Últimas indefectivações

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Devíamos era andar tristes

"Neste momento são vários os agentes desportivos que se debruçam sobre a natureza e durabilidade da vantagem de quatro pontos que o Benfica tem nas primeiras sete jornadas deste campeonato.
Há jogadores do FC Porto que dizem não estar preocupados com este atraso, o treinador azul e branco diz que não lhe interessa, há comentadores televisivos que foram mais longe e afirmaram que se deve apenas ao demérito da concorrência.
Chegamos pois à conclusão, que o melhor início de época deste século e um dos melhores dos últimos 25 anos, com um título já alcançado se deve aos nossos rivais. Já nem sei se devo continuar benfiquista, se tenho que mudar de clube para lhes agradecer tamanha alegria.
De facto no ano passado, por esta altura, o Benfica estava com cinco pontos de atraso do FC Porto e este ano leva quatro de avanço. Como no último ano ganhamos tudo, a lógica da concorrência deve ser que este ano não vamos ganhar nada.
Nós devíamos estar tristes por ir em primeiro, por ganhar jogos, por ter o melhor ataque, por ter o melhor goal average mas como não temos essa grandiosidade intelectual andamos felizes. Por exemplo: este ano ganhámos 4-0 ao Arouca. Fizemos mal, porque o ano passado empatamos 2-2. A lógica do comentário indica que se devia ter vindo triste da Luz.
Por mim está bem assim. Só choro a oferta daquele golo ao Sporting, em tudo o mais a época está perfeita. Melhores os resultados que as exibições? Sim, é um facto mas como a equipa só pode melhorar, esse facto é ainda mais retemperador.
Em semana de selecções começar por dar os parabéns aos nossos sub-21 que estiveram fantásticos. A vitória de ontem sobre a Holanda colocou-nos perto do primeiro objectivo. Haja talento e sorte contra a Dinamarca que bem precisamos. O comentário será sempre em função dos resultados."

Sílvio Cervan, in A Bola

Um dos nossos...


O Jordy já é um dos nossos há vários anos... foi guiado por mão divina, e viu a Luz!!!

Um dos melhores do Mundo na sua profissão... Sul-Africano, sem ligação familiar a Portugal, e que está em grande forma neste momento. Boa sorte para amanhã, para a fase final do WQS de Cascais, e muita força para o WCT de Peniche na próxima semana...

Louvores a quem merece

"Nunca é demais louvar quem merece tal reconhecimento. Nos dias que correm, importa louvar algumas personagens do futebol lusitano. Assim, comecemos pelo árbitro Hugo Miguel, o mesmo que apitou o Benfica - Arouca.
Foi enternecedor observar a diligência e o cumprimento total da letra da lei no momento em que mostrou o cartão amarelo ao Sálvio. Foi um gesto de um árbitro rigoroso, inclemente, que conhecedor das leis do jogo e não tem medo de mostrar um cartão amarelo a um jogador que acabou de ser rasteirado por trás e que depois de cair pediu um cartão amarelo para o homem que o rasteirara. Nem parece o Hugo Miguel que ao ver James simular um penálti numa famosa última jornada, decidiu expulsar o homem do Paços que nada fizera e marcar penálti. Foi um árbitro muito longe daquele Hugo Miguel que, alegadamente, nas escutas daquele processo dourado de que não se pode falar arbitrou o jogo Porto B / Gondomar e «os investigadores da PJ apuraram que o árbitro e a respectiva equipa foram 'premiados' com objectos em ouro.» (cito um artigo do jornal 'O Público').
Enfim, naquele cartão amarelo vai toda uma mudança de rumo na carreira. Vai tarde, mas vai a tempo e isso é sempre de louvar.
Num outro plano, importa louvar o nosso rival FCP que, numa atitude de grande desportivismo e revitalização da memória da cidade do Porto, decidiu, desde há uns anos, festejar o aniversário de um extinto clube da Invicta fundando a 28 de Setembro de 1893. Apesar da rivalidade que nos separa, registe-se esta digna atitude que, certamente, deixaria muito orgulhoso o homem que fundou o FCP em 2 de Agosto de 1906, José Monteiro da Costa.
Termino, pedindo desculpas aos leitores por ter escrito no mesmo texto acerca do cavalheiro Hugo Miguel e o do FCP, duas entidades que nunca vimos misturadas em nenhum contexto futebolístico."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Encarnado é o Vermelho-amor (Talisca)

"Já não há como negar esta realidade, pelo menos para já: há um 'fenómeno Talisca' na Luz.
Em outras épocas recentes, tivemos 'fenómenos' de natureza semelhante. Isto é, jogadores nos quais a equipa, treinador e adeptos depositaram uma verdadeira crença de que podiam resolver os jogos mais difíceis com um rasgo individual. E quando o colectivo não conseguia, por si, abrir as defesas adversárias, lá aparecia um desses jogadores a tornar-nos venturosos. O sintoma de que há um 'fenómeno Talisca', para além dos golos que marca, é a certeza, logo que a bola lhe chega aos pés, de que dali sairá uma solução, dali haverá um passe de ruptura, uma finta, uma assistência, um remate, qualquer coisa bem feita que quebre a rotina defensiva do adversário. A crença de que dos pés de Talisca está muito do nosso êxito colectivo dá-lhe um estatuto, para já, de 'fenómeno', uma espécie de salvador em horas de aflição. Te acontecido de maneira muito vincada nas jornadas iniciais do campeonato, a fazer-nos lembrar outros 'fenómenos'.
 Recordo-me de Simão Sabrosa, de Aimar ou de Cardozo (este em moldes diferentes), por exemplo, em quem os adeptos depositavam sentimentos semelhantes. Embora Talisca não tenha ainda a notoriedade desses mesmos atletas, conseguiu em muito pouco tempo fazer-nos acreditar que é o nosso homem.
Acontece, porém, que não estamos a falar de um atleta que custou dezenas de milhões de euros. À prospecção do Benfica se deve esta descoberta, fazendo lembrar a de David Luiz há uns anos. Mas enquanto David Luiz precisou de tempo para vingar no Benfica, acresce ao que já dissemos de Talisca este outro fenómeno, o de chegar, ver e vencer. Lembremo-nos a incapacidade de adaptação dos jovens jogadores sul-americanos na Europa. Quanto tempo levou Di Maria para aparecer como figura no Benfica?"

Carlos Campaniço, in O Benfica

O comentador

"Não estão a ser fáceis os primeiros tempos de Lopetegui à frente do FC Porto. Os resultados não têm proporcionado uma exposição brilhante, mas o espanhol não tem ajudado à definição da sua imagem no Futebol português. Desde esquemas de jogo incompreensíveis a acusações reiteradas à arbitragem, que se tornaram num verdadeiro choro de bebé mimado, Lopetegui está a dissipar alguma aura de culto que tinha à chegada a Portugal, mesmo entre adeptos do FC Porto.
Desde logo, o treinador portista parece mais um comentador desportivo do que propriamente o treinador de um grande clube - e parece que terá sido mesmo essa a sua ocupação, entre 2004 e 2006 -, espraiando-se reflexões sobre lances decisivos ou momentos de arbitragem que, talvez ainda não tenha compreendido, são apontadas como críticas à estrutura do Futebol, mesmo admitindo não ser essa a sua intenção.
Por outro lado, Lopetegui parece incapaz de criar alguma cultura de jogo, apostando em esquemas de rotatividade permanentes que, no limite, acabam por confundir os próprios jogadores e impedir a construção de estruturas estáveis de exibição, quer ao nível defensivo, quer ao nível ofensivo. Ao mesmo tempo, apesar de ter ao seu dispor um grupo considerável de jogadores capazes de desequilibrar e ser criativo, o espanhol aposta praticamente sempre nos mesmos homens para conduzir o jogo (Indi, por exemplo).
Finalmente alguém devia dizer a Lopetegui que se cale de uma vez por todas com a arbitragem. Sobretudo porque é ridículo e desconcertante ver alguém, num dia, vir a terreiro apontar o dedo aos juízes pelo resultado obtido, noutro, alvitrar que os outros adversários estarão a ser beneficiados pelas arbitragens e finalmente, num dia de maior acalmia, ficar espantado e indignado por pensarem que ele possa estar a colocar em causa' a intenção e a honestidade' dos árbitros portugueses. Um verdadeiro (flop) Lopetegui, se assim continuar!"

André Ventura, in O Benfica

O Mestre

"Di Maria, Ramires, David Luiz, Coentrão, Witsel, Javi, Matic, Oblak, Garay, Siqueira, Markovic, André Gomes, Rodrigo e Cardozo. Estes são os jogadores que o Benfica foi perdendo desde 2010, com os quais terá encaixado uma verba global próxima dos 250 milhões de euros (na maioria dos casos, fruto de uma valorização exponencial).
Ao longo deste período, houve que refazer a equipa - ora parcial, ora quase totalmente, como neste último verão. Os resultados foram: 2 Campeonatos, 1 Taça, 4 Taças da Liga, 1 Supertaça, 2 finais europeias, 5.º lugar no ranking da UEFA, 4 apuramentos directos para a Champions, e apenas 3 derrotas nos últimos 70 jogos da Liga. Não fora um auxiliar de Proença em 2012, e uma profunda falta de sorte em 2013, e o Benfica seria tri-campeão. É “apenas” campeão, mas desde os anos 80 que não evidenciava tamanha competitividade em épocas sucessivas.
E sem 6 titulares do “Triplete”, aí estamos nós, novamente na liderança, com 4 pontos de vantagem. A estes números, podemos acrescentar um futebol exuberante, ofensivo e goleador, capaz de empolgar as exigentes bancadas da Luz. Olhamos para o Benfica de Jorge Jesus, e para o Benfica anterior, e a diferença é abissal. Se Vieira trouxe a revolução institucional que resgatou o Benfica dos seus piores anos, Jesus somou a componente desportiva de que o nosso futebol carecia.
Pode mascar pastilhas elásticas, e dar pontapés na gramática. Pode até ser indelicado para alguns jornalistas mal habituados. Mas poucos no mundo perceberão de futebol como ele. Segue as suas convicções, e não as pressões que pedem A por ser português, B por ser da formação, ou C por ter olhos azuis. Diz as verdades, mesmo quando nos custa ouvir que a Champions não pode ser objectivo imediato. E, mantendo uma equipa disciplinada, determinada e confiante, ganha jogos. Muitos jogos. “Forever” é palavra perigosa. Mas, enquanto benfiquista, dormiria descansado com a garantia de que a dupla Vieira-Jesus se mantinha no Benfica, pelo menos, mais uma década."

Luís Fialho, in O Benfica