (Venham daí essas pedras)

"Bem sei que é contra-corrente, arriscado, sujeito a muitos mais discordantes do que concordantes, mas… sou um enorme fã deste formato de taça da liga. Mais: foram corrigidas duas lacunas que, a meu ver, existiam, pelo que entendo o desenho actual como muito bom.
Que correcções? Primeiro, os cabeças de série deixaram de fazer dois jogos em casa e um fora, na fase de grupos, para passarem a fazer dois fora e um em casa, o que, entendo, equilibra um pouco mais as diferentes forças nessa fase da competição. Segundo, volta a haver jogos do campeonato no domingo da semana de final-four – na época passada, houve essa pausa para a maioria das equipas e um fim de semana manco, por causa de um domingo sem bola.
Junto a isto tudo o que tenho visto, assistido e analisado nos últimos anos. Bem conheço a tendência habitual à portuguesa para se questionar, desconfiar e mesmo desvalorizar quando as cores presentes não agradam. Também bem sei que esta foi uma prova que nasceu torta, quer no desenho competitivo, quer pela polémica na final de 2009, quer sobretudo por nunca consigo ter carregado o brinde tão desejado (será mesmo?) de acesso às competições europeias.
Contudo, parecem-me ser cada vez mais os pontos positivos. O calendário protege as equipas que estão sobrecarregadas com as competições europeias – globalmente bem, com excepção de quem joga a 2.ª pré-eliminatória da Liga Europa e, pelo meio, tem jogo da 2.ª fase desta competição. As duas primeiras jornadas da fase de grupos são realizadas a meio da semana, não condicionando o tradicionalismo do campeonato ao sábado ou domingo, e apenas a última, tipicamente onde as decisões surgem para a final four, acontece ao fim de semana. Ou seja, em período de campeonato (desde o começo até ao fim), a Taça da Liga ocupa dois sábados e um domingo no quadro futebolístico português.
Depois, todo o conceito de final-four. Se aplaudimos o facto de as meias-finais da FA Cup serem jogadas em Wembley, não me parece que neste formato esse aplauso não surja. O conceito de final-four, que abrange muito mais do que três jogos, ganha na envolvência que consegue ter com a cidade. Estive na primeira, no Algarve, onde o desfecho do formato não foi, geograficamente, feliz, pelas duas finalistas minhotas. E estive também na da época passada, em que reuniu o anfitrião e os três clubes com maior massa adepta do país. Momentos bem diferentes, mas uma logística semelhante, apelativa aos adeptos, repleta de iniciativas e entretenimento. Nesse sentido, e com as devidas diferenças de realidades, uma cidade em clima de Europeu, como se viu em 2004.
Num estádio belíssimo, embora pouco funcional para adeptos e jornalistas, as ofertas facilitadoras de mobilidade são também assinaláveis e, é justo dizê-lo, os três anos em Braga solidificaram, e de que maneira, um formato de final-four que ali chegou bastante tremido depois da parca adesão algarvia. Sai muito mais reforçado e com um embalo positivo para quem pegar no testemunho… Ficará no Norte? Guimarães teria toda a lógica, Porto (provavelmente no Bessa) também. Seguirá para o Centro? Coimbra, Aveiro e Leiria, ou mesmo Viseu, estão sedentas de futebol de alto nível. Ou significará uma nova solução, mais arrojada e arriscada, de forma a chegar a todos os pontos? Funchal, Chaves, Ponta Delgada, Restelo, novamente Algarve…
Fica uma sugestão: passar a fazer a final-four no período de férias natalícias. Houve quem tivesse aplaudido a paragem, houve quem tenha lamentado o interregno. A meu ver, e tendo em conta que, no resto da Europa, praticamente só em Inglaterra há futebol nesse período, seria uma excelente oportunidade para potenciar internacionalmente uma etapa curta e intensa. Claro que quatro equipas teriam limitada a sua pausa de inverno, mas por causa da discussão de um troféu contra apenas mais três participantes. Todas as outras, cumpririam a referida paragem. Quanto aos adeptos, que tanto importam para o futebol, teriam uma disponibilidade bem maior, quer para encher o estádio durante os jogos, quer para participarem na infinidade de iniciativas que englobam a semana do evento.
Uma sugestão difícil de concretizar, sobretudo num contexto de enorme dificuldade de calendários e onde há um constante jogo de forças entre os clubes e os operadores televisivos e entre os próprios clubes, qual guerra do poder horário, mas que se engloba num voto favorável à continuidade da competição e deste formato em específico.
E, já que tanto se falou nisso outrora, aproveitar a recuperação do sexto lugar no ranking da UEFA para aliciar o vencedor da prova com a participação nas competições europeias.
Porém, entre aplausos e sugestões, a certeza: este formato é muito bom e dificilmente se poderia criar melhor conceito para promover uma jovem e diferente competição, com todos os entraves e cepticismos próprios de uma sociedade avessa à mudança."

É desta, Bruno?

"Estou para aqui a imaginar o fecho de mercado: 3,2,1… encerra a janela de transferências, e Bruno Fernandes vai mesmo continuar no Sporting. Ainda não foi desta que o capitão leonino e reconhecidamente um dos melhores, senão o melhor jogador da Liga, deixa o campeonato português. Mas porquê? Pouca gente percebe, e os que tentam encontrar uma explicação, têm muita dificuldade em sustentá-la. Os números são elucidativos: 16 jogos, 8 golos, 7 assistências (campeonato); 5 jogos, 5 golos, 3 assistências (Liga Europa); 3 jogos, 2 golos, 3 assistências (Taça da Liga e à hora a que escrevo). Não é suficiente? E na temporada passada? 32 golos e 18 assistências. Não chega? 
Sinceramente, não percebo. Ou melhor, percebo, mas não quero perceber. Será que existe uma explicação? Com certeza que sim, mas sempre pensei que ela se diluiria, tendo em conta que Jorge Mendes «está no terreno». Porventura, e ao que parece, num dos mais difíceis trabalhos com que tem lidado. Bruno Fernandes tem 25 anos e muito futebol para dar. E digo dar, porque é isso que ele tem feito repetidamente, alheio a todos as notícias que diariamente «inundam» os órgãos de comunicação social. A olho nu, Bruno parece um pouco mais «nervoso» do que habitualmente, mas não baseio a minha opinião em nenhum estudo científico, apenas no que vi, por exemplo, no dérbi com o Benfica. Jorge Jesus assumiu que esse será o principal problema do internacional português, e que na devida altura já o tinha alertado. Mas quem é que o pode criticar?
O Sporting, e bem, já o recompensou monetariamente, mas jogar na Premier League? Até pelo mesmo que ganha no Sporting. Não se trata de diminuir o clube de Alvalade, trata-se de jogar naquele que para mim, é sem dúvida o melhor campeonato de clubes de todo o Mundo. Diria o mesmo fosse o Benfica, ou o FC Porto. Assinava de caras!
Já não falta muito para entrarmos na recta final da última semana do mercado de transferências, e pelo andar da carruagem estou em crer que, a haver negócio, será mesmo em cima da meta. O Bruno merece, e a verdade é que para a Liga portuguesa não seria assim tão mau como se apregoa. O sexto melhor campeonato do Mundo precisa deste tipo de visibilidade e de negócio para sobreviver. O Sporting, neste caso particular, também. O campeonato perdia aquele que é considerado por muitos, o melhor jogador da competição. Mas abria espaço para que outros, que como ele, pudessem marcar a diferença. Aguardemos."

Sporting, a história de uma época perdida

"A 19 pontos do líder Benfica no campeonato, fora da Taça de Portugal e acabadinho de cair na Taça da Liga, num jogo que acabou com duas expulsões e muita confusão em campo. Estamos em Janeiro e em 2019/20 resta ao Sporting lutar pela melhor participação possível na Liga Europa, em que está longe de ser uma das equipas favoritas. Este é o filme de uma época de equívocos em Alvalade

As Contratações “Cirúrgicas”. E Falhadas
O mês era Setembro de 2019 e acabara de fechar o mercado de transferências. Bruno Fernandes ficou, Raphinha saiu, Bas Dost já não estava. Frederico Varandas apresenta-se no relvado de Alvalade e explica ao canal do clube os movimentos do Sporting durante o verão. “Em Julho fizemos cinco contratações cirúrgicas para darem estabilidade e opções. Teríamos de deixar mais para a frente mais duas ou três contratações tendo em conta quem saísse entretanto”.
Essas três contratações seriam então Bolasie, emprestado pelo Everton, Jesé, por empréstimo do PSG, e o brasileiro Fernando, jovem brasileiro emprestado pelo Shakhtar Donetsk. E os números são fáceis de somar: o avançado congolês fez 22 jogos, quatro assistências e dois golos em todas as competições; o atacante espanhol, antiga estrela em potência que se tem arrastado por vários empréstimos, foi titular em apenas oito jogos, marcou apenas um golo e tem andado desaparecido das convocatórias. E Fernando, entre lesões e falta de rendimento, já foi recambiado para a Ucrânia, sem sequer se estrear pela equipa principal dos leões. Muito pouco quando a ideia era substituir Bas Dost. 
E olhando para as tais “contratações cirúrgicas”, não se pode dizer que a tal preparação da época que Frederico Varandas dizia já estar a fazer em entrevista ao Expresso em Outubro de 2018 tenha corrido bem: de Vietto (que chegou como moeda de troca no acordo entre Sporting e At. Madrid por Gelson), Rosier, Camacho, Eduardo e Luís Neto, digamos que apenas o argentino foi quase sempre aposta no onze, até se lesionar. E mesmo assim marcou apenas cinco golos em 25 jogos.
Para o mercado de inverno, já chegou Sporar para o ataque, mas há boas probabilidades do Sporting perder Bruno Fernandes, de longe o jogador mais influente dos leões. E esse é quase impossível de substituir.

Saídas Não Colmatadas
Raphinha foi vendido porque o Sporting precisava de dinheiro em caixa depois de não vender Bruno Fernandes no verão. Bas Dost regressou à Alemanha porque o salário era alto. A contratação a título definitivo de Gudelj não avançou. E para nenhum deles o Sporting conseguiu encontrar substituto à altura.
O extremo brasileiro tinha feito sete golos e nove assistências e o seu substituto natural, Rafael Camacho, tarda a afirmar-se como titular. Com a saída de Bas Dost, o Sporting ficou com apenas Luiz Phellype para a grande área. O brasileiro, em 25 jogos esta temporada, marcou apenas 9 golos, muito longe dos números do holandês que na sua pior época nos leões, a última, fez 23 golos em 35 jogos.
No lugar de Gudelj (e com Battaglia só agora de regresso), tanto Keizer, como Leonel Pontes e Silas têm apostado no jovem Doumbia, contratado em Janeiro de 2019, mas o marfinense não convence. Eduardo, contratado ao Belenenses, onde na última época foi uma das boas surpresas do campeonato, praticamente não tem jogado.

A Dança Dos Treinadores
Marcel Keizer foi o treinador do projecto de Varandas mas a história de amor entre o holandês e o Sporting acabou apenas um mês após o arranque da época, ainda que a contestação tenha começado bem antes disso. “Alguém ia despedir um treinador que tinha ganho uma Taça da Liga e uma Taça de Portugal naquelas condições?”, questionou Varandas numa entrevista à Sporting TV pouco depois de despedir o holandês.
A pergunta deixava claro que a continuidade de Keizer para a nova época já trazia dúvidas. A derrota na Supertaça, frente ao Benfica, e o mau arranque no campeonato tornou as dúvidas em certezas.
Ao holandês sucedeu Leonel Pontes, treinador nos sub-23, mas o “efeito Bruno Lage” não aconteceu em Alvalade: depois de um empate e três derrotas, Pontes voltou para os sub-23 e o Sporting contratou Silas, depois de, nas palavras de Frederico Varandas, ter tentado Leonardo Jardim e José Mourinho, que recusaram o lugar.

Os Falhanços Nos Momentos Fulcrais
Na altura era impossível dizer, mas o arranque oficial da época para o Sporting seria um prenúncio para o que viria a seguir: derrota inequívoca por 5-0 frente ao Benfica e os primeiros sinais de fragilidades e de falta de competitividade e soluções face aos rivais directos.
No 1.º jogo do campeonato, os leões não passaram no Funchal (empate frente ao Marítimo) e a derrota em casa com o Rio Ave à 4.ª jornada marcaria o fim de Marcel Keizer. Mas com Silas o Sporting continua a ser uma equipa permeável nos momentos fulcrais e falta pedalada nos jogos decisivos. Foi inesperadamente eliminado da Taça de Portugal, troféu que defendia, pelo Alverca, na 3.ª eliminatória. Na Liga Europa, num jogo que podia valer o 1.º lugar no grupo, os leões foram completamente dominados pelo LASK Linz, perdendo por 3-0 na Áustria.
E depois seguiram-se duas derrotas frente aos principais rivais, para piorar, ambas em Alvalade: frente ao FC Porto (2-1) na 15.ª jornada, e Benfica (2-0) na última jornada.
De fora da Taça de Portugal, a 19 pontos da frente do campeonato, com a pior campanha de sempre nos primeiros oito jogos em casa para o campeonato (quatro derrotas) e pouco ou nada favorito à conquista da Liga Europa, onde jogará em Fevereiro os 16 avos-de-final frente ao Istambul Basaksehir, restava defender o título na Taça da Liga. Mas na terça-feira tudo se desmoronou: exibição fraca, duas expulsões, ânimos muito exaltados e derrota frente ao Sp. Braga na primeira das meias-finais, por 2-1.

As Confusões Fora De Campo: O Julgamento de Alcochete, As Claques
Se dentro de campo a época do Sporting parece invariavelmente perdida, o que se passa fora também nada tem ajudado à estabilidade do clube. O julgamento do caso da invasão da Academia de Alcochete continua no tribunal de Monsanto e com vários dos jogadores do plantel a testemunhar. 
Consequência mais ou menos directa do ataque à Academia, a guerra da actual direcção com as claques. Ao fim do protocolo seguiram-se protestos em jogos, ameaças por parte do Directivo Ultras XXI em colocar a SAD do clube em tribunal e lançamento de tochas do último jogo em casa, frente ao Benfica, que obrigou à interrupção da partida. Situação que terá sido a gota de água para a direcção que, segundo o diário desportivo “A Bola”, quer colocar os elementos dos quatro grupos organizados na bancada B a partir da próxima época e dentro de uma caixa de segurança, vulgo “gaiola”, tal como acontece normalmente com as claques das equipas adversárias.
A juntar aos constantes gritos de #VarandasOut em Alvalade, no início do ano, o movimento Dar Futuro ao Sporting pediu ainda a realização de uma AG de destituição da actual direcção."

Vlog: Escrig no Derby...

Tribuna de Honra - 17.ª jornada...

Balanço da 1.ª volta

"Ao fim das 17 jornadas da primeira volta, lideramos a classificação com 48 pontos, resultantes de 16 vitórias e uma derrota. Dispomos, neste momento, de sete pontos de vantagem para o segundo classificado, o FC Porto.
Esta é a maior pontuação de sempre no final da primeira volta desde que são atribuídos três pontos por vitória (com 18 equipas). As 16 vitórias nos primeiros 17 jogos igualam o segundo melhor registo de sempre do Benfica. E as 14 vitórias consecutivas são também o segundo melhor registo na nossa história. Quanto às vitórias fora, são já 17 consecutivas, que coincidem com o número de partidas em deslocações orientadas por Bruno Lage desde que assumiu o comando técnico da equipa, estabelecendo o recorde no futebol português.
Um dos factores determinantes para o percurso realizado pela nossa equipa na presente edição do Campeonato tem sido a sua consistência defensiva. Tanto os apenas seis golos sofridos como os 12 jogos sem consentir qualquer golo aos adversários nas 17 partidas disputadas constituem-se como as segundas melhores marcas de sempre.
Mas não basta bem defender e a nossa equipa tem-se notabilizado igualmente no capítulo ofensivo, com 42 golos marcados, a quinta melhor marca benfiquista nas últimas 30 edições do Campeonato. Os jogadores mais goleadores são Pizzi, com 12 golos, e Vinícius, com 11.
Todos estes dados são esclarecedores quanto ao excelente desempenho da nossa equipa na Liga NOS na presente temporada. E é inegável que a vantagem pontual conseguida é muito positiva e entusiasmante. Porém, são irrelevantes para o que resta da competição, a começar já em Paços de Ferreira.
Em cada jogo, o objectivo será sempre o mesmo: conquistar três pontos. Pouco importará se uma vitória engrossará estes recordes ou estabelecerá outros, porque o que será realmente relevante será acrescentar três pontos em cada jornada.
Treino a treino, jogo a jogo, focados em nós próprios. Esta tem sido a receita aplicada por Bruno Lage com inegável sucesso e será para continuar. Assim como certamente continuará o incansável apoio nas bancadas, ajudando os nossos jogadores a superarem os obstáculos que lhes são colocados pelos adversários.
Conforme gritou a nossa equipa no balneário em Alvalade, um por todos, todos #PeloBenfica!"

Benfica Podcast #350 - 7up

Simplesmente... Eusébio!

"Felino, imprevisível no campo, dotado de uma força descomunal naquele pé direito... consensual e respeitado no mundo fora!

Eusébio da Silva Ferreira, nascido em 1942, entre muitos outros adjectivos poderia ser definido através destes.
Num tempo em que Portugal estava fechado em si, em que as suas relações diplomáticas com a grande maioria do mundo eram limitadas ao essencial, o futebol aproximava o país dos povos e dos sistemas políticos democráticos. Eram os tempos do Benfica europeu de Gutmann, do Sporting vencedor da Taça das Taças, daquela selecção dos Magriços que encantou Inglaterra no Mundial de 66! Em dois destes factos, um denominador comum: um avançado esguio, não muito alto, que jogava com um sorriso nos lábios e que encarava as maldosas entradas que era alvo com a condescendência dos predestinados! Era, simplesmente, Eusébio!
A história começou em Maputo, por esses dias, ainda denominada de Lourenço Marques. No Bairro da Mafalala, a Dona Elisa tinha mais um filho: chamar-lhe-ia Eusébio.
O petiz, desde cedo, mostrou ao que vinha e num tempo, em que a pobreza andava de mãos dadas com os ídolos dos cromos da bola, foi essa que rapidamente o seduziu, o enfeitiçou, piscou-lhe o olho como a dizer haveremos de alcançar a fama juntos! E essa seria feita de ciclos... do situacionismo micro, em que se começou a destacar no clube " Os Brasileiros" do seu bairro, até ser uma verdadeira figura mundial, capaz de fazer um estádio irromper em aplausos só pela sua imagem ser difundida num écran!
Mas, voltemos aos Brasileiros... aí, golos, muitos golos...a indiciar que o seu futuro seria no futebol. Por essa razão, começaria a praticar a modalidade, de modo mais sério, no Sporting local, depois de ter sido recusado no Desportivo, por supostos problemas num joelho. Apesar de não corresponder à verdade, tal seria um prenúncio do que seria a vida do jogador, ao ter que suportar 7 operações aos joelhos (seis ao esquerdo e uma ao direito) durante a sua carreira.
A sua fama de talentosa esperança chegaria à metrópole e o Sporting, imediatamente, tentaria resgatar o jovem. Mas, a verdade é que não estava isolado nesses intentos. Conjuntamente, com os leões, Benfica, Belenenses, FC Porto tentavam seduzir o adolescente através de sua mãe.
Seria o Benfica a conseguir garantir os préstimos de Eusébio, a troco de 250 contos pagos a Dona Elisa. Porém, o segredo era a alma do negócio e os Leões ainda sonhavam, nem que fosse através das vias judiciais, fazer valer os seus direitos sobre o jogador! Para contornar isso, os encarnados usaram de toda a sua argúcia. Colocaram Eusébio no avião com a identidade falsa de Ruth Malosso (o que, inclusivamente, mereceu recentemente a realização de uma película cinematográfica) e, mal chegado, enviaram-no para o Algarve, até que a sua situação contratual pudesse ser deslindada.
A 23 de Maio de 1961, a lenda apresentar-se-ia à Europa. Num desafio particular frente ao Atlético, começaria com um hat-trick...que melhor cartão de visitas para um futuro que se antevia radioso?
A primeira coroa de glória essa chegaria depois... naquela final da Taça dos Campeões europeus frente ao Real Madrid. Um duelo em que os Merengues eram favoritos e em que queriam recuperar a taça que, até à temporada anterior, era quase propriedade sua! Para isso contavam com nomes inolvidáveis do desporto rei... Santamaria, Gento, Puskas e... Di Stéfano, La Saeta Rubia. Mas, nesse dia, como em tantos outros, foi dia de Eusébio! Dia de dois golos que ajudaram que os encarnados voltassem a subir aos céus da Europa! No final do desafio, um traço indissociável da personalidade do "King." Assim, apesar de ser o nome mais pronunciado daquela final, de ter sobre si os holofotes da fama e do sucesso todos sobre si, humildemente, foi pedir a camisola ao "senhor Di Stéfano", como reconhecimento que ainda tinha um longo caminho para chegar ao Olimpo dos heróis do futebol!
Contudo, era já nome grande...tão grande que continuava a encabeçar um Benfica que projectava o nome de Portugal para o mundo. Um Benfica que continuava a enfrentar as potências das nações mais ricas de modo ousado, descomplexado e que, apesar de não mais vencer uma prova europeia, sempre teve participações assinaláveis chegando a mais três finais nessa década de 60.
Além da afirmação no clube, a prova que faltava! Eusébio ia para além das cores do clube, era de todos nós! Se assim não fosse, como poderíamos catalogar a inolvidável caminhada dos Magriços na sua estreia em fases finais de competições de selecções, naquele mundial de impossível esquecimento?
Portugal surpreenderia o mundo ao conquistar um terceiro lugar! Eusébio alcançaria o estatuto de divindade, ao tornar-se o melhor marcador da prova com 9 golos. Além disso, conseguiria proporcionar imagens que se tornaram lendárias no futebol português e mundial. Na verdade, quem nunca viu a Pantera Negra a correr com a bola na mão, em direcção ao centro do campo, após marcar o golo que encetou a mais bela reviravolta das nossas selecções, frente aos desconhecidos, misteriosos e voadores coreanos? Ou, a dor de lhe terem roubado o sonho, na meia-final frente à Inglaterra, em Wembley, e da qual saiu lavado em lágrimas?
Aliás, o King nunca teve boa relação com o templo dos templos...em Wembley perderia o sonho mundial, mas também perderia a final da Taça dos Campeões Europeus de 1963 frente ao AC Milan e em 1968 perante o Manchester United... aqui, com a dor, de nos últimos minutos, ter acontecido o que raramente sucedia. Eusébio falhou um golo, que em cem vezes falharia uma... foi naquele dia e o Benfica cairia no prolongamento!
Mas seria injusto dar demasiada ênfase a esse momento... Eusébio foi o homem que de águia ao peito apontou 638 golos em 614 desafios!
Quando em 1975 abandonou o Benfica, jamais se pensou que pudesse envergar outros camisolas. Nada mais errado! O seu amor ao jogo bem como a abertura do exótico mercado norte-americano fez com que passeasse o seu talento por terras de Tio Sam, onde era amado! Aliás, sê-lo-ia sempre, mesmo depois de acabar a sua carreira. Nos entretantos, ainda continuava a aterrorizar guardiões incautos em Portugal, ao serviço do Beira Mar ou do União de Tomar, onde o seu pontapé letal ainda realizava as delícias de quem amava o jogo.
Retirar-se-ia em 1979, com 37 anos e com os joelhos em profundo estado de degradação. Começava aí a segunda fase do King. Primeiro nos escalões de formação do Benfica, onde um dia numas captações, um tal de Rui Manuel César Costa (leia-se Rui Costa) o inebriou e que o levou a antever-lhe futuro promissor e depois como embaixador do futebol português nas selecções.
E aí, com o seu amuleto, a sua inseparável toalha branca enrolada na mão, viveria inúmeras peripécias. Seria ele que em 96 consolaria os nossos Infantes após a chapelada de Poborksy a Vítor Baía no Villa Park, como seria ele a consolar a revolta da selecção de 2000, aquando da mão de Abel Xavier, na meia-final frente à França.
O King era o repositório da glória do futebol português... e, para ele, nada terá sido mais duro do que aquele 04 de Julho de 2004, quando no seu estádio (a Luz), os seus rapazes (a nossa selecção) foram derrotados por uma cabeçada de um tal de Charisteas... As Quinas perdiam o sonho e ficaria famosa a imagem do Rei a consolar o Príncipe Herdeiro. Sim, Eusébio a consolar um imberbe Cristiano Ronaldo e quase a sussurrar-lhe que ainda teria muitos títulos para ganhar, inclusivamente, levar o vermelho e o verde do nosso coração até ao topo da Europa.
Tal sucederia em 2016, já Eusébio tinha partido há dois anos e meio. Porém, no meio da loucura proporcionada pelo golo de Éder, não houve uma alma que não tivesse dedicado aquele título ao King... o homem que tudo daria para viver aquele momento de suprema alegria de um país que ele ajudou a libertar do obscurantismo e até da tacanhez de estar orgulhosamente só...porém, verdade seja dita, provindo das colónias, numa curiosa bissectriz do que era e do que haveria de ser!
Eusébio já não está entre nós fisicamente... porém, em cada remate, em cada golo do seu clube e da nossa selecção, há quase a certeza de pairar sobre nós, de percepcionarmos aquele inconfundível sorriso, de antes de qualquer desafio a sua desarmante humildade nos inspirar... além de um dos melhores do mundo, era simplesmente...Eusébio!"

Cadomblé do Vata (ranho & afins!!!)

"1. Na antevisão do FC Porto - Vitória, Sérgio Conceição respondeu às críticas dos adeptos dizendo que lenços, usa para se assoar e limpar o suor... lá em casa, o único que ficou feliz com as declarações do chefe de família foi o Rodrigo, que está a 300km dos Super Dragões.
2. Entendo a indignação dos Sportinguistas com a expulsão do Bolasie... quem na sexta viu Luiz Phellipe ser admoestado com amarelo depois de cravar os pitons na coxa do Gabriel, fica com a sensação de que o carinho do congolês na canela do Sequeira devia dar direito a comenda por desportivismo.
3. Vi o jogo entre bracarenses e alcochetenses e de facto os adeptos lagartos têm razão quando dizem que a equipa está amorfa...num jogo com 3 vermelhos e um ta-ran-tan-tan épico nos descontos, o Acuña só fez por merecer ver um amarelo.
4. Da China surgem hoje notícias de um alegado interesse no Jardel... avisem lá os "chinesinhos limpópós" (isto é xenófobo? É capaz de ser, mas foi sem intenção) que de facto ele é eficiente a defender o Corona, mas é o mexicano, não é o vírus.
5. Aparentemente, Luís Filipe Vieira terá desistido de comprar o Guimarães, o que me deixa desiludido... o FC Porto está realmente a jogar mal, mas não se perdia nada em meter uma palmeta motivacional no balneário vimaranense."

Mais um prego !!!


Um escândalo numa das melhores Ligas do Mundo!

"É o grande escândalo da actualidade no futebol europeu!
O antigo director do Osasuna, Angel Viscay, reconheceu em tribunal que o clube viciou vários jogos entre os anos de 2012 a 2014, tendo nesse período gasto uma verdadeira fortuna, da qual se destaca 650 mil euros pagos ao Betis de Sevilha e que estão, agora, a ser julgados pela justiça penal do país vizinho.
No julgamento, o antigo dirigente navarro, tarefa que exerceu durante 23 anos, afirmou que essa quantia foi usada para determinar certos resultados, através da corrupção do rival que jogasse contra o seu clube, ou para incentivar outras equipas a vencer em desafios em que o Osasuna não interviesse.
Deste modo, disse que em Maio de 2013 foram pagos 150 mil euros ao Valladolid para ganhar ao Deportivo, igual quantia ao Betis para ganhar ao Celta e ...400 mil euros ao Getafe para perder contra o clube que era gerido por Viscay, o Osasuna. À pergunta do juiz, " para que deixasse perder", o antigo administrador respondeu afirmativamente.
Na temporada seguinte, referente a 2013/14, o seu clube estava na guerra para evitar a despromoção com o Valladolid, o Granada, o Almeria, o Elche, o Espanyol e o Getafe, e com menos probabilidades de retrocesso o Celta e o Deportivo. Por isso, a partida entre Betis e o Valladolid revestia-se de capital importância para essas contas, sendo que os andaluzes já estavam matematicamente despromovidos. Tal facto que poderia ser conducente a que não entrassem em campo com a desejada motivação, fez com que os homens de Pamplona decidissem pagar 400 mil euros ao clube verde de Sevilha para vencer. Na mesma jornada, no desafio que opunha a equipa de Viscay ao Espanyol o empate poderia interessar às duas equipas. Assim, por 250 mil euros acordou-se o resultado. Na jornada seguinte, quando o Betis visitou o El Sadar de Pamplona foram pagos mais 250 mil euros para que o Osasuna vencesse. Apesar disso, uma conjugação de resultados adversos atirou o clube para o segundo escalão do futebol espanhol, depois de catorze anos na principal divisão.
Refira-se que este julgamento, apenas, procura aferir estes dois últimos pagamentos ao Betis, que, na sua totalidade, ascenderam a 650 mil euros, sendo que Viscay garantiu que toda a direcção do clube navarro sabia o que estava a ser feito, e como, para tentar evitar a descida de divisão.
Um verdadeiro escândalo numa das melhores ligas do mundo!"

Benfiquismo (MCDXIX)

Grandes...

A necessidade cria oportunidades: da Luz à Premier via White Hart Lane

"Gedson Fernandes. Médio português com 21 anos acabados de fazer. Mais um produto da excelente formação do Seixal, mais um produto das escolinhas do Sport Lisboa e Benfica.
Gedson Fernandes é um daqueles nomes que ficará sempre ligado à geração de ouro da formação encarnada – com Ferro, Rúben Dias, João Félix, Gonçalo Guedes, Florentino, Tomás Tavares, João Carvalho, Renato Sanches, Jota e até Tiago Dantas.
Começou a destacar-se na equipa B na época 2016-17 com 17 anos. Foi titular dos Sub-19 na sua campanha até à final da UEFA Youth League – perdida contra o RB Salzburgo – e com 18 anos afirmou-se definitivamente na segunda liga portuguesa. No Verão de 2018 foi chamado à pré-época encarnada e sob o comando do Rui Vitória afirmou-se como titular da equipa principal. Destacou-se logo nas pré-eliminatórias de qualificação para a Champions League.
Gedson Fernandes trouxe ao futebol encarnado aquilo que este tinha perdido com a saída de Renato Sanches – capacidade de transporte de bola e aproximação do sector defensivo ao ofensivo. A sua capacidade física permitiu-lhe preencher o meio campo encarnado, a sua confiança deu-lhe capacidade de assumir a bola e o seu pé direito desde cedo que mostrou qualidade na meia-distância. Apesar do destaque e qualidades evidenciadas, o talento de Gedson parecia ficar aquém do exigido neste novo nível competitivo. Começou a mostrar lacunas técnicas e principalmente de visão e pensamento de jogo. São lacunas que não podem existir num médio ao qual se pede maior criatividade no terço ofensivo do terreno de jogo.
A verdade é que uma época que começou a grande nível tanto para o jogador como para a equipa rapidamente descambou em más exibições e resultados: no campeonato o FC Porto cada vez mais distante e na Europa sempre em baixo rendimento. Janeiro trouxe alterações na equipa técnica e consigo uma revolução táctica, uma revolução do futebol colectivo da equipa e uma revolução nas escolhas do treinador.
Um SL Benfica com um meio-campo a dois, uma equipa com o criativo João Félix a fazer a ligação entre o meio-campo e os jogadores de ataque e um colectivo de linhas mais próximas. Gedson Fernandes eclipsou-se desta equipa. Eclipsou-se na melhoria do futebol encarnado, na conquista do título e também no lançamento da corrente época.
É um jogador de qualidade que não mostra ter talento suficiente para jogar num grande e principalmente para jogar numa equipa que assuma o jogo e que domine a bola em futebol apoiado e de construção.
Na corrente época as suas oportunidades coincidiram com o momento de maior indefinição do futebol encarnado. Bruno Lage não conseguiu substituir João Félix no 11 e ficou com um buraco central e criativo no futebol da equipa. Tentou e falhou com Raúl de Tomás. Tentou e falhou com Jota. Tentou e falhou com Gedson Fernandes. O jovem português parecia estar em campo somente para jogar na pressão sem bola, claudicando sempre no momento de posse e/ou recuperação. Não era posição nem futebol para ele.
Com a afirmação de Taarabt e Chiquinho no 11 e também agora com a chegada de Julien Weigl, não havia mais espaço para Gedson Fernandes.
Será sempre um jogador útil, um jogador tacticamente interessante. Como suplente oferece diversas soluções ao treinador para mexer no jogo. E possivelmente foi esta utilidade que o levou para Londres. Um empréstimo de 36 meses por 4,5 milhões de euros e opção de compra de 50 milhões. 
Contexto? Em meados de Novembro Mauricio Pochettino foi despedido do cargo de treinador do Tottenham Hotspur FC e para o seu lugar foi contratado José Mourinho. As coisas não estavam a funcionar no futebol dos Spurs e Mourinho, consciente das dificuldades que teria em conseguir fazer algo de importante já esta época, sabia que o caminho da actual temporada seria o de afinar o plantel, conhecer os jogadores e sobretudo evitar um descalabro que o deixasse – e ao clube – numa posição frágil para arrancar 2020/21.
Se há coisa pela qual José Mourinho é conhecido é pela sua capacidade de fechar um jogo. Não jogar e não deixar jogar. E com isso conseguir parar as melhores equipas e se superar pela margem mínima a equipas de menor qualidade. Este estancamento exige um reforço da presença no meio campo e uma maior polivalência dos seus jogadores no decorrer dos 90 minutos.
Com as lesões dos médios Moussa Sissoko e Tanguy Ndombélé tornou-se obrigatório o ataque ao mercado de inverno.
Porquê Gedson Fernandes? Pelo seu perfil. José Mourinho chega a Janeiro a precisar urgentemente de reforços no meio-campo, de jogadores polivalentes e jogadores capazes de colocar muitos quilómetros nas suas pernas ao longo de 90 minutos. Desde cedo se percebeu que o clube londrino não estaria disposto a grandes investimentos nesta janela do mercado e assim José Mourinho teria de conseguir reforços para posições cruciais a baixo custo. Uma abordagem entre o “jogar pelo seguro” e o “desenrascar”.
Assim surge a transferência de Gedson Fernandes. Com maior ou menor qualidade é um jogador com o perfil procurado, vem para uma posição em estado de emergência, é uma transferência de baixo custo na Liga Inglesa e é um jogador já bem escrutinado pelo treinador português no último ano e meio de competição. Os 50M nunca serão accionados.
Expectativas? José Mourinho espera que o jogador lhe dê um pouco de oxigénio ao meio-campo até ter outras opções disponíveis. O Tottenham Hotspur FC espera poder perceber a qualidade e desenvolvimento do jogador no próximo ano e meio. O Sport Lisboa e Benfica fazer um pequeno encaixe com um jogador que já não contava e ainda espera que se valorize na sua experiência na Premier League – Wolves à espreita -, e o jogador espera esta época jogar mais do que tem jogado, vivenciar o espectáculo que é a Premier League e abrir portas para prosseguir a sua carreira depois de 2021.
É um negócio sem grande aparato. É uma oportunidade para todas as partes envolvidas conseguirem algo de positivo sem grandes margens de lucro ou loucura.
Entretanto, Gedson já se estreou. Foram 15 minutos no terreno do Watford FC num jogo que terminou sem golos. Deu frescura ao meio-campo dos Spurs, mas apareceu ainda sem muita confiança. Ainda uma peça fora da realidade. Mais treinos e mais minutos para ele próprio começar a pedir jogo e bola aos colegas. Tem a oportunidade de uma vida. Está fora do seu nível competitivo, mas pode viver o sonho e construir bases para uma carreira que já se desvanecia no Estádio da Luz. 
Uma dica: sei que lhe vai ser exigido mais jogo sem bola, mais correrias e compensações; mas que não tenha receio de ter bola, pedir bola e jogar à bola. É assim que se mostrará e que mais desfrutará do jogo."

Bistrot Benfica Podcast - Bilan des 17 premières journées - Mercato d’hiver - Saison 1 Épisode 0

Vlog: Derby no outro lado!!!