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terça-feira, 31 de julho de 2012

O homem da brilhantina (III)

"É preciso dizer, antes de prosseguir a saga do homem que um dia afirmou ser benfiquista, que a sua acção não se circunscreveu ao Campeonato, nem a jogos do próprio Benfica. Recordemos-nos, por exemplo, da meia-final da Taça da Liga em 2010, e de um penálti evidente perdoado ao PC Porto, frente à Académica, no Estádio do Dragão. Nessa ocasião, acabou por fazer o favor de nos colocar o nosso maior rival por diante,na Final do Algarve, de onde saiu vergado a uma expressiva derrota (3-0).
Na mesma prova, apanhámos com o cavalheiro na Final seguinte. Foi em Coimbra, na Primavera de 2011, num jogo que - entalado entre derrotas com o FC Porto para a Taça de Portugal, e com o SC Braga para a Liga Europa - tinha enorme importância para a estabilidade da equipa e do Clube. Jogávamos com o Paços de Ferreira, e o homem fez uma vez mais questão de exibir os seus predicados. Assobiou para o ar a um penálti do tamanho do estádio a favor do Benfica, ao passo que, na outra área, foi lesto a assinalar uma grande penalidade, que todavia Moreira defendeu. Os 'encarnados' venceram mas, uma vez mais, este árbitro cumpriu aquela que parece ser a sua grande missão: prejudicar o Benfica.

Dois jogos, dois escândalos
Chegamos então a 2011/12. Não será preciso puxar muito pela memória dos leitores, pois todos estarão lembrados daquele que foi o detalhe decisivo da temporada futebolística portuguesa: um golo marcado em duplo fora-de-jogo atribuiu o título nacional a uns (os mesmos de sempre), e retirou-o a outros (igualmente, os mesmo de sempre). Não é de estranhar que o árbitro dessa partida fosse, também ele, o mesmo que esteve em todos os momentos mencionados, desde há três semanas, nestas páginas, e que o seu ajudante tenha tido, também ele, direito a prémio, viajando de pendura até à final da Liga dos Campeões, depois ao Europeu, e depois, à final do Europeu. Quem tanto prejudica o Benfica o Benfica, arrisca-se a tudo isto, e a sabe-se lá que mais.
Esse inesquecível lance (numa bola parada, sem ninguém a tapar a visão) não foi, porém, caso único na época. Aliás, o fulano apitou apenas dois jogos do Benfica no Campeonato, e em ambos fez questão de deixar o seu inconfundível dedo. O primeiro havia sido à 10.ª jornada, em Braga (cidade de Arcebispos e de apagões), onde ele muito fez pela vida. Ainda com zero a zero, deixou passar um penálti claro, quando Luisão foi agarrado e derrubado dentro da área bracarense. Depois, um lance perfeitamente acidental originou um daqueles penáltis que só os predestinados, aqueles que chegam às finais dos Europeus, conseguem descortinar. Emerson estava de costas, não movimentou os braços nem viu a bola partir, mas o Benfica não podia ganhar. A um minuto do intervalo, ora aí estava mais um erro grosseiro de sua alteza árbitro da Final do Euro. Mais um erro grosseiro a prejudicar o Benfica. Mais um resultado subvertido. Como sempre. A apitar desde 2002.
Em apenas dois jogos, três pontos retirados ao Benfica (dois em Braga, mais um no clássico), e três pontos acrescentados ao FC Porto (dois na Luz, e um em Alvalade, onde um fora-de-jogo incrivelmente tirado a Wolfswinkel ajudou os portistas a evitar a derrota). A diferença entre 1.º e 2.º classificados ficou pois, inteiramente, por sua conta. Outros ajudaram (lembro-me particularmente do novo internacional Hugo Miguel, em Coimbra, e também de João Capela, Soares Dias, para além do eterno Benquerença), mas ninguém como o juiz da Final do Europeu conseguiu ser tão decisivo.

Aplausos? Não!
Não me peçam pois para aplaudir. Ser português não é um valor em si mesmo, e até me choca ouvir ou ler benfiquistas a passar por cima de tudo o que aqui me lembrei, concedendo-lhe os elogios que não merece, e ajudando a branquear uma realidade obscura. Não tenho qualquer orgulho na carreira internacional deste indivíduo. Pelo contrário, enquanto português, adepto do Desporto e da seriedade, sinto-me envergonhado, e mesmo revoltado. Não consigo, por exemplo, explicar ao meu filho como pode alguém errar tanto, e ser tão bem sucedido na vida. É o Mundo virado de pernas para o ar.
A escolha deste árbitro para tão importantes eventos deixa-me inquieto quanto ao futuro do Futebol. Quando o vejo decidir Campeonatos com erros grosseiros (sempre a penalizar os mesmos), e ser premiado desta forma, ninguém me impedirá de desconfiar que exista algo por detrás a ligar os factos. E, por isso mesmo, temo que daqui por um ano haja matéria para um quarto capítulo."

Luís Fialho, in O Benfica

Algumas constatações de factos

"Por todo o mundo os adeptos dividem-se, confrontam-se, esgrimem argumentos em defesa das suas opiniões, tão bem fundamentadas, sobre a questão de quem é o melhor jogador da actualidade. Ronaldo ou Messi? Messi ou Ronaldo? Nem nós, portugueses, escapamos a esta discussão apesar de Ronaldo ser um dos nossos.
Para a maioria dos adeptos nacionais, os dois tristes jogos de preparação da selecção antes do Europeu resultaram numa fortíssima corrente de opinião a favor de Messi. A derrota com a Alemanha veio reforçar a ideia de que Ronaldo não era, de todo, o melhor do mundo. Depois vieram as vitórias sobre a Dinamarca, a Holanda e a República Checa e Ronaldo voltou logo a ser o melhor do mundo.
Maradona veio acrescentar uns pozinhos teóricos à discussão. Quando a selecção portuguesa se qualificou para a meia-final com a Espanha, Maradona afirmou numa coluna de opinião que assinava no jornal "Times of India" que Ronaldo "é o melhor jogador do mundo a par de Messi". E disse mais: "Ele mostrou aos seus contemporâneos que merece uma estátua em Lisboa."
Duas semanas mais tarde, entrevistado por uma estação de televisão argentina, o mesmo Maradona afirmou que Ronaldo "jamais igualará Messi" e que o português quando faz um golo e o festeja "como se estivesse a vender champôs". No nosso país, Maradona foi acusado de ser um troca-tintas que hoje diz uma coisa e amanhã diz outra. Parecem-me injustas estas opiniões anti-Maradona porque não vejo contradições nos seus dois discursos sobre o assunto. Que Ronaldo está "a par de Messi" é uma verdade incontestável, no mundo inteiro não se fala noutra coisa. Que Ronaldo carregou com a selecção portuguesa às costas no Europeu é outra evidência. A questão da "estátua" é metafórica pelo que se aceita. Que Ronaldo "jamais igualará Messi" não deixa de ser verdade e o contrário também se aplica: Messi jamais igualará Ronaldo porque ambos são artistas com reportórios diferentes. Que Ronaldo celebra os seus golos com poses de cariz publicitário nem se discute. Conclui-se, portanto, que as contradições de Maradona não são contradições, são constatações de factos. Deem graças aos céus os adeptos do futebol por terem artistas destes com que se entreter.

ERRAR É HUMANO
Uma questão muito impertinente
A época oficial ainda não começou e já a arbitragem anda metida ao barulho. Oito meses depois do espectacular sinistro, o Conselho de Disciplina da FPF ainda não conseguiu deliberar sobre a responsabilidade a atribuir ao Sporting pelo incêndio de uma bancada do Estádio da Luz. A ocorrência foi transmitida em directo por umas quantas estações de televisão, sensíveis à espectacularidade das imagens. Toda a gente viu. Mas para o Conselho de Disciplina da FPF ver é uma coisa, não ouvir é outra.
No final do 'dérbi, não teve transmissão em directo, nem nas televisões nem nas rádios, o encontro azedo entre Luís Filipe Vieira e Luís Duque na área de acesso aos balneários. Vieira estaria aborrecido por lhe estarem a incendiar a casa e por ter visto o Benfica a jogar meia hora com 10 elementos graças à expulsão, sem dúvida polémica, de Cardozo, facto que o terá levado a perguntar a Duque se era "para isto" que o Sporting queria "controlar a arbitragem". Grave suposição do presidente do Benfica que foi agora castigado e multado pelo Conselho de Disciplina da FPF por se atrever a colocar questões impertinentes no rescaldo, não do incêndio, mas da futebolada que antecedeu as inocentes labaredas. As coisas importantes em primeiro lugar, sempre.

POSITIVO
Cancelo afirma-se
O Benfica desistiu de procurar uma alternativa a Maxi Pereira para o lado direito da defesa porque descobriu lá por casa um miúdo português chamado João Cancelo que parece poder dar conta do recado.

Atsu valoriza-se
Até se diz que André Villas Boas já o quer no Tottenham. A verdade é que Christian Atsu tem vindo a ser a grande surpresa desta pré-temporada dos campeões nacionais. Corre e marca golos, promete.

Agra andaluz
Salvador Agra fez uma boa temporada no Olhanense e foi recompensado com uma transferência para o Bétis de Sevilha. Nestes aprontos de pré-época, Agrajá fez dois golos e tem agradado aos andaluzes.

PÉROLA
"A MINHA VINDA PARA O BENFICA DEPENDEU DE UMA PESSOA. GOSTAVA QUE TIVESSE SIDO MAIS VERDADEIRA", Eduardo
O guarda-redes Eduardo vai agora jogar para a Turquia depois de uma época no Benfica sentado no banco a ver o brasileiro Artur na baliza que julgava ser sua. Eduardo está magoado com Jorge Jesus. Mas a culpa não foi do treinador. Foi Artur quem não deu hipóteses à concorrência."

Leonor Pinhão, in Correio da Manhã