Últimas indefectivações

domingo, 8 de abril de 2018

Benfica com a chama acessa

"A vitória de um Benfica que está com a chama bem acesa chegou num último assomo de fé.

A acção dos baixinhos
1. O Vitória de Setúbal entrou muito bem no jogo e fez um golo logo aos três minutos, por Costinha. Nesta fase, o Benfica errou muitos passes e não dispôs de oportunidades. A partir sensivelmente dos 20 minutos, os encarnados começaram a tomar conta das operações, sobretudo pelo lado esquerdo, com os três baixinhos desse flanco - Grimaldo, Zivkovic e Cervi - a serem decisivos para esse controlo do jogo. O golo das águias, autoria de Raúl Jiménez, apareceu após um excelente cruzamento de Rafa. Até final da primeira parte, o Benfica continuou a dominar o encontro, com uma excelente reacção à perda de bola - Fejsa decisivo.

Sadinos bem trabalhados
2. No início da segunda parte, o Benfica voltou a entrar bem mas o Vitória de Setúbal, sempre muito bem organizado, reagiu a preceito e começou a dividir o jogo e criou duas oportunidades para marcar, com destaque para o falhanço de Edinho. Num Estádio do Bonfim muito bem composto - praticamente cheio - e com um excelente ambiente, a equipa de Rui Vitória sentia, por esta altura, muitas dificuldades em impor-se na partida. Notava-se que os sadinos são uma equipa muito bem trabalhada pelo treinador José Couceiro, com princípios bem assimilados.

Rui Vitória arrisca
3. Rui Vitória decide, então, colocar Seferovic e retirar Rafa, alterando o sistema táctico de 4x3x3 para 4x4x2. O treinador do Benfica arriscou, passou a jogar em dois para dois no meio-campo e o Vitória de Setúbal estendeu-se no campo e criou perigo. Os sadinos acreditavam que, pelo menos, sairiam com um ponto do encontro, mas, numa altura em que Salvio já estava em campo, Jardel a jogar a ponta de lança e Cervi a defesa esquerdo, o argentino sofreu o penalty, convertido por Raúl Jiménez. Foi num último assomo de fé de um Benfica que está com a chama acesa que os encarnados chegaram à vitória.

Jiménez, um cubo de gelo
4. A estratégia do Benfica foi condicionada pela lesão de Jonas no aquecimento, com Raúl Jiménez a ser o eleito para render o brasileiro. O mexicano tem uma forma diferente de estar no terreno, é mais posicional do que o número 10, mas acabou por ser o homem do jogo, ao marcar os dois golos. Destaque para a forma muito fria como converter a grande penalidade já nos descontos, quando todas as emoções estavam perfeitamente ao rubro."

Diogo Luís, in A Bola

Sado masoquistas

"O Benfica levou os seus adeptos aos limites do sofrimento. Começou a perder e só garantiu os 3 preciosos pontos graças a um penálti no tempo de compensação. Azar do Vitória e de Couceiro que teve de tirar Nuno Pinto do campo para pôr Luis Felipe nos instantes finais da partida e foi este quem provocou a queda de Salvio. Três notas relevantes de Setúbal:
1) a enchente no Bonfim criou um ambiente fantástico, mas manchado por incidentes que fazem as famílias pensarem duas vezes antes de irem ao futebol;
2) a atitude e qualidade de um Vitória que não merecia fim tão cruel;
3) a magia de Raul Jiménez e um espírito de grupo que ficou bem visível nos festejos de Jonas.
Masoquismo é palavra que também se aplica aos sportinguistas, sobretudo aqueles que têm responsabilidades e intervenção no clube. A vocação para o sofrimento é histórica mas quem pensava que um novo rumo poderia evitar alguns males congénitos eis que a tentação pelo tormento reapareceu na sua expressão mais dolorosa. De um momento para o outro, tudo ficou em causa. Inclusivamente ou sobretudo, o presidente. O caos em que o Sporting caiu, fez Bruno de Carvalho perder não apenas o grupo do qual mais depende mas também apoios externos preciosos. Aconteça o que acontecer logo à noite com o P. Ferreira, o Sporting já sofreu uma tremenda derrota."

Os balões amarelos

"No jogo da Liga dos Campeões da passada semana que opôs a equipa do Barcelona à da AS Roma, foram libertados, pelos adeptos catalães, centenas de balões amarelos, que, conjuntamente com algumas tarjas, perpassavam uma aparente mensagem referente aos presos por razões políticas ligadas ao referendo de independência da Catalunha, o que motivou, inclusivamente, o atraso no início da partida.
Na sequência da verificação de tal facto, a UEFA instaurou um processo disciplinar ao clube espanhol. Porém, curiosamente, fê-lo por aplicação do artigo 16.º, n.º 2 do Regulamento Disciplinar daquele organismo, mas tão-somente por 'arremesso de objectos' (alínea b). Ora, este número 2, conforme já tivemos oportunidade de expor anteriormente, diz igualmente que «Todas as associações e clubes são responsáveis pelos seguintes comportamentos incorrectos por parte dos seus adeptos e podem estar sujeitos a sanções disciplinares e ordens mesmo que consigam provar que não foram negligentes na organização do jogo: (...) o uso de gestos, palavras, objectos ou qualquer outro meio para transmitir uma mensagem provocadora que não é adequada para um evento desportivo, particularmente as de natureza política, ideológica, religiosa ou ofensiva».
A eventual decisão de instaurar procedimento disciplinar por arremesso de objectos (ao abrigo da alínea b) do n.º 2 do artigo 16.º e não por tal circunstância consubstanciar uma manifestação de natureza política (de acordo com a alínea e) do mesmo preceito poderá ter passado por considerar que aquela manifestação não tem natureza ofensiva ou provocadora, sendo apenas uma forma de apoiar os mencionados presos políticos."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

Terá BdC aprendido?

"Depois do encontro em Madrid, Bruno de Carvalho decidiu dar, também, uma de presidente-jogador.

Bruno de Carvalho escreveu no Facebook aquilo que muitos adeptos sportinguistas terão, certamente, sentido durante os 90 minutos do jogo com o Atlético Madrid: Coates teve uma noite desastrada e Mathieu não esteve muito melhor; Gelson podia ter feito muito melhor naquele lance em que apareceu isolado perante Oblak; Coates e Montero podiam (deviam até) ter metido a bola na baliza nas duas oportunidades que tiveram na segunda parte; Bas Dost e Coentrão não podiam, estando à bica, ter visto cartões amarelos em lances escusados que os afastam da segunda mão. Admite-se, até, que em casa ou nas conversas de café com os amigos os adeptos sportinguistas tenham, num momento de frustração, usado as mesmas expressões que viram, depois, Bruno de Carvalho usar para descrever (quase como se de uma análise jornalística se tratasse...) as exibições de alguns dos seus jogadores no encontro.
Há, contudo, uma enorme diferença entre Bruno de Carvalho e todos os outros adeptos do Sporting. É que Bruno de Carvalho é, além de adepto, o presidente do Sporting. E; embora ache que não, isso impede-o de dizer - ou escrever... - tudo aquilo que pensa. Porque o presidente de um clube (ainda mais de um clube com a dimensão do Sporting) não pode pensar como um adepto. Tem obrigações que um adepto normal não tem e uma delas é zelar pela estabilidade do clube. Ao fazer o que fez nas horas que se seguiram à partida de Madrid, Bruno de Carvalho mostrou duas coisas:
1) que tem um profundo desprezo pelos jogadores - quem o ouviu a discutir com Joaquim Evangelista na Assembleia da República já ficara com essa ideia;
2) que julga estar acima de tudo e todos, inclusive do próprio Sporting.
E será, mais tarde ou mais cedo, esta ideia, sempre presente, de que ELE é o Sporting que o fará cair. Porque o Sporting existia antes de Bruno de Carvalho e continuará a existir depois dele - e, percebe-se, continuará a existir de forma bem mais tranquila depois dele.
Que Bruno de Carvalho se orgulhava do estatuto de presidente/adepto todos sabíamos. Que tem tiques de presidente/treinador todos desconfiávamos. Mas depois do encontro de Madrid, Bruno de Carvalho decidiu dar, também, uma de presidente/jogador. Percebeu-se, com aquele post, que Bruno de Carvalho seria, se para isso tivesse oportunidade, um dos melhores avançados do mundo. No lugar de Gelson Martins teria «fuzilado, para a esquerda» e nunca «tentado colocar em jeito». Quando se isolasse como Coates, «focado e concentrado», teria «rematado» e nunca faria «um passe para Oblak». E se apanhasse, já perto do fim, aquela bola de Montero ter-lhe-ia dado um «simples encosto» e nunca, mas nunca, desperdiçado «um golo feito com um remate para o céu». Que não restem dúvidas, se fosse jogador Bruno de Carvalho marcaria dez golos em dez oportunidades. Seria um craque, talvez até melhor do que Cristiano Ronaldo ou Messi. Nunca falharia. Da mesma forma que, na sua cabeça, nunca falha como presidente. O problema, claro, é que a nossa cabeça, muitas vezes, prega-nos partidas. E - percebe-se até pelos muitos vídeos onde se pode ver Bruno de Carvalho a dar uns pontapés numa bola - há sempre uma enorme diferença entre aquilo que se imagina fazer na cabeça e aquilo que se consegue, efectivamente, fazer com os pés. Ou com caneta. Ou atrás de um teclado.
A crise aberta no Sporting pelo seu próprio presidente não ficou, convém dizer, ontem resolvida. O que aconteceu foi um recuo de Bruno de Carvalho, forçado a não concretizar a ameaça de suspender os jogadores que, como seria de esperar, lhe responderam também de forma pública. Tratou-se de uma primeira lição para Bruno de Carvalho, que talvez tenha enfim entendido que há limites que não pode ultrapassar. Mas as divisões entre o presidente e o plantel não ficaram, ao que se sabe, sanadas. O pó foi varrido para debaixo do tapete, mas continua lá. E mais tarde ou mais cedo o tapete terá de ser levantado."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Saltillo a verde e branco

"Os jogadores do Sporting mostraram que ser futebolista não significa, necessariamente, ser acéfalo e sem ideias ou pensamentos.

Se há algo de positivo a retirar do psicodrama nascido em Alvalade após o final do Atlético Madrid - Sporting, é a atitude dos jogadores leoninos. Há já alguns anos que se pensava que, pelo menos em Portugal, os futebolistas eram acéfalos. Falavam quase só nas chamadas entrevistas rápidas e, quando o faziam, diziam banalidades. Longe iam os tempos em que grandes jogadores portugueses tinham discursos fortes. Fernando Gomes, Carlos Manuel, Manuel Fernandes, Paulo Futre, Diamantino Miranda ou António Oliveira eram disso exemplo: davam entrevistas que tinham sumo. Ideias. Cabeça, tronco e membros. Foi assim nas décadas de 70 e, sobretudo, nas de 80 e 90. Depois, no finalzinho do século passado e no início do actual, talvez a partir do nascimento das Sociedades Anónimas Desportivas, os jogadores pareceram ir perdendo neurónios a cada tijolo construído nos Centros de Estágio. Tem sido assim, com honrosas excepções, nos clubes e na Selecção Nacional. Cada discurso e cada palavra eram formatadas ao pensamento do presidente e/ou da comunicação oficial dos clubes. O chamado grupo de trabalho era preservado a todo o custo, nem que isso custasse a liberdade individual de expressarem aquilo que pensavam.

Algo mudou após o Atlético Madrid - Sporting. Claro que foi uma tomada de posição colectiva, sempre mais fácil de tomar. Porém, os jogadores leoninos não tiveram medo de se expressar e fizeram-no colocando em causa a figura mais importante de um clube: o presidente da direcção. Pareceu uma espécie de Saltillo a verde e branco, quase 32 anos depois. Não havia Bento? Houve Rui Patrício. Não havia Carlos Manuel? Houve William Carvalho. Não havia José Torres como figura consensual? Houve Jorge Jesus. Não havia Silva Resende? Houve Bruno de Carvalho.

Não somos ingénuos ao ponto de pensar que, agora, tudo será diferente. Não será. Os jogadores continuarão a expressar-se de forma formatada. Continuarão a ter medo de dizer aquilo que pensam, mesmo que não coloquem em causa a estratégia das suas entidades patronais. Mas é um sinal de que, afinal, os jogadores não são acéfalos. E ainda bem que os jogadores do Sporting decidiram falar. E, falando, ficámos a saber outra versão da história.

Não devemos crucificar o homem. Ele não está bem. Não sei, por não ser psiquiatra, se é stress pós-traumático, obsessão-compulsão, ansiedade generalizada, bipolaridade, psicose, delírio ou, simplesmente, transtorno de personalidade. Mas ele precisa que alguém lhe dê a mão."

Rogério Azevedo, in A Bola

Bruno de Carvalho em marcha-atrás

"Afinal, Jorge Jesus pode jogar com os seus melhores jogadores. É uma excelente notícia para o Sporting, apesar de só ter sido possível à custa de um manifesto recuo da posição tomada pelo presidente do clube, Bruno de Carvalho, num momento de exaltada emoção e de transtornada raciocínio.
É verdade que o Sporting fica, agora, com um presidente mais fragilizado na sua autoridade, mas também é verdade que qualquer outra solução teria sido desastrosa para o clube e para o seu futebol profissional.
Perante o desnorte do presidente, a sua reacção intempestiva e a forma extremada a que se chegou a todo o plantel da equipa principal, valeu a experiência, o bom senso, o equilíbrio de Jorge Jesus que, apesar de todas as dificuldades, conseguiu reunir condições para uma saída, que não é propriamente limpa, para o presidente, mas, pelo menos, garante a Bruno de Carvalho a convicção geral de que, desta vez, abdicou do seu imenso ego para colocar, em primeiro lugar, o interesse do Sporting.
É evidente que a estabilidade na equipa não está garantida para o futuro e que tudo o que de mau se passou não se apaga de um dia para o outro, mas talvez que estas tréguas, negociadas com evidentes custos para as partes, resistam até ao final da época. Já seria uma grande vitória leonina...

Nota final - No Bonfim, o Benfica precisou mesmo de uma enorme estrelinha para conseguir vencer um empolgante Vitória de Setúbal e manter segura a liderança no campeonato. Haverá certamente quem lhe chame estrelinha de campeão, mas também poderá ser, apenas, uma estrelinha de outra constelação."

Vítor Serpa, in A Bola

Confusão

"Projecto do Sporting está gravemente ferido. Ver-se-á a seguir se é de morte

O até ontem incontestado e incensado, pela maioria esmagadora dos sócios, presidente do Sporting deu um passo em falso e instalou o caos. Suspendeu 19 jogadores e para ser coerente hoje deverá suspender o resto do grupo. Está criada uma situação sem igual que não vaticina nada de bom para o Sporting. Esta semana, na Grécia, Evangelos Marinakis também mandou o plantel do Olympiacos de férias e anunciou que a equipa de sub-20 jogaria o que resta da época. Mas há uma diferença: Marinakis é dono do Olympiacos, Bruno de Carvalho submeteu-se a sufrágio no Sporting e é assalariado da SAD.
O presidente-adepto viu o jogo de Madrid pela televisão, anotou as asneiras e não conseguiu controlar a fúria. Desancou os jogadores mas ficou de má consciência, tendo feito duas tentativas para minimizar os danos: um telefonema para a CMTV (o líder do Sporting pode ver a CMTV e os sócios não?) e uma declaração pública aligeirada à saída da Procuradoria-Geral da República. Não contava com a resposta dos jogadores e faltou-lhe jogo de cintura para a suportar. Suspendeu os subscritores de um texto ácido e hoje poderá ter de actuar de igual modo com os que só não o fizeram por não terem contas nas redes sociais.
Nada neste processo é normal. E se espanta a reacção colectiva, por inesperada, não chega a haver verdadeiras surpresas quando Bruno de Carvalho fala publicamente ou escreve nas redes sociais. Desta vez expôs publicamente jogadores, entrou no balneário da pior maneira e deixou a porta aberta. Ainda assim, uma reacção tão enérgica só pode ser explicada de uma forma: o plantel atingiu o limite da tolerância.
Não há remedeio à vista para tão grave situação. O projecto do Sporting está ferido. O passo seguinte será evitar que seja de morte."

Os símbolos não são rotativos

"Esta é a história de um menino que era avançado do Marrazes. Um dia foi à baliza. Os ‘olheiros’ do Sporting viram. Gostaram. E levaram-no para Lisboa. Estávamos em 2002. O ano em que um tal de Rui Patrício se tornou jogador do Sporting.
Esta continua a ser a mesma história desse menino. De alguém que venceu seis campeonatos, entre as categorias de iniciados, juvenis e juniores. Em seis anos seguidos, como é lembrado pelo próprio clube.
Esta é a história de um rapaz que, apenas com 18 anos, se estreou como sénior na baliza de um dos maiores clubes de Portugal. Da criança que se tornou homem, longe da família, com sacrifício, ambição e coragem. Todos os dias. Com a mesma camisola. Do guarda-redes que é referência do clube que representa. Do país. Do mundo do futebol. Esta é a história de um campeão da Europa. 
Esta não é a história de um menino mimado. É a história de um homem. Com 30 anos. Que em criança, provavelmente, já seria mais homem do que alguns que agora têm 46 anos. Esta é a história de um ser humano. De um profissional. De alguém que acerta, que erra, que ganha, que perde. Que trabalha. Com empenho. Com esforço, dedicação e devoção em busca da glória (que já alcançou e continua a alcançar). De um líder. De um homem de equipa que põe o ‘nós’ acima do ‘eu’.
Esta é a história que o presidente do Sporting deveria respeitar e admirar. A história de um símbolo. Escrita em campo. Com luvas, mas sem teclado. A história que se faz, que fica, que permanece, que jamais será rotativa. E que serve de exemplo para quem vem a seguir. Esta é a história que só uma criança mimada não valoriza."


PS: Compreendo o 'ponto' que o Aguilar quis fazer, mas para sermos justos, também podia listar o número de títulos (campeonatos por exemplo...), que o Patrício ganhou, como sénior, no Sporting!!!

Central de problemas!

"1 - Não é fácil uma equipa resistir a tantos erros individuais como aqueles que o Sporting cometeu em Madrid. Coates e Mathieu tiveram falhas infantis e ofereceram dois golos ao Atlético de Madrid. Fábio Coentrão e Bas Dost viram cartões amarelos de uma forma perfeitamente absurda e vão ficar fora do jogo da segunda mão. Montero falhou um golo nos últimos segundos do jogo de forma escandalosa. Tudo isto é verdade, mas a reacção do presidente do Sporting é inadmissível. Bruno de Carvalho não é um adepto!... Não é um comentador!... Bruno de Carvalho é o presidente do Sporting, mas não se comportou como tal. O que o líder leonino escreveu nas redes sociais é muito grave. Pior ainda é Bruno de Carvalho não ter a noção da gravidade daquilo que escreveu. Não me recordo de uma situação parecida. O que está a acontecer em Alvalade já entra no domínio do surreal! Não consigo imaginar os efeitos que isto possa ter, mas não serão seguramente efeitos positivos. O Sporting continua a ter uma capacidade de se autodestruir que não é vulgar. Depois disto, e depois das proporções que isto ganhou, penso que Bruno de Carvalho não tem condições para continuar na presidência do Sporting. Ele até pode continuar a pensar que o que disse não teve gravidade! Mas teve. Foi muito grave. Foi tão grave que eu penso que não tem conserto.

2 - A minha música da semana vai para Cristiano Ronaldo pelo formidável golo que marcou em Turim. De que planeta vieste, Cristiano?! Um verdadeiro ET do futebol. Para o CR7 fica a canção dos Queen "Bicycle Race".
"Bicycle, bicycle, bicycle... I want to ride my bicycle... I want to ride my bike... I want to ride my bicycle... I want to ride it where I like..."

3 - Pastéis de Nathan foi aquilo que o Porto provou em Belém! Atenção a este brasileiro emprestado pelo Chelsea ao Belenenses: Nathan tem apenas 22 anos e é um belíssimo jogador. Eu não estava, no entanto, à espera de que o Porto perdesse no Restelo. Nas últimas três jornadas, os dragões perderam seis pontos e abandonaram a liderança do campeonato. Claro que o plantel é muito curto e, com lesões e castigos, Sérgio Conceição vê-se aflito para gerir a equipa. Seja como for, não contava com dois trambolhões seguidos. Já aqui o tinha escrito, o FC Porto era, pela qualidade que vinha apresentando, o meu favorito à conquista do campeonato, mas estas duas derrotas, em Paços de Ferreira e no Restelo, podem mudar muita coisa. Vamos ver a resposta que a equipa vai dar nas próximas jornadas. A começar já pelo jogo de hoje no Dragão, frente ao Desportivo das Aves... E depois, claro, na jornada seguinte, na Luz, contra o Benfica. A ausência de Danilo Pereira, logicamente, complica ainda mais as contas a Sérgio Conceição. O Porto não tem um jogador com características parecidas com as do campeão europeu. Herrera e Sérgio Oliveira fazem uma boa dupla, mas não é a mesma coisa. Com a matéria-prima que tem à disposição, muito tem feito o treinador do Porto. Sérgio Conceição faz omeletes com poucos ovos! E quando, ainda por cima, se partem alguns dos melhores ovos... Não se pode pedir tortilha.

4 - Escrevo esta crónica sem saber como ficou o jogo entre o Vitória de Setúbal e o Benfica. Um jogo muito importante para a equipa de Rui Vitória, na jornada que antecede o clássico de dia 15 entre Benfica e Porto. Tenho neste momento esta convicção: se os encarnados ganharem estes dois jogos, serão pentacampeões nacionais. Mas claro, não sei sequer se o Benfica ganhou no Bonfim. Confesso que não acreditava que as águias pudessem estar a voar tão alto neste campeonato! Aliás, fui dando conta disso nestas minhas crónicas ao domingo, mas nunca me escondo e se no final tiver de dar a mão à palmatória, cá estarei, com a humildade de sempre, a reconhecer que estava errado. Para já, este Benfica surpreendeu-me pela positiva!... Mas como terá ficado o jogo em Setúbal?! Vai ser jogo a jogo, batalha a batalha... E atenção à possibilidade de o campeonato se decidir pelo número de golos marcados e sofridos. O campeão vai ganhar ao sprint. Há apenas dois candidatos: Benfica e Porto. O Sporting, apesar da derrota na Cidade dos Arcebispos, até podia ter ressuscitado na Páscoa... Mas os leões matam-se a eles próprios! Agora foi o presidente a dar vários tiros na equipa! O leão ficou ferido de morte... E já dificilmente se levanta."

Da bicicleta

"Naquele golo no Mundial de 38 que levou a que se dissesse que era preciso esfregar os olhos para se ver o que era a magia negra, Leónidas ficou, todo ele, metido, sublime, na frase em que Galeano o sintetizou: tinha o tamanho, a velocidade a malícia do mosquito. Mas não, não foi ali, assim, que se criou o pontapé de bicicleta, Galeano também o contou:
- Foi Ramon Unizaga que inventou a jogada, no porto de Talchuano: com o corpo no ar, de costas para o chão, as pernas disparavam a bola para trás, num repentino vai-vém de tesoura.
Unizaga fora pequenino do País Basco para o Chile, lá se fez jogador de futebol e a chalaca imaginou-a para defender a não para atacar - pois era defesa:
- Numa ocasião, árbitro assinalou-me falta, alegando que podia matar o adversário. Disse-lhe que outros a tinham aceite, pôs-me fora de campo, o caso acabou comigo à bofetadas com ele.
Se Unizaga inventou a chalaca, David Arellano internacionalizou-a (e fê-la arma de ataque). Em 1927, o Colo Colo lançou-se a digressão pela Europa. No Porto, misto do FC Porto-Salgueiros ganhou-lhe por 2-1. Em Lisboa, bateu por 4-2 misto Benfica-Sporting. Por 2-1 voltou a perder em Setúbal com o Vitória que ganhara o Campeonato de... Lisboa. Saltaram os chilenos para Espanha, por lá Arellano fez o que não fizera por cá: golo à Unizaga. Os espanhóis chamaram-lhe la chilena. No jogo seguinte, em Valladolid, no fecho de mais um pontapé em pirueta, um defesa caiu sobre ele, enfeixou-lhe os joelhos como espadas no peito, causando-lhe a peritonite que o matou.
História feita, não sou capaz de dizer que a mais bela bicicleta da humanidade tenha saído dos pés de Ronaldo em Turim mas que ele é o Maior Atleta a Jogar Futebol de Sempre e o Maior Futebolista Europeu de Todos os Tempos - sim.

PS: Consegui o que queria: não falar do insano autogolo que vi marcado em pontapé de triciclo (infantil) de Lisboa para Madrid - no Facebook. E ainda mais destrambelhado foi o outro, de mais perto e depois (que podia ter acabado pior...)."

António Simões, A Bola

PS: Esta obsessão em comparar jogadores de eras diferentes, dizendo que um é melhor do que o outro, é ridícula!

Cristiano Ronaldo ou o exuberante minimalista

"É tempo de felicidade para Cristiano Ronaldo, como é habitual nesta altura da temporada. Ele afina-se como ninguém quando chegam as semanas decisivas, as que decidem os grandes títulos e marcam o palmarés dos jogadores. Duas explosivas actuações frente ao París Saint Germain e à Juve devolveram-lhe toda a notoriedade que perdeu nos últimos meses de 2017. Ganhou a Bola de Ouro, mas o Real Madrid defraudava na Liga e Cristiano atravessava uma insólita seca goleadora. Falou-se de declínio e de conflito com o clube, que não desejava pagar a Cristiano o mesmo dinheiro de Messi, 40 milhões de euros anuais. O debate alcançou uma magnitude desconhecida até agora. De algumas tribunas jornalísticas catalogou-se Cristiano Ronaldo como um problema para o Real Madrid. O debate ficou, no entanto, totalmente sufocado. O dianteiro português recuperou a tempo todo o seu esplendor: alveja as balizas, a sua actividade é constante e a sua ambição contagia toda a equipa. O Real Madrid, que há dois meses estava a 21 pontos do Barça na Liga espanhola, tornou-se no principal favorito para conquistar a Liga dos Campeões. A razão é simples: Cristiano Ronaldo voltou a entrar em ebulição.
Nunca há dificuldade em justificar a importância de Cristiano Ronaldo no Real Madrid. As estatísticas estão sempre do seu lado. Marcou pelo menos um golo em cada uma das últimas 10 partidas da Liga de Campeões. É o máximo goleador da prova (104 golos com o Real Madrid e 16 com o Manchester United) e ganhou três das últimas quatro edições da Liga dos Campeões. Nem sequer ficou um rasto da sua surpreendente debilidade na primeira volta da temporada: apenas marcou um golo nos seus primeiros 61 remates. Nas últimas semanas deu a volta a todos os números. Cristiano Ronaldo apontou 18 golos nos últimos 61 remates à baliza.
Sob qualquer perspectiva, os seus números são assombrantes. É um martelo estatístico, mesmo agora, com 33 anos, uma idade que convida a pensar na retirada dos jogadores. As estatísticas mostram-no tão activo como nos seus melhores anos, mas a sua hierarquia explica-se melhor pela qualidade dos seus golos. Em Turim, marcou um golo tão extraordinário que, em termos de dificuldade, beleza e precisão, discute com a célebre virada de Zinedine Zidane na final de Glasgow 2002, frente ao Bayer Leverkusen. Não há suficientes adjectivos para elogiar a sua "chilena", nem tão pouco o seu primeiro golo num remate com a parte exterior do pé direito que surpreendeu Buffon, que sensibilizou os defesas italianos e os 40 mil adeptos da Juve.
É, aliás, conveniente precisar a natureza dos golos. Cristiano Ronaldo marcou-os a um toque, no primeiro aproveitando a velocidade e a astúcia para adiantar-se à defesa italiana. Do segundo já se disse tudo: é um alarde de potência, agilidade e precisão. O melhor do atleta e do futebolista reuniram-se numa "chilena" memorável. Os dois golos mostram um jogador num perfeito estado físico, um rematador implacável e o melhor avançado centro do Mundo.
Em Turim, viu-se mais do que nunca o percurso de Cristiano Ronaldo como futebolista. O extremo potente e habilidoso do Sporting ampliou o seu raio de acção a toda a frente de ataque no Manchester United e ampliou mais o cenário no Real Madrid. Houve três ou quatro anos de Ronaldo em que ameaçava o golo desde qualquer zona do campo. Essa zona de influência reduziu-se nos dois últimos anos. Transformou-se num voraz avançado centro, menos influente no jogo, mas insuperável como rematador.
O seu percurso como futebolista mostra o aproveitamento máximo do seu tremendo potencial, expresso numa ambição sem limites e num inteligência para adaptar-se às necessidades de cada posição. Nos seus primeiros anos, acusava-se Cristiano Ronaldo de barroco. Gostava tanto da bola que pretendia monopolizá-la. Era um regateador impertinente. A sua rapidíssima progressão permitiu-lhe converter-se num goleador de magnitude histórica, sem abandonar o seu fascínio pela bola. A Cristiano não lhe agradava estar na área. Queria desfrutar da bola. Isso era mais visível quando arrancava de trás, preferencialmente desde o lado esquerdo. Não era fácil pensar neste clínico Cristiano Ronaldo, transformado num minimalista do remate. É tão crucial como sempre no Real Madrid, mas o seu exercício de reconversão fez-nos descobrir um futebolista fascinante. Tantos anos depois, Cristiano Ronaldo derivou para um dianteiro insólito: o exuberante minimalista."

A magia e o lodo fora de jogo

"Uma impulsão de 1,41 metros e um golo marcado de bicicleta, num gesto perfeito em que o pé de Cristiano Ronaldo atingiu os 2,38 metros. Não é a matemática do lance que explica a maré de notícias sobre o polémico mas incontornável nome do futebol mundial: nada menos do que 23 160 artigos online, em apenas três dias, um pouco por todo o Mundo e sem contar com os milhares produzidos em Portugal.

As contas são apenas mais um dado a comprovar o momento único vivido pelo jogador na semana passada. Um momento de magia, que vale mais do que parece. Naqueles segundos rápidos em que a bola voa para o fundo da baliza de Buffon, e em que o estádio da Juventus emudece para logo a seguir se levantar a ovacionar o mago, é como se um lance bastasse para nos reconciliar com o futebol.
Já passaram vários dias, mas aquele golo em Turim ficará para a história. Como ficaram outros de Pelé, de Maradona, Cruyff, Rummenigge ou Bobby Charlton. Porque no fim de contas é isso que vale, a excelência dentro das quatro linhas. Como se de tempos a tempos fosse preciso um momento invulgar para lembrar que nada do que tem intoxicado o espaço público sobre a Liga portuguesa é futebol. Nem e-mails, nem lavagem de roupa suja nas redes sociais, nem presidentes a bradar contra jornalistas, contra adeptos, contra outros clubes ou contra os seus próprios jogadores.
O futebol sobrevive a casos de polícia, de política e de má educação e cabe-nos exigir que sejam tomadas medidas para que o lodo fique sempre fora de jogo. O futebol é talento, suor, festa rija nas bancadas. E trabalho, doses monumentais dele. Porque para chegar ao topo, um futebolista tem de treinar intensamente, cumprir horários que a maioria na sua idade não consegue respeitar, fazer sacrifícios e saber que mesmo assim terá de contar ainda com uma ponta de sorte.
A lição de Ronaldo (questões pessoais à parte) é a sua capacidade de trabalho. Treinou sempre obsessivamente, mesmo quando os colegas paravam. A comprovar que o talento não chega. Cultiva-se e dá trabalho. Será inadmissível permitirmos que a magia seja ofuscada pelo barulho daquilo que não é futebol. Dirigentes desportivos, políticos com poder para legislar, justiça no que for da sua esfera, adeptos na responsabilidade própria e na que devem exigir aos respectivos clubes: a tarefa é gigantesca e precisa de todos."

Benfiquismo (DCCCI)

...à boleia!!!

Rúben e Martin Lula King: "Se o meu crime é dar felicidade a milhões e ajudar a ganhar o penta, esse crime eu cometi" (...)

"Bruno Varela
Não sofria golos em jogos oficiais há 44 dias. Retomarei a análise da sua exibição assim que conseguir assimilar este facto.

André Almeida
Depois da paixão louca por um lateral surpreendentemente eficaz que soma tantas assistências como Grimaldo e Salvio juntos, assistimos hoje ao regresso de Almeidinhos, o defesa algo intranquilo e dado ao erro não forçado que estava melhor no banco de suplentes ou a fazer comentários bem humorados nos posts dos colegas. Por outro lado, a minha confiança em André Almeida é tal que já me convenci da intencionalidade de tudo isto. Elogie-se por isso a excelente gestão de esforço que quase nos custava 2 pontos.

Rúben Dias
Voltou a fazer uma exibição dura mas leal, aquele tipo de adjectivos que os adeptos dos adversárias gostam de utilizar quando têm na sua equipa um central sarrafeiro, pouco dado a poesias, e tremendamente eficaz. Já Rúben Dias é um criminoso e merece prisão perpétua. No dia em que o prenderem, meus amigos, espero que o Rúben reúna alguns milhares de apoiantes no Estádio da Luz e diga alto e bom som que nem Martin Lula King hoje em São Bernardo de Campo: “meus amigos, se o meu crime é tornar milhões de pessoas mais felizes, retirá-las dos escombros de anos de derrotas, e ajudar a tornar a maior instituição deste país um digníssimo pentacampeão, então sim, esse crime eu cometi.”

Jardel
Agora que já se regulamentou a utilização de drones em Portugal, é preciso decidir o que vamos fazer em relação a Jardel. É certo que por enquanto só há um jogador com esta capacidade de perturbar o espaço aéreo português, mas é sempre assim que estes fenómenos começam. Também diziam que a cantera do Seixal não formava ninguém de jeito e vejam o que aconteceu.

Grimaldo
77 minutos a ouvir uns tipos quaisquer na bancada pedirem o regresso de Eliseu ou insistirem que até eles faziam melhor. Muita paciência teve ele para não abandonar o relvado mais cedo.

Pizzi
Joga mais parado do que muita gente a correr. A sério. Literalmente. Felizmente joga num clube de gente bem formada capaz de compreender que os futebolistas também têm dias menos bons, senão já teria sido insultado, suspenso e finalmente reintegrado no plantel.

Fejsa
Feito. Até p’ra semana, amigos!

Zivkovic
Profundidade e inteligência quanto baste para justificar a sua presença no centro do terreno a fazer o que tão bem sabe, linhas rectas e triângulos com os colegas Cervi e Grimaldo (que hoje mais pareceram quadrados, como diz o outro). Infelizmente Rui Vitória discordou e eu já aprendi que não se deve discordar dele.

Rafa
Assistência para golo e abnegação quanto baste para justificar a presença em campo durante os 90 minutos. Infelizmente Rui Vitória discordou e eu já aprendi que não se deve discordar dele.

Cervi
Os mais atentos sabem que não utilizo estes textos para apoiar causas sociais, mas desta vez parece-me que o tema se justifica. A utilizadora @vermelhinha do Twitter apela a todos os adeptos do Benfica para que publiquem algo nas redes sociais com o hashtag #QueremosOCerviBebado. Este movimento cívico visa essencialmente a obtenção do pentacampeonato para que Franco Cervi possa voltar a beber sem moderação em direto na BTV. Vamos a isto, benfiquistas. Todos juntos seremos poucos. Fora isso, foi uma exibição morninha, ao contrário da cerveja que ele vai beber daqui a umas semaninhas no Marquês.

Jiménez
Tal como Rui Vitória, foi injustamente subvalorizado por imbecis como eu. Tal como Rui Vitória, se continuar assim arrisca-se a ter uma estátua algures no Estádio da Luz. Hoje não foram quinze minutos à Benfica. Foram noventa à Jimenez. Marcou mais dois golos, o segundo decisivo para as nossas aspirações. De pénalti. Aos 92 minutos. A uma semana de recebermos o FC Porto. Jimenez não quer saber das estatísticas, nem da adversidade, nem do autocarro e muito menos parece querer saber da pressão. Aliás, parece sentir-se melhor quanto mais adversas forem as circunstâncias. Ficam por isso algumas sugestões para o próximo fim de semana: calcem-lhe umas chuteiras sem pitons, ponham-lhe uns pesos nos tornozelos, coloquem meia dúzia de adeptos do FC Porto atrás do banco de suplentes a insultar a mãe dele, e, muito importante, posicionem alguns snipers no piso 3 a apontarem as suas miras na direcção da sua testa, e verão se ele não entra em campo aos 75’ destinado a selar a nossa vitória rumo ao penta.

Seferovic
A sua entrada em campo foi um apelo à capacidade de superação dos colegas, que a partir daí jogaram em inferioridade numérica. Motivos desconhecidos levaram-no a recuar várias vezes no terreno para assumir a construção do jogo ofensivo da equipa. Teria sido cómico se não estivéssemos empatados no momento em que isto aconteceu.

Salvio
Mais um dia no escritório, que no caso de Salvio é a lavoura. Pegou ao serviço munido de um sonho e uma enxada e só de lá saiu depois de cavar o pénalti mais saboroso dos últimos tempos.

Samaris
Juro-vos pela minha saúde que, instantes antes de perceber quem iria entrar em campo para substituir, disse a uns amigos “epá, não quero saber, metam o Samaris e ele que acerte em todos os que conseguir”. Felizmente não chegou a ser necessário e todos ganhámos com isso: os atletas, os adeptos, os dirigentes, enfim, o futebol português, mas, ainda mais importante do que isso, o Benfica."

Um Azardo Kralj, in Tribuna Expresso

Cadomblé do Vata

"1. Antes de mais: Jonas lesiona-se no aquecimento? Querem-me dizer que a estrutura que está 10 anos à frente da concorrência, não mete o Pistolas numa redoma desde o apito final de um jogo e o silvo inicial do outro?
2. A vitória do SLB foi um castigo merecido para a arrogância do Couceiro... queria-nos humilhar roubando pontos ao Glorioso com o Luis Filipe em campo.
3. Os golos do Jimenez valeram 3 pontos, a liderança isolada e evitaram que o nosso Presidente arrasasse a equipa no Facebook... oh desculpem... clube errado...
4. Mais uma semana a dormir no primeiro lugar faz-me bem à saúde... o topo do pódio é tão confortavel como uma cama do Hilton... o segundo posto é um sofá cama na Pensão Estrelinga. O 3° lugar são pedras da calçada atropeladas por uma manada de bisontes.
5. A segunda parte chegou a ser preocupante com um regresso inexplicável ao chutão para a cabeça dos 2 troncos lá na frente... regressão maior, só se a indústria automóvel cagasse (ainda mais) de alto para o ambiente e voltássemos à gasolina Super e Normal."

Vermelhão: Sofrimento...

Setúbal 1 - 2 Benfica


Não foi bonito, mas deu 3 pontos!!! Depois da 'euforia' com a liderança isolada, passei a semana toda a 'acalmar' Benfiquistas, nada está ganho, o caminho para o Penta está repleto de dificuldades, e armadilhas... Hoje, não era preciso ser um génio para perceber que o jogo iria ser complicado: o Benfica o ano passado, não conseguiu ganhar a este Setúbal para o Campeonato, treinado pelo Couceiro. Este ano já tínhamos tido um jogo 'desgraçado' da Taça da Liga em Setúbal!!! Semana toda a chover, o campo ia estar pesado...
Para complicar as coisas, ficámos sem o Jonas a poucos minutos do início da partida!!! Eu escrevi na crónica do jogo do Guimarães, que me pareceu ver o Jonas com movimentos 'estranhos'... aparentemente o problema é nas costas, hoje, as dores foram mais fortes... Mas, tão importante como a ausência do Jonas em campo, com a respectiva titularidade do Jiménez, quando chegámos aos 60 minutos, não tínhamos o Jiménez no banco, para fazer a substituição 'revigoradora'!!! E curiosamente foi mais ou menos na altura da 1.ª substituição, o pior momento do Benfica em campo...!!!
Além da vitória, a outra boa notícia, foram os 'não amarelos' do Jardel e do Fejsa!!! Sendo que agora, o Rúben também está à 'bica'!!! Com os dois Centrais à bica, é óbvio, que não podem levar Amarelo no mesmo jogo!!! E com o Veríssimo ou o Soares Dias na próxima jornada, não vai ser fácil!!!
Já que estamos no tema: inacreditável nomeação do Godinho para o jogo de hoje, depois da 'merda' que fez em Braga, foi premiado com mais um jogo do 'título'!!! Isto só pode significar que o Fontelas 'gostou' do golo mal anulado ao Braga a semana passada!!!
Hoje, fartou-se de perdoar Amarelos aos Setubalenses, só mostrou a um Avançado, a Defesa e o Meio-Campo do Vitória, tiveram 'via verde' para dar pau... Mas como é óbvio o 'tema' vai ser o suposto 2.º Amarelo ao Rúben...
O penalty é claro, o parvo do Luís Filipe 'meteu' as mãos no Salvio, o Toto tetraliza depois, mas a falta existe... No golo anulado ao Jardel, o fora-de-jogo é milimétrico, mas parece existir (não é fácil definir o momento do passe, porque o corpo do Jiménez e do defesa do Vitória, 'tapam' o ângulo!)...
Começamos o jogo a perder, levámos algum tempo a assumir o jogo, mas os últimos 25 minutos da 1.ª parte foram todos nossos... O 1-1 ao intervalo, já era curto... O 2.º tempo começou 'mole', e entre os 60 e os 70 minutos tivemos os nossos piores minutos.
As substituições, com as alterações tácticas, não resultaram... Como já escrevi faltou o 'efeito' Jiménez a saltar do banco!!! Mas como é normal, enquanto as nossas alterações foram sempre ofensivas, o Setúbal quando começou a 'rodar', recuou... e acabou por 'dar' a iniciativa ao Benfica... e voltámos a ser felizes!
Independentemente da avaliação à exibição, só o Benfica 'podia' ter ganho este jogo: dominámos a posse de bola, a diferença no número de ataques e remates foi grande, o Setúbal só 'assustou' durante um período de 10 minutos... Eu sei que se farão outras análises, dando a ideia que o jogo foi equilibrado, mas não foi...!!!


O MVP só pode ser o Jiménez, que de regresso à titularidade, muitos meses depois, marcou os dois golos... e participou em muitos outros ataques, com remates perigosos! É impossível não gostar do Raúl... O Zivo e o Cervi para mim estiveram bem, o Rafa esteve apagado, mas o cruzamento para o 1.º golo é meio-golo...
Notou-se que o Fejsa esteve 'condicionado', e isso influenciou muito a recuperação de bola, com impacto em todos os sectores...
Negativamente: o Grimaldo não esteve nos seus dias...!!!
Neste momento somos líderes com 4 pontos de vantagem. Amanhã, poderemos só ter 1 ponto, mas no próximo jogo na Luz, o adversário está obrigado a ganhar! Pode parecer um pormenor, mas não é... O facto destas duas últimas partidas (Vitórias...!!!) não terem sido espectaculares, não quer disser nada. A dinâmica do jogo com os Corruptos, será completamente diferente...


Uma das grandes 'vantagens' da vitória desta noite, é que agora - nos próximos dias... -, vamos poder apreciar a palhaçada esverdeada, com os 3 pontos no bucho!!! Um dos meus maiores receios, é que existisse, hoje, alguma descompressão, fomentada pelas distracções do Babalu!!! É muito importante, jogadores, treinadores, dirigentes e também os adeptos, não ligarem muito ao que se passa no Sanatório da 2.ª Circular... O principal inimigo é outro!!!

Estamos na Final...

Benfica 3 - 0 AA Espinho
25-15, 25-11, 25-15

Mrdak(13), Zelão(13), Honoré(13), Winters(8), Lopes(8), Violas(1), Gaspar, Vinhedo, Filip, Dusan; Casas, Gentil

Amanha pelas 18h30 vamos ter a Final esperada da Taça de Portugal, Benfica - Castêlo da Maia (também derrotou o Leixões por 3-0)!
Hoje, o jogo teve pouca história... mas amanhã temos que jogar concentrados, porque o Castêlo tem uma boa equipa...

PS1: Hoje, em Melres, o Fernando Pimenta sagrou-se Decacampeão Nacional de Canoagem de Fundo em K1. O João Ribeiro terminou em 2.º...
No sector feminino, a 'história' repetiu-se: Teresa Portela ganhou, e a Joana Vasconcelos ficou em segunda!

PS2: Gostei de ver hoje de manhã a 'pequenada' a correr na Luz, amanhã temos os graúdos!!!

Vitória em Vila do Conde...

Rio Ave 3 - 5 Benfica

Jogo complicado, até porque a meio da semana a Selecção nacional fez 2 jogos com a Sérvia, com vários jogadores do Benfica (a marcarem praticamente todos os golos da Selecção), sendo assim a equipa chegou a esta jornada, 'cansada'!
Destaque para a estreia do André Correia, como titular na baliza (o Roncaglio esteve no banco)!

Empate em Penafiel...

Penafiel 1 - 1 Benfica B


Marcámos primeiro, mas pouco depois um auto-golo do Kalaica, empatou o jogo. O 2.º tempo foi bastante motivado, com o Penafiel a festejar 2 golos anulados e com um visitado a ser expulso, deve ter sido quentinho...!!!

Juniores - 6.ª jornada - Fase Final

Benfica 1 - 1 Braga
Duk

Biai; Pinheiro, Álvaro, Loureiro, N. Tavares; Vukotic, D. Tavares (Capitão, 92'), Pinto; Jota, Santos (Félix, 90'); Duk (Nóbrega, 56')

Mantemos a liderança, agora com 3 pontos sobre o Sporting, num um jogo onde chegámos à vantagem a jogar com 10, mas depois nos últimos minutos não conseguimos aguentar os 3 pontos! A presença do Félix no banco também explica alguma coisa...

Juvenis - 1.ª jornada - Fase Final

Belenenses 0 - 0 Benfica

Monteiro; Ferreira, Penetra, Saldanha, Tavares (Brazão, 74')); Jocu, Ronaldo (Bernardo, 63'), Cunha (Gouveia, 55'); Jair, Ramos; Gomes

Nunca é fácil jogar neste suposto campo de futebol de 11 no Restelo, mais parece um recinto de Futsal!!! Mas desta equipa espera-se mais...

Eliminação...

Corruptos 9 - 2 Benfica

O que se passou hoje foi grave. Entrada suicida no jogo, com um 6-0 em poucos minutos... Horrível, contra-ataques constantes e falta de atitude de alguns jogadores...!!! Já se sabia que a vantagem de 1 golo era curta, mas...
Espero que a cabeça da equipa ainda esteja nos títulos em disputa esta época, e não nas transferências!!!

PS: Mais uma vez, os nossos adeptos foram totalmente desrespeitados pelas autoridades, nada de novo aqui, também...

A importância da capacidade de abstracção

"Não era suposto ver-se o Benfica no 1.º lugar nesta altura do campeonato. Nem nesta altura, na verdade, nem em nenhuma altura. Era suposto ver a equipa do Benfica soçobrar, condicionada, como não poderia deixar de estar, perante a campanha de dissolução permanente concertada no Hotel Altis pelos altos (baixos) comandos da comunicação dos rivais e pelas, isso sim, preocupantes surtidas do Ministério Público ao Estádio da Luz. Independentemente de como o campeonato se venha a resolver, não deixa de ser notável a capacidade de abstracção da equipa face ao ambiente supremo de hostilidades em torno do emblema tetracampeão. Por estas razões tão devastadoras para o ânimo geral, nunca serão suficientes as palavras de gratidão dos benfiquistas para os seus técnicos, capitães e jogadores que nos vêm entretendo, e frequentemente deliciando, com uma campanha à altura dos pergaminhos do Benfica dentro das quatro linhas do campo.
Esta noite é em Setúbal que o Benfica joga o seu destino. Se não respeitar o adversário, se não correr mais e se não lutar mais do que o adversário, dificilmente o Benfica sairá vencedor. Vêm estas generalidades a propósito da discussão sobre a utilização de Fejsa hoje com o Vitória Futebol Clube. O sérvio, como é do conhecimento geral, pode falhar o jogo seguinte – com o FC Porto no Estádio da Luz – no caso plausível de ver esta noite um cartão amarelo.
Há quem entenda que a Fejsa deveria ser poupada a deslocação ao Bonfim de modo a garantir a sua presença no próximo clássico. Discordo. O campeonato joga-se jornada a jornada e o jogo com o Vitória é, neste momento, mais importante do que a recepção ao FC Porto. Não duvidando de que o Benfica, sem Fejsa e com muita aplicação, poderá vencer os seus jogos com Vitória e com o FC Porto – o Paços de Ferreira e o Belenenses, ambos sem Fejsa, já venceram este ano a equipa de Conceição… – seria uma desconsideração à equipa setubalense retirar esta noite o sérvio do onze titular do Benfica. E quem diz Fejsa, diz Jardel, que se encontra exactamente na mesma situação disciplinar. Carrega, Benfica. Carrega a sério, Benfica.
Dizem os aritméticos que o Sporting se despediu da luta pelo título em Braga e são capazes de ter alguma razão, tendo em conta a ânsia com que o presidente do clube vem reclamando palco num infindável cacharolete de afrontas, de vaticínios clínicos fatais e de desconsiderações múltiplas, não poupando nem criancinhas minhotas nem tradições do hemiciclo parlamentar nem os seus próprios jogadores. Tudo serve e servirá como factor de distracção. Ei-lo que se faz ‘aparecer’ em infantis montagens fotográficas como responsável no momento de glória de Ronaldo em Turim para logo se fazer desaparecer como responsável nos momentos inglórios da sua equipa em Madrid. Triste e velhíssima cartilha a sua. A capacidade de abstracção dos sócios e adeptos do Sporting perante isto não deixa de ser também notável."

Ousadias da existência

"Deu-se o acaso de, numa semana, o FC Porto perder no Restelo e o Benfica jogar hoje no Bonfim, estádios clássicos de Belenenses e V. Setúbal, clubes  que, mais do que quaisquer outros, têm enfrentado problemas existenciais nas últimas décadas. Primeiro, porque andaram em tempos numa primeira linha; segundo, porque pela vizinhança alimentaram competição com Benfica e Sporting que também os fez crescer. Assim, merecem interpretação duas coisas: a forma como Silas, depois de vencer o FC Porto, falou ao coração dos belenenses dizendo «isto não é uma ponte, é o Restelo!». Segundo, a decisão do Vitória de, pela primeira vez, proibir adornos do visitante nas bancadas centrais.
Acho bem. E acho bem porque estes clubes (há outros claro) perderam tudo: estatuto, dinheiro, sonhos de campeão, adeptos. No sorvedouro moderno parecem sentir-se cada vez mais obstáculos no caminho dos grandes, constrangidos a escolher entre serem rivais ou aliados deste ou daquele. E quando os adeptos da casa dizem Restelo ou Bonfim parece sentir-se, neles, um impulso da história. A casa é o que lhes resta na comparação com os grandes e vê-la, um dia, terminantemente fácil, invadida, será o fim dessa identidade emocional.
Talvez, com mais tempo, clubes como o Belenenses e o Vitória não possam evitá-lo. Talvez os grandes com que se comparam nem tenham culpa dos caminhos que as sociedades/economias, traçaram. Jogos como estes, em todo o caso, enleiam forças regeneradoras, quase a possibilidade de um título que não se ganha por jornadas, antes por combate, como no boxe. Como se o Belenenses pudesse roubar um troféu ao Porto ganhando-lhe só uma vez. Ou o Vitória ao Benfica. É essa presença caseira, de combate único, o que lhes resta de uma velha nobreza. A última ousadia é existir."

Miguel Cardoso Pereira, in A Bola

Os políticos, enfim, movem-se...

"Como a intervenção espontânea e obsessiva de Bruno de Carvalho na Assembleia da República se tornou numa dádiva de valor inestimável.

Um dia inteirinho de pesada e demasiada estrutura programática na belíssima e digna sala do senado, na Assembleia da República, só para se falar de desporto. Desta vez, não do desporto prazenteiro, bem sucedido e pronto à homenagem com fotografia de família, mas do desporto visto através de um dos seus problemas mais preocupantes: a violência.
Demorou a preocupação parlamentar, tardou a responsabilização política, surpreendeu a desvalorização do governo mas, enfim, a política, com todo o seu carrego de análises de prós e do contra, acabou por entender ser melhor mover-se do que, mais tarde, vir a sofrer o dissabor de ser apontada a dedo na eventual responsabilidade, por inacção e desleixo, de uma qualquer tragédia nacional provocada em recinto desportivo ou seus arredores.
O acontecimento, traduzido em forma de conferência pública, acabaria por ter um efeito inesperadamente conclusivo: Por duas razões essenciais: a primeira, pela responsabilidade efectiva, que foi totalmente assumida por muitos dos participantes que tiveram o respeito que é devido à grande casa da democracia e de todo o povo português, estruturando as suas intervenções, enriquecendo-as com uma argumentação assente no conhecimento e apresentando conclusões objectivas; a segunda, mais imprevista, mas não menos importante para a análise e futura decisão política, pela espontânea intervenção do presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, que ofereceu, em directo e ao vivo, uma visão clara do que está, verdadeiramente, no cerne da questão do quadro de violência verbal em que assenta um inquietante clima de conflito global, que deforma consciências, vandaliza as emoções clubísticas, tornando-as cegas de tão extremas, que arrasa qualquer conceito de valor e ideal desportivo, que penetra e mobiliza as hordas mais sectárias dos adeptos mais violentos e que usam os clubes como escudos da sua obscura acção.
Sem querer, Bruno de Carvalho conseguiu transmitir ao evento a natureza de uma realidade que, por norma, não é expectável encontrar num cenário tão formal. E essa foi a inestimável dádiva que o presidente do Sporting a todos ofereceu, naquele seu modo directo, rude e sem filtro, que usa para atirar argumentos e verdades únicas à cara de todos os que se atrevem a discordar ou, pura e simplesmente, a não dizer sim.
Evidentemente que a constante e quase obsessiva intervenção do presidente do Sporting pode ter soado a uma intolerável incontinência a quem está habituado a uma certa lógica de formalismo comportamental, mas teve, em si mesma, a extraordinária virtude de toda a gente, mesmo gente que apenas teria uma leve ideia do que verdadeiramente estava em causa, perceber, com rigor, de que estávamos todos, ali, a falar.
Quando Bruno de Carvalho anunciou que «toda a gente só estava ali porque existem clubes» e reformulou qualquer tese científica da essência nuclear do desporto; quando proclamou que só faltava os jornalistas «exigirem carro com motorista» para irem trabalhar para os estádios; quando se insurgiu contra o presidente da Federação, da Liga, da APAF; quando duvidou de pertinência do ministério público e do Conselho Superior da Magistratura; quando atacou a qualidade e oportunidade de intervenção das forças de segurança, que tinham apresentado números e factos de incidentes, Bruno de Carvalho, embora sem o suspeitar, tornou-se uma figura imprescindível para que o sector político, menos conhecedor das razões que verdadeiramente preocupam o universo desportivo, pudesse, enfim, entender a realidade em toda a sua dimensão.
(...)"

Vítor Serpa, in A Bola