Últimas indefectivações

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Aventuras em fundo branco...

"Já se cumpriram 90 anos sobre o primeiro jogo entre Benfica e Real Madrid, que se tornou um clássico do Futebol do Mundo - os 'encarnados' venceram, por 7-0, em Lisboa! Dois anos mais tarde, em Madrid, quase repetiram a dose: 5-0!

BENFICA- Real Madrid: eis um grande clássico do Futebol do Mundo. Não, não se resume à fantástica Final da Taça dos Campeões, disputada em Amesterdão, na qual os 'encarnados' assinaram uma exibição e um resultado para a lenda: 5-3. Tudo começou muito, mas muito antes disso.
Real Madrid: haverá nome que remeta tão directamente para o mito?
Fundado em 1902, como Madrid Football Club, conquistou títulos como nenhum outro no universo. E corre, hoje em dia, esbaforidamente atrás da décima Taça dos Campeões Europeus.
Entrámos em 2014, mas ainda vamos bem a tempo. Cumpriram-se em 2013, noventa anos (sim, sim, 90!!!) sobre o primeiro encontro entre Benfica e Real Madrid. Isto é, entre Benfica e o Madrid mais tarde Real.
Em Janeiro de 1913, quando veio a Lisboa pela primeira vez, o Madrid vivia uma fase negra de nove anos consecutivos sem conseguir conquistar o título regional, logo após ter arrecadado quatro Taças do Rei consecutivas - 1905, 1906, 1907 e 1908. Nesse tempo ainda o Madrid não era Real, só ganhou o epíteto em 1920 por atribuição do rei Afonso XIII, responsável por tantos dos reais que polulam pelo Futebol espanhol.
Explique-se que até 1929 não houve liga em Espanha, jogando as equipas nos campeonatos regionais, conquistando aí acesso à prova principal, a Taça do Rei.
O Benfica é terrível nesse jogo de Lisboa: vence, por 7-0! Esmaga o Madrid, então anda não Real, e muito pouco Real nessa tarde de Janeiro. A História viria a colocar frente a frente Benfica e Real Madrid por muitas e muitas vezes. Teremos tempo para falar de mais algumas delas noutros artigos, se a paciência de quem me lê não se esgotar entretanto. Até voltaremos atrás para pormenorizar sobre os famosos 7-0 da estreia, entretanto caídos no olvido. Mas, para já, continuemos.

A seguir aos 7, mais 5!
No mês de Maio seguinte, dia 15 para sermos mais precisos, o Benfica vai a Madrid para devolver a visita. Os espanhóis ansiavam por uma desforra à altura da humilhação inicial, mas não tiveram direito a ela. Pelo menos nesse dia. A 'águia' perdeu suavemente (1-2) e assentava-se as primeiras pedras de um dos mais emblemáticos clássicos do Futebol mundial - o tal Benfica-Real Madrid, que teria o ponto alto na extraordinária hora e meia de Amesterdão. Reparem que até essa Final de 1962, o Benfica e o Real Madrid se defrontam nada menos de 10 vezes. Algo para merecer destaque. Ele aqui fica:
1913 - Benfica, 7 - Real Madrid, 0;
1913 - Real Madrid, 2 - Benfica, 1;
1915 - Real Madrid, 0 - Benfica, 5;
1919 - Real Madrid, 4 - Benfica, 1;
1919 - Real Madrid, 1 - Benfica, 5;
1922 - Real Madrid, 4 - Benfica, 1;
1948 - Benfica, 1 - Real Madrid, 1;
1954 - Benfica, 0 - Real Madrid, 2;
1957 - Real Madrid 1, - Benfica, 0;
(Final da Taça Latina)
Não se duvida que, pelos números, muitos tenham sido jogos de encher o olho. E é tanta a proximidade do Benfica ao Real Madrid que no seu caderno de viagens em redor do Planeta, os 'encarnados' defrontaram os brancos por 14 vezes fora de Portugal. Um daqueles adversários preferidos, se assim lhe podemos chamar.
E se a desforra espanhola não chegou em Maio, dos anos mais tarde, o Benfica foi a Madrid vencer, por 5-0! Merece ponto de exclamação sim senhor! Foi no dia 2 de Janeiro, num terreno deplorável, e o Benfica marcou todos os golos na primeira parte. O Benfica entrou em campo com: Mário Monteiro; Henrique e Macho; Figueiredo, Cosme Damião e Francisco Pereira; Aníbal, Herculano, Manuel Veloso, Rogério e Cândido de Oliveira. A vitória dá ânimo à equipa que, dois dias mais tarde, defronta um misto de jogadores do Real Madrid, Atlético de Madrid e Sociedad Gymnastica. Nova vitória, por 4-1, a merecer elogios do «Heraldo de Madrid»: «O grupo português joga de maneira primorosa. Seus passes curtos e exactos são admiráveis. Quando chegam perto da rede contrária, nunca perdem a cabeça: passam entre si a bola até que esta chegue ao jogador que mais bem colocado se ache; e este, por sua vez, remata».
As lendas do Futebol constroem-se assim. Com grandes nomes e grandes jogos. O primeiro capítulo desta aventura com fundo branco terá outros que não lhe ficam atrás. Não perdem por esperar..."

Afonso de Melo, in O Benfica