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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Que seja, pelo menos, parecido com o ano anterior... em tons vermelhos!!!


Luís Tadeu: o presidente que nunca foi... presidente do Benfica

"Pese embora tudo o que leio, tudo o que vejo e tudo o que ouço, acredito que o TRI tem todas as possibilidades para estar mesmo a caminho.

Nesta época natalícia, em que as consoadas amenizam e nos distraem das emoções fortes do futebol, fazendo parecer que os jogos a doer ainda estão muito distantes (quando faltam, apenas, 2 dias para isto continuar a levar uma grande volta), é tempo de fazer justiça a alguém que, num momento menos feliz, os sócios do BENFICA preteriram... a favor de outro candidato.
Embora tenha a honra de ser seu amigo, desde então, revi Luís Tadeu, no jantar de Natal dos órgãos sociais do Sport Lisboa e Benfica, para o qual Luís Filipe Vieira convidou muitos dos que serviram o Clube, como foi o caso do Professor, como ex-Vice Presidente-Adjunto para a área da gestão.

A conversa
CORRIA a época de 1996/97 e cruzava-me com Luís Tadeu, no camarote presidencial do antigo Estádio da Luz, para onde éramos convidados, os dois, para assistir aos jogos do BENFICA.
Tínhamos, como ainda hoje temos, os nossos lugares cativos, mas a simpatia da Direcção levava-nos onde nos iríamos conhecer.
Num desses dias, fui surpreendido pelo desafio de passar uma tarde lá pelo seu escritório, para me explicar qual o projecto que achava que devia ser concretizado no BENFICA.
Foi assim que, a 30 Abril de 1997, passei algumas das horas mais interessantes da minha vida a falar do BENFICA, enquanto ouvia e me fascinava com o projecto que Luís Tadeu tinha para o Clube.
Estava lá tudo o que tinha pensado.
Mas estava lá muito mais, que havia sido pensado por ele.
Depois de mais de duas horas a ouvir falar sobre um BENFICA com um grande futuro - lembro-me como se fosse hoje - lancei-lhe o desafio: «Mas tem consciência que só você poderá concretizar este conjunto de ideias? E, sabendo disso, será candidato nas próximas eleições, ocorram elas quando ocorrerem?»
À primeira das perguntas respondeu que sim, tinha consciência que seria um dos... E à segunda disse-me que teria sempre que avaliar o que estaria em causa...
Cedo percebi, como todos, que o momento de Luís Tadeu se aproximava a um ritmo vertiginoso.
Saímos dali para o Estádio da Luz para vermos as meias-finais da Taça de Portugal, frente ao Porto, em que o BENFICA venceu por 2-0.

A decisão
NO início da época seguinte, 1997/98, quando o campeonato parecia fácil, pelo calendário que teríamos, o que receávamos - depois do desfecho menos favorável da temporada anterior - aconteceu...
Com resultados cada vez menos vantajosos e com as consequências no Clube que também deles advieram, Manuel Damásio recusou continuar e convocou eleições para os órgãos sociais do BENFICA. Seriam a 31 de Outubro e durante alguns dias esperei com impaciência a decisão que Luís Tadeu iria tomar. Não porque pensasse em poder, sequer, ser convidado para alguma coisa, mas porque, do que ouvira, do que lera, do que analisara, a eleição de Luís Tadeu seria uma grande mais-valia para o BENFICA.

O convite
LUÍS TADEU, decidiu, naturalmente, ser candidato. Recebi a notícia, através de um telefonema de Susete Abreu. Que me disse, ainda, numa nota de fim de conversa, que o Professor quereria falar comigo.
O que aconteceu, passados, dois dias, para me dizer que, face ao meu desafio, queria contar comigo, na lista. Mas o convite não era para um lugar qualquer. Seria para Vice-Presidente para o Futebol. Ou seja, para o ajudar a ele, no que soubesse e pudesse, em conjunto com todos os que depois fizemos parte dessa Lista, a concretizar todo o projecto, capaz de fazer o Benfica crescer para o nível dos melhores da Europa. 

O programa
O programa de Luís Tadeu era esse mesmo. Academia, formação, modelo de jogo, integração e responsabilização vertical de toda a estrutura profissional do BENFICA... muito do que é hoje, no Seixal, o filosofiado Caixa Futebol Campus... com 15 anos de avanço.
Foi isso que Luís Tadeu prometeu. Como foi com esse projecto, com essa liderança, com essas ideias, com essa pessoa, que todos, sem excepção, nos comprometemos. Com o orgulho de quem pensava estar um bom par de anos à frente, em relação ao que se fazia em Portugal, e a acompanhar o que se fazia em alguns clubes da Europa (v.g., Ajax e Barcelona).

A campanha
A campanha correu como nunca esperei. Com a conivência de tantos em relação ao que sabia poder acontecer. Ou melhor, com o que era inevitável vir a acontecer. De tudo e para tudo fomos alertando. Mas a onda mediática queria que alguém que desse mais primeiras páginas fosse eleito. A tudo fui assistindo, boquiaberto perante tanta pressão de quem deveria ser imparcial, levando os sócios do BENFICA a votar como votaram. Para além da conivência de outros, com grandes responsabilidades na eleição de quem nunca deveria ter sido Presidente do BENFICA. Mas isso... são contas de outro rosário... para contar noutra altura, onde tais revelações ou recordações sejam mais aconselháveis (e úteis).
Ou seja, entre um projecto e uma aventura, os sócios do BENFICA, livres como sempre, não escolheram o melhor caminho. Eu sei que hoje não se encontra quase ninguém que assuma ter votado por essa solução, tanta é a vergonha de a terem viabilizado. Mas lá que votaram... votaram!

A (não) eleição
NO dia da eleição, aconteceu de tudo. Até o que não devia acontecer, com quem não devia acontecer. Outras contas de outro rosário... também para contar noutra altura, onde tais revelações ou recordações sejam mais aconselháveis (e úteis).
E Luís Tadeu - que deveria, por todas as razões, ter sido eleito Presidente do Sport Lisboa e Benfica - acabou por perder, perdendo, com ele, o Benfica, muitos anos. Que não demoraram apenas três anos a recuperar desse mandato de... muito infeliz e de menor lucidez - para sermos simpáticos com os que lá estiveram e com os que neles votaram.

O benfiquismo
NUNCA, em toda a minha vida eleitoral - e muitos são os actos a que concorri, muitos mesmo - me custou tanto perder uma eleição; Pelo que sabia que isso iria significar. Pelos danos que iria causar no clube. Porque, se ninguém foge da sua sombra, não seria possível ao Presidente eleito ser diferente do que tinha sido até ali, em tudo o que o conhecia.
E estava tão à vontade que também ele me tinha convidado para ser Vice-Presidente, na lista dele (na presença de um amigo comum, Manuel Menezes Morais, em conversa que transmiti a Luís Tadeu), convite que, obviamente, recusei, por prever (quase saber) o que iria acontecer.
Mas nunca ouvi de Luís Tadeu um reparo a quem, sendo soberano - os sócios - votaram por tudo aquilo que ninguém queria, incluindo, se soubessem, os que tinham votado na solução vencedora. Convivendo com a injustiça democrática com a maior disponibilidade para ajudar... o BENFICA.
Como há alguns Filhos de Reis e Pais de Reis que nunca reinaram, também aqui diria que a história, no BENFICA, cometeu um dos seus maiores erros eleitorais dentro de um clube.
Respeitamos a democracia e a maioria em cada momento, mas isso não nos impedirá de dizer que o facto de Luís Tadeu não ter sido eleito Presidente do Sport Lisboa e Benfica foi dos maiores prejuízos que nos infligimos a nós próprios.
Para que haja memória e para que fique feito o desagravo (por mim, em público, que o devia a mim mesmo, em privado).

2016
VOLTANDO ao futebol, vou-vos confessar que - pese embora tudo o que vejo, tudo o que leio, tudo o que ouço - acredito que o TRI tem todas as possibilidades para estar mesmo a caminho!
Apenas... acreditar no BENFICA.
Vamos a isto?
Um 2016 fantástico para todos (com o TRI para quem é GLORIOSO)!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

A festarola dos milhões

"2015 acaba com contratos fabulosos sobre direitos de transmissão e outros que quase atingem € 1.500 milhões.
Como sempre, dois pontos emergiram: um, o Benfica ser o pioneiro (foi assim, com o seu canal, o museu e outras inovações); o outro, a obsessão de os seus oponentes terem sempre como bitola o que é alcançado pelo SLB. O SCP até juntou alhos com bugalhos para dizer que é o melhor, como se fossemos todos uns indigentes mentais.
Com serenidade e quando soubermos todos os pormenores, ver-se-á, tudo somado e discernido, que o SLB é mesmo o primeiro. Aliás se o mercado reflectisse fielmente as audiências dos 3 (como deveria) a distância seria maior.
Com estes contratos, quem sofre é a competitividade da nossa débil Liga. Tanta discursata de solidariedade e, no fim, o fosso aumentará.
Como benfiquista, fico satisfeito. Como português, fico preocupado. O país onde há centenas de milhares de desempregados, onde o salário médio é dos mais baixos da Europa, onde 20% da população é pobre, vai olhar para este eldorado com espanto. Um pouco abaixo da rica Alemanha e da França (per capita, nem vale a pena falar...). Bem sei que este aumento o é, também, por boas razões: acabou o privilégio monopolista de uma entidade intermediária (para o que muito contribuiu a Benfica TV) e passámos a ter um cheirinho de mercado, ainda que imperfeito, através de um duopsónio das operadoras de telecomunicações. 
Falta saber a factura final: a do consumidor. Porque não há contratos fabulosos grátis. O que há é um terceiro pagador que não é ouvido nem achado."

Bagão Félix, in A Bola

Futebol português não tem liderança

"Há um problema muito grave de liderança no futebol profissional em Portugal. Não é só um problema pessoal de Pedro Proença, mas um problema estrutural.
A verdade é que depois do 25 de Abril, o FC Porto conquistou o poder desportivo e o poder político do futebol profissional em Portugal. Vieira teve, depois, o enorme mérito de trazer o Benfica de um tempo de degradação desportiva e de personalidade, tornando o futebol nacional bicéfalo. Agora, Bruno de Carvalho trava uma luta sem misericórdia a quem se lhe opõe para trazer o Sporting para o patamar daqueles que mandam e influenciam o futebol profissional de Portugal.
Neste quadro, e perante uma plateia pouco activa e nada esclarecida de presidentes que, acomodados, se acobertam sob o chapéu de chuva dos grandes clubes e dos seus líderes, a Liga tem apenas uma existência funcional e administrativa.
Daí que nenhum dos médios ou dos pequenos clubes do desequilibrado futebol português estivesse, de facto, preparado para a grande explosão dos valores dos novos contratos dos direitos televisivos. É verdade que o Benfica foi a referência, que o FC Porto e o Sporting souberam apanhar a boleia, mas a inexistência de um sindicato de pequenos e médios clubes proporciona o verdadeiro negócio das operadoras, que poderão ter os jogos dos grandes, fora de casa, a preços de saldo. Será esse o seu negócio, para desespero e impotência da maioria dos clubes e da sua ineficaz Liga.
Já agora, como será possível, no meio deste salve-se quem puder, garantir a subsistência dos pobres clubes da nossa Segunda Liga?"

Vítor Serpa, in A Bola

TV loucas

"A sucessão de negócios é a sucessão do pasmo. MEO e NOS comprometeram-se em pagar valores para os próximos anos aos clubes de futebol como nunca tinha sido pago. Já aqui escrevi como as operadoras se tornaram nos bancos destes clubes. Mas só agora vemos o filme todo. E é um filme que começa bem. Esperemos que não acabe mal.
Começa bem porque é muito dinheiro. Mais do que comparar qual dos clubes fez o melhor negócio, ressalta o volume face ao que se pagava antes. Houve uma revalorização total dos conteúdos televisivos de futebol. Os clubes maiores beneficiaram disso. Mesmo que isso venha a resultar, no futuro, em preços mais caros da MEO e da NOS (é difícil compreender tamanho investimento de outra forma), os clubes recebem agora muito mais. Os clubes, não: para já, os maiores clubes. Manuel Machado tem razão: o fosso entre os grandes e os demais vai crescer. E isso retirará competitividade à Liga. Provavelmente, também retirará espectadores aos estádios: ficam a ver pela TV.
A MEO e sobretudo a NOS provavelmente perderam a cabeça quando começaram a passar cheques desta maneira, mas isso é lá com os seus accionistas. A Liga de Clubes foi completamente ultrapassada no processo de centralização de direitos. E o poder da Liga passa a estar em empresas patrocinadoras. Na prática, estes operadores de comunicações estão a pagar para terem mais clientes e mais audiências. Para isso, a Liga tem de ganhar qualidade. Que o dinheiro sirva para isso, e não para criar duas divisões dentro da primeira."

Ver para lá dos milhões

"Nos últimos dias uma grande parte da discussão do futebol em Portugal centrou-se nos acordos entre as operadoras de telecomunicações e os grandes clubes. Depois do Benfica, também FC Porto e Sporting fecharam contratos 'milionários' e, tratando-se de futebol, mesmo fora de campo, grande parte dos argumentos foram esgrimidos sem grande lógica e debaixo da clubite com que normalmente se discutem os penáltis marcados ou por marcar. É o que temos. Houve, é justo dizê-lo, boas análises e bons artigos sobre o que está em causa. O leitor quando tiver este texto à frente já possui muita informação. O que pretendo é ver, em alguns dos itens, um pouco mais longe.
1) Até 2018, altura em que os jogos do FC Porto estarão garantidamente na SportTV, tudo ficará na mesma. E depois dessa data? Avançará o MEO com um canal de desporto próprio, tentando captar ligas estrangeiras entretanto no mercado? E pode avançar antes, de forma mitigada, se comprar direitos de clubes mais pequenos e emitir os jogos (imaginemos um Boavista-Benfica) na Bola TV ou noutro canal próprio? Isso, sim, seria disruptivo na oferta. Em qualquer dos casos no fim a conta será paga pelo subscritor.
2) Pedro Proença leva à risca como presidente da Liga a máxima que costumamos aplicar aos árbitros: "O melhor é não dar por ele." Falhado o objectivo da centralização (global), Proença tinha todos os outros jogos de todos os outros clubes em casa face aos grandes. Fez zero. Não tem competência para o lugar.
3) Os acordos em geral são bons, muito bons até. Melhor o do Benfica porque não tem dentro nem a publicidade estática nem o patrocínio nas camisolas, mas todos os clubes negociaram bem. Dito isto, não vão entrar 400 ou 500 milhões na tesouraria de ninguém amanhã. Os números foram óptimos para a comunicação mas, por alguma coisa, os acordos são de longo termo.
4) A duração, aliás, é uma das questões centrais deste processo. Há 10 anos o acesso aos conteúdos era feito de forma radicalmente diferente, não havia redes sociais, quase não havia smartphones, não havia tablets. O conteúdo e a sua distribuição é e será a chave no futuro. Bom, há dez anos o futebol já arrastava multidões e previsivelmente assim será daqui a uma década. No entanto, contratos tão longos constituem actos de gestão com risco. De ambos os lados. Mesmo que saibamos que as partes se podem sentar a qualquer momento e renegociar condições.
5) A noticiada 'morte' de Joaquim Oliveira, agora desdenhosamente tratado como 'o intermediário', é exagerada. Oliveira fez o que os outros não fizeram durante décadas, é accionista da Sport TV, tem um papel importante e vai continuar a ter. Diferente, mas importante. Certo e sabido."