Últimas indefectivações

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

VARdades desportivas

"O sucesso ou o insucesso depende da expectativa. É assim no futebol e na vida. Depende do que esperamos e do que esperam de nós.
O balanço do VAR é, também, uma questão de expectativa. Quem aí viu um Santo Graal depois de décadas no deserto tem de ficar desiludido. Já quem se contenta com a diminuição de erros, de forma indiscriminada e apenas em termos percentuais, ficará satisfeito.
É, no entanto, necessário, e para bem do próprio VAR, que esqueçam esse conceito populista e propagandista de «verdade desportiva». Não existiria num sistema exemplar, menos ainda neste com tantas imperfeições. O jogo não é feito apenas de quatro momentos e, mesmo que assim fosse, o factor humano continua a ser imprescindível para que o processo funcione. Se os árbitros não são bons, a lógica diz-nos que dificilmente os videoárbitros o seriam. Mesmo quando a recolha de prova (imagens) é eficaz, e isso nem sempre acontece, a interpretação continua a ser praticamente tudo. Se é má, o VAR não funciona. Simples.
O que o VAR conseguiu foi libertar os árbitros de pressão. Se continuam a ser julgados internamente pelos erros que cometem, agora em primeira e segunda instância (antes e depois da análise do videoárbitro), o julgamento em praça pública tem como réu aquele que, com todos os meios à disposição, não evita o erro. O videoárbitro substituiu o árbitro como bode expiatório dos derrotados.
O VAR pode ser melhor, claro. Melhores imagens, melhores árbitros e videoárbitros, e uma comunicação eficaz resultarão, esperemos, em menos polémica. Até a UEFA propõe um intervalo de tolerância nas linhas de fora de jogo, o que promete discussão, mas vem no sentido de voltar a humanizar o jogo. O erro é tão antigo quanto a humanidade. Só os dirigentes mesmo é que acham que podem atirar a primeira pedra."

Luís Mateus, in A Bola

O velho discurso contra os árbitros

"O FC Porto regressou à cruzada contra os árbitros. No espaço de poucos dias o próprio presidente do clube, Pinto da Costa, abriu a polémica falando em eventual favorecimento do Benfica e ontem, mesmo, logo depois de confirmado o imprevisto empate no Jamor, Sérgio Conceição veio virar a face da mesma moeda e falar do prejuízo crónico da sua equipa. E quando o repórter da entrevista flash lhe perguntou se havia, apenas, dois candidatos ao título, o treinador portista disse que não, que haveria três ou quatro, incluindo as equipas de arbitragem. Este é um discurso recorrente do FC Porto quando não ganha. E de tanto ser repetitivo vai perdendo cada vez mais razão de ser e vai-se tornando mais frágil e menos convincente. Pior: dá uma imagem de receio do futuro, o que não era a imagem de marca de um FC Porto maior e mais vencedor. De facto, o FC Porto não empatou o jogo de ontem por causa dos árbitros. Nem por causa do árbitro de campo nem do árbitro da sala do vídeo. Tal como Sérgio bem referiu, empatou o jogo porque a equipa não foi suficientemente lúcida nos momentos de decisão e falhou demasiadas oportunidades. Empatou porque não conseguiu resolver melhor um problema que parecia simples e que o frágil adversário lhe colocou, quando, ainda muito longe do fim, implantou aquele sistema aflitivo de 6x3x1.
O FC Porto está, agora, a quatro pontos do Benfica. Apesar de estarmos muito longe dos momentos de decisivos do campeonato, não deixa de ser um pouco estranho, porque, nos dois candidatos, o FC Porto parece ser regularmente mais forte. Porém, não tem sido regulamente tão eficaz."

Vítor Serpa, in A Bola

Os números são como o algodão: não enganam (e Vinícius também não)

"O Benfica prepara-se para um jogo importantíssimo, que irá ditar o futuro do clube nas competições europeias. Sobre este assunto muito se tem falado aqui (e não só), e parece-me seguro afirmar que seria uma desilusão (e porque não dizê-lo, uma vergonha) para toda a nação benfiquista caso o resultado da próxima terça-feira não fosse – no mínimo – uma vitória.
Os adeptos vêem-se novamente de calculadora na mão, dependentes de terceiros para que a equipa se apure para a Liga Europa. E já que tenho a calculadora aqui por perto, seria um tremendo desperdício se não a aproveitasse para tirar a limpo uma dúvida: poderá a estatística ajudar-me a dizer que avançado deveria definitivamente ficar no banco, ou nem ser convocado? A maioria dirá que a estatística não explica, por si só, o futebol. Mas é inegável que ajuda a percebê-lo melhor, ou não fosse parte integrante e fundamental de qualquer equipa profissional, e não só nesta modalidade. Os dados valem o que valem, e no futebol há imensas variáveis que tornam praticamente impossível identificar e enquadrar informação que não sendo ainda alvo de análise estatística, influencia inevitavelmente o resultado final de um jogo.
E na altura em que este texto foi feito, os dados relativos à eficácia dos avançados benfiquistas são reveladores. Entenda-se que a “eficácia” pode significar coisas diferentes, estatisticamente falando. Golos por remate, ocasiões flagrantes aproveitadas, envolvimento em ataques perigosos, aproveitamento dos remates enquadrados, etc. Neste caso, o critério usado foi n.º de golos (e/ou assistências) por minutos em campo. E nessa análise foram incluídos os 3 pontas-de-lança de raiz do Benfica, excluindo Jota e Chiquinho desta equação. E assim sendo, ao 23.º jogo oficial do Benfica na temporada, o avançado que mais se destaca é Carlos Vinícius. De longe. O termo técnico, estatisticamente falando, é que há uma diferença significativa dos seus valores para os concorrentes à posição.
O jogador brasileiro marca a cada 68 minutos. Fazendo as contas, a cada 3 jogos marca 4 golos. Já Seferovic precisa de 320 minutos para marcar um golo, e Raúl de Tomás precisa de 516 minutos, ou seja, marca um golo praticamente a cada 6 jogos. Se quisermos alargar o espectro a assistências para golo, o cenário é ainda mais complicado para o espanhol, já que Vinícius faz um golo/assistência a cada 52 minutos, Seferovic precisa de 2 jogos (183 minutos) para fazer um golo ou assistência, mas RDT precisa de 344 minutos, ou seja, praticamente 4 jogos.
Quanto ao 1.º golo de águia ao peito nesta temporada, RDT precisou de 10 jogos para “facturar”. Seferovic marcou ao 2.º jogo que fez este ano. Vinícius marcou logo na estreia pelo Benfica. Ou seja, RDT precisou de 673 (!) minutos para marcar o seu 1.º golo, Seferovic precisou de 162 minutos, e Vinícius marcou o seu 1.º golo… ao 6.º minuto que jogou pelo clube.
Quanto a oportunidades dadas por Lage, foram precisos 12 jogos para dar titularidade a Vinícius. Por essa altura (como suplente utilizado) já levava 2 golos, e Seferovic 3. Nesse jogo (Cova da Piedade, da Liga Pro) marcou 2 golos, num jogo em que RDT foi também titular. Contudo, o madrileno jogava a titular pela 9.ª vez, e ficou uma vez mais em branco. Ao 23.º jogo oficial do Benfica nesta temporada, Vinícius tem 13 golos e só começou no 11 inicial por 7 vezes. Seferovic tem 4 golos, e foi 13 vezes titular. RDT tem 2 golos, apesar de Lage lhe ter dado a titularidade em 11 ocasiões.
Vale o que vale, mas quanto a equipas de escalões inferiores, convém dizer que RDT tem 285 minutos jogados e apenas 1 golo (Vinícius tem 3 golos e 1 assistência em 193 minutos, já Seferovic ainda não jogou esta época para as Taças de Portugal/Liga). No espectro oposto, deparamo-nos com o único índice em que o brasileiro não se superioriza aos colegas, ou seja, na Liga dos Campeões, onde Seferovic tem 2 golos (1 a cada 104 minutos), RDT marcou 1 golo em 147 minutos, e Vinícius só balançou as redes uma vez em 269 minutos.
Em suma, Carlos Vinícius tem 13 golos e 4 assistências em apenas 889 minutos jogados. Seferovic tem 4 golos e 3 assistências em 1279 minutos jogados. RDT tem 2 golos e 1 assistência em 1032 minutos jogados. “Mas espera lá, o RDT está na sua 1.ª época no Benfica e no campeonato português. Além disso, a transição de galã de novela colombiana para jogador da Liga Nos custa mais do que parece. A adaptação não é fácil”, dirão vocês. E eu concordo. Por isso fui comparar estes valores de RDT com outros avançados recentes do Benfica na sua 1.ª época de águia ao peito, ao 23.º jogo da temporada. E os números não mentem:
O que parece claro nestes parâmetros, para além das dificuldades evidentes de RDT em contribuir directamente nos golos do Benfica, são as oportunidades que lhe foram dadas relativamente a outros avançados no passado. Oportunidades que não foram dadas, por exemplo, a Ferreyra ou Castillo, que por esta altura tinham jogado francamente menos. Não só isso, como apesar da fraca eficácia, teve a confiança do técnico para começar 11 jogos a titular, algo que só Seferovic e Mitroglou conseguiram alcançar. O próprio Jimenez apresentava, em 2015/2016, números mais interessantes com menos minutos em campo.
Numa equipa com o melhor ataque em Portugal, não deixa de ser relevante que RDT (mesmo com tantos minutos somados) não se aproxime sequer dos primeiros lugares do plantel no que diz respeito a golos + assistências:
E depois há a considerar os valores pagos pelo jogador. Os adeptos (e provavelmente a equipa técnica e dirigentes) criam expectativas quando se gastam €20M num avançado da cantera do Real Madrid, referenciado pelo scouting. Dito isto, e voltando aos parágrafos iniciais, os números não explicam tudo. RDT tem bom toque de bola, tem igualmente uma Arouquesa a lamber-lhe o cabelo todas as manhãs, e possivelmente precisará de mais tempo para a tal adaptação. Mas nesse capítulo não se pode queixar, já que Lage tem feito por ele o que não fez por Castillo ou Ferreyra.
Em suma, RDT tem o pior registo goleador dos avançados mais usados pelo Benfica nas últimas temporadas. E num esquema táctico onde parece funcionar a utilização de um avançado que jogue entre linhas (Chiquinho a fazer o que João Félix e Jonas fizeram no passado) a acompanhar o avançado centro, o espanhol parece partir atrás de Seferovic nesta escolha. Será caso para questionar se terá o mesmo destino que Ferreyra na época passada, ou se Lage vê nele algo que não viu no argentino.
O que é inegável, seja nos números seja no campo, é a qualidade e eficácia de Carlos Vinícius como homem-golo do Benfica. Não há comparação possível. E se a estatística não falhar, dia 10 há mais motivos para celebrar. A não ser que o Jorge Sousa também apite jogos da Champions. E aí estamos todos tramados."

Benfiquistão !!!

Vinícius, portentoso e letal

"O grande destaque do fim de semana futebolístico na nossa terrinha não vai para o fantástico cabeceamento de Luiz Phellype, nem para os dois golos de Vinícius, nem para o tiraço de André Santos, nem para o meu querido Vitória de Setúbal que, apesar das agonias directivas, lá se vai aguentando na Primeira Liga. O destaque, com todo o mérito, tem de ir para a conferência no final do Belenenses SAD-FC Porto com jogadores e estado-maior do futebol portista a rodearem um árbitro cuja expressão esfíngica deve ter enervado ainda mais os seus desesperados interlocutores. Até Marchesín, excelente guarda-redes que arribou este ano a terras lusas, se sentiu autorizado a interpelar o juiz embora com um comedimento quase cavalheiresco em comparação com as furiosas perseguições que distinguiram gerações passadas do clube de Pinto da Costa.
A parada estava alta. O presidente do clube tinha criticado as arbitragens no dia anterior e é normal que jogadores e equipa técnica procurassem aí a desculpa para mais um tropeção. No final, os adeptos despediram-se da equipa com assobios. Nada que um bom departamento de comunicação não possa transformar numa crítica aos jogadores por não terem pressionado o árbitro com mais veemência, quem sabe aplicando-lhe uns calduços por não ter anulado um golo limpo ao adversário e por não ter dado vinte minutos de compensação. Porém, não quero com isto desmerecer a bonita coreografia oferecida aos escassíssimos espectadores em campo e aos milhares que tiveram o privilégio de a testemunhar na televisão. Houve ali uma harmonia, uma coordenação no assédio à equipa de arbitragem que não pode ser fruto do acaso. Todos, do treinador ao director desportivo, do guarda-redes ao antigo jornalista, conheciam o seu papel e respeitaram as suas marcações. Tivessem mostrado a mesma competência no jogo jogado e teríamos sido privados desta exibição de classe e virtuosismo do Bolshói das Antas na caça ao cisne negro.
Alguns poderão queixar-se desta tendência do nosso futebol para o teatro e o bailado pós-jogo. Não será o meu caso. Para bom futebol, vejo outros campeonatos, outros jogos. Como a estrondosa demolição do Manchester City pelos rivais do United, em meia-hora de futebol vertical e vertiginoso, com Marcus Rashford a comandar sucessivas vagas de ataque que deixaram com náuseas a defesa de Guardiola. Ou a receção milagrosa de Milinkovic-Savic no segundo golo da Lázio contra a Juventus. Ou o golo motorizado do coreano Son pelo Tottenham. Ou os dois golos de Messi contra o Maiorca, dois estupendos pontapés que só parecem banais porque saíram dos pés do argentino. Ou aquela obra de arte definitiva assinada de calcanhar por Luis Suárez. Se uma banana colada com fita adesiva exposta numa galeria de arte vale 120 mil euros quanto não valerá aquele golpe efémero e eterno do avançado uruguaio?
Disse que não queria destacar os dois golos de Vinicius no Bessa, mas já me arrependi. É que me lembrei do meu avançado sem golo, o infeliz De Tomás, ou RDT, tão elogiado pelo empenho defensivo e cuja falta de precisão na hora de atirar à baliza foi elevada por alguns teóricos a uma espécie de qualidade incompreensível para as cabeças modestas dos adeptos da bifana que não conseguem alcançar as virtudes imateriais de um avançado que não marca o raio de um golo. O aparecimento de Vinícius, com a sua obscena facilidade de remate e uma apetência ofensiva para o golo com golpes de primeira ou a dois toques, veio descomplicar o emaranhado científico-futebolístico em que alguns adeptos, na ânsia de salvarem RDT de uma crucificação precoce, se enredaram. Com Vinícius na frente de ataque, o golo voltou a parecer a coisa bela e simples que é, e não a obscura fórmula alquímica desenhada pelos passos e passes de Raúl De Tomás, cujo resultado era, invariavelmente, uma bola a centímetros do poste ou uma estirada impossível do guarda-redes adversário.
No entanto, a resolução simples de um problema aparentemente tão complicado também traz as suas próprias complicações. De repente, RDT não serve nem para as distritais e Vinicius está destinado ao Olimpo. Não sou isento desses exageros. Em certos momentos, o avançado brasileiro lembra-me o seu compatriota a quem chamavam “o Imperador” e que, durante breves temporadas, antes de sucumbir ao peso da sua cabeça leve, foi a encarnação do avançado do futebol moderno. Possante e tecnicista, Adriano era um panzer tropical, com as velhas virtudes do futebol brasileiro couraçadas por um físico de gladiador. Talvez seja um exagero que só os efeitos inebriantes da comparação com RDT poderão justificar. Ainda assim, não será menos descabido do que o de um jornal desportivo que, após o jogo, definia Vinicius desta maneira: “portentoso como Jonas, letal como Seferovic.” Até dou de barato o adjectivo que o compara a Jonas, mesmo que tenha o seu quê de sacrilégio, mas caracterizar Seferovic, um avançado que precisa de seis balas para acertar num coelho e depois ainda tem de o matar à paulada, como letal é de uma grave miopia ou de uma ironia cruelmente desnecessária. “Letal como Seferovic” é o equivalente futebolístico a “mortal como uma constipação” ou “fatal como uma infecção urinária”."

A propósito de gostar de futebol, um exemplo que vem de Manchester

"No zerozero, pela internacionalização da marca, temos o privilégio de trabalhar, nas nossas instalações, com vários elementos dos domínios internacionais. Um deles, o playmakerstats.com, anteriormente comandado pelo Andy Packett, um típico inglês adepto do Aston Villa, é agora orientado pelo Stephen Gillett, a quem chamamos Steve, natural de Reading, de 42 anos, há muitos a viver em Portugal, um acérrimo adepto do Manchester United.
Porquê este apontamento? Porque, há uma semana, em conversa com o Steve antes do jogo do United (então nono classificado, com menos de metade dos pontos do líder Liverpool - 18 para 40) contra o Tottenham (até aí só com vitórias desde a chegada de Mourinho), perguntava-lhe se não havia algum lamento em Manchester pela troca feita há um ano, ou se voltaria a trocar. Por mais penoso que tinha sido o último ano do português em Old Trafford, entendia eu que a equipa poderia ser bem mais competitiva e apresentar melhores resultados.
Mas a resposta dele foi soberba e é sobre isso que aqui reflito: «Claro que não trocava. Podem dizer que não estamos a jogar bem nem a ganhar, mas eu revejo-me em Solskjaer e na equipa. Eles entusiasmam-me e eu tenho vontade de ver os jogos. Como adepto, é isso que me importa. Se calhar, vamos estar muitos anos sem ganhar nada, isso não me importa muito, porque o que eu quero é vê-los a jogar de forma apaixonada e ver também os novos miúdos aparecerem na equipa. It's the journey, not the destination, mate».
Recolhi, voltei ao meu lugar e retive. É esta a mentalidade que gosto e, por vezes, tão engolido num futebol resultadista e pouco voltado para os méritos principais que os adeptos procuram, até me esqueço de tal. E é bom senti-lo, vindo de um dos clubes que mais vi ganhar até ao momento, e que se poderia considerar em crise profunda. Não ganha, faz sentido. Mas entusiasma os adeptos, portanto perde sentido.
Veria, depois, que o United ganhara ao Tottenham e pensei no quão entusiasmado terá ficado o Steve. E, no fim de semana, perante a hipótese de ver o dérbi de Manchester, encostei-me no sofá com aquela mensagem no pensamento. Provavelmente, a pensar que o desequilíbrio de forças e de dinâmicas entre as duas equipas resultaria numa vitória da equipa de Guardiola. Folgada, porque não?
À medida que o jogo se desenrolava, com vantagem dos red devils, ia bebendo ainda mais daquela filosofia. Claro, também é mais fácil assim, mas... Efectivamente, havia paixão, havia entusiasmo e havia comprometimento na equipa. Era um dérbi, talvez isso o inflacionasse. Mas havia também coragem para ter bola, para tentar o terceiro quando o City apertava e para bloquear o adversário na medida legal e leal. Havia também uma notória destreza de uma nova geração, composta por Wan-Bissaka, McTominay, Lingard, Daniel James e sobretudo Rashford, capaz de se solidificar e de devolver alguma grandeza de conquistas ao poderoso United - não ao nível da Class of'92 (Beckham, Giggs, Scholes e os Neville), muito provavelmente. E então? Entusiasmante.
Acabei o jogo sem falsas ideias. Não acho que se aproxima uma retoma do United a curto prazo, muito menos acho que já está ao nível do rival, não me parece que aquele jogo, se se realizasse amanhã, voltaria a ser ganho pela equipa de Solskjaer. E daí? Acabei-o com a certeza de perceber a razão para aquela filosofia do Steve.
«It's the journey, not the destination, mate!»"

Liga NOS vida selvagem

"Conseguimos vê-los na fotografia aqui mais acima, a conversar uns com os outros, um deles com a bola no pé, até meio alheados do que se passa - o que é bom, na verdade. Eles chamaram-me a atenção porque, ultimamente, temos tido dias recheados de peripécias com apanha-bolas. Primeiro foi José Mourinho, no Tottenham, a recompensar a clarividência de um deles, no jogo, na conferência pós-jogo e até no treino seguinte, onde o rapaz foi convidado a estar; e este fim de semana foi Duncan Ferguson, o treinador que ficou, interinamente, a tomar conta do Everton depois da saída de Marco Silva, que celebrou efusivamente um dos golos da equipa frente ao Chelsea com um apanha-bolas.
Ambas as situações descritas ocorreram na Premier League e isso não é, na verdade, coincidência ou sequer surpreendente: há outro campeonato no qual o futebol e tudo o que está à sua volta seja tão valorizado? Não creio (ao contrário do que disse recentemente Jorge Jesus, do alto da sua soberba - está um homem mudado, diziam eles... então não).
Este fim de semana, em entrevista publicada na edição semanal do Expresso, João Pedro Sousa, que esteve na Premier enquanto adjunto de Marco Silva, entre 2016 e 2019, contava-me que, à chegada a Inglaterra, a organização da prova realizava reuniões com todos os novos intervenientes que a ela se juntavam, para lhes explicar o que era a Premier League, como se valorizava, quais eram as regras e que objectivos tinham. Todos os que não seguissem a linha indicada, estariam a ir contra o espírito da prova e seriam duramente castigados.
E assim chegamos aos apanha-bolas do Belenenses SAD (será que são do Belenenses SAD ou do Belenenses? Dúvidas (im)pertinentes)-FC Porto, que foram brindados com um excelente espectáculo no relvado do Jamor, não durante os 90 minutos, mas já após o apito final. Que, diga-se, não é espectáculo exclusivo às cores em questão, mas costumeiro por muitas das cores que entram num relvado em Portugal, entre comunicados, queixumes e dramatizações, com a assistência até de quem deveria promover o jogo mediaticamente, mas que não tem "juízo" para mais.
É assim a nossa Liga NOS. Mais vale os nossos apanha-bolas verem o United a surpreender o City, Messi a marcar como se nada fosse, Suárez a inventar soluções de predestinados, Ronaldo a continuar a somar golos, Joaquín a fazer história aos 38 anos, etc, etc, etc. Para ver esta Liga portuguesa, só mesmo como quem vê um documentário sobre a vida animal.

O Que Se Passou
A notícia do dia, é obviamente, a exclusão da Rússia das principais provas desportivas, por quatro anos. Noutras notícias: no Everton saiu um português e pode entrar outro; Bruno Fernandes continua a ser falado para todo o lado; Luís Neto ficará fora dos relvados cerca de dois meses; o Cruzeiro desceu mesmo, pela primeira vez; e Joaquín fez-nos sorrir, aos 38 anos. Por fim, mas não menos importante, bem pelo contrário: morreu Rogério "Pipi"."

O surgimento clube de veteranos do Atletismo que já conta com meio século

"Para que conste em memória futura na História do Atletismo Veterano o seu “nascimento” teve origem no Clube de Veteranos do Atletismo (CVA), fundado em 21 de Novembro de 1969. É um órgão ligado à Federação Portuguesa de Atletismo, com funcionamento autónomo em todos os seus aspectos, nomeadamente os administrativos e orgânicos.
Curiosamente, desde o ano de 2009 que tem a designação de Associação Nacional de Atletismo Veterano (ANAV), segundo a escritura outorgada no cartório no dia 25 de Fevereiro do ano 2010. 
Com um início modesto e agrupando alguns ex-atletas federados, a sua criação terá sido uma consequência das jornadas de confraternização efectuadas anteriormente, à data da sua fundação, por elementos ligados à Federação Portuguesa de Atletismo, Associação de Atletismo de Lisboa, Comissão Central de Juízes de Atletismo que efectuavam renhidos encontros de Atletismo fomentando a ideia da competição entre os veteranos, seguindo o exemplo de países desenvolvidos, culminando com a tradicional almoçarada, tendo caminhado e incrementando-se com o movimento "Desporto para Todos", considerando o aspecto das corridas de "Endurance".
O CVA teve a sua primeira reunião no dia 18 de Outubro de 1969 do século passado, na Casa do Alentejo em Lisboa. Estiveram presentes, Alfredo Ferreira, Orlando Silva, Dídio de Aguiar, Moniz Pereira, Eduardo Cunha, Fernando Ferreira, Abel Vieira, Rocha dos Santos, Adriano Gomes e Fernando Marques. Foram estes os fundadores em 1974 no Centro de Estágio da Cruz Quebrada e teve a sua primeira sede na Rua do Sol ao Rato, nº 17, 4º Drtº em Lisboa.
Em face da inexistência de dados sobre a participação portuguesa nos Campeonatos de Veteranos, quer da Europa, quer do Mundo, propus-me à realização de uma investigação com o objectivo unicamente de transmitir ao CVA o laborioso trabalho de pesquisa e compilação, para colmatar tal lacuna, sendo o mesmo de grande utilidade para quantos se interessam e venham a interessar pelos respectivos acontecimentos. O meu intuito foi ajudar; se o consegui, sentirei que o meu esforço valeu a pena.
A 26 de Setembro de 1971, foi realizado no Estádio Nacional o primeiro Campeonato Nacional com a presença de três dezenas de atletas.
Em 1975, foram alterados os Estatutos, permitindo a participação de pessoas com mais de 35 anos, que nunca tivessem praticado Atletismo, para em Dezembro de 1976 na Assembleia Geral para eleição da Comissão Directiva (CD) para o biénio 1976/78, os Veteranos estarem agrupados em duas classes: Classe A, 45 anos em diante e Classe B dos 35 aos 44 anos.
Em Janeiro do ano 1977, foi criado o Departamento Técnico, formado por Fernando Ferreira, Tomaz Paquete e Mário Paiva. No ano de 1978, com a entrada em vigor de novos Estatutos, passaram a vigorar as seguintes categorias: Veteranos A (+ 45 anos). A partir deste ano, esta Categoria passou para B. Veteranos B (35 aos 44 anos), tendo esta categoria passado para A. Pré-Veteranos: Classe A, dos 30 aos 34 anos. Classe B, dos 35 aos 39 anos. Veteranos: Classe 1 A, dos 40 aos 44 anos; Classe 1 B, dos 45/49; Classe 2 A, dos 50/54; Classe 2 B, dos 55/59; Classe 3 A, dos 60/64; Classe 3 B, dos 65/69; Classe 4 A, dos 70/74; Classe 4 B, dos 75/79; Classe 5 A, dos 80 anos em diante.
No ano de 1978 foi a estreia de medalhas para os portugueses no Campeonato Europeu. Péricles Pinto em Viareggio (Itália), trouxe as medalhas de Ouro no Salto em Comprimento e Prata no Salto em Altura em M40. Neste ano a organização entregou medalhas de Bronze aos atletas classificados na 3ª, 4ª e 5ª posição. Assim, receberam medalhas atletas que alcançaram o 4º lugar: Armando Aldegalega, nos 5.000 metros (M40), Dino Capitão nos 200 metros (M45), Eduardo Cunha no Martelo (M50) e António Ruivo na Maratona em M55.
No ano de 1980 deu-se início ao Veterano do Ano, tendo o título sido atribuído a António Ruivo. 
Carlos de Oliveira, em 19 de Dezembro de 1981, foi eleito para a CD por impossibilidade de Jaime Cordeiro, um dos seis membros eleitos, para o biénio 1981/82. José Elias entrou na CD no dia 8 de Fevereiro de 1982.
As eleições para o biénio 1983/84 foram realizadas no dia 18 de Dezembro de 1982. Também nesta reunião foram apresentadas sugestões para o emblema do Clube de Veteranos de Atletismo.
Em Maio de 1985, Alfredo Ferreira entrou para a CD e António Ruivo entrou também em Agosto de 1987.
Uma nova CD do CVA foi formada em 16 de Abril de 1988 para a época de 1988/89, com os seguintes elementos: Presidente, Fernando Ferreira; Vice-Presidente, Fernando Boquinhas; Secretário, Carlos Oliveira; Tesoureiro, António Ruivo; Vogal, Péricles Pinto; Vogal, Tomaz Paquete. A partir de 13 de Janeiro de 1990, foram substituídos da CD do CVA, Fernando Boquinhas por Herédio Costa e António Ruivo por Albertino Atalaia.
No ano de 1990, mais precisamente no dia 15 de Dezembro, o Clube de Veteranos de Atletismo de Coimbra (CluVe) dava os primeiros passos com um grupo de 60 elementos fundadores e hoje decorridos quase três décadas, apresenta anualmente uma grande actividade desportiva.
Nova CD do CVA foi empossada em 9 de Janeiro de 1993: Presidente, Fernando Ferreira; Vice-Presidente, Albertino Atalaia; Secretário, Jorge Almeida; Tesoureiro, Péricles Pinto; Vogal, Jaime Cordeiro; Vogal, Luís Filipe Duarte.
Neste ano, teve início o título de Dedicação do Ano, atribuído a Eduardo Almeida.
Na Assembleia Geral Ordinária de 29 de Janeiro de 1994, João Marreiros (M45), considerando que desde 18 de Dezembro de 1982, quando da apresentação de sugestões para o emblema do CVA, o mesmo ainda não existia, apresentou uma proposta para emblema, para que a mesma fosse sujeita a votação, tendo obtido a seguinte votação: 14 votos a favor, com 7 contra e 3 abstenções.
Ficou assim aprovado o emblema, composto de três círculos entrelaçados, com as iniciais do Clube de Veteranos de Atletismo, nas cores de Vermelho (C), Amarelo (V) e Azul (A), constando também no emblema a data da sua fundação. Curiosamente, João Marreiros entrou para o Clube de Veteranos do Atletismo em 1983 com a licença nº 497, para em 1989 passar ao nº 127, e no ano de 1995 com a revalidação nº 87. No ano de 2010 o seu Cartão de Sócio tinha o número 37, já na Associação Nacional de Atletismo Veterano.
Conforme mencionado anteriormente, ofereci o meu trabalho em Novembro de 1994, quando das Bodas de Prata do CVA, à Federação Portuguesa de Atletismo e ao Clube Nacional de Atletismo (nova designação), com a investigação efectuada desde o primórdios até ao Campeonato do Mundo (1995) que se realizou na cidade de Buffalo nos Estados Unidos da América e Campeonato da Europa (1996) realizado em Malmoe na Suécia.
Sabemos que é importante recordar e é importante fazer história, mas o tempo na sua célere correria, vai apagando da memória dos homens, grande número de factos e eventos que, podendo hoje não ser ou parecer relevantes, podê-lo-ão ser amanhã se ficarem registados.
Neste ano de 2019, o Clube de Veteranos de Atletismo, Clube Nacional de Atletismo e Associação Nacional de Atletismo Veterano, completam 50 anos de idade, atingindo a idade da maturação, a idade do entusiasmo, dos esforços gerais e consentidos, de trabalhos de sacrifício, de todos que contribuíram para este meio de século de existência.
Incentivando uma movimentação dos veteranos que se julga, se não a única, mas a mais organizada entre todas as modalidades desportivas, o Atletismo iniciou em 1975 em Toronto (Canadá) a organização dos Campeonatos Mundiais, com a corrente designação World Masters Athetics-WMA, seguindo-se a criação de uma Associação Europeia (European Masters Athletics-EMA) cujo primeiro campeonato continental teve lugar em Viareggio (Itália) no ano de 1978.
Os veteranos portugueses iniciaram a sua participação nestas competições no Mundial de Gotemburgo (Suécia) no ano de 1977, com as presenças de Moniz Pereira e Eduardo Cunha, tendo o primeiro conquistado duas medalhas de bronze nas provas de Salto em Comprimento e Triplo-Salto, e o segundo alcançou o 4º lugar no Lançamento do Martelo.
Segundo a página da Associação Nacional de Atletismo Veterano, consultada no dia 8 de Dezembro do corrente ano, em 10 competições de Atletismo entre Europeus e Mundiais, constam 429 medalhas de Ouro, 362 de Prata e 288 de Bronze.
Terminamos, dando os parabéns a quem hoje participa em provas de Veteranos, com o sentido reconhecimento de quem participou e já não estão entre nós."

Exibição de mão-cheia

"Que grande exibição da nossa equipa na passada sexta-feira no Bessa, frente a um Boavista que entrara na jornada enquanto quinto classificado e tinha a terceira defesa menos batida do Campeonato (ainda não havia sofrido mais de um golo em qualquer das doze jornadas anteriores).
Desde o primeiro minuto, com humildade, ambição e, sobretudo, muita qualidade, a nossa equipa dominou o jogo conseguindo uma goleada, por 1-4, que representou na perfeição a sua superioridade em campo. Desde 1976 que não marcávamos quatro golos ao Boavista no Bessa.
Mais uma vitória, a 12.ª em 13 jornadas, e o reforço da liderança isolada para quatro pontos, tendo em conta o empate portista no Jamor frente ao Belenenses, SAD. O Benfica continua com o melhor ataque (Vinícius, com 10 golos, e Pizzi, com 9, são os melhores marcadores da prova) e a melhor defesa do Campeonato (o nosso melhor desempenho nas últimas 29 temporadas).
Saliente-se ainda que esta vitória no Bessa foi a 15.ª consecutiva em deslocações no campeonato, igualando o segundo melhor registo da história do Benfica. E também o facto desta série notável de triunfos ter sido alcançada desde que Bruno Lage assumiu o comando técnico da equipa, ou seja, praticamente no início de 2019.
Mas hoje temos mesmo que, excepcionalmente, não falar apenas em nós.
É que nunca, como nesta jornada, foi tão evidente a pressão exercida sobre as equipas de arbitragem de quem anseia desesperadamente por um regresso a um passado de triste memória.
Dizer que só os burros e os estúpidos falam de arbitragem era toda a divisa de quem se habituou a decidir nomeações, a premiar com viagens e fruta os mais fiéis servidores e para quem o VAR só é bom, por exemplo, como aquele que existiu na famigerada meia-final da Taça da Liga da época passada.
No jogo que ficou marcado como um dos momentos mais negros do futebol português, ninguém ouviu o presidente e o treinador do FC Porto falarem do VAR, quando todos assistimos à falta sobre Gabriel que deu o primeiro golo ao FC Porto, à carga de Marega a anteceder o segundo golo ou à incrível anulação do golo do Benfica por um fora de jogo fantasma que daria o 2-2. Aí o VAR era exemplar e bom.
Ou sobre todos os erros de arbitragem que permitiram que, na época passada, o FC Porto beneficiasse de mais dez pontos do que deveria ou, já este ano, dos erros que lhes trouxe vantagens nos jogos com V. Guimarães, Santa Clara e Portimonense.
A pressão exercida nesta jornada antes, durante e após os jogos, está em linha com a célebre invasão do centro de treinos de árbitros, as ameaças sobre a progressão das suas carreiras, seus bens e seus familiares, o uso de material resultante do cibercrime para, deturpando-o, criar uma ficção, de quem, ano após ano, procura, através desta estratégia, compensar sucessivos insucessos desportivos e tapar os olhos aos seus associados sobre como foi possível chegar ao ponto de estar sob intervenção da UEFA e só ganhar um Campeonato e uma Supertaça nos últimos seis anos em 24 títulos e troféus possíveis.
O discurso do ódio, de levantamento de suspeitas contra tudo e contra todos, o querer responsabilizar sempre os outros pelas suas próprias falhas e pelos jogos menos conseguidos que naturalmente todas as equipas têm, em conjunto com a arrogância de quem, na época passada, com a vantagem adquirida já se assumia campeão, ou mesmo nesta já se gaba do mesmo, é o melhor exemplo para nós sabermos que, apesar da pequena vantagem obtida, nada, mas mesmo nada, está ganho e, até por experiência própria, ainda falta muito, mas muito, campeonato.
E falamos com a autoridade de quem na única derrota que sofreu até agora no Campeonato não ter tido problemas em reconhecer o mérito, por essa vitória, ao FC Porto, sem inventar desculpas e subterfúgios.
Da nossa parte fica o compromisso de, com humildade, muito trabalho, união e foco em nós, procurarmos continuar a obter os resultados e os títulos que todos desejamos. #PeloBenfica"

Treino...

Cadomblé do Vata (Os agressivos...!!!)

"O mote do que vai ser a época está dado: quando o FC Porto empatar contra equipas pequenas, Sérgio Conceição vai perder as estribeiras; quando o Benfica empatar contra equipas pequenas... bem, não sabemos o que Bruno Lage vai fazer, porque isso ainda não aconteceu este ano. A sanha aos árbitros no momento do desaire é hábito geral, nem vale a pena condenar, sob risco de poucas jornadas mais tarde vermos o mesmo desplante sair da boca dos homens da nossa casa. Onde o Sr. Sérgio inova é no tratamento dispensado ao adversário e no trauliteirismo que nos leva a pensar que não só os portistas, mas também Portugal e o Mundo inteiro estão em dívida para com o pai do Rodrigo.
Não há jogo falhado ou conseguido, onde as queixas de "adversário agressivo e competitivo" não se oiçam, sempre com o respaldo semanal daquele rapaz que nos deve 2 milhões de biscas. O "adversário" dos anjos portuenses abusa constantemente do vergonhoso recurso à falta, mesmo que invariavelmente, sejam mais vítimas do jogo faltoso portista do que réus no ataque à canela rival. Para que se entenda como as vítimas de "adversários agressivos" conseguem inundar a opinião pública com aldrabices, vejamos apenas alguns casos, que podemos chamar de caricatos, com estatísticas Goalpoint que espero ter visto bem: no empate contra os caceteiros do Jardim do Atlântico, Pepe e seus pares cometeram 20 faltas, sofrendo 17; no encontro caseiro contra os trauliteiros Açorianos os Maregas da vida distribuíram 25 acções faltosas, recebendo 11 em troca; ainda com a memória fresca do Futebol Sarrafo que levamos de vencida na sexta feira, atentem que os pobres boavisteiros foram desbaratados com 16 sapatadas, das quais só devolveram 14; para o fim da conversa (que não significa o término da estatística de jogos em que as vítimas foram mais agressores) deixei o créme de la créme dos "adversários agressivos": os 10 desgraçados vimaranenses que antes de serem apenas 9, discutiram jogo no Dragão, levaram 20 faltas para o Berço da Nação, deixando por terras Invictas apenas 7, mas quase todas bem "agressivas e competitivas" certamente, porque apenas 3 foram não valeram cartolina ao talhante infractor.
A carta branca que o técnico portista tem para despachar reputação alheia para os sítios mais recônditos do profissionalismo e do fair play é um constante atestado de incompetência à imprensa que se limita a bombardear os portugueses com o ramerame andrade, sem nunca praticar o devido e exigível contraditório, a fim de demonstrar quão estúpida é a argumentação azul e branca. Talvez a agressiva postura do treinador portista instile medo nos jornalistas. Ou então a cagufa vem pelo histórico: nunca se sabe o que pode fazer a um periodista, alguém que já esteve 4 meses suspenso por agressão e insultos a um árbitro na Bélgica."

Asno?!

Benfiquismo (MCCCLXXVII)

Amigos...!!!

Empate em Santa Maria da Feira...

Feirense 1 - 1 Benfica B


Boa 2.ª parte, salvou o empate, depois de um primeiro tempo, pouco conseguido, onde concedemos um penalty evitável..
Num jogo, onde apresentámos algumas alterações a pensar no jogo de Terça na Youth League... e onde o Rafael Brito regressou após algumas semanas de fora...

Pizzi: 250 jogos do “mal-amado”

"No passado dia 30 de Novembro, no jogo frente ao CS Marítimo, Luís Miguel Afonso Fernandes, conhecido no mundo do futebol por Pizzi, atingiu a marca de 250 jogos com a camisola do Sport Lisboa e Benfica. O médio português marcou 61 golos nestas 250 partidas, superando Rui Costa, Shéu Han, João Alves e Carlos Manuel, ficando apenas atrás de Mário Coluna, que fez abanar as redes 81 vezes no mesmo número de jogos.
Ao longo das seis épocas nas quais representou o Benfica, Pizzi foi campeão nacional por quatro vezes, conquistou duas Taças da Liga, uma Taça de Portugal e três Supertaças. Durante este período, o camisola ’21’ foi consistentemente o melhor jogador do Benfica e um dos melhores a actuar em Portugal.
Mesmo contando já com este currículo invejável, a importância que Pizzi tem no jogo dos encarnados continua a ser ainda muito subestimada. O tratamento dos adeptos encarnados ao internacional português é, por vezes, muito injusto.
Em termos objectivos, o SL Benfica não alcançou a vitória em sete partidas esta temporada. Em três dessas sete, Pizzi não foi titular e em mais duas (ambas frente ao Leipzig) os encarnados sofreram golos decisivos, que custaram pontos, já sem o internacional português em campo. Frente ao FC Zenit, em São Petersburgo, a tendência manteve-se, tendo a equipa das águias sofrido mais dois golos já sem Pizzi no relvado.
É certo que estes dados estatísticos valem o que valem, mas a importância ofensiva que Pizzi tem no jogo da equipa de Bruno Lage é por demais evidente. Em ataque posicional, é normalmente por Pizzi que passam as funções de organização de jogo (o jogador toca na bola 71 vezes por jogo). É através dos pés da camisola ’21’ que a bola chega aos sectores mais ofensivos da equipa. O dinamismo que Pizzi tem na sua posição, sobretudo desde a sua colocação a interior direito, faz com que a equipa encarnada tenha um jogo mais fluido e menos posicional.
Esta “deambulação” posicional (contida obviamente) permite a Pizzi aparecer muitas vezes em zonas mais interiores e frontais que lhe permitem somar golos e assistências, com mais facilidade. A entrada de Chiquinho na equipa permitiu que Pizzi ocupasse zonas mais interiores, fruto de trocas posicionais com o próprio Chiquinho. Em certos jogos, o camisola ’21’ das águias aparecia muito encostado ao corredor, o que lhe retirava as suas maiores qualidades: a capacidade de passe e o seu QI futebolístico.
No entanto, a importância de Pizzi é mais perceptível precisamente nos jogos em que o internacional português não vê qualquer minuto em campo. Pegando como exemplo a derrota frente ao O. Lyon, onde vimos um Benfica sem ideias e sem um verdadeiro criativo. Perante a forte pressão dos rápidos avançados da equipa francesa, o Benfica sentia grandíssimas dificuldades em construir o jogo a partir de trás, vendo-se obrigado a bombear bolas na frente de ataque. Pizzi teria sido fundamental para quebrar a primeira linha de pressão dos franceses e impulsionar o ataque dos encarnados. Após a sua entrada, o Benfica subiu consideravelmente de nível e chegou mesmo ao golo.
O contrário também é aplicável. Quando Pizzi está em campo, mas está longe do seu melhor, a equipa ressente-se fortemente. A criatividade do jogador e o seu pensamento do jogo são fundamentais para o rendimento do SL Benfica. No fundo, Pizzi é um número ’10’ desviado à direita.
Uma das qualidades que Pizzi mais tem demonstrado nos últimos anos é aquilo a que os americanos chamam de gene “clutch”, ou seja, a capacidade de ser decisivo nos momentos do jogo que realmente importam.
Quando parece que o médio português está a embalar para uma pálida exibição, lá aparece nos momentos fulcrais fazendo uma assistência repentina ou empurrando a bola para o fundo da baliza. Se há época em que tem sido evidente esta capacidade de assumir o jogo e ser o factor decisivo tem sido precisamente esta. Nesta temporada, Pizzi leva já 15 golos marcados (igualou o seu máximo de carreira) e 8 assistências em apenas 22 jogos, números absurdos para o médio.
Uma das críticas de que Pizzi mais é alvo é o seu “desaparecimento” em jogos decisivos. Para mim, este fenómeno é de fácil explicação. Não é difícil identificar Pizzi como o motor do jogo ofensivo das águias, logo os treinadores adversários procuram sempre impedir que Pizzi imponha o seu jogo de forma natural. Cabe a Pizzi e ao treinador do SL Benfica encontrarem forma de evitarem estes entraves. O que é certo é que, muito dificilmente, a equipa será mais produtiva sem Pizzi em campo. 
A relação de Pizzi com os adeptos é um caso de estudo. Quando o Benfica tem exibições menos conseguidas passam por Pizzi a maior parte das críticas. Se, pelo contrário, Pizzi não tiver figurado do jogo e o resultado for igualmente negativo os adeptos questionam a sua não-utilização. Enfim, as clássicas contradições de um adepto de futebol.
Pizzi não merece de todo esta mentalidade de “bestial a besta”. As suas exibições e os seus números falam por si. Pizzi é neste momento absolutamente imprescindível e merece mais reconhecimento e apoio do universo encarnado."

A História Gloriosa - #7 As finais europeias perdidas e o domínio interno | 1964-1974

Do Bessa à Europa

"Um europeu que se anunciava para toda a Europa ver, passou a ser, por sortilégios inconfessáveis, um Europeu em que sete selecções jogam em casa!

1. Na sexta-feira, ao colinho de milhares de fiéis adeptos, o Benfica ultrapassou, com classe e com garra, uma aguerrida equipa do Boavista. Da Covilhã ao Bessa foi um salto imenso. Na Serra da Estrela, tão linda pintada de branco, foi uma relativa desilusão. No Bessa, ali olhando para o Douro que crescentemente seduz, foi uma mistura entre capacidade e qualidade, entre nora artística e vitalidade, entre colectivo e rasgos individuais. E, lá na frente, Carlos Vinícius voltou a brilhar. E a marcar. E a mostrar o seu faro de golo. Vi-o pela primeira vez, há anos, num jogo do Real de Massamá/Monte Abraão. Já aí me impressionou. Mas agora está a mostrar, a todos, -incluindo a alguns cépticos e a outros que eram críticos - que o Benfica fez uma aquisição ajustada e com grande potencial. Ele e Pizzi vão marcando e vão criando as condições para um Benfica liderante no âmbito interno, e por excelência, na Liga NOS. Agora, e com este ciclo infernal de jogos até ao Natal, - diria, em rigor, até no dia do jogo face ao Sporting de Braga para a Taça de Portugal - a atenção e dedicação totais têm de se centrar, na terça-feira próxima, na luta pela participação nos dezasseis avos de final da Liga Europa. O Zenit é superável. E na Luz, com o calor das bancadas, temos de agarrar a Europa. Do Bessa à Europa é, também, e nestes tempos, um salto. Tão intenso quanto imenso!

2. Há circunstâncias que nos vinculam a memórias. Falo da renúncia de Lisboa - e ao que sei também do Porto - às candidaturas de cidades anfitriãs do Europeu de 2020. Seria, escutei, um Europeu que se realizaria entre doze cidades de outros tantos países de forma a levar as grandes selecções, e logo os seus grandes nomes, a novas cidades e dos adeptos apaixonados deste futebol que nos motiva e atrai, que nos seduz e nos deslumbra. Com excepção, diga-se, destas comissões milionárias que, entre nós, atingem patamares exorbitantes! Mas após o sorteio da fase final do Europeu de 2020 direi que a renúncia de Lisboa - e também do Porto - partiu de uma meia verdade. O que vejo do sorteio é que as grandes selecções jogam em casa! Foi um sorteio à medida. Justa. A Itália joga três vezes em Roma. A Rússia duas vezes em São Petersburgo e uma em Copenhaga. E a Dinamarca três vezes em... Copenhaga. A Holanda três vezes em Amesterdão e a Inglaterra três vezes em... Londres! A Espanha três vezes em Bilbau e a Alemanha três vezes em... Munique. Como nem a Bélgica, nem a França nem Portugal tiveram candidaturas, tornaram-se, assim, e deste Europeu de comemoração, selecções visitantes! Como, aliás, a Croácia. E Baku no Azerbeijão recebe o País de Gales, a Suíça e a Turquia e Bucareste (Roménia) sabe que, por ora, verá a Ucrânia e a Áustria. Ou que Dublin receberá, também por ora, a Suécia e a Polónia. Só Budapeste (Hungria) sabe que verá um grande e decisivo jogo: o Portugal - França que no dia de São João de 2020 poderá ser determinante para as contas finais do grupo da morte - ou do amor na terminologia francesa! - que junta, por ora, Alemanha - que joga em casa! - França e o campeão da Europa em título, Portugal. E, assim, um Europeu que se anunciava para toda a Europa ver, passou a ser, por sortilégios inconfessáveis, um Europeu em que sete selecções jogam em casa! E logo têm, à partida, uma relativa vantagem! A questão, para mim, é a memória. E sei bem o que escutei. E não preciso, por ora, e graças a Deus, de nenhum remédio... para a dita memória! E sei que ela, neste sábado de Dezembro, me assaltou, na sua singeleza, no aconchego da lareira!

3. Salvo inesperados resultados e imprevistas combinações -  que alguns de nós sonhamos... - a final four da Taça da Liga, em finais de Janeiro de 2020, receberá em Braga quatro equipas de uma cativante proximidade e de uma indiscutível rivalidade. Acredito que Entre Douro e Minho preencherá o lote das equipas participantes nesta competição organizada pela Liga Portugal e que integra, com toda a legitimidade, o calendário do futebol português. Futebol Clube do Porto, Sporting de Braga, Rio Ave e Vitória de Guimarães estão com pé e meio na final four. Sem que ignoremos o Chaves ou o Portimonense, o Paços de Ferreira ou o Sporting da Covilhã, ou, até, e numa combinação perfeita de resultados, Sporting e Benfica! Mas que será uma final four diferente não temos dúvidas. O que será bem estimulante e bem interessante. E com a cidade de Braga a receber muitos vizinhos, mesmo aqueles cuja proximidade é acrescida rivalidade! E levará, em termos de opinião acerca desta Taça, alguns que são críticos a rever a sua posição e outros que eram dedicados a reduzir a sua... paixão. E são estas mudanças, que não climáticas, que tornam o mundo do futebol tão interessante. De besta a bestial é um instante. Como se prova, com Jorge Jesus o minuto... noventa e dois! Terrível aqui. Bendito na Libertadores!!! Mesmo libertador, diríamos!

4. Vou falar do Ruanda. Um pequeno, pobre e martirizado Estado africano. No coração de África e com pouco mais de doze milhões de habitantes. Sujeito a uma guerra civil com milhões de mortos. Em Maio de 2018 celebrou um contrato de patrocínio com o Arsenal, pelo período de três anos, e com um valor, leio, de 35 milhões de euros para promoção turística. E assumindo que o turismo é a sua principal fonte de divisas! Agora celebrou - na passada quarta-feira - um acordo similar com o PSG. O valor é, agora, de 10 milhões de euros e o objecto é, igualmente, a promoção turística e dos produtos do Ruanda. Como li esta semana no jornal espanhol El País o «Ruanda combate a pobreza pagando futebol de luxo»! E, assim, com diferentes ajudas de Estado - do Catar ao Ruanda... - se está a construir o fair play financeiro na Europa... do futebol! Até já de África chegam... ajudas de Estados. A clubes que já são de Estados!!! E nada se diz e nada se faz!!! Por amor da Santa! Qualquer que ela seja!!!

5. Campeões do Mundo de futebol de praia. Mais um título para Portugal e mais um bonito troféu na acolhedora Cidade de Futebol. Parabéns à Federação Portuguesa de Futebol, à estrutura técnica - já sem bigode o Mário Narciso! - e aos jogadores e, neles, cumprimento efusivamente o Madjer. Como o escutei só falta uma maior visibilidade à nossa competição interna. E, logo, a chegada de Futebol Clube do Porto e do Benfica! Bom domingo!"

Fernando Seara, in A Bola

Literatura e desporto

"O jornal A Bola tem uma tradição invulgar no que se refere à relação tão rara entre desporto e literatura

Golos de letra
1. «O peso reconduz os corpos ao início do voo»
Carlos Oliveira
O livro de Vítor Serpa, Golos de Letra - que tive o prazer de apresentar juntamente com outros companheiros - é um belo passeio pela literatura de língua portuguesa e pela forma como esta entra no âmbito do desporto e do futebol.
Vítor Serpa fala dos grandes escritores que se aproximaram do desporto e do futebol, mas não esquece, claro, os grandes jornalistas do desporto que escrevendo sobre bola, corrida e saltos se aproximaram da literatura pelo qualidade da escrita e pela elegância e humor. Tantos jornalistas do jornal A Bola como Carlos Pinhão, claro, mas também Cândido de Oliveira e Vítor Santos, estes últimos, dois dos fundadores que, num outro tom, mais de especialista, também tiveram esse altos cuidados com a escrita; e sim, também de forma evidente, Homero Serpa, pai de Vítor Serpa, lembrando por Mário Zambujal, no próprio dia do lançamento deste livro, como um grande cuidados da língua e do estilo.
Vítor Serpa, aliás, evoca sempre com humanidade, nostalgia, e afecto o seu pai. Lembra, por exemplo, os longos encontros de Homero Serpa com Craveirinha (Craveirinha que escreveu, sobre as muitas vezes em que esteve preso: «qualquer ninguém depois de ser preso torna-se alguém...», numa inteligente e modesta desvalorização de si mesmo e do seu percurso na prisão e fora dela); relatos dessas conversas que muito terão também marcado o filho de Homero, nome que já evoca o primeiro dos poetas gregos.

O salto em altura
2. O livro Golos de Letra tem para  mim algumas absolutas revelações. A maior talvez seja esta: Salto em altura um dos grandes poemas da literatura portuguesa, de Carlos Oliveira (senhor mestre bem além do estrito neo-realismo, que tem livros como Finisterra, clássicos pouco conhecidos, mas essenciais) surgiu pela primeira vez no jornal A Bola. Dois versos desse poema, já clásico:
«O peso reconduz os corpos
ao início do voo»
Um poema notável que deveria fazer parte da biblioteca obrigatória de qualquer leitor.
O jornal A Bola tem realmente uma tradição invulgar no que se refere à relação tão rara entre desporto e literatura. Aliás, só recentemente: dois outros livros de ficção, Há vida nas Estrelas também de Vítor Serpa e A vida dos pontapés de José Manuel Delgado - a quem desejo também a melhor sorte - livros que mostram isso: que a boa tradição e paixão do jornal não se perdeu.
Diga-se ainda que, em Golos de Letra, não se fala apenas de livros.
Há um ritmado capítulo, por exemplo, em que se relembra o modo como a música popular brasileira - desde Chico Buarque a Gilberto Gil, Milton Nascimento e Jorge Ben - entra de frente no futebol. Um dos expoentes máximos é a célebre canção de Chico Buarque:
»Meu caro amigo:
Aqui na terra estão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate o sol
Mas o que eu quero lhe dizer é que a coisa aqui esta preta...»
Bem actual a letra, ainda.
Em Portugal, a nível da música, Vítor Serpa lembra Sérgio Godinho, Vitorino, Ary dos Santos.
Vítor Serpa mostra em Golos de Letra como no Brasil há uma aproximação bem mais simples e potente do escritor em direcção ao futebol e ao desporto. Para Vítor Serpa, a relação da «literatura brasileira com o futebol é mais natural, mais íntima» - Nélson Rodrigues, por exemplo, é incontornável - reconhecendo, porém, que as novas gerações de escritores portugueses se aproximam bem mais deste jogo.

Dois atletas da língua
3. Do livro de Vítor Serpa, dois exemplos maiores do Brasil.
João Cabral de Melo Neto, um dos mais perfeitos poetas brasileiros, poeta da síntese e da clareza, que evita, em absoluto, uma palavra que seja a mais. E que falando da bola - da bola, ela mesmo, a esférica - escreveu:
«A bola não é inimiga
como um touro, numa corrida (...)
é um utensílio semi vivo
de reacções próprias como bicho
e que, como bicho, é mister (...)
usar com malícia e atenção
dando aos pés astúcias de mão».
Dando aos pés astúcias de mão, mais sintético e denso não se pode ser - um belo resumo do futebol.
João Cabral de Melo Neto que, sobre ele uma vez escrevi que não precisava de escrever nenhum poema pois o seu nome era já um verso: João/Cabral/ de Melo/Neto: nome de sonoridade assombrosa. Um dos grandes.
E outro: Drummond.
Carlos Drummond de Andrade e um poema que Carlos Pinhão constantemente lembrava a Vítor Serpa, como o próprio escreve no livro, poema que fala desse voo do craque:
«instantes lúdicos: flutua
O jogador, gravado no ar
- afinal, o corpo triunfante
da triste lei da gravidade».
«A triste lei da gravidade» está como que fora das leis dos grandes jogos e dos grandes atletas.
Nas costas das camisolas dos grandes atletas e saltadores, mas também na melhor literatura de língua portuguesa, como mostra este livro de Vítor Serpa, poderia, então, estar a frase: isentos da triste e velha lei da gravidade. Dois tipos de voo - literatura e desporto - que se juntam neste livro."

Gonçalo M. Tavares, in A Bola

Melhor do mundo

"Em vésperas do anúncio do vencedor da Bola de Ouro 2019, Jorge Valdano escreveu em A Bola: «Há não muito tempo, o Barcelona foi equipa deslumbrante com um génio lá dentro. O tempo foi melhorando o génio e piorando a equipa. O que Messi ainda faz agora ajuda a dissimular a decadência colectiva. É um engenheiro agrónomo pisando cada zona do terreno, tem a visão dum astronauta quando levanta a cabeça, desarma e arma a bola como se fosse um cubo de Rubik cada vez que a toca».
Poderia, no seu estro, dizer mais do Messi, o Valdano - e só isso bastava para mostrar como a Bola de Ouro voltou, justamente, à sua essência: premiar o Melhor Jogador do Mundo (e não premiar o melhor jogador da equipa que ganhou mais ou ganhou o mais importante).
Sim: o Melhor Jogador do Mundo 2019 foi o Messi - e foi o Messi porque se António Lobo Antunes já o dissera:
- Existem três ou quatro coisas importantes na vida: os livros, os amigos, a mulher e o Messi...
O Messi ainda não saiu desse melhor de si - transformando a bola que leva no pé (como se ela estivesse, intocável a outros, lá dentro) em beleza a luz, golo e desconcerto, como mais ninguém faz.
Sim: o Melhor Jogador do Mundo 2019 foi o Messi - e foi o Messi porque se Ricardo Serrado já o dissera:
- Messi é um futebolista que joga no futuro.
O Messi ainda não deixou de jogar no seu futuro, criando, com o seu dom da adivinhação, linhas de horizonte onde outros só veriam becos sem saída - como se, a cada toque ou passe, a cada drible ou remate, ele tivesse a musicalidade dum Mozart, ou a poesia dum Borges.

(PS: Lotina dissera-o também:
- Comparar Ronaldo com Messi é exercício de ignorância futebolística: Messi é Messi e os outros são futebolistas...
e se, ainda ontem, com o Maiorca, o Messi tornou a mostrar que não é deste Mundo, a cada dia que passa vê.se o Van Dijk, o Mané, o Bernardo ou o Salah a serem como o Ronaldo - ou melhores...)"

António Simões, in A Bola

O caso de Emiliano Sala (II)

"Há algumas semanas, demos conta da decisão proferida pela FIFA no caso do jogador Emiliano Sala. Recordemos que o jogador faleceu, cerca de três horas depois da conclusão da sua transferência do Nantes para o Cardiff, num acidente de avião. A transferência já tinha sido, entretanto, anunciada publicamente e na comunicação social, o que fez levantar uma grande celeuma.
A questão jurídica interessante que se colocou de imediato foi a de saber se o valor da transferência teria de ser pago pelo Cardiff ao Nantes, ou não, e se tal valor teria de ser pago na totalidade. A análise deste assunto envolve uma análise profunda acerca da aplicação do princípio pacta sunt servanda (que significa que os contratos devem ser cumpridos), sobre  a tutela da legítima expectativa das partes envolvidas no negócio da transferência dos direitos económicos do jogador e, obviamente, as próprias cláusulas do contrato - que não conhecemos.
Em 25 de Setembro, o Players Status Committee, órgão da FIFA, decidiu que o Cardiff City FC devia pagar ao FC Nantes a quantia de 6 milhões de euros, correspondente à primeira prestação relativa ao cumprimento do contrato de transferência celebrado entre as partes em 19 de Janeiro de 2019 pela transferência de Emiliano Sala.
O clube recorreu desta decisão para o Tribunal Arbitral do Desporto em Lausanne (CAS), sendo que em comunicado emitido por aquela instância foi referido que o Cardiff procura anular a decisão proferida pela FIFA, de modo a não pagar qualquer montante relativo à transferência do atleta.
Ainda de acordo com o mesmo comunicado, a decisão arbitral não será alcançada antes de Junho de 2020."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

Luto pelo falecimento de uma Glória

"Foi com profunda tristeza e pesar que o Sport Lisboa e Benfica e os seus milhões de Sócios, adeptos e simpatizantes tomaram conhecimento do muito triste falecimento de um dos maiores símbolos do nosso clube, Rogério Carvalho (Pipi).

Uma das Glórias que ficarão para sempre na nossa História e na memória de quem durante as décadas de 1940 e 1950 teve o privilégio de assistir às exibições de sonho daquele que é um dos nossos maiores goleadores de sempre e recordista de golos em finais da Taça de Portugal, em que durante 13 épocas no nosso Clube conquistou 10 troféus, com destaque para a Histórica Taça Latina.
Em meu nome pessoal e de todos os Órgãos Sociais do Sport Lisboa e Benfica, apresentamos à família e a todos os seus amigos as mais sentidas e comovidas condolências, por um de nós, que para sempre ficará imortalizado na História e no coração de todos os Benfiquistas."

5 minutos à Benfica - Rogério Pipi

E a história repete-se

"O West Ham UFC, quebrou, no passado fim de semana em Stamford Bridge, uma sequência de oito jogos sem vencer, tendo somado seis derrotas nesse período de jogo. A resposta, tendo em conta a maior parte da comunicação social inglesa e os adeptos dos Hammers, para a questão do porquê de uma queda abrupta nos resultados, bem como para a super vitória no dérbi londrino contra o Chelsea FC, é a mesma: a baliza.
Depois da lesão de craque polaco Lukasz Fabianski nos finais de setembro, a porta da titularidade abriu-se para o número dois da baliza, Roberto Jiménez. Experiente, o ex guarda redes do SL Benfica, foi contratado ao RCD Espanyol depois de uma temporada frustrante onde só realizou seis partidas, vivendo na sombra de Diego López. O guardião espanhol jogou assim oito partidas seguidas, ficando ligado por coincidência ou não, à má série de resultados.
Revelando uma enorme falta de confiança em se exibir ao nível que apresentou no Real Zaragoza SAD, no PAE Olympiacos e no Málaga CF, Roberto regrediu para o nível que apresentou no SL Benfica. Começou de forma instável na baliza do West Ham UFC, apareceram as primeira críticas e dúvidas e o espanhol caiu num buraco de onde não mais se conseguiu levantar.
Um problema mental que já o tinha prejudicado e muito na sua fugaz passagem por Lisboa e que o impede de exibir toda a sua agilidade e espectacularidade entre os postes (onde realmente é um portento, quando está em forma), bem como expõe ainda mais a sua debilidade em jogar com os pés e em sair aos cruzamentos.
Manuel Pellegrini ainda insistiu bastante, mas acabou por ceder à pressão. Encostou Roberto Jiménez e chamou à acção o também experiente David Martin. Atirado às feras para enfrentar o Chelsea FC na sua estreia na Premier League e pelo West Ham UFC (foi contratado ao Millwall FC, de onde era suplente há duas temporadas), o experiente guardião inglês deu a segurança e confiança que faltava à equipa lá atrás e foi a base do sucesso.
Quebraram a série de maus resultados com uma clean sheet num dos estádios mais difíceis do futebol inglês. Num mês de dezembro recheado de encontros, vamos ver se Martin continuará a dar resposta ou se o espanhol ainda recupera o lugar antes da janela de transferências.
Quanto ao polaco Fabianski, Pellegrini bem pode suspirar por ele, pois o regresso só está previsto para meio do mês de janeiro…"