Últimas indefectivações

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Querem falar mesmo a sério?

"O tema é velho, mas ganha visibilidade sempre que alguma decisão casuística o traz à colação. Há muitos anos que assim é, volta e meia a cosia emerge, respira à tona num fugaz momento de fama, regressando depois às profundezas. E assim continuará a ser, se a coragem persistir em faltar a quem de direito, neste caso ao Governo (ou se quisermos, aos vários Governos, todos eles irmanados na cobardia do faz de conta, com medidas que não atrasam nem adiantam). Sejamos, uma vez mais, absolutamente claros nesta matéria: há adeptos, a maior parte das vezes englobados nas claques, que têm, nos estádios portugueses, comportamentos incompatíveis com a civilização. E nem sequer é importante o argumento da legalização das claques porque a legislação vigente tem tantos buracos que mais parece um queijo suíço. Assim, enquanto não houver a coragem de meter este problema nos eixos, continuaremos a ter decisões pontuais, ao sabor de correntes e humores, que não são para levar a sério.
Querem ajudar a resolver o problema da segurança nos estádios? Querem mudar o paradigma e convidar as famílias para o espectáculo desportivo? Querem dar o salto em frente e, de uma vez por todas, impedir a entrada a quem não merece estar num jogo de futebol? Então deem provas disso, por mais custos políticos que tenham. E os clubes, será que vão continuar a conviver bem com claques ilegais ou de legalização-faz-de-conta? Vão continuar a olhar para o lado, como se o mau comportamento de um grupo de adeptos não penalizasse o negócio do futebol? Ah, é verdade, não há muita gente interessada nessa discussão..."

José Manuel Delgado, in A Bola

1 de Agosto de 2019

Está confirmado, o Pedro Pablo Pichardo, poderá competir por Portugal a partir de 1 de Agosto de 2019, a tempo do Campeonato do Mundo, a próxima grande prova Mundial...
O processo de ficará assim concluído, estou curioso para perceber se o tratamento que o Pedro tem recebido, tanto pela Federação, como pelos os mérdia e mesmo por vários atletas e treinadores portugueses, se vai alterar, ou se a filha putice vai continuar...!!!

E continua...


Como omitir a verdade...!!

A capa que deveria ser:

A capa que foi escolhida pela Cofina:

Este é o segredo mais mal guardado de todos os tempos, quando o tal de Rui Pinto foi desmascarado, como sendo o autor do Futebol Leaks, parece que houve uma correria para pagar pelos seus serviços. Os vários processos movidos contra ele, tanto pelo Sporting como pelos Corruptos desapareceram... e os e-mails do Benfica apareceram!!!
Não sei qual é a intenção da Cofina com esta história, se é desresponsabilizar os Corruptos (suspeito que o roubo dos e-mails tenha sido uma encomenda - paga -, e com esta versão estão a tentar criar a narrativa que o puto fez isto por brincadeira e depois os 'ofereceu' de boa vontade aos Corruptos), ou se estão a fazer jornalismo de verdade (duvido), mas vamos esperar para ver... Agora, quem recebeu e divulgou a correspondência privada roubada, foi um Clube especifico e disso ninguém tem dúvidas...

PS: Já agora, não roubaram Segredos ao Benfica. Roubaram a nossa correspondência privada. Algo bastante distinto.

Duas derrotas para o CD da FPF numa semana

"Em apenas uma semana, duas derrotas para Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol! O Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) deu razão aos recursos do Benfica e anulou os castigos aplicados pelo CD ao Director de Comunicação do Clube, Luís Bernardo, e à SAD, pelo programa Chama Imensa, da BTV.

Luís Bernardo, lembre-se, tinha sido penalizado (suspensão de 22 dias e multa de 1377 euros) com base em declarações em que levantava dúvidas sobre a ligação de Hernâni Fernandes, assessor de arbitragem do Sporting, a Hugo Miguel, árbitro (de quem foi assistente) que dirigiu o dérbi no Estádio da Luz no dia 3 de Janeiro de 2018.
O CD entendeu que as palavras de Luís Bernardo ao jornal "A Bola", em Janeiro, tinham lesado a honra e reputação do árbitro Hugo Miguel e de Hernâni Fernandes, funcionário do Sporting, factos que, cinco meses depois do recurso, o TAD veio contrariar, condenando ainda o CD ao pagamento dos seis mil euros das custas do processo.
Ao contrário do CD, que indeferiu o pedido de inquirição de uma das partes, o TAD ouviu Hernâni Fernandes no âmbito do processo aberto ao Director de Comunicação do Benfica.
Segundo o acórdão, o TAD considerou legítimas as questões colocadas por Luís Bernardo – que até hoje ainda foram não respondidas, ressalve-se – sobre as efectivas funções que Hernâni Fernandes exercia e ainda exerce no Sporting.
Já a SAD, lembre-se, fora condenada, em Março de 2018, ao pagamento de uma multa de 6120 euros devido a opiniões produzidas no programa Chama Imensa, que foi para o ar no dia 20 de novembro de 2017, sobre os árbitros Luís Ferreira e Vítor Ferreira. Também neste caso o recurso do Benfica foi aceite pelo TAD, que assim deu razão ao Clube em ambos os processos e revogou as decisões do CD."


PS: Estas decisões comprovam a minha convicção: os órgãos de justiça desportiva dentro da Liga e da FPF estão completamente minados pelo Anti-Benfiquismo primário. O TAD, para já, ainda consegue estar mais ou menos imune ao vírus (vamos ver por quando tempo... já houve pelo menos dois benfiquistas que se 'demitiram' do TAD, simplesmente, por serem Benfiquistas!!!)...
Durante vários anos o Babalu e os Corruptos massacraram o CA o CD e o CJ, quase sempre sem qualquer razão racional, o objectivo era condicionar futuras eleições... e foi exactamente isso que aconteceu...
O Benfica acabou por ser 'manso', pouco activo, e foi ultrapassado nas últimas eleições para a Liga e para a FPF, e neste momento, podemos escrever muitos comunicados mas nada vai mudar, no curto e médio prazo...
Pragmaticamente (eu preferia ver o Benfica deixar de jogar no Tugão, tal como a última crónica da nossa Leonor antecipou... mas isso é improvável), existem duas medidas urgentes a tomar:
- Primeiro acabar com a Comissão de Instrutores da Liga. Este aborto, foi a forma que os Corruptos arranjaram de manter algum poder, quando toda a Justiça Desportiva, deveria ter passado para a FPF... Veja-se o filho-da-puta deste Sérgio Rola, que 'condenou' o Benfica a mais um jogo à porta fechada... estagiário da família Gil Moreira, funcionário de Adelino Caldeira!!! Corruptos até ao tutano...!!!
- Segundo, mudar a Liga para Lisboa!!! Sim, pode parecer estranho, mas a Liga mesmo sem a arbitragem e disciplina, tem influência em muitas outras situações paralelas!
Desde da sua criação, com o arquitecto Guilherme de Aguiar ao comando, todos os funcionários e o subsequente funcionamento da Liga foi 'gerado' em redor dos Corruptos! Com o Apito Dourado houve algum receio... mas isso já passou. Após as últimas eleições tudo voltou ao normal... Desde das funcionárias da limpeza, dos porteiros até à cúpula, é tudo adepto dos Corruptos... Todos os contratos de publicidade, logística, televisão (manipulação), até os sorteios das competições são feitos por Corruptos...
Lisboa, goste-se ou não, é a capital, e está habituada a esse estatuto, com dois clubes mais representativos, e com muitos milhares de habitantes oriundos de todo o país, algo que torna a cidade muito menos bairrista, muito menos fundamentalista... Com o Boavista a perder importância, a retórica do Pintinho de muitos anos, de anti-centralismo, transformou em quase uma obrigação na mente de muita gente, mesmo naqueles que pelos seus estudos deviam estar imunes a essas parvoíces, a defesa intransigente dos interesses dos Corruptos, e como consequência o ataque cerrado ao Benfica...
Com a PJ e a Procuradoria também contagiadas pelo vírus do pró-Corruptos e do Anti-Benfiquismo, com vários Juízes de Direito, alguns nos lugares mais altos infectados, como algumas decisões recentes comprovam, vivemos tempos muito perigosos... E não é com comunicados que vamos lá...!!!

Boicote?!

"Corria o ano de 1994 célere rumo ao seu final, quando um olheiro do SL Benfica em terras de José Eduardo dos Santos telegrafou para a Catedral "Descobri talento, ponto. Novo Eusébio, ponto. Mandem dinheiro para o bilhete de avião dele, ponto". Perante tais elogios, cresceu na Metrópole a ansiedade pelo rapaz que aí vinha, de tal forma que a estreia dele catapultou um insípido Benfica - Estoril de juniores, para o relvado principal do Mundo Glorioso. Não foram necessários muitos minutos entre a petizada e ainda menos no meio dos adultos para descobrir que o "Novo Rei" tinha 2 pés esquerdos e nenhum dele tinha 1% do talento da canhota Chalanista.
Da mesma forma como alguém lá nos confins do hemisfério sul se enganou em relação ao potencial de Akwá, também eu errei na avaliação de qual deveria ser a resposta do Benfica aos ataques que têm feito manchete no último ano e meio. Com a visão toldada por mais de 30 anos vividos em urbanidade, julguei ser possível ao Meu Clube adoptar uma postura plena de civismo e educação. Diz-me agora a sucessão de eventos que fui passarinho. Isto não vai lá com recursos ou comunicados, só se resolve à bruta, com um Mozer no departamento de comunicação e um Argel no jurídico, tendo como oficial de ligação entre ambos o Binya. Estes e o Thomas com Big Balls na direcção.
Já nem quero saber se temos culpa no E-Toupeira, nos Emails, nas claques ilegais ou no caralho que os foda, Agora, 1 jogo à porta fechada por arremesso de tochas, 1 ano depois do Pizzi ter sido agredido por um adepto em pleno relvado e 4 meses passados sobre uma chuva incandescente sobre o Rui Patrício? Não tem esta gente consciência que a Sport TV transmite todos os jogos (fora da Catedral) e os telespectadores sabem que são eles os únicos que não lançam tochas nem petardos nos estádios nacionais? Será que só os filhos da mãe dos adeptos do SLB é que entram nos estádios nacionais com material pirotécnico escondido no rabo, pronto a ser cagado nos "momentos de regozijo"? E julgam estes engravatadinhos de gabinete, que a solidão das bancadas corta a talho de foice a virilidade dos nossos rapazes lá em baixo na relva?
Deixemos-nos de historietas: 2 jogos à porta fechada, só significam 1 coisa... a indústria do futebol português não quer os adeptos do Glorioso nos estádios. A massa adepta mais populosa da nação, não faz falta a um campeonato disputado entre falidos, em estádios decrépitos. O que deve vender o negócio são os 40 membros legais da Febre Amarela e as 12 almas registadas que compõem a Civitas Fortíssima, à torreira do sol ou debaixo dum banho invernil a assistir ao Tondela - Feirense... sem tochas, claro. São incontáveis os orçamentos milionários que se constroem com a média de assistência dos jogos sem Benfica.
Todo o Ser Humano tem aquele momento em que deve atirar às urtigas os seus princípios e valores em prol do bem comum. É aquela hora em que pousa a chave de fendas e pega no martelo "se isto não vai com jeitinho...". Sempre considerei que os apelos ao boicote a jogos fora da Luz eram palermas. O futebol é um espectáculo e o jogo sem adeptos não passa de um ensaio ou de teatro às escuras. Mais, a visita do Glorioso "à província" é uma oportunidade única e indispensável do Benfiquista fora da capital, agarrar junto ao peito o Clube. Mas a verdade é que se eles não nos querem na nossa casa, certamente menos nos pretendem em propriedade alheia. É bem capaz de ser tempo de abandonar à sua sorte os reconhecidos extremamente saudáveis cofres adversários, estudando ao mesmo tempo, as consequências legais de não disponibilizar bilhetes de visitantes para o Palco Sagrado da Nação. Só à experiência, durante uns 2 ou 3 meses."

Alvorada... do Guerra

Ainda a propósito da PGR

"O fim do mandato de seis anos da Procuradora-Geral da República poderia servir para um debate sobre o sucesso da investigação criminal neste período. E digo “poderia”, porque não creio que esteja a haver qualquer “debate” ou “reflexão” sobre o tema.

O fim do mandato de seis anos da Procuradora-Geral da República, nos termos constitucionais, poderia servir para um debate sobre o eventual sucesso da investigação criminal neste período, designadamente a investigação no domínio da criminalidade económica. E digo “poderia”, porque não creio que esteja a haver qualquer “debate” ou “reflexão” sobre o tema.
O que me parece que há de forma simplista é uma espécie de clubite fervorosa em torno da continuação de uma pessoa, Joana Marques Vidal, assumida curiosamente mais por jornalistas do que por pessoas ligadas ao funcionamento da justiça ou à decisão política, ficando por demonstrar ainda, de modo claro, o sucesso e o insucesso de diversas investigações lideradas pelo Ministério Público e iniciadas nos últimos anos. Sendo que eu não sou daqueles que simplesmente mede o “sucesso” pelo número de acusações ou de condenações - já que ao Ministério Público cabe zelar pela defesa da legalidade e pela defesa da inocência até dos que acusa, caso se confronte com as limitações ou erros das suas próprias acusações.
Sempre me chocou a ideia de um qualquer “fim da impunidade” dos poderosos, que teria chegado com Joana Marques Vidal. Foi um soundbite apelativo a dado momento, mas incomodou-me porque não deixou de ser também um atestado de incompetência ou – pior – de facilitismo passado ao Ministério Público e à investigação criminal em Portugal. E não acredito que centenas ou milhares de magistrados do Ministério Público com responsabilidades na direcção dos inquéritos ao longo dos anos se revejam na ideia de que antes da actual Procuradora-Geral eles eram, afinal, os rostos da impunidade (onde até por ironia se incluiriam o seu irmão, magistrado do Ministério Publico, e o seu pai, que foi director nacional da Polícia Judiciária durante seis anos com Cavaco Silva); após Joana Marques Vidal, é agora ela a campeã da luta contra o mal, reactivando esse Ministério Público inerte e incapaz.
Em todo o caso, seguramente que um Procurador-Geral da República, apesar da sua posição de cúpula numa estrutura hierarquizada e segmentada por diferentes chefias, terá responsabilidades no modo como o Ministério Público actua em concreto. Por isso mesmo eu gostaria de o ver na Assembleia da República a explicar e a defender as suas opções, a sua organização e os seus resultados. Não por ser Joana Marques Vidal, a campeã da luta contra a impunidade (e, já agora, das violações do segredo de justiça e do fim público da presunção da inocência, por exemplo), mas por a acção do Ministério Público ser demasiado importante para ser deixada de fora da discussão e da avaliação públicas.
E os deputados não podem estar incapacitados de falar, questionar e apreciar a actuação do Ministério Público só porque há políticos a serem investigados ou julgados, o que sempre houve e haverá, até porque a eles cabe a definição da política criminal a executar pelo Ministério Público. Devo dizer até, que me preocupa muito mais a ideia de um Governo, Parlamento ou Presidente “reféns” de um Procurador-Geral e de uma ideia justicialista que nele se encarne, do que qualquer hipótese de retorno a uma “impunidade” que, duvido, algum dia tenha existido.
Como qualquer pessoa que já tenha frequentado tribunais pode atestar, a actuação concreta do Ministério Público é a que mais dúvidas pode suscitar no teatro judiciário. Não o digo por suspeitas de pessoas: penso em termos estruturais. Um breve exemplo que, creio, demonstra bem a sensibilidade da função. Confrontando-me, como sucedeu, com acusações do Ministério Público cheias de erros e de factos dados como provados que eram simples falsidades, também vi no julgamento magistrados do Ministério Público pedirem de forma corajosa a absolvição de quem poucos meses antes estava, pelo mesmo Ministério Público, acusado sem qualquer dúvida por vários crimes e em condições de dever passar diversos anos na prisão.
Pediu-se a absolvição porque foi no julgamento que se avaliou a verdade ou não da acusação, correspondendo à estrutura acusatória que temos no processo penal, a melhor que se conhece até hoje. Mas a convicção que transparecia das acusações iniciais do mesmo Ministério Público era tal que o próprio arguido já duvidava do que era a realidade...
A situação concreta que recordo passou-se antes de Marques Vidal ser Procuradora-Geral da República. Seguramente que o procurador ou procuradora que acusou naquele caso já estava igualmente imbuído, e de boa-fé, da mesma ideia de “fim da impunidade” e conformou-se com a verdade que descobria na sua leitura dos factos. Mas se confundirmos acusações com sentenças passadas após um julgamento, com todas as limitações que igualmente estas últimas possam ter, não é lutar contra a impunidade o que fazemos. É apenas corresponder aos apelos de sangue que a rua está sempre pronta a pedir."

Dois velhos eternos

"O documentário realizado por Leni Riefenstahl sobre os Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, pode ser um panegírico ao nazismo mas é, igualmente, um filme notável em muitos aspectos. Dividido em duas partes - Olympia 1. Teil - Fest der Völker e Olympia 2. Teil - Fest der Schönheit, que se podem traduzir por Festival dos Povos e Festival da Beleza -, tem imagens inéditas recolhidas do ar, no Graf Zeppelin, filmagens de câmaras que se deslocavam sobre carris para acompanharem os movimentos dos atletas, cenas sub-aquáticas, close-ups extremos e exigiu trincheiras ou covas para manter baixos os ângulos, tal como se passou a fazer frequentemente no cinema anos mais tarde. Há nele, portanto, uma brisa de modernidade que choca de frente com a eterna velhice de dois personagens sinistros. O primeiro é Adolf Hitler, o tipo do bigodinho à Charlot que Charlot transformou no tipo de bigodinho à Hitler em O Grande Ditador. O outro é Hans-Otto Wöllke, um militar soturno que teve, no primeiro dia dos Jogos, os olhos do mundo sobre o seu braço direito.
A cerimónia de abertura levou cerca de cento e dez mil espectadores ao Estádio Olímpico. Riefenstahl não esqueceu o pormenor de captar o grande compositor Richard Strauss na função menor de reger a orquestra em ‘Deutschland Über Alles’, algo que lhe valeu a acusação de ser um simpatizante das causas nacionais-socialistas reforçada por uma dispensável cançoneta que dedicou a Joseph Goebbles, o homem da propaganda do III Reich dos Mil Anos. Também não se esqueceu de gastar vários metros de película com os pormenores da vitória do negro Jesse Owens, coisa que não caiu muito bem no estômago do mesmo Goebbles, bem mais entusiasmado com as cenas banais e entediantes de Triumph des Willens, de 1934, sobre o gigantesco comício nazi de Nuremberga. 
Ninguém pode acusar Hitler de não ter exagerado na imagem que quis fazer passar da Alemanha renascida das cinzas da I Grande Guerra. Não se limitou a contratar Richard Strauss, o autor do poema sinfónico Also Spracht Zarathustra, tão celebrado no Espaço no ano da graça de 2001, e Carl Orf, o homem da cantata Carmina Burana, para lhe comporem o hino dos Jogos. Arranjou um grupo de homens para transportar, a pé, a chama olímpica de Olímpia, na Grécia, até Berlim, e forrou autenticamente a berma das estradas por onde passaram com milhares e milhares de crianças fazendo drapejar entusiasticamente ao vento bandeirinhas vermelhas e negras com a cruz gamada. Acrescentou o impacto de fazer desfilar em frente à tribuna, no dia 1 de Agosto, quarenta mil soldados das SA ao mesmo tempo que um coro de três mil gargantas entoava canções nazis como Die Fahne Hoch (A Bandeira Erguida), a ode do partido Nacional Socialista, ou a ligeiramente mais macabra Es Zittern die morschen Knochen (Tremem os Ossos Pútridos) - «Hoje a Alemanha é nossa/Amanhã seremos donos do mundo!». Finalmente, esteve-se nas tintas para o protocolo olímpico e, perante grande irritação de uns poucos que se sentaram a seu lado na cerimónia, desceu ao relvado para cumprimentar solenemente Hans Wöllke, lançador do peso.
Durante uma semana, a comunidade judaica de Berlim teve um pouco de sossego. Os cartazes anti-semitas foram retirados das ruas e até o jornal Der Stürmer, uma miserável publicação xenófoba, viu a sua venda proibida nos arredores do Estádio Olímpico. O som de um sino gigante fazia-se ouvir. Nele estava inscrita uma frase pacificadora: ‘Ich rufe die Jugend der Welt’ - Chamo os jovens do mundo.
Wöllke podia ser um soldado carrancudo do fundo da hierarquia da Polícia de Berlim, mas alargou o sorriso quando à quinta tentativa atingiu a marca de 16 metros e 20 no lançamento do peso garantindo a primeira medalha de ouro olímpica para o atletismo alemão, batendo o finlandês Sulo Bärlund e o seu compatriota Gerhard Stöck. Quando viu o führer caminhar na sua direcção para lhe conceder a honra de um tremendo shake-hands estendeu o braço na saudação inevitável: «Seig Heil!».
Nada de escandaloso na Alemanha de 1936, como é evidente. Aliás, no dia anterior, as delegações francesa e inglesa também marcharam sob a tribuna presidencial de braço erguido e debaixo dos aplausos da multidão.
Adolf Hitler, por seu lado, não gostou que lhe tivessem sugerido que não insistisse em cumprimentar todos os medalhados alemães, uma decisão essencialmente pratica se nos recordarmos das 89 medalhas conquistadas nesses Jogos - 33 de ouro - deixando os Estados Unidos bem em segundo com 56. Como nem sequer ligava muito ao desporto, deixou de aparecer no estádio. Já Hans Wöllke foi promovido a capitão das Waffen-SS e sujeitou-se a uma morte ominosa às mãos dos partisans em Kathyn, em 1943. Só foi dono do mundo por breves e doirados instantes."

Culpado por ser português

"Não interessa o que se passou no court de ténis. Para saber que Carlos Ramos é culpado basta ter dois dados em conta: 1º, Serena Williams é uma mulher negra; 2º, Carlos Ramos é um português branco.

Uma das melhores coisas de me ter tornado um colunista regular é que, de vez em quando, me oferecem uns livros. Um dos que recebi recentemente foi o de Camille Paglia, “Mulheres Livres, Homens Livres”, há pouco editado em Portugal. Alguém que gostou dos meus artigos sobre a guarda partilhada de crianças teve a incrível simpatia de mo enviar pelo correio. Camille Paglia é uma feminista lésbica que se tem revoltado contra algumas das novas correntes do feminismo. O livro, desafiador e perturbador, é uma colectânea de vários textos, que vão desde os bastante eruditos aos que pouco mais são do que insultos a feministas de quem Paglia não gosta. Não concordo, de todo, com tudo o que escreve, mas acerta na mouche quando diz que algumas correntes feministas infantilizam as mulheres, isentando-as de quaisquer responsabilidades sobre o que fazem. De certa forma, é como se as tratassem como inimputáveis. Pudemos ver isso no fim-de-semana passado com a Serena Williams e a forma como ela se passou com o árbitro português Carlos Ramos.
Antes de avançar, gostaria de deixar claro que o grosso das minhas críticas não se dirige a Serena Williams, mas sim a grande parte das pessoas que a defenderam, acusando Carlos Ramos de sexismo (e racismo). Serena Williams é das melhores tenistas de sempre (na minha opinião, está no top 3 da história do ténis, conjuntamente com Martina Navratilova e Steffi Graf). A verdade é que, quando se joga a um nível tão elevado e está tanta coisa em jogo, às vezes, acontece os atletas passarem-se. Quem não se lembra de como o jogador português Pepe atacou de forma selvagem um adversário do Getafe, em 2009, ou de como João Vieira Pinto deu um murro no árbitro, no mundial da Coreia, ou dos lamentáveis protestos no Euro 2000, quando um árbitro marcou um penalti a favor de França e contra Portugal nas meias-finais do torneio, ou de como Zidane deu uma cabeçada no adversário, numa final de um campeonato mundial. Em todos estes casos, estamos a falar de grandes jogadores que, num momento, se passaram dos carretos. Depois de devidamente penalizados (alguns meses de suspensão em todos os casos, excepto no de Zidane, que fazia o último jogo da sua carreira), todos puderam continuar as suas carreiras. Também Serena Williams o fará. É perfeitamente compreensível que o facto de no passado ter sido vítima de racismo e de sexismo (e foi) a leve a sobrerreagir quando sente que está a ser vítima de uma injustiça e estando tanto em jogo. Como grande campeã, perceberá que a atitude de diva em decadência da semana passada não a leva a lado nenhum e regressará como uma pantera para alcançar o recorde que vai deixar como legado.
O que me incomodou foi mesmo a necessidade de tanta gente atacar Carlos Ramos para desculparem o mau momento de Serena. Como se o facto de ser humana (com uma história de superação de obstáculos) e de ter sucumbido à pressão não fossem explicação mais do que suficiente. 
Relembremos os factos. Depois de ter perdido o primeiro set, Serena Williams é advertida por estar a receber instruções do seu treinador (o que é ilegal). Essa advertência não tem quaisquer consequências de maior. Ela protesta com o árbitro. Nada acontece. Uns minutos depois, depois de perder um jogo de serviço, permitindo que a adversária empate o segundo set, com a irritação partiu a raquete. Isto é perigoso, porque as cordas podem saltar e magoar alguém, e recebeu segunda advertência (desta vez por comportamento anti-desportivo). Como era a segunda penalização, perdeu um ponto e nada mais do que isso. Voltou a reclamar e o árbitro nada fez. O jogo continuou, a partida não lhe estava a correr de feição e no período de descanso seguinte, voltou a reclamar. Na sua reclamação, berra com o árbitro, chamando-lhe mentiroso e ladrão. Este deu-lhe uma terceira penalização (por abuso verbal). A terceira penalização tem como implicação imediata a perda do seu jogo de serviço. Depois de muitas reclamações e da entrada em campo dos organizadores, a adversária lá serviu para ganhar o jogo, o set, o encontro e o torneio.
Como Serena, quer na discussão que teve com o árbitro quer, mais tarde, na conferência de imprensa, se queixou de ter sido vítima de sexismo, logo meio mundo se agarrou a essa acusação. A discussão quer nas redes sociais quer na imprensa foi pontuada por uma enorme desonestidade intelectual. Para acusar o árbitro português de sexismo, foram buscar vários casos que ele teve com tenistas homens para dizer que ele não tinha aplicado o mesmo padrão. A verdade é que uma análise cuidada desses casos mostra que ele tem sido incrivelmente consistente. Já penalizou Djokovic, Nadal, Andy Murray por diversas vezes e por situações similares: instruções do treinador, partir raquetes, insulto ao árbitro. E, diga-se, de tudo o que pude ver, nada se comparou ao comportamento de Serena Williams. Ou seja, simplesmente, não há qualquer base para o poder acusar de sexismo. Mas, claro, nada disso interessa a quem é imune a factos.
O melhor artigo sobre este assunto talvez tenha sido o de Martina Navratilova no New York Times. Nesse artigo, Navratilova assume que o problema do sexismo no ténis existe e que é grave. Serena Williams foi vítima dele no passado (e de racismo também, diga-se). Mas, neste caso concreto, reconhece que não há quaisquer bases para acusar o árbitro português de não ter agido correctamente.
Sendo Navratilova uma das melhores tenistas de sempre, sendo mulher e tendo sido também vítima de sexismo, seria de esperar que tivesse uma grande autoridade para falar do assunto. Mas, como alguém lembrou na secção de comentários ao seu artigo, ela tem um problema. É branca. Como é branca não pode perceber as queixas de Serena. Mas logo alguém deu uma resposta à altura. É verdade que é branca, mas, em compensação, é homossexual.
Veja-se o absurdo a que chega a discussão: uma mulher, por ser branca, não tem autoridade para discutir o que se passou com Serena Williams, mas como é homossexual já pode. Pois, ser homossexual nos anos 70 e 80 (os seus anos áureos) era difícil, pelo que teve de aturar muita discriminação.
Nisto, fico com pena de o árbitro Carlos Ramos não ser homossexual. Aí teríamos dois campos em batalha: os que acusariam Serena Williams de ser homofóbica e os que acusariam Carlos Ramos de ser machista e racista. Seria interessante ver quem ganhava.
Mas voltemos ao início e ao discurso vitimizador. Não faltam dados e exemplos que mostram que o sexismo e o racismo são um problema na nossa sociedade. Inventar sexismo onde nada indica que exista apenas tira força à causa: a próxima vez que uma mulher se queixar, com razão, de ter sido vítima de sexismo, haverá mais pessoas a questionar-se se tal será verdade. É triste, mas é assim, é essa a principal consequência deste tipo de vitimizações absurdas.
Há ainda um outro problema, que é o reverso da medalha. Se os méritos concretos do caso não interessam, se o que interessa é o contexto social e histórico dos envolvidos, então pode-se fazer o mesmo relativamente ao alegado agressor, neste caso, Carlos Ramos. Foi exactamente isso que fez Crystal Marie Fleming, professora na Stony Brook University, com um currículo académico muito interessante, que inclui um doutoramento em Sociologia na Harvard University e que já tem alguns artigos e livros publicados. Lendo alguns dos escritos da professora Fleming, rapidamente se percebe que ela faz parte do grupo de feministas que Camille Paglia tanto critica no livro que referi no início. 
Vale a pena ver o que ela escreveu sobre Carlos Ramos. Começa por explicar que ele é português e europeu. Portugal, que é uma sociedade altamente sexista e racista, que foi criada com a colonização e a escravatura. Depois, para explicar como o sexismo português é grave, dá o exemplo dos juízes portugueses que usaram a Bíblia para justificar que um homem batesse com uma moca com pregos numa mulher. Depois, fala da incapacidade dos portugueses de lidarem com o seu passado esclavagista. Com base nisto, a conclusão só pode ser uma: “Carlos Ramos nasceu em 1971, em Lisboa — debaixo de uma ditadura patriarcal ultra-ortodoxa. O seu sexismo na final tem de ser entendido, não só no contexto global de misoginia, mas também no sexismo extremo que existe em Portugal”.
Qual a conclusão disto? Os factos não interessam. Não interessa o que se passou no court de ténis. Como escreveu Rebecca Traister na New York Magazine, as regras que Serena violou são irrelevantes. Para saber que Carlos Ramos é culpado basta ter dois dados em conta: 1º, Serena é uma mulher negra; 2º, Carlos Ramos é um português branco."

Feminismo à la carte

"É uma sucessão de eventos ofegante. Final do Open dos Estados Unidos: um treinador agita os braços na bancada, dando instruções ilegais à sua atleta; essa atleta, a tenista Serena Williams, é penalizada. Enfurecida, chama ladrão ao árbitro, parte a raquete e, após o fim do jogo, acusa o juiz, o português Carlos Ramos, de ser sexista e racista. Se tivesse sido com um homem, alegou, ele teria contemporizado. Segue-se um debate mundial sobre os direitos das mulheres e dos negros nos Estados Unidos, traduzido numa escalada de ódio contra um cartunista australiano que entretanto retratou a birra de Serena com escárnio. Resultado: Mark Knight teve de fechar as contas nas redes sociais. Não sem antes constatar o óbvio ululante: "Como é que se desenha um afro-americano sem que ele se pareça com um afro-americano?"
E eis que uma decisão bem tomada por um dos melhores árbitros de ténis e uma imprudência não assumida (vamos chamar-lhe assim) de uma das melhores jogadoras de ténis degenerou numa guerra global sobre o feminismo. Serena não assumiu o erro (a propósito, a BBC fez as contas e, durante os torneios do Grand Slam de 2018, foram aplicadas 85 sanções aos homens e 43 sanções às mulheres). Preferiu escudar-se no conforto cobarde de uma vitimização estéril, desrespeitando, em primeira análise, aquilo que de tão frutuoso ela própria tem construído em defesa dos direitos das mulheres negras.
A forma obsessiva como hoje as hordas se agigantam por causas inexistentes é assustadora. É o delírio do vazio. O "empowerment" feminino é uma conquista, a cegueira feminista é uma estratégia. Serena teve mau perder. Mais nada. Não pode ser prejudicada por ser negra nem mulher. Nem pode ser beneficiada. A verdadeira vítima desta história chama-se Naomi Osaka. Ganhou a final a Serena, foi vaiada pelo público e pediu desculpa por ter vencido. Na glória, acabou humilhada por um feminismo à la carte."

A menina mimada

"O fanatismo pela ideologia do género tornou-se numa praga à escala global, tornando as pessoas que professam esta nova religião irracionais e insuportáveis.
Quando algo corre mal ou simplesmente discordamos das ideias de alguém, a receita é simples: acusamos os outros de perseguição sexual e acrescenta-se umas pitadas de racismo, xenofobia e homofobia.
Serve para tudo e dá sempre resultado!
Esta doença mental espalhou-se por todos os ramos da actividade, atingindo já o desporto, em particular o de alta competição.
No passado fim-de-semana foi-nos oferecido este espectáculo de degradação moral quando, no final do Open de ténis dos EUA, Serena Williams, para se desculpar da má prestação em campo, acusou o árbitro de a perseguir por ser mulher.
As normas que regulam qualquer modalidade desportiva são gerais e abstractas, aplicando-se de igual modo independentemente do sexo de quem as viola.
E foi o que aconteceu em Nova Iorque, quando o treinador de Serena lhe deu instruções técnicas explícitas, resultando, dessa sua atitude irreflectida, que a sua pupila fosse de imediato punida com uma advertência, conforme estipula o regulamento vigente.
Serena, fora de si, dirigiu-se ao árbitro, o português Carlos Ramos e um dos mais conceituados do mundo, que tem no seu palmarés a arbitragem de vários finais de torneios do Grand Slam, exigindo-lhe um pedido de desculpas, com o argumento de ter uma filha e nunca ter feito batota na vida.
Não contente ainda lhe disparou a muito pouco original, mas sempre hilariante ameaça, de que “nunca mais vais arbitrar uma final”!
Ramos foi condescendente com o comportamento impróprio da atleta, permitindo que o jogo continuasse.
Felizmente existem imagens televisivas e estas não deixam margem para dúvidas, mostrando claramente Patrick Mouratoglou a instruir a sua atleta para esta subir no court. Mais tarde ele próprio reconheceu, em declarações à imprensa, a sua postura à margem das regras.
Serena, que já tinha sido copiosamente derrotada no primeiro set e caminhava para a derrota no segundo e, consequentemente, na partida, entendeu por bem atribuir à sua raqueta a responsabilidade pelo mau jogo que estava a praticar, destruindo-a em pleno court.
Como já tinha recebido uma advertência, que no ténis corresponde a cartão amarelo, ao juiz da partida não lhe restou outra alternativa que não a de penalizar a jogadora com a perda de um ponto. 
Instalou-se a peixada: Serena desatou num pranto e, qual menina mimada e mal-educada, como a quem lhe foi retirado um brinquedo por se ter portado mal, desatou aos berros com Carlos Ramos, adjectivando-o de ladrão e mentiroso.
Em qualquer outro desporto a criatura teria sido imediatamente expulsa, mas Carlos Ramos limitou-se a castigá-la com a exclusão de um jogo.
Serena mudou então de estratégia, exigindo a presença do responsável do torneio e gritando-lhe de maneira que fosse ouvida pela multidão que a idolatra, que logo se rendeu à sua diva e lhe prestou a adequada vassalagem, procurou convencê-lo de que estava a ser vítima de uma perseguição por ser mulher.
Mais tarde, na conferência de imprensa da praxe e já depois de ter destruído o balneário num acesso de fúria, reafirmou que as penalizações que lhe foram impostas pelo árbitro se deveram exclusivamente à natureza do seu sexo.
Como não podia deixar de ser, parte considerável da sociedade norte-americana, profundamente estupidificada e endeusada com a teoria da cabala da descriminação do género, colocou-se do lado da sua emproada estrela, apontando o dedo ao juiz português por este, alegadamente, ter usurpado das suas competências e de não ter tido a sensibilidade para dialogar com a menina, antes de a punir, atendendo à frágil condição psicológica em que ela se encontrava.
Note-se que estamos a falar de atletas de alta competição, pagos a peso de ouro e cujo comportamento deve servir de exemplo aos mais novos que pretendem seguir as suas pisadas, pelo que deles se exige cabeça fria e uma atitude de respeito, de justiça e de cordialidade para todos quantos estão envolvidos na modalidade desportiva que abraçaram.
A inqualificável atitude daquela que é considerada a melhor jogadora de ténis de todos os tempos teve repercussões dolorosas na sua adversária, uma jovem de 20 anos, que pela primeira vez disputava uma final de uma grande competição e que a venceu com todo o mérito e sem necessitar de ajudas externas ao duelo que protagonizaram, deixando-a num choro dificilmente contido no final da partida.
Naomi Osaka, o nome desta extraordinária tenista nipónica e que provou uma maturidade irrepreensível, exactamente o contrário que a sua oponente, 17 anos mais velha, demonstrou não possuir, não chorou apenas de alegria por ter conquistado o seu primeiro título num Grand Slam, mas também, e sobretudo, de frustração por a sua vitória ter sido ofuscada pela birra daquela que foi sempre a sua ídolo.
Nos dias subsequentes a esta final feminina não se enalteceu o feito notável da vencedora, aliás mal se falou disso, mas apenas o nome de Serena veio à ribalta, com uma campanha bem orquestrada, à qual se juntaram presumidos comentadores desportivos e antigos e actuais jogadores da modalidade, que se esforçaram em branquear o deplorável comportamento da estrela agora cadente, insistindo-se na intentona de cariz sexual que teve como principal instigador o árbitro português.
Como seria de esperar acabou por vir à baila a descriminação racial, algo de que a própria Serena não se lembrou de invocar no calor do momento, talvez pela circunstância da sua adversária ser asiática. Imagine-se se do outro lado do court estivesse uma branca!
Confesso que gostava de ver jogar a Serena Williams e apreciava, sobretudo, a sua raça, força e determinação em campo.
Mas daqui para a frente, sempre que ela jogar estarei a torcer para que perca. Não por ser mulher e negra, mas sim por ser mimada e mal-educada!"

InJustiça..


Critérios...

Benfiquismo (CMXLVII)

Mágico...

Leonor & José Nuno... Selecção... e o resto...

105x68... Selecção... e o nojo...

Champions de selecções

"Os primeiros aromas da Liga das Nações mostram que é uma competição que veio para ficar. E a UEFA, bem, percebendo que o futebol de selecções há muito que se tinha tornado previsível e enfadonho, sobretudo a partir do momento em que se alargaram o número de vagas para Europeus e Mundiais (de tal forma que o difícil, agora, é ficar de fora...), criou uma competição que dentro de pouco tempo será uma Liga dos Campeões de equipas nacionais.
Nos últimos dias, a Liga das Nações deu-nos um Alemanha-França, um Inglaterra-Espanha, um Portugal-Itália, um França-Holanda e ainda dará um Espanha-Croácia. Na ressaca do Euro’2016, Portugal iniciava a qualificação para o último Mundial com jogos diante de Suíça, Hungria, Letónia, Ilhas Faroé e Andorra. Praticamente dois anos de um longo bocejo, interrompido pela decisão diante dos helvéticos na última jornada, e que nem os jogos particulares, por muito cotados que fossem os adversários, faziam quebrar.
Ainda há acertos a fazer na nova competição. Para começar, o formato é pouco claro para a maior parte dos adeptos – talvez a simples mudança da nomenclatura das ligas poderia ajudar a resolver; chamar ‘Elite’ à Liga A, por exemplo. Depois, o método de atribuição de quatro vagas para o Euro’2020 também é demasiado complexo. Mas seguramente que haverá alterações no próximo ciclo, entre 2020/21.
O modelo, está à vista de todos, vai ser um sucesso. Não é à toa que haja já rumores de que poderá ser alargada a uma escala global, de forma a incluir selecções como Brasil ou Argentina, que poderão trocar os particulares de exibição por jogos a sério e com muito maior interesse competitivo e, por isso, comercial. O dinheiro, como sempre, comanda a vida."

Fernando Santos, o líder das boas notícias

"O futebol em Portugal fica com uma certeza: há valor para a seleção se manter competitiva a nível mundial mesmo sem Cristiano Ronaldo. Não será, com certeza, até 2020. Felizmente. O capitão ainda tem muito para dar em rendimento e liderança . Mas quando a hora chegar a FPF tem um treinador que não teme nem treme

Os jogos com a Croácia (1-1, particular) e Itália (1-0, Taça das Nações) mostraram como Fernando Santos é um homem atento à realidade do futebol português e tão próximo dos jogadores quanto capaz de ser frio e racional nas suas opções.
Veja-se a questão por este ângulo: dois anos depois da conquista do título Europeu, em França, a selecção nacional entrou em campo apenas com três titulares desse tempo (Patrício, Pepe e William). E, mesmo assim, ganhou à Itália, um dos grandes do mundo por muito que esteja a atravessar um momento de renovação depois da traumática eliminação do Mundial da Rússia.
Nesta equipa, obviamente, voltará a estar Cristiano Ronaldo. Mas é natural que homens como Quaresma, Moutinho, Nani, Bruno Alves, Manuel Fernandes, até talvez José Fonte, que serviram a selecção de forma extraordinária (como Éder), comecem já a dar o lugar a quem, daqui por dois anos, com certeza estará melhor e será mais capaz. É a lei da biologia a funcionar. E a competição está a ser tão dura que mesmo André Gomes, João Mário, Adrian, Rafa e outros vão ter de se acautelar. Há Danilo quase a regressar. Sérgio Oliveira também é opção. E depois existe um enxame de novos valores que começa em Gedson e Ronnie Lopes e acaba em João Félix e Trincão, sem esquecer que a qualquer momento, um pouco por todo o lado do campo, podem bater à porta Diogo Dalot, Rafael Leão, Jovane Cabral… E há mais!
Provavelmente, nunca o futebol em Portugal ofereceu tantas opções a um seleccionador. Em todas as posições há vários atletas à espera de uma oportunidade.
Tomo por exemplo a posição de defesa-central, durante algum tempo apontada como um deserto por críticos cheios de pressa. Ora aí está Rúben Dias, um defesa na linha dos grandes do futebol nacional. E há Pedro Mendes como pode haver Rúben Vezzo ou a recuperação de Rúben Semedo, outro futebolista de quem era lícito esperar que chegasse à selecção nacional. Até aquilo que fez José Fonte, com a carreira avançada, pode ser seguido por Ricardo Ferreira, André Pinto, Paulo Oliveira ou Tiago Ilori, sem esquecer que ainda há Edgar Ié, Domingos Duarte, Tobias Figueiredo e a revelação do FC Porto, Diogo Leite. Ao lado de Pepe, e com Luís Neto a fazer valer a sua experiência em alta competição, o futuro vai trazer muita competitividade. Rúben Dias não engana. É um duro, na linha de Fernando Couto e Jorge Costa. E dos outros candidatos virá com certeza a emergir a qualidade necessária à equipa, até porque os centrais, como os guarda-redes, normalmente precisam de mais tempo para encontrarem o seu lugar.
Quanto ao resto, estes dois jogos trouxeram finalmente Rúben Neves, um “6” de alto nível mundial, no qual já terá reparado o City de Guardiola. Fernando Santos aproveitou esse momento para explicar porque, segundo ele, William Carvalho nunca jogou a “6” na selecção a não ser episodicamente. Sempre teve razão. E, na verdade, William, mais adiantado, fazendo valer o poder físico e a capacidade atlética, pode ser preponderante no meio-campo nacional. O triângulo medular é a válvula de segurança de um 4x3x3 aberto a atacar (4x5x1 a defender) que parece ter garantido Bruma (amadureceu, de facto) para competir abertamente com Gonçalo Guedes à esquerda, algo que estará mais difícil para Gélson Martins face ao talento de Bernardo Silva.
Quando Cristiano Ronaldo voltar, a equipa pode jogar neste sistema ou adaptar-se ao 4x4x2 mais do agrado do capitão. A certeza está em que André Silva é o ponta-de-lança que o futebol português não tem desde Pauleta. E, atendendo à idade e aos números, o actual “9” português pode ir ainda mais longe.
Outros destaques desta dupla jornada:
1 Mário Rui tem vindo a serenar. É um jogador fiável na posição mais carecida do futebol português. Mas é preciso lembrar (face aos sucessivos problemas físicos de Raphael Guerreiro) que tanto Dalot como Ricardo Pereira, ou mesmo Nélson Semedo, podem jogar em qualquer das alas.
2 Pizzi tem, obviamente, valor para competir com Bruno Fernandes na posição de médio que rompe linhas. Desta vez foi ele o preferido e cumpriu.
3 Renato Sanches voltou com a vontade e força transportadora que o caracterizou no ano de 2016. É uma excelente notícia (e Fernando Santos, com a sua sabedoria, técnica e humana, deu um contributo para a recuperação do jogador).
4 João Cancelo tem tudo para se estabelecer na faixa lateral direita por algum tempo, apesar da tenacidade de Cédric. Provavelmente, e isto é apenas uma opinião, só Diogo Dalot (se conseguir romper no Manchester United) poderá competir em potencial com a intensidade do jogador da Juventus.
O futebol em Portugal fica, pois, com uma certeza: há valor para a equipa se manter competitiva a nível mundial mesmo sem Cristiano Ronaldo. Não será, com certeza, até 2020. Felizmente. O capitão ainda tem muito para dar em rendimento e liderança. Mas quando a hora chegar a FPF tem um treinador que não teme nem treme. E vai ter cada vez mais opções, fruto do trabalho federativo nos escalões jovens realizado por cima do labor das três principais academias, de Sporting, Benfica e FC Porto. Boas notícias."

Um novo Portugal na Liga das Nações

"A prova de renovação dada pela selecção nacional nos jogos com a Croácia e a Itália, este último já a contar para a Liga das Nações, foi uma excelente notícia para os adeptos da equipa campeã europeia. De pouco serve agora especular acerca das razões da estagnação que se seguiu ao título ganho no Stade de France em Julho de 2016, se esta se deveu à falta de vontade renovadora do seleccionador a às más escolhas de mercado feitas por jogadores como Renato Sanches, João Mário ou André Silva. Importante é ver que a selecção tem estrada para andar e que estes dois jogos serviram para uma afirmação possivelmente irreversível de valores como João Cancelo, Rúben Dias ou Rúben Neves. Fica por perceber-se como vai encaixar Ronaldo no lugar do também surpreendente Bruma e até que ponto esse regresso contribuirá para mudar a ideia de jogo de uma equipa mais positiva do que no Mundial.
A Liga das Nações – excelente ideia, pelo menos para as selecções mais fortes, porque lhes eleva a exigência competitiva durante esta parte do ano em vez de as mandar andar a jogar com as Faroé e os Luxemburgos desta vida – deixou antever uma equipa de Portugal com muitos novos valores e um seleccionador com uma ideia fixa, visível no facto de Fernando Santos ter entrado com o mesmo onze nos dois jogos. João Cancelo, muito bem tanto física como tacticamente, deixou indicações claras de que já é a melhor opção para a posição de lateral direito. Rúben Dias foi sempre eficaz ao lado de um Pepe a quem as 101 internacionalizações não roubam frescura, velocidade e lucidez. Bruma, é verdade que um pouco inconstante, foi o revulsivo de que a equipa necessitava, dando-lhe velocidade e profundidade, mas também largura a partir da esquerda. E Rúben Neves é daqueles jogadores que influencia todo o jogo da equipa, dando-lhe qualidade na saída, mas também no passe para a zona de definição – sendo que ao contrário do que eu temia, William não saiu penalizado pela mudança de posição, assinando dois excelentes jogos ele também.
A mudança no plano de jogo da selecção, que teve mais bola do que o adversário nos dois jogos e ameaça por isso transformar-se numa equipa mais dada à iniciativa e ao ataque organizado do que à expectativa e à exploração das transições ofensivas, teve muito de Rúben Neves – ainda que frente à Itália as coisas nem sempre tenham funcionado bem, devido à presença de Zaza e Immobile frente aos centrais portugueses – mas também algo de Pizzi e Bernardo Silva. Os dois combinaram sempre bem em sucessivas triangulações, envolvendo também Cancelo, na direita, faltando agora perceber o que sucederá a esta equipa com o regresso de Ronaldo. E atenção, que Ronaldo não será seguramente o único a voltar, pois Moutinho, João Mário, Adrien ou até Fonte e Quaresma podem perfeitamente continuar a fazer parte deste grupo. O que importa neste momento, contudo, é antecipar os efeitos da entrada de Ronaldo, tentar perceber o que muda no equilíbrio global da equipa. E uma coisa é certa: Portugal passará a fazer mais golos, porque a falta de qualidade e segurança na definição dos lances – precisamente a qualidade maior de Ronaldo – foi a maior pecha da equipa nestes dois jogos.
Depois de ver os jogos com a Croácia e a Itália fiquei com a ideia de que, afinal, este 4x3x3 pode funcionar com Ronaldo. O maior problema para Portugal em ter Ronaldo a partir da faixa era defensivo: para ser eficaz e importante, Ronaldo precisa de deixar muitas vezes o corredor e de surgir em posição central, onde se fazem os golos, o que deixava a equipa vulnerável no momento da perda de bola, com um lateral-esquerdo frequentemente desamparado. Mas, se assumirmos que o lugar de Ronaldo será aquele que nestes jogos foi ocupado por Bruma, há um pormenor que não deve ser esquecido: é que William apareceu sempre do lado onde estava Bruma (e mais tarde Gelson), possivelmente como forma a servir de tampão para as diagonais do número sete. Portugal poderá assim encontrar equilíbrio num 4x3x3 que terá Bernardo Silva de um lado, um médio mais combinativo a pedir tiki-taka perto dele (Pizzi, João Mário, Bruno Fernandes…), e Ronaldo do outro, com um médio mais capaz de assegurar as coberturas atrás dele (em princípio William, mas podendo também ser Moutinho ou Adrien).
Na teoria, a coisa até pode funcionar. Falta ver se no campo também resulta bem."

US Open: a vitória de uma Osaka “Serena” ou mais um caso de (des)controlo emocional

"A final do US Open feminino trouxe um resultado improvável, mas não só.
De um lado, uma “menina” de 20 anos de idade (apenas cinco como jogadora profissional) que dedica, desde sempre, a sua vida a um dia poder ser profissional e defrontar o seu ídolo (Serena Williams) numa final de Grand Slam – o sonho, por sinal, de todas as gerações que emergiram a seguir à consolidação do “reinado” de Serena.
Do outro, por muitos considerada, a “rainha” (o ídolo da primeira) em título (ainda que não no ranking oficial, por ter estado ausente com uma gravidez de risco), com 36 anos de idade e 23 anos de carreira profissional (já o era antes de Osaka nascer), cuja presença evidencia um esforço e entrega para muitos impensáveis, que a recolocam nos grandes palcos do ténis mundial após, meramente, um ano de ter estado entre a vida e a morte.
Como co-protagonistas, em todo este cenário:
1. um juiz árbitro cuja função seria arbitrar uma final aparentemente fácil, de resultado bastante previsível, ainda que, a sua performance tenha que ser actuada num contexto onde a polémica com a arbitragem “estalou” com um colega seu, aparentemente por ser “demasiado brando”;
2. uma gigantesca plateia (milhares de pessoas), quase totalmente devota a Serena Williams (aliás, claramente observado na pouco usual contestação e/ou comemoração manifestas, sempre que a “sua” atleta era visada – pouco próprio num cenário clássico de ténis).
Deixando de lado as questões da arbitragem e até as possíveis questões de género que foram levantadas na discussão desta final (que dariam azo a outro artigo), centremos a atenção na performance das atletas:
Osaka tem, aparentemente, tudo contra ela – todas as variáveis poderiam potenciar um claro bloqueio à sua performance, nomeadamente, a forma pouco “elegante” como uma gigantesca plateia comemorava os seus erros – e, Serena, “em casa”, teria todas as variáveis para “coroar” o seu retorno em grande.
Tal não aconteceu.
Para surpresa de todos (principalmente pela rapidez do jogo), Osaka ganhou o US Open e, pasme-se, no discurso de vitória, ainda pediu desculpa a Serena, evidenciando uma notória ingenuidade de quem está ao lado do seu ídolo e sabe que o “derrubou”.
Mas terá derrubado mesmo?
Osaka, ao longo de dois sets (relativamente curtos) e perante todas as adversidades permaneceu calma e focada – apenas em dois ou três pontos pudemos observar a nipónica a gritar um “tímido” "come on!" numa clara tentativa de manter o drive ganhador quando Serena, por breves instantes, parecia querer reaparecer no jogo.
Contudo, nunca o viria a fazer – ou, por outro lado, fê-lo com um extraordinário fair-play quando “caiu em si” na cerimónia de entrega de prémios e, desviando o assunto da polémica com o arbitro, se focou na sua adversária, pedindo à enorme plateia para comemorar aquele momento com Osaka que, com mérito, havia ganho o seu primeiro Open.
Num cenário completamente avassalador, com uma ruidosa plateia a apoiar a sua adversária (e ídolo!), Osaka evidenciou um enormíssimo controlo emocional, digno de uma maturidade pouco usual em atletas com 20 anos de idade, canalizando a sua energia para a única coisa que, em boa verdade, controlava: as suas acções.
Interacções à parte com o arbitro, que não iremos abordar aqui (sendo que, o próprio treinador já veio a público assumir que o árbitro avaliou bem a situação – ele, de facto, tentou instruir a jogadora durante o jogo, o que é proibido), o que se pode hipotetizar acerca da performance de Serena?
Não muitas coisas, pois o processo de descontrolo emocional galopante a que fomos assistindo tem origem em factores que apenas a própria poderá reconhecer – se, de facto, tiver capacidade para tal. 

Quando a performance se torna caótica
Uma coisa é certa, os atletas não são “robots” e irão sempre cometer erros (aliás, a sua principal competência, a este nível, é a rapidez com que integram o erro como aprendizagem e energia para a acção subsequente) e, no caso, Serena já demonstrou na esmagadora maioria das vezes, um enorme poder mental – quase sempre alavancado na emoção da raiva (o que, por vezes, não é a melhor opção, como se veio a constatar).
Possivelmente, estamos perante uma atleta que, de forma não treinada (intencionalmente), aprendeu a estar em competição com elevadíssimos recursos emocionais e cognitivos, contudo, maioritariamente, neste tipo de atletas coloca-se um problema:
se o processo de activação de competências psico-emocionais não é voluntariamente e conscientemente analisado e treinado, então, em situações de adversidade inesperada (a imprevisibilidade potencia sempre fenómenos de ansiedade e desconcentração), se os processos automáticos se “desregulam”... existe uma fortíssima possibilidade de não saber “carregar no botão certo” para voltar ao padrão cognitivo e emocional que ajudará a elevar de novo o desempenho.
E, aqui, a raiva não ajuda - e, não ajuda porque, de forma involuntária (logo não treinada) foi dirigida para o arbitro e não para a tarefa o que fez com que, com o evoluir do relógio (e das interacções) se tornasse cada vez mais refém da mesma (até à desorganização total do seu desempenho), com notório prejuízo da capacidade de sustentação da atenção (vulgo, concentração) e de controlo emocional. 
Osaka ganhou de facto, mantendo-se “serena” face ao desmoronar do comportamento da adversária e a todo o ambiente caótico à sua volta, mas teve uma imensa colaboração de Serena cujas decisões, profundamente toldadas pela raiva de uma injustiça que imaginou (e se agigantou dentro), contribuíram dramaticamente para, pelo menos, a precipitação do final do jogo.

A mensagem que o US Open transporta
A componente psico-emocional deve ser alvo de treino sistematizado, voluntário e implementado em contexto de equipa multidisciplinar, por um profissional devidamente qualificado.
O profissionalismo de qualquer atleta (ou treinador, gestor, actor, médico, professor, meu próprio ou de quem está a ler), a qualidade de vida, saúde e bem-estar e a própria performance, serão sempre um pouco “coxas” sempre que a treino de competências psico-emocionais for considerado supérfluo ou secundário – e, invariavelmente, esta “factura” será paga no pior cenário possível: o mais desejado (onde as emoções estarão ao “rubro”).
E, neste torneio, a “factura” foi bem alta: 3.800 000 dólares."

Benfica avança com recurso

"A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD vem, por esta via, confirmar que foi hoje notificada da decisão tomada em reunião restrita do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, que condena o SL Benfica na sanção de realização de um jogo à porta fechada.
Em causa está, segundo afirma o acórdão, a responsabilidade do SL Benfica pelo comportamento dos seus adeptos durante o jogo Estoril vs SL Benfica, de 21.04.2018, traduzido no arremesso de algumas tochas para o terreno de jogo, aquando da celebração dos golos do SL Benfica.
O SL Benfica considera a decisão tomada em reunião restrita do CD FPF absolutamente ilegal, infundada e injusta, tendo em conta os factos e a prova produzida, uma vez que:
* O jogo foi disputado pelo SL Benfica na condição de equipa visitante, e não no Estádio do SL Benfica. Como tal, não era o SL Benfica o promotor do espectáculo desportivo;
*Assim sendo, era à equipa visitada (e não ao SL Benfica) que competia assegurar a segurança do jogo, designadamente, a contratação de policiamento e de assistentes de recinto desportivo, realizar a revista de pessoas e bens, proibir a entrada de objectos proibidos ou perigosos no estádio e, em geral, o garantir da ordem e da disciplina no recinto desportivo;
*Não foram identificados, detidos nem expulsos do estádio os adeptos autores dos arremessos – obrigação esta que competia aos assistentes de recinto desportivo e às forças de segurança; . Ficou provado, que mesmo nos jogos realizados fora de casa, o SL Benfica faz-se acompanhar do seu Diretor de Segurança e/ou do Diretor de Segurança Adjunto, e do Oficial de Ligação aos Adeptos;
*No jogo em causa, contrariando a ficha técnica do Estádio António Coimbra da Mota, os adeptos do SL Benfica foram alocados à bancada central nascente, quando o deveriam ter sido na bancada de topo norte, facto este que mereceu a discordância prévia e expressa do SL Benfica junto da Estoril Praia SAD, Liga Portuguesa de Futebol Profissional e forças de segurança, por então considerar que se estava a potenciar o risco de arremesso de objectos para o interior do recinto (como veio a acontecer);
*Importa destacar ainda que o SL Benfica demonstrou ter adoptado um conjunto de medidas de carácter preventivo e profilático antes da realização do jogo aqui em causa;
*É ridícula a interpretação da norma aplicada no sentido de se considerar que, aquando de “uma manifestação de regozijo” – conforme leitura do próprio árbitro do jogo –, durante a celebração de um golo, um “atraso” no reinício do jogo inferior a 45 segundos, estão preenchidos os requisitos que determinem a sanção de realização de um jogo à porta fechada. As normas interpretam-se e não se aplicam de forma autómata;
*Ficou ainda demonstrado neste processo disciplinar, e em todos os outros relacionados com a realização de eventos desportivos, que o SL Benfica é o clube que mais investe em segurança e na promoção de acções destinadas a sensibilizar os adeptos para o fair play;
O SL Benfica foi, assim, punido por factos pelos quais não tem qualquer culpa ou responsabilidade, desde logo porque não violou qualquer dever que lhe seja imposto por lei ou regulamento.
Não se conformando com a decisão, o SL Benfica irá apresentar de imediato recurso para o Pleno do Conselho de Disciplina, o qual terá efeitos suspensivos.
O SL Benfica mais garante que não deixará de accionar todos os meios legalmente ao seu dispor com vista a reverter esta decisão ilegal, incompreensível e destituída de qualquer ponderação, que em si penaliza muito mais os adeptos e o futebol do que aqueles cujos comportamentos supostamente pretende punir."