Últimas indefectivações

sábado, 17 de maio de 2025

Vitória no Alentejo...

Elétrico 3 - 4 Benfica

Boa vitória, no primeiro jogo do Play-off, contra um adversário que provoca sempre muitos problemas... e hoje, com dois grandes 'reforços': os apitadeiros!!! Dos 3 golos que sofremos, dois foram de penalty's, em ambos não existiram!!! E mesmo assim ganhámos...

Os Lagartos perderam em Ferreira do Zézere, com várias ausências, mas estão longe de estar eliminados! Nós, temos agora duas oportunidades de fechar a eliminatória na Luz...

Depois da 'carta' do Chishkala o russo voltou a ficar de fora! Depois de ter sido 'castigado' internamente, regressou na última jornada, e logo a seguir publicou a tal carta com a clara intenção de voltar a ficar castigado, desfalcando assim a equipa na fase decisiva da época! Independentemente das razões pessoais que possa ter, demonstrou que não está minimamente preocupado com o futuro próximo do Benfica!

Antevisão...

BI: Antevisão...

Lanças...


História Agora


Falar Benfica - Conversas Gloriosas #16

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Tema do Dia - Chegou a hora das decisões do campeonato

Prestianni é só mais um


"Continua muito baixa a taxa de sucesso dos reforços do Benfica; nuns casos por falta de qualidade, noutros por falta de enquadramento. Não se consegue ter sol na eira e chuva no nabal

Com algum exagero (ou talvez não) ao Benfica dos últimos 20 anos (quando se deu início da recuperação financeira que lhe permitiu atingir novamente o sucesso desportivo) colou-se a imagem de não saber ganhar. Tirando o período específico do tetra, a cada ano vitorioso sucedia uma série de decisões questionáveis na gestão dos recursos humanos (taxas de sucesso de reforços muito baixas face ao investimento feito) que tiveram implicações diretas nos resultados.
À frente dos destinos do clube há quase quatro anos (desde que substituiu interinamente Luís Filipe Vieira em julho de 2021 e depois eleito pelos sócios em outubro seguinte), Rui Costa não conseguiu mudar essa imagem. Pelo contrário. Basta recordar os reforços contratados nas últimas duas épocas após a conquista do título com Roger Schmidt: de 22 jogadores, nem metade conseguiu fazer a diferença. Demasiados flops, uns por empréstimo (Bernat, Renato Sanches, Gonçalo Guedes, Kaboré…), outros pagos a peso de ouro (Beste, Marcos Leonardo, Arthur Cabral, Jurásek…)
É curioso verificar que a percentagem de erro subiu relativamente aos investimentos feitos no primeiro ano do treinador germânico – num verão em que são contratados Enzo Fernández, Neres, Aursnes e Bah nunca se poderá falar em fracasso nas contratações. O que terá então causado a quebra? A resposta estará naquilo que se entende como política desportiva. Rui Costa quis ter o sol na eira e chuva no nabal: ora por um lado fazendo regressar nomes fortes do passado (Di María à cabeça, mas também Gonçalo Guedes e Renato Sanches), ora investindo em talentos com futuro nas chamadas oportunidades de mercado.
São opções válidas, mas que pecaram por excesso, provocando congestionamento no ataque ao mesmo tempo que faltavam opções no setor defensivo. O caso de Di María acaba por ser emblemático: nestes dois anos a equipa teve de se moldar às caraterísticas do talentoso argentino, mas perdeu Neres e Rollheiser, continua a ver tremida a afirmação de Schjelderup e está na iminência de deixar sair Prestianni. Estava na cara que esta seria uma gestão muito difícil para qualquer treinador porque uma coisa é contratar jovens talentos e dizer-lhes que vão ter de crescer no clube e esperar (e para isso é preciso conhecer-lhes o perfil), outra é acenar-lhes com o céu. E quando isso não sucede, é uma chama que se apaga. Não sem antes ajudar a queimar o resto."

PortuguesesSoccer - Match Day 34, Sporting Seeks Repeat, Benfica Seeks Good Luck, Vitoria SC to Play Spoiler?

SportTV - NBA - S03E32 - A idade já pesa

Recordam-se?!


"Muito se tem falado do adepto que invadiu o campo no final do derby. CONDENÁVEL, como é óbvio! Não pode ser visto de outra forma.
A comunicação social, sempre lesta em tudo o que diga respeito ao Benfica, rapidamente começou a falar em jogos à porta fechada (até 3 jogos) como penalização.
Será que eles sabem em que ponto está a suspensão do Dragão, após a agressão de Pizzi (2017/18) por parte de um adepto invasor?"

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Goleada...

Benfica 7 - 0 Estrela


Superioridade reforçada, com a expulsão do guarda-redes do Estrela ainda com 0-0 e na sequência do Livre Direto, o Benfica inaugurou o marcador... E até podiam ter sido mais!!!

Estamos nas Meias-finais, e a jogar bem...


Visão: O Benfica deve renovar com Otamendi?

Zero: Mercado - Pedro Gonçalves, Di María, Sérgio Conceição

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Tema do Dia - Mourinho na seleção portuguesa? O que se fala

O Sporting pavloviano, o Benfica de Freud


"Permitam-me pegar no elefante com jeitinho e arrumá-lo a um canto deste texto.
Todos sabemos, pelo menos os não lunáticos, que a Liga 24/25 estava decidida a entregar-se aos braços de Ruben Amorim & Ca.
A relação seguia os cânones do ritual de acasalamento. Piscadela de olho de um lado, beijinho assolapado do outro, o Sporting a viver feliz e realizado.
11 jornadas de campeonato, 11 vitórias, o futebol mais belo, mais convincente, mais automatizado.
Ah, e Viktor Gyokeres, claro. O viking inclemente.
De Manchester, porém, chegou a carta envenenada. Atraiçoou o casal de pombinhos, pegou em Amorim ao colo - libertando a Liga desse compromisso para a vida - e cravou um ponto de interrogação em todos nós.
Sem Ruben Amorim, o Sporting vulgarizou-se. Consequências de um coração partido, naturalíssimas, e mal apaziguadas por um treinador imberbe e impreparado.
Do outro lado da Segunda Circular, outro dos proponentes libertara-se de um empecilho alemão e voltara a sorrir, mais por obrigação institucional do que pela ferocidade do seu futebol.
Seja como for, Bruno Lage teve o mérito de reparar avarias perigosas e recolocar a carruagem do Benfica em cima de quatro rodas.
Saiu o verdinho Pereira dos leões, saiu também mais a Norte o contestadíssimo Vítor Bruno e saiu numa noite fria de Rio Maior a carta de alforria a Lage.
Já com Rui Borges, os leões passaram a ser um andróide pavloviano. Explico-me. Num campo minado por lesões que mais pareciam bruxaria, o autómato de Borges passou a funcionar por impulsos. Mas a funcionar.
Não eram os cãezinhos de Pavlov, mas juraria ter visto baba, dentes arreganhados e um ar esfaimado. Fui ver, era o Gyokeres.
Sinal de alerta acionado, bola na profundidade, sprint de Viktor, o Sporting a renascer. Assim foi durante quase toda a segunda volta, em aparições globalmente mais organizadas do que espetaculares, mais pragmáticas do que romantizadas.
Esses tempos, de profundo amor pela bola, sumiram-se com a ida de Amorim para Old Trafford. O recente 1-1 na Luz, meritório, é a mais recente prova dessa cambiante no modo de vida leonino.
Se em Alvalade a teoria tinha muito de pavloviana, na Luz passei a detetar um je ne sais quoi freudiano. Lage foi sempre vítima da pressão social e das imposições do dever, portador do tal superego que acompanha o andor do benfiquismo.
Nos momentos maus o peso é insuportável, nos momentos bons voa à velocidade do tapete mágico das mil e uma noites. 
Sinto que o Benfica ainda investe impérios em banalidades e, por isso, não capitaliza a sua dimensão social superior a FC Porto e Sporting. Não à toa, corre o sério risco de ganhar um só título dos últimos seis. Uma marca pobre.
Se o Vitória e o SC Braga não reclamarem as manchetes de sábado, o Sporting terá o bicampeonato aguardado há 70 anos. Um dado incompreensível, já agora, e revelador da confusão e incompetência que ao longo de décadas sobrevoou Alvalade.
Sporting ou Benfica, nenhum será um campeão admirável, merecedor de loas e uma coroa de glória. Será, sim, um campeão saído dos despojos recolhidos pela fuga de Ruben Amorim para Inglaterra. O campeão possível. Mas o campeão.
O futebol é apaixonante também por isto. Entre tiros nos pés, porta-aviões ao fundo, traições e um fratricídio quase shakespeariano, eis-nos no último capítulo e sem nada saber sobre o fim da trama
 Nos dias que correm, de streamings e bilionários de petrodólares e pouco juízo, não deixa de ser um luxo.
Viva a Liga 24/25!"

Que culpa tem Schjelderup?


"Estranho o 'timing' das despropositadas declarações do presidente da Mesa da AG da SAD. Mais estranho ainda? A desvalorização sem sentido de um talento em quem tanto se apostou...

A gestão de Andreas Schjelderup no Benfica é um verdadeiro caso de estudo e as recentes palavras de Nuno Magalhães, presidente da Mesa da AG da SAD, nome que muitos benfiquistas nem deviam sequer conhecer até à última segunda-feira, deixou ainda mais claro o que já era óbvio: o jovem norueguês é um alvo fácil para se bater. E até a utilização que Bruno Lage tem feito dele o tem mostrado, pois é pouco compreensível que, ao longo da época, por inúmeras vezes Schjelderup, 20 anos (sim, apenas 20), tenha ficado recorrentemente deixado para trás, em detrimento de Beste — ainda alguém se lembra dele? —, Amdouni e até Bruma acabado de chegar no mercado de inverno. 
Quando foi chamado e aposta de forma consistente no onze, Schjelderup deu resposta cabal: a 8 de janeiro, quando Akturkoglu estoirou e justificava ser suplente há algumas semanas, apareceu na equipa titular na meia-final da Taça da Liga frente ao SC Braga (3-0) e foi nota 7 para A BOLA; três dias depois, titular na final com o Sporting, marcador do golo e inexplicavelmente substituído ao intervalo; mais três dias volvidos, titular em Faro e autor do golo que iniciou a reviravolta (de 0-1 para 3-1) num jogo que começava a ficar complicado nos oitavos de final da Taça de Portugal; a 17 de janeiro, titular frente ao Famalicão e mais duas assistências para golo na conta. Por fim, a 21 do mesmo mês, titular e um dos melhores em campo (nota 7 para A BOLA) no épico jogo (4-5) frente ao Barcelona para a Liga dos Campeões.
A partir daí, a utilização voltou a ser intermitente e nunca deixou de se perceber algum desconforto de Bruno Lage quando com ela confrontado, chegando o jogador a ser alvo de repreensão pública — «Schjelderup tem de perceber que não tem de driblar o Mundo ou marcar para o treinador olhar para ele» —, algo que raramente se viu o treinador dos encarnados fazer com outros jogadores. Aos 20 anos, é mais do que natural que Schjelderup não seja um produto acabado, que tenha falhas e momentos de maior e menor fulgor até dentro do próprio jogo!
Perante a grandeza do investimento (€14 milhões) e do talento do extremo, a facilidade com que se aponta o dedo a um jogador que, dentro do que pôde, contribuiu de forma bastante satisfatória para a temporada da equipa, deixa no ar algumas questões e não será de estranhar que isso leve o próprio jogador a pensar noutro rumo para a carreira."

Benfica atirou a toalha ao chão?


"Da conferência de Lage aos inacreditáveis tiros nos pés do presidente da Assembleia Geral da SAD do Benfica é legítimo questionar se as águias ainda acreditam no título.... Já no Sporting, tudo o que acontecer em Alvalade resultará de uma simples pergunta a fazer segundos antes de entrar em campo...

Há dias, durante A BOLA da Noite, de A BOLA TV, Alemão descrevia o que passa na cabeça dos jogadores quando estão perfilados junto à entrada para o relvado segundos antes de entrarem em campo para um jogo que pode dar um título. O antigo guarda-redes do Sporting, também campeão em 2001/2002, até se emocionou ao falar do que se sente nesses momentos.
Naqueles segundos, enquanto aguardam que o árbitro diga «vamos lá», há uma espécie de transe. Um misto de nervoso miudinho, de concentração absoluta e de gestão emocional num contexto de momento histórico. A glória à distância de 90 minutos e a necessidade de se estar à altura da responsabilidade. Mas o decisivo mesmo é que naqueles segundos os jogadores fazem uma espécie de resumo mental da época. As dificuldades, os altos e baixos, o que viveram ao longo de 33 jornadas. As alegrias, o sofrimento, as lesões, as dúvidas, as gargalhadas em dias de vitória e a tristeza em dia de derrotas, as injustiças, os golos épicos, as conversas de grupo, as zangas do treinador, os gritos no balneário, o golo no último minuto que deu uma vitória.... Depois, concentram-se nos companheiros e há tempo para um último olhar antes da batalha. Nem precisam de dizer mais nada, sabem que contam uns com os outros e nunca como nesses momentos se sentem tão em comunhão.
Desta reflexão surge combustível para lutar, mas o sucesso também depende de uma pergunta específica: por que razão querem os jogadores ser campeões? Pode parecer uma pergunta de retórica, quiçá La Paliciana, mas, se pensarmos bem, é na profundeza da resposta que se encontram os motivos para se lutar...
No jogo da Luz, pela forma como entrou em campo e cerrou fileiras para aguentar o resultado, deu-me a sensação que os jogadores do Sporting encontraram mais razões para quererem o título. Desde o golpe da saída de Amorim, as desastrosas semanas com João Pereira, a inacreditável onda de lesões, a liderança que lhes fugiu duas vezes e por duas vezes a reconquistaram... Não me entendam mal, os jogadores do Benfica também querem muito ser campeões, mas não vi o mesmo sentido de urgência e o mesmo fogo nos olhos.
O que vi, no final do jogo, foi um Bruno Lage com um discurso que pode ser interpretado como de desistência. Não estou na cabeça do treinador do Benfica, não quero ser injusto, avalio apenas o peso das palavras. Assumir-se como responsável pelo empate e dizer que no Benfica não é suficiente não ser campeão pode ser interpretado como uma toalha jogada ao chão, por muito que também tenha dito que quer vencer em Braga. Terá sido a desilusão do momento. Talvez... Mas é de fogo nos olhos que a equipa mais precisa. Não de dar como previsível que o Sporting vença em casa o Vitória, por muito que seja favorito.
E que dizer dos tiros nos pés de Nuno Magalhães, que na Antena 1 se assumiu apenas como adepto desiludido e irritado e se esqueceu que é o presidente da Assembleia Geral da SAD do Benfica? Desancar em Schjelderup, acusar a equipa – a par do árbitro - se ser responsável por não ter vencido o Sporting, mostrar até desgaste porque nem parecia que o Benfica jogava em casa... Uma das mais absurdas intervenções que ouvi de um dirigente em semana de decisão, agora sim, de título. Uma vez mais só posso interpretar: são declarações de quem parece já não acreditar no título. E se a equipa não acreditar, não vai fazer nada a Braga...
No Sporting, o trabalho de Rui Borges, é controlar a euforia. Faz bem. O Vitória precisa da... vitória. O perigo mais eficaz e devastador esconde-se nas sombras para não ser visto. No fundo, tudo o que os jogadores leoninos vão ter de fazer é o balanço de uma época atípica e, segundos antes de entrarem no relvado, todos devem responder à mesma pergunta: por que razão querem ser campeões?"

Ruben Amorim é um visionário


"Tudo para decidir na última jornada, sinal inequívoco de competitividade da Liga. Mais: só Farense e Boavista, os dois últimos, não roubaram pontos aos quatro primeiros.

Final de campeonato digno de Hitchcock, o mestre do suspense. Está tudo praticamente por decidir, pelo que o adepto do futebol não podia pedir mais emoção. Título, UEFA e manutenção, tudo vai decidir-se no sábado, a partir das 18h00.
Sou daqueles que gosta do futebol português. Dos jogadores e dos treinadores — quanto aos dirigentes já é outra conversa... Considero que têm muito valor e uma capacidade de se reinventarem a cada momento.
Conseguem constantemente fazer muito com pouco, uma qualidade que muito aprecio. Não sou apologista de que a Liga portuguesa é pouco competitiva ou que é nivelada por baixo. Uma narrativa construída já há muitos anos e que a cada dia ganha mais simpatizantes. Eu próprio, confesso, por vezes me deixo ir na onda.
Ainda no início desta época escrevi aqui neste espaço que o campeonato estava perigosamente desequilibrado. O Sporting de Ruben Amorim voava, como dizem os brasileiros, e tudo parecia ser só facilidades. Curiosamente, foi a partir do momento a que assisti a uma conferência de imprensa do agora treinador do Manchester United que refleti melhor sobre o assunto.
Então, Ruben Amorim disse que era um privilegiado em Alvalade, que o clube estava muito bem organizado e que o plantel tinha sido construído a tempo e horas e com os jogadores que tinha pedido, além de que o Conselho de Administração do Sporting presidido por Frederico Varandas lhe dava toda a confiança. Bem diferente, sublinhou, era a posição de muitos dos homólogos da Liga, para os quais pediu tempo. Nada mais acertado, como se percebeu depois…
Recordei-me dessas palavras nestes últimos dias, com tudo por decidir na 34.ª e última jornada. O final de campeonato só não vai ser ainda mais emotivo porque o SC Braga, que tão bom trajeto estava a realizar nesta segunda volta, claudicou nas três rondas anteriores: sete pontos perdidos em nove possíveis.
Os guerreiros entregaram desta forma o terceiro lugar, que vale o acesso direto à UEFA Europa League, ao FC Porto — os minhotos só matematicamente têm possibilidades de terminar no pódio, mas daquelas nas quais ninguém acredita, pois seria necessário vencerem o Benfica e os dragões perderem em casa com o Nacional e ainda que a combinação de resultados permitisse anular uma desvantagem de sete golos.
Quanto ao título, todos os portugueses já sabem de cor e salteado o que terá de suceder para Sporting ou Benfica festejarem. Volto a reafirmar o que escrevi há uma semana: quem saísse na liderança do dérbi tinha tudo para ser campeão e considero mesmo que o mais provável é os dois rivais terminarem empatados, com a vantagem no confronto direto a fazer a diferença. Querem mais equilíbrio? Só mesmo se o critério de desempate fosse a diferença de golos. Que até é bem pequena: três — 86-27 para os leões e 83-27 para as águias.
Dada a final da Taça de Portugal ser disputada entre Sporting e Benfica abriu-se mais uma vaga na UEFA via campeonato, com o 5.º classificado a ter acesso à Conference League e também aqui não podia pedir-se maior equilíbrio, com V. Guimarães e Santa Clara empatados à entrada da última jornada.
Emotiva, como quase sempre, é a fuga aos lugares de despromoção, esta época com quatro clubes envolvidos. Entre E. Amadora, Aves SAD, Farense e Boavista só um vai festejar e dois não vão evitar as lágrimas. O outro, o 16.º classificado, ainda vai depois realizar mais dois jogos, no play-off com 3.º classificado da Liga 2 — esta, para não variar, está extremamente equilibrada e é um verdadeiro hino à competitividade temporada após temporada.
Voltando a Ruben Amorim, que como sabemos tem uma clarividência notável e uma forma de comunicar que a todos deixou saudades — não cometia gafes como, por exemplo, a de Rui Borges ao falar, de forma despropositada, dos amarelados do V. Guimarães, algo que esta sexta-feira, não tenho dúvidas, vai tentar emendar perante os jornalistas, nem tão-pouco abria exceções para comentar arbitragens, como sucedeu com Bruno Lage no final do dérbi, lamentando a não intervenção do VAR, que até identificou pelo nome, num lance no qual se sentiu prejudicado, claro… —, recordo ainda que na tal conferência de imprensa sublinhou o facto de muitos treinadores em Portugal nem terem começado as campanhas com os plantéis definidos. Nada mais verdadeiro e decisivo. Como se constatou durante a segunda volta.
E depois ainda dizem que a Liga portuguesa é desequilibrada. Olhem para a tão elogiada Premier League e vejam as pontuações de Ipswich, Leicester e Southampton, há meses (!) condenados à descida, o que permitiu que cerca de metade das equipas daquele que é considerado o melhor campeonato do Mundo andem praticamente a cumprir calendário desde o Natal…
Com tempo e sem presidentes irracionais, que trocam de treinadores como quem troca de camisa, o trabalho dá resultados. Querem um exemplo? Só Farense e Boavista, não por acaso os dois últimos classificados da Liga, não roubaram pontos aos primeiros quatro classificados! E o aflito Aves SAD travou Benfica e Sporting, tal como o Arouca, com a equipa de Vasco Seabra a ter a desfaçatez de o fazer em Alvalade e na Luz!
Os treinadores portugueses têm muita qualidade e uma resiliência notável, suportando a exigência de autênticos milagres por parte dos dirigentes, que até ousam alterações no comando técnico a duas jornadas do fim. Para já, com bons resultados. Não é, José Mota? O desenrascanço é, sem qualquer dúvida, uma arte… portuguesa.
Ruben Amorim é mesmo um visionário. É realmente de lamentar ter deixado o futebol português, onde continua muito boa gente com uma falta de bom senso aflitiva."

Pais, pressão e a crise de valores no desporto jovem


"O desporto é, por excelência, um espaço de promoção de valores: respeito, disciplina, solidariedade, resiliência e cooperação. No entanto, quando observamos os recintos desportivos ligados às competições de formação, onde jovens dão os primeiros passos na prática competitiva, onde mais do que campeões se pretende formar homens e mulheres de valores, encontramos, cada vez mais, episódios de violência que contrariam claramente os princípios que o desporto deveria enraizar.
Segundo o Relatório de Análise da Violência Associada ao Desporto (RAViD), o número de incidentes registados nos recintos desportivos em Portugal aumentou de 6.090 casos em 2022/2023 para 8.879 em 2023/2024, um crescimento expressivo de 46%. Embora grande parte destes casos esteja associada ao futebol profissional, muitos ocorrem em contextos de escalões de formação, como evidenciado pelos 917 incidentes registados no futebol distrital, onde a esmagadora maioria das equipas de formação. Esta tendência é particularmente alarmante quando os próprios progenitores, na condição de adeptos, se tornam protagonistas de comportamentos agressivos, sejam eles verbais ou físicos e que se estendem rapidamente ao campo de jogo. No futebol de formação destacam-se, sobretudo, como incidentes mais comuns as invasões de campo e confrontos entre adeptos, as agressões físicas e verbais a árbitros, treinadores e outros pais e, ainda, o uso de linguagem ofensiva e ameaças por parte de encarregados de educação.
Para compreender as causas destes incidentes (reforço mais uma vez nestes artigos que procurar compreender não é nem nunca será sinónimo de aceitar) é fundamental olhar para além dos números e aplicar uma análise fundamentada nas ciências do comportamento humano e social.
Do ponto de vista sociológico, a Teoria da Anomia oferece uma lente esclarecedora. Em contextos onde as normas sociais estão fragilizadas, ou onde o sistema de valores que deveria reger o comportamento é substituído por uma lógica puramente competitiva, instala-se a anomia: a ausência de referências claras. Nos recintos desportivos juvenis, onde a linha entre apoio e pressão é frequentemente violada, muitos pais sentem-se autorizados a atuar como treinadores, árbitros e até juízes morais, substituindo o espírito desportivo por uma lógica tribal de vencer a qualquer custo.
No desporto de formação, encontramos um cenário propício à anomia social, há uma evidente fragilidade das normas morais atendendo a que por muitas vezes os valores de respeito, cooperação e aprendizagem são substituídos por uma obsessão com o resultado e pela competição desmedida, perdendo-se assim o “mapa moral” que deveria guiar o comportamento de todos os envolvidos, pais, atletas, treinadores e árbitros. Além disso, a ausência de sanções claras ou de intervenção eficaz das organizações desportivas contribui para que estes assumam comportamentos invasivos: criticam árbitros, insultam jogadores adversários ou pressionam os filhos com expectativas desmedidas, invadem campos, agridem árbitros e outros intervenientes.
Complementarmente, a Teoria da Frustração-Agressão sustenta que a agressividade é frequentemente uma consequência direta da frustração, ou seja, do bloqueio na realização de uma expectativa ou desejo. No contexto desportivo, especialmente nos escalões de formação, esta teoria ajuda a compreender a origem de muitos comportamentos violentos por parte dos pais. Quando estes projetam nos filhos os seus próprios sonhos desportivos, muitas vezes não concretizados, qualquer obstáculo no percurso do jovem, como um erro técnico, uma substituição pelo treinador ou uma derrota, é interpretado não apenas como uma falha desportiva, mas como um ataque ao seu próprio valor pessoal. A frustração resultante gera emoções negativas intensas, que se manifestam frequentemente em comportamentos agressivos.
Este tipo de comportamento é prejudicial para desporto, mas também para a sociedade e principalmente para os próprios jovens. Por norma, os jovens atletas sentem ansiedade de desempenho, não pela competição em si, mas pelo medo de desiludir os pais. Quando os pais gritam, insultam árbitros ou manifestam agressividade nas bancadas, os filhos experimentam vergonha e constrangimento público, podendo sentir-se responsáveis por esses comportamentos. A longo prazo estes comportamentos podem condicionar o comportamento dos jovens que por um lado podem interiorizar a normalização e banalização do comportamento violento e adotá-lo como modelo de reação à frustração ou, o que acontece com muita frequência, abandonam o desporto de forma precoce. Em suma, a longo prazo poderá trazer consequências para a saúde mental, a autoestima e a motivação dos jovens.
O combate a este tipo de comportamento violento tem de passar por uma recolocação da cultura desportiva. Quando vencer se torna o único objetivo legítimo, qualquer comportamento que contribua para a vitória, mesmo que antiético ou violento, pode ser justificado, é como um parasita que corrói o desporto por dentro. É necessário refocar o desporto jovem na valorização do progresso individual, do espírito de equipa e do fair play."

Atividade benfiquista


"Há muitos jogos para acompanhar e apoiar o Benfica nos próximos dias.

1. Distinções
Bruno Lage foi eleito pelos seus pares como melhor treinador na Liga Betclic em abril.
Nos prémios da Liga Portugal Betclic relativos ao mesmo mês, Otamendi foi distinguido como o melhor defesa e Trubin como o melhor guarda-redes. Numa atribuição do Sindicato dos Jogadores, Pavlidis foi o mais votado para melhor jogador.

2. Bilhetes esgotados
Já não há ingressos para o SC Braga-Benfica da última jornada do Campeonato Nacional, nem para a final da Taça de Portugal que opõe Benfica e Sporting.

3. Nas meias-finais
O Benfica está apurado para as meias-finais dos play-offs do Campeonato Nacional de basquetebol. No segundo jogo dos quartos de final venceu o Vitória SC por 68-88. O próximo adversário é o vencedor da eliminatória entre Oliveirense e Ovarense.

4. Jogo do dia
Os Sub-23 do Benfica recebem o Estrela da Amadora nos quartos de final da Taça Revelação.

5. Agenda para amanhã e sábado
A equipa masculina de futsal inicia, na sexta-feira, o percurso nos play-offs do Campeonato Nacional com a visita ao Eléctrico (21h30). No mesmo dia, a equipa feminina de hóquei em patins mede forças com a Stuart Massamá em Vila Nova de Famalicão nas meias-finais da Taça de Portugal (18h30).
No sábado, há o SC Braga-Benfica relativo à última ronda do Campeonato Nacional de futebol. Às 11h00, a equipa B visita a sua congénere do FC Porto. Às 15h00 começa a final da Taça de Portugal de futebol no feminino. As já tetracampeãs nacionais de andebol fecham o Campeonato Nacional no reduto da Academia São Pedro do Sul (18h00). A equipa masculina de hóquei em patins tem o primeiro jogo dos quartos de final do play-off com o SC Tomar (na Luz às 15h00).

6. Em busca do triplete
As pentacampeãs nacionais e vencedoras da Taça da Liga de futebol disputam a final da Taça de Portugal com o Torreense no próximo sábado, às 15h00, no Estádio Nacional.
Andreia Norton, Christy Ucheibe e Cristina Prieto estiveram no Espaço Casa, em Alverca, para uma sessão de autógrafos, e anteviram a próxima final.

7. Título em análise
O bicampeonato nacional de basquetebol no feminino pela voz de Marcy Gonçalves e Raphaella Monteiro.

8. Iniciativa do Museu
O Museu Benfica – Cosme Damião celebra a Noite Europeia dos Museus na sexta-feira. Entradas gratuitas entre as 18h00 e as 24h00, no dia 16 de maio.

9. Ações solidárias
Elementos dos Sub-23 de futebol participaram em mais uma iniciativa no âmbito do projeto "Ligação à Comunidade". E Ana Silva e Duda, da equipa feminina de andebol, e ainda a judoca Bárbara Timo, marcaram presença numa iniciativa do projeto "Benfica faz Bem".

10. Casa Benfica Abrantes
Esta embaixada do benfiquismo celebrou o seu 31.º aniversário."

Zero: Saudade - S03E36 - Bobó, o mítico: «Fui apanhado no Cinema Batalha à uma e tal e o FC Porto castigou-me»

Rabona: The Renato Sanches situation is getting WORSE, and is a WARNING…

Rabona: He survived cancer, addiction & now he's a UCL FINALIST | Acerbi

BolaTV: F1 - Debrief Pladur Orçamental

BolaTV: MotoGP - Zarco...

Zero: Afunda - S05E63 - Lesão de Tatum abre o Este?

BolaTV: NBA - Candidatos em apuros

BolaTV: Lado B #39 - Dos Portugueses lá fora à estreia de Cristianinho Jr.

BolaTV: Lado B #38 - Bad Bunny na Luz e os looks dos desportistas na Met Gala

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Vitória em Guimarães...

Vitória 68 - 88 Benfica
22-19, 10-12, 19-33, 17-24

Segundo jogo, segunda vitória, numa má primeira parte e um péssimo segundo período, mas acabámos por melhorar no 2.º tempo... Agora, nas Meias-finais, seja a Ovarense ou a Oliveirense, temos que melhorar!
Nota de destaque para o regresso aos bons jogos do Rorie, parece, pelo menos para já, recuperado... Nota ainda para a ausência do Stone, que na minha opinião, deve ser o estrangeiro a ficar de fora nos jogos mais decisões, pois tem demonstrado pouco compromisso com a equipa nos restantes jogos!

Fever Pitch - Domingo Desportivo - Campeões da Recepção ao Autocarro

Benfica Podcast #560 - Out of Our Hands

Entrada condicionada


"A aproximação ao dérbi foi exaustivamente comentada e todas as possibilidades imaginadas. Muitas contas feitas e cenários traçados ao detalhe. A grande expectativa, o nervosismo geral e a tensão acumulada eram enormes, talvez como nunca, nos dias que antecederam aquele que poderia ter sido o jogo do título.
Para quem partia atrás para o jogo do ano, marcar primeiro era quase obrigatório. Ao contrário do desejado, o golo inaugural adversário acabaria por ser um verdadeiro rombo na estrutura moral da equipa do Benfica, que procurava iniciar a recuperação. Pior cenário não se imaginava e logo a abrir. De repente, a necessidade absoluta de marcar pelo menos um golo passava a dois. As dificuldades eram, assim, logo dobradas, ampliando as dúvidas e projetando um teste muito duro, mas que viria a ser discutido até final. Di María, a dúvida que persistia quanto ao onze, regressava, acrescentando valor de um jogador especial, mas também envolto na dúvida se estaria realmente preparado para o grande embate.
Com a atitude competitiva de sempre, mesmo depois de algumas semanas ausente, foi, ainda assim, um jogador muito ativo enquanto jogou e que ameaçava poder fazer a diferença. No primeiro tempo, os dois remates mais perto do golo são da sua autoria. António Silva, outro dos visados, correspondeu à responsabilidade que sobre ele recaía face ao temível adversário direto. No golo que cedo condicionou o jogo, o avançado sueco atraiu as atenções principais para si, mas soltou para Trincão, que beneficiou de uma deficiente cobertura do espaço central, mesmo com superioridade numérica da defesa. À quantidade não correspondeu a qualidade posicional de preenchimento do espaço defensivo.
Este foi dos jogos em que um início desastroso acaba por condicionar o jogo inteiro. O Benfica sentiu, claramente, a gravidade do momento e mostrou-se precipitado, apressado, preocupado. As ações eram individualizadas e as perdas de bola frequentes. A resposta mais racional e coletiva demoraria a chegar. Mesmo visivelmente afetada pelo golo, a equipa forçou o domínio, mas esbarrando num adversário já reunido atrás, com destaque para o seu trio central defensivo e para Hjulmand, pilar absoluto do meio-campo.
As bolas paradas representam, principalmente em jogos mais fechados, importância especial que decide muitos jogos. Esta arma, da qual o Benfica vinha tirando frequente proveito, não funcionou como vantagem desta vez, também resultado da estatura superior dos defesas do rival. Do banco vieram Schjelderup e Belotti, principalmente estes, que mexeram com a equipa, e o Benfica forçava, ameaçando conseguir a desejada vantagem. A urgência crescia e a tensão também, provocada por faltas e interrupções sucessivas que travavam a fase decisiva do jogo.
Foi um jogo mais combatido que jogado e, com o decorrer do tempo, cada vez mais frequentemente interrompido. O golo de Akturkoglu, servido principescamente por Pavlidis, reavivou a chama, mas também reforçou o antijogo adversário e o alinhamento passivo do árbitro. O intenso desgaste do momento acabou por prevalecer, não premiando quem fez por ganhar.

Factos
Voltando a Di María, no rescaldo do clássico, tenho percebido algumas teorias e opiniões várias sobre a sua substituição. Será que fui o único a vê-lo levar a mão à coxa e logo depois alongar o músculo em causa, pouco antes do intervalo? Quanto a mim, confesso que o meu palpite antes do clássico apontava para a decisão do campeonato na derradeira jornada. Reconheço, no entanto, que esperava que o Benfica chegasse ao último dia a precisar só de empatar e sem depender de terceiros. As probabilidades diminuíram, todos o sabem, mas existem. Aconteça o que acontecer, impõe-se agora uma vitória em Braga.

Classe
Rui Borges é alguém que, como por exemplo, Luís Freire, seu próximo adversário, começou como treinador nos escalões mais baixos e subiu pelos resultados que foi alcançando. Estes dois casos, como alguns outros (não muitos), pertencem a histórias onde o verdadeiro mérito fala mais alto, sendo mostrado e confirmado no decorrer do tempo. Porém, como antigo jogador não pode ignorar uma responsabilidade moral acrescida.
Não se pode dizer que seja inédito, mas foi de profundo mau gosto o que publicamente declarou, em referência ao rendimento de jogadores de outras equipas, insinuando supostas diferenças de atitude. Desrespeita a classe a que pertence. Haveria ainda de repetir o excesso, então relativamente à gestão disciplinar dos jogadores do Vitória, atletas que ainda há pouco treinava. Treinador que foi jogador, mesmo que humilde, deve sempre manter o respeito pelo que foi e pelo que é.
Ter a responsabilidade de representar uma classe, cuja atividade é exigente e obriga a frequentes declarações públicas, pede especial contenção no discurso e o respeito pelos outros deve prevalecer, sempre."

Terceiro Anel: DRS #10 - Imola...

Zero: Mercado - Gyökeres a ir, Otamendi a ficar

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Tema do Dia - Finalmente Ancelotti: quais os desafios do italiano na «canarinha»?

Zero: Senhoras - S05E29 - «Benfica? Será David contra Golias, mas podemos ganhar»

Zero: Negócio Mistério - S04E08 - Paulo Nunes no Benfica

Zero: Hóquei - S03E42 - Luís Querido, Conti Acevedo e a pesada Champions no zerozero: «É indescritível»

No Princípio Era a Bola: Benfica-Sporting, o flop do século que vinha para definir tudo e não definiu nada

Erros meus… mais fortuna


"Não haverá um grande campeão esta temporada, já o sabíamos há algum tempo, mas no final é sempre assim: quem ganha celebra e quem perde justifica-se. E é mais que provável, ao dia de hoje, que o Sporting celebre e o Benfica tenha de se justificar uma vez mais. As águias voltaram a investir muito para conquistar pouco e acumulam um só título de campeão nas últimas seis épocas. Dá que pensar.
Ambos os clubes cometeram erros relevantes. Anoto dois (ou três) no Sporting: a troca de Ruben Amorim por um João Pereira totalmente inexperiente - mesmo se considero o último mais vítima que culpado - e um mercado de janeiro falhado, que deixou o meio-campo sem alternativas quando já não havia muitas opções e, não tendo Pote para mais alguns meses, um ataque reforçado apenas com Biel (e está tudo dito). Se acontecer o que parece provável, a época pode acabar muito bem, com o título, ou em glória, com uma dobradinha, mas os erros fizeram parte dela e não foram pequenos. O terceiro pode ter sido a escolha de Rui Borges, que nunca apresentou grande rendimento coletivo, tomou opções muito discutíveis (depois do que se criticou Roberto Martínez, que dizer do técnico leonino a propósito de Quenda?) e teve momentos de comunicação muito infelizes (sobre Harder ou o Gil Vicente). Não provou, por enquanto, ser treinador para o Sporting e (ainda) corre o risco de falhar um campeonato tendo Gyokeres no plantel, o que dificilmente se perdoaria. Contudo, se se confirmar campeão, terá o seu cantinho na história, como outros antes. Isso e a responsabilidade de preparar a próxima época, verdadeiramente a primeira depois de Amorim.
O Benfica cometeu erros no plural, mas um deles condicionou quase tudo o resto: a insistência absurda em Roger Schmidt como treinador, que aqui critiquei desde sempre. Rui Costa teimou num treinador que já tinha demonstrado ir de mal a pior, o que redundou numa série de decisões absurdas desde o início, como contratar Beste para lateral esquerdo por não acreditar em Carreras, assumir Barreiro como jogador de nível Benfica (que não é) colocando Kokçu como secundário ou despachar um talento no auge de rendimento como David Neres para celebrar o fim da carreira de Di María. Nesta última, bem como na contratação disparatada de Renato Sanches, o presidente tem, no mínimo, responsabilidade repartida com o treinador alemão. E provavelmente vai pagar por ela, agora a meias com Bruno Lage.
Lage melhorou o rendimento coletivo e, beneficiando da saída de Amorim para Inglaterra, devolveu os encarnados à luta pelo título, mas nunca conseguiu que o modelo de jogo encarnado fosse mais robusto que as suas preocupações estratégicas e, mesmo tendo ganho vários duelos com equipas fortes, falhou na abordagem do jogo em que não podia falhar. Aí, o estatuto de Di María foi mais forte que a estratégia que se recomendava e os 45 minutos de abordagem errada comprometeram a vitória indispensável, mesmo se o Benfica podia ter sido mais feliz quando Pavlidis acertou no poste. Mas é neste ponto que volto ao início: se não acontecer no sábado o que hoje parece mais provável (mais que provável, até), os erros não se apagam, apenas a fortuna, boa ou má, terá mudado de campo. E tivesse qualquer das equipas sido um pouco mais competente e não precisaria da sorte para nada.

PS: Schjelderup tem 20 anos e está longe de ter um talento banal. A jogar entrelinhas é mesmo capaz de ser o mais competente entre os médios ofensivos do plantel encarnado. Atirar sobre um jovem que nem sequer é titular num momento de fracasso coletivo é muito injusto, além de revelar uma ignorância atrevida."

Glory Days


"Viram o Rodrigo Mora no Bessa? Marcou um grande golo, mais um. Mais do que isso, o Mora não joga com a bola. Mora joga com um segredo. E quando, num rasgo de generosidade, decide mostrá-lo, fá-lo quase a pedir desculpa. Com a melancolia incurável dos predestinados

Viram o Rodrigo Mora este fim-de-semana? Não viram; deviam ter visto. E deviam ter vergonha. De repente, o mundo suspendeu a sua giratória — e giraram os pés do Rodrigo Mora. Numa valsa lenta, exuberante, inevitável.
É que o Mora não joga com a bola. Mora joga com um segredo. E quando, num rasgo de generosidade, decide mostrá-lo, fá-lo quase a pedir desculpa. Com a melancolia incurável dos predestinados. Como se nada daquilo fosse com ele. Como se fosse apenas um instrumento. Um vidro fosco. Um portador. Como se fosse — o nosso Paulinho Cascavel.
Neste momento, o leitor franze a testa e pensa: — “Paulinho Cascavel? Como assim? O do Vitória? Do Sporting? O brasileiro?”
Nada mais errado. Falo de outro. Do verdadeiro. Do único. Paulo Alexandre Carvalho da Silva. De Areias. De Santo Tirso. De Portugal. Jogava tanto, com tamanha realeza, que o nome que lhe deram era pouco. Precisava de um nome com uma coroa. Certo dia, num recreio, alguém disse: “Paulinho Cascavel!” E ficou. Porque era ele.
Todo o pátio de toda a escola tem a sua lenda. Um pequeno D. Sebastião de chuteiras. O herói trágico de um futebol que não aconteceu. Aparece aos seis. Encanta aos sete. Desaparece aos quinze. E toda a lenda tem o seu tempo. A sua década. O seu crepúsculo. Em Santo Tirso, nos anos 90, foi ele.
No sistema de escolhas do futebol-de-intervalo o Paulinho era sempre aclamado capitão — porque todos queriam jogar ao seu lado: os irmãos mais velhos, os vigilantes, os adversários. Jogava com todos, mesmo sem precisar de ninguém. Porque o Paulinho, como os maiores, como os santos, tinha em si o aceno magnânimo. Mesmo que a bola se recusasse a abandoná-lo, ele dava-a, fazia o passe — o gesto mais caridoso de todo o futebol. Até aos cepos como eu.
O futebol era a Primavera, e a bola a abelha junto de sua flor, numa afeição mutuamente necessária. O Paulo jogava com a alegria dos inocentes. Era a graça sem esforço, sem vaidade e sem metáfora. O nosso Baggio, o nosso Rui Costa, o nosso mundo inteiro. Silencioso e puro — uma Cordélia com um número 10 nas costas.
Claro que era futebol a mais para aquele recreio. Por isso, já jogava no ARCA — o mesmo onde brilhou Ricardo Rocha — até que o Manelzinho do Tirsense o levou. Era o destino com dê maiúsculo. E foi aí, aos onze anos, que tudo pareceu confirmar-se. Um torneio internacional em França. Equipas estrangeiras. Campos a sério. E o Paulo brilhou. Um emissário do Boavista aproximou-se. Havia interesse. Queriam levá-lo.
Mas do Abel Alves Figueiredo até ao Bessa era uma travessia. Mudar de clube, de escola, de amigos. Mudar de mundo. Em 1994, a grande cidade era ainda um monstro. E o futebol não vinha com motorista nem psicólogo. O Boavista hesitou. O Tirsense endureceu. Pediram dinheiro. O outro lado recuou. “Miúdos de onze anos há muitos”, terão dito. E o Paulinho ficou.
O futuro, que era largo, começou a encolher. Deixou de ser “ele e mais dez” para ser apenas “só mais um”. Ele, que era dos mais altos e mais fortes, tardava em dar o salto. Como se o próprio corpo reagisse ao “E se?” que lhe ficou entalado na alma.
A vida seguiu o seu caminho. Mas com o som ligeiramente abafado. Não era homem de livros. Não tinha grandes planos para grande coisa. Num tempo em que se adiava a tropa para não adiar a vida, ele foi para a tropa para ganhar algum tempo.
Nunca chegou a jogar como sénior pelo Tirsense. A camisola que seria sua foi ficando na cruzeta. À espera de um corpo que já não viria. Jogou por clubes pequenos, em campos menores. Onde os balneários cheiram a detergente barato e sopa de couve. Depois, desapareceu.
Quando nos cruzamos, pergunto-lhe pela loja. Trabalha numa casa de artigos desportivos. Ele responde com um sorriso onde ainda cabe tudo. O talento. A memória. A ironia. O ocaso. A paz. Porque o Paulo sempre soube uma coisa que vos vou dizer agora e que é vital: o futebol é só uma das formas possíveis de perder com elegância.
Mas depois — depois eu vi o Mora a fazer aquilo. Talvez tenha sido o domínio com o lado de fora do pé direito. Ou o rosto sereno. Ou então porque, naquele instante, o mundo pareceu endireitar-se. Como se tivesse cabido ao Rodrigo do Porto cumprir o destino do Paulinho de Areias. Como se, aos 20 minutos de jogo, nesse movimento imperturbável, nessa noite de Domingo no Bessa, o futebol se tivesse tornado em promessa saldada com atraso."

O sentido de humor vai acabar?


"Numa altura em que tanto se define no futebol nacional, pode ser difícil conseguir juntar uma pitada de graça a todas as emoções em causa. Mas não custa tentar...

No final da partida no Bessa, Martín Anselmi tinha os olhos a brilhar durante a flash-interview da SportTV, tendo afirmado que gostou muito do ambiente e que há algum tempo que não vivia um jogo assim. O que, vindo de um argentino, não pode ser coisa pouca...
É verdade que a estrutura deste estádio ajuda a criar uma atmosfera mais vibrante, com o apoio (ou outras formas de expressão) dos adeptos a sentir-se intensamente, mas com Boavista e FC Porto em estado de depressão, só mesmo um dérbi especial podia ter algum encanto. A rivalidade da Invicta nunca se aproximou da que se vive na capital, devido à grande diferença entre as duas equipas, mas é suficiente para animar um pouco até quem luta por um 3.º lugar ou para não descer.
O assunto era sério, claro, porque os portistas não admitem uma época desportiva destas e os boavisteiros podem cair novamente num poço bem fundo. Não há grandes motivos para sorrir na cidade. Mas é precisamente nestes momentos que pode sobressair algo que muito prezo, no futebol e na vida: o sentido de humor. Houve portistas munidos de bóias de salvamento e balões em forma do número 2 e a certa altura o narrador até elogiou a festa que se vivia na bancada visitante, tendo sido alertado que o que os azuis e brancos estavam a cantar, enquanto agitavam as luzinhas dos telemóveis, era «o Boavista vai acabar». Não era uma festa, até porque não há razões para isso, mas uma provocação, que não magoa. Os axadrezados, obviamente, não gostaram, mas eles melhor do que ninguém sabem que o Boavista não vai acabar, porque mesmo em condições muito difíceis, o clube renasce sempre graças aos seus adeptos.
E é por isso que, depois de um fim de semana com dois dérbis, em que felizmente não tivemos notícias tristes para dar neste aspeto, quero mencioná-los. Quando a rivalidade é saudável, o futebol respira melhor - até porque precisa dela. Se houver sentido de humor, então, por mim, ainda melhor. Não somos grandes especialistas nisto: os portugueses, que são tão bons a fazer piadas nos momentos mais deprimentes, parece que têm um bloqueio no futebol. Há insultos para os rivais, tensão, vandalismo e por vezes violência. Mas raramente há algo que faça rir, sem que isso desvalorize a seriedade do momento. Quando ouço cânticos ingleses para os rivais com piada, ou vejo um adepto espanhol com uma bola de praia para mostrar a Vinícius Jr., dou por mim a pensar que Portugal podia fazer muito melhor, e nem sequer sou nacionalista."

Revolução em França. E por aqui?


"Se os franceses, com o seu elevado orgulho, conseguem admitir que outros fazem melhor que eles, o que impede Portugal de seguir o mesmo rumo?

Vale a pena estarmos atentos ao que se passa em França: políticos e dirigentes desportivos estão na iminência de provocar uma revolução nas competições profissionais de futebol, aproximando-se do modelo inglês, com a extinção da atual Liga e substituindo-a por uma empresa da qual todos os clubes serão acionistas, mas não donos. Uma Premier League à gaulesa, cuja Direção não é eleita, mas nomeada.
A diferença relativamente ao modelo atual estará precisamente aqui e merece uma reflexão: os clubes não parecem oferecer resistência, mesmo que percam poder. Transpondo para a realidade portuguesa, seria algo do género: Benfica, Sporting e FC Porto (só para citar os grandes) seriam acionistas de uma sociedade e quanto mais lucro desse a empresa, mais ganhavam; nem Benfica, nem Sporting nem FC Porto iriam andar num pé de vento para eleger o presidente da Liga porque esta nova entidade teria um conselho de administração nomeado e não eleito; as assembleias gerais da Liga para aprovar regulamentos (disciplina ou de competição) pura e simplesmente desapareceriam e essa responsabilidade passava para a Federação, com um papel verdadeiramente regulador.
Pode soar estranho, mas é precisamente isso que os franceses se preparam para fazer: colocar os clubes como donos do espetáculo mas não donos da organização; acabar com a autorregulação e entregar esse papel à Federação Francesa de Futebol (FFF) no seu papel de mediador entre as competições e o Estado.
Muitos dirão que uma mudança tão radical só acontece em caso de desespero ou por um estado elevado de maturidade. Não parece ser nenhum dos casos: há um óbvio problema na Ligue 1 de desequilíbrio face ao poder do PSG, mas é um campeonato que continua a formar grandes jogadores e tem estádios cheios; por outro lado, maturidade é relativo quando vemos o dono do Lyon a aparecer de chapéu de cowboy como resposta a provocações do homólogo do PSG ou a invasões de campo muito piores que a do senhor do Benfica no final do dérbi, coitado, só quis desabafar.
O que realmente fez a diferença neste processo foi a existência de uma visão, arrojo e iniciativa. Aquilo que, no fundo se pede a quem dirige, seja na política ou no desporto. Aqueles que têm a responsabilidade de fazer alguma coisa perante os sinais de preocupação.
O mais curioso é verificar que projeto não é original, mas uma adaptação (para não lhe chamar mesmo uma cópia) do modelo da Premier League. Quem conhece os franceses e a sua história sabe o quão difícil é engolir o sapo e admitir que os ingleses fazem algo muito melhor do que eles, mas assumem-no sem problemas. Um problema que não se coloca aos portugueses, cujo orgulho nacional é muito mais baixo relativamente ao dos gauleses e que adora copiar o que vem lá de fora. Estranhamente, no entanto, no futebol luso teima-se em continuar a ignorar as boas práticas europeias, mantendo-se um modelo datado há muito tempo: regulamentos criados à medida dos clubes e não em prol de um interesse comum, modelos de gestão arcaicos e um permanente sectarismo.
Vamos apenas imaginar o seguinte: se no final de um Liverpool-Man. United um adepto entrasse no relvado e fizesse ameaças físicas ao juiz, tudo ficaria reduzido a uma multa? Quando tivermos um real alcance da resposta talvez entendamos o quão necessária é uma revolução à francesa."

Acidentes desportivos


"A Lei n.º 48/2023 estabelece o regime jurídico relativo à reparação dos danos emergentes de acidentes de trabalho dos praticantes desportivos profissionais. Bem se compreende que exista um enquadramento próprio destes praticantes, pois a sua atividade apresenta especificidades relativamente à relação laboral comum.
A Lei define os limites máximos da indemnização por incapacidade temporária parcial, da pensão por incapacidade permanente parcial e por incapacidade permanente absoluta.
No primeiro caso, a lei define os limites máximos das indemnizações por incapacidade temporária parcial igual ou inferior a 5%, impondo que, nesse caso, a reparação tem como limite máximo 14 vezes o montante correspondente a 5 vezes a retribuição mínima mensal garantida em vigor. Caso se trate de incapacidade temporária parcial superior a 5%, não existe limite máximo para a reparação. Esta situação, embora se compreenda na perspetiva da proteção do praticante, pode gerar — como tem gerado — o aumento dos valores que os clubes têm de suportar a título de prémios de seguro dos seus atletas.
No que diz respeito à pensão por incapacidade permanente parcial, a lei distingue os limites máximos da pensão anual em função do grau de incapacidade e da idade do praticante desportivo.
Assim, a fixação do valor máximo da pensão dependerá de vários fatores, a saber: (i) de a incapacidade ser igual ou inferior a 5% ou superior a 5%; (ii) de o praticante desportivo profissional ser menor de 35 anos; (ii) de o praticante desportivo profissional ter entre 35 e 45 anos de idade; e (iv) de o praticante desportivo profissional ter completado já 45 anos de idade."

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Falar Benfica #207

Terceiro Anel: Bola ao Centro #130 - À espera de um milagre!!!

Do derby levamos uma certeza


"Escrevo no dia a seguir ao derby, com mais de 500km feitos por este amor que move milhões. Pudesse o Benfica oferecer “milhas” como oferecem as companhias aéreas e haveria Benfiquistas que viajariam para a Catedral de borla para sempre.
Do derby, levo uma certeza e uma ideia da qual nunca duvidei: este clube nunca cairá.
Para saber isto, basta apenas fechar os olhos e ouvir de novo as milhares de pessoas na avenida, cheirar de novo as centenas de tochas e sentir de novo os abraços aos milhares de desconhecidos que abraçámos naquele momento em que todos queríamos o mesmo.
Mesmo nos momentos em que o clube até possa estar dividido, ou nos momentos em que a incerteza reina no clube do povo. Queríamos todos o mesmo. Pusemos todos as nossas ideias de parte. Só o 39 interessava. Não chegou, ontem, no derby, ainda não chegou.
Mas o 39 chegará, mesmo que não seja este ano. A taça chegará, mesmo que não seja este ano, até a terceira orelhuda chegará. Digo-vos isto com toda a certeza do mundo. Sabem porque? Porque este clube tem, em todos os dias, “Milhões de chamas bem acesas”.
E se houve dias em que eu, como muitos outros, tiveram medo que esta chama alguma vez se apagasse, ontem tive a certeza de que não. Tive a certeza de que nos podem espezinhar, humilhar, roubar (e aqui não falo de arbitragem), fazer-nos de burros, totós ou cúmplices (passo a mensagem). Escusam. Podem parar.
Este Clube tem uma alma infinita. De todos, haverá sempre um. Esse um é o Sport Lisboa e Benfica. Nunca deixem que alguém tente apagar a chama imensa que vos percorre a alma. Estaremos lá sempre, mais perto, ou mais longe. Mais calor ou mais frio. A Luz mais cheia ou mais vazia. Com DJ, sem DJ. Com coreografia, sem coreografia. Com rotunda ou sem rotunda.
E no fim, como provámos no derby, estaremos sempre juntos, mesmo que nos queiram afastar.
Viva o Sport Lisboa e Benfica. Vivam os Benfiquistas."

Um Benfica do tamanho dos benfiquistas


"Costuma dizer-se que nenhum plano sobrevive ao primeiro contacto com o inimigo, e o jogo de sábado foi violentamente rápido a demonstrar-nos isso. Este é talvez o texto que menos vontade tenho de escrever desde que ocupo esta página. Da mesma forma que não me apeteceu muito consultar jornais nos dias anteriores ao jogo, por me alimentarem a ansiedade, continuo um pouco fora do mundo, amargurado com o que se passou este fim de semana, sem uma enorme vontade de saber o que todos os analistas pensam sobre o assunto. Tenho ainda menos vontade de desatar a fazer autópsias, nomeadamente porque continuamos vivos. Pouco mais me interessa nesta fase do que continuar a acreditar e ver a equipa transmitir exatamente o mesmo sentimento.
Voltemos ao plano e ao seu inimigo. A ideia do Benfica, interpretada de forma única pelos seus adeptos um pouco por toda a parte, mas também comunicada naquilo que o onze inicial parecia capaz de oferecer, era subjugar o Sporting à melhor versão do nosso futebol esta época: uma combinação de agressividade, força bruta, vontade e até uma certa pressa de vencer, que, aliada ao talento e à experiência superior do plantel do Benfica em jogos a doer, faria a equipa levar a melhor e controlar o jogo. No melhor cenário possível, tudo isto aconteceria com relativa naturalidade. Infelizmente, o plano do Sporting levou a melhor logo nos primeiros minutos e a dureza do golpe fez-se sentir durante toda a primeira parte. É complicado dizer agora que todas as opções de Lage estavam erradas, primeiro porque não me parece ser o caso, segundo porque a teoria subjacente às mesmas parecia certa.
A ideia de um último jogo de Di María na Luz, nestas circunstâncias, depois de todos os ambientes de enorme pressão em que o argentino já passeou a sua classe, parecia escrita para um final muito feliz. Assim que vi o onze, convenci-me de que essa opção seria vencedora. O facto é que Di María acabou por não ter um jogo inspirado. A ele juntaram-se dez colegas um pouco atordoados pelo impacto inicial e provavelmente um treinador que nunca precisou tanto de tempo para pensar quando tempo era exatamente aquilo que não tinha. Em suma, demos 45 minutos de avanço numa final. Raramente o que resulta daí é uma vitória.
Apesar do empate de sábado, mantenho que o Benfica é mais forte do que o Sporting, pelo menos em tese, se nos basearmos nas melhores versões demonstradas pelas duas equipas até aqui: uma (Benfica) mais capaz de operar coletivamente e demonstrar, nos seus momentos mais solidários e intensos, um futebol difícil de travar até nas competições europeias. O problema é, de facto, o nível de consistência e regularidade com que essa versão se apresenta em campo, e durante quanto tempo por jogo. Já a melhor versão do Sporting está quase totalmente dependente de um finalizador de qualidade excecional, Gyokeres, e de um dos centrocampistas mais equilibrados do futebol português, Morten Hjulmand.
Sei o que vale o Benfica sem alguns dos seus melhores jogadores e já vi a equipa vencer vários jogos sem a sua presença em campo. Também sei o que vale o Sporting, e não é por acaso que tanta gente teme pela ausência de Hjulmand no jogo contra o Vitória de Guimarães. Seriam insensatos se subestimassem a importância do jogador, e farão bem em passar os próximos dias a calmantes. Futebolisticamente falando, desejo-lhes naturalmente o pior para o próximo sábado e para o dérbi que falta disputarmos esta época.
Espero encontrar a melhor versão do Benfica no próximo sábado. Em primeiro lugar, importa limpar uma certa imagem que ficou, um medo de ser feliz que transpareceu do dérbi. Em retrospetiva, é difícil determinar se o ambiente intimidou os jogadores. Aconteceu tudo demasiado depressa e o contexto tornou-se muito adverso. Seria fácil criticar agora, mas não tenho dúvidas de que todos os jogadores queriam muito vencer aquele jogo e dar uma alegria gigantesca aos adeptos. Convém seguir por aí. Só essa crença nos resta neste momento — e ainda pode valer muito.
Fazer o trabalho necessário para deixar uma última impressão positiva. Se o fizerem, demonstrarão algo que foi caracterizando o percurso rocambolesco da equipa ao longo desta Liga: esta equipa já caiu várias vezes, mas foi sabendo levantar-se. Que o façamos mais uma vez e, quem sabe, ainda acabamos a sorrir. É uma enorme ansiedade dependermos de terceiros, mas, como diria um treinador tetracampeão nacional pelo Benfica, se fosse fácil não era para nós. Teremos todos oportunidade de discutir e pensar nas dimensões maiores indicativas daquilo que foi esta época, mas não é o momento para isso. Esta equipa e o seu treinador fizeram, apesar das inconsistências, o suficiente para que estejamos ao seu lado e acreditemos que ainda é possível.
Não ganhámos o jogo e não sou fã de vitórias morais, mas acho fundamental falar disto. Não consumi muitos jornais na última semana, mas fui vendo muito daquilo que os benfiquistas fizeram. Foi uma missão extraordinária. Já foi muito elogiada, mas nunca é de mais. É sempre comovente ver gente que, movida exclusivamente por entusiasmo e amor ao clube, dá tanto de si para retribuir. Ao longo daqueles dias muito longos que precederam o jogo do século, como lhe chamaram, os adeptos estiveram à altura. A receção ao autocarro da equipa vai permanecer como o momento mais memorável desse dia, e é bastante justo que assim seja. Os benfiquistas foram mesmo o MVP deste dérbi e merecem celebrar o título nacional no próximo sábado. Espero um Benfica do tamanho dos seus adeptos — e que seja feita a sua enorme vontade."