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sábado, 2 de setembro de 2017

Vamos brincar aos ricos e no futebol

"E se um dos homens mais ricos do mundo decidisse brincar ao futebol e tudo perverter? E se fosse você, mesmo, o mais rico, e entrasse neste jogo?

Segundo a Forbes, o homem mais rico do mundo continua a ser Bill Gates, o senhor Microsoft. Não consta do seu curioso currículo especial admiração pelo futebol, ou seja, o soccer na versão americana do jogo do chuto, que vai semeando paixões pelo mundo. Estão, aliás, três americanos nos primeiros lugares dos mundialmente mais ricos e já houve, também, quem se desse ao trabalho de fazer umas contas para produzir a assustadora afirmação de que os oito homens mais ricos do mundo têm mais dinheiro do que metade da população mais pobre do planeta Terra.
Acontece que o quarto homem mais rico do mundo é o primeiro europeu da lista. Por sinal, espanhol. O senhor, que já ultrapassou os oitenta anos, nasceu na Província de León e é dono das nossas conhecidas Zara, Massimo Dutti, Pull and Bear e outras marcas que se estendem por mais de 5000 lojas terráqueas. Chama-se Amândio Ortega e não sei bem quem lhe contou as notas e as moedas do cofre, mas chegaram a este número, calculo que invejável: 1,4 mil milhões de dólares de fortuna pessoal. Ou seja: não estamos a falar propriamente de património que, esse, anda pelos 70 mil milhões de dólares, falamos, apenas, da parte personalizada da sua fortuna.
Pois, sendo espanhol, Ortega tem natural inclinação pelo jogo da bola e, pelos vistos, gosta em especial do Deportivo da Corunha, sendo que a mesma revista Forbes anunciou recentemente que o multimilionário espanhol era o verdadeiro dono do clube.
Podemos então partir desta realidade para uma ficção plausível. Ortega decidia reformar-se definitivamente dos negócios das roupinhas e apostava em passar os últimos anos da sua vida  a brincar com o futebol do mundo, fazendo o Deportivo, para não dizermos do clube da sua aldeia natal, o Busdongo de Arbas, o maior clube do mundo. Em Janeiro de 2018 não se limitaria a pagar essa quantia pequenina de 400 milhões de euros que foram necessários para o PSG ter Neymar e Mbappé, mas chegava aos mil milhões, driblando sem piedade o fair play da UEFA.
Na sua sala oval da Galiza, rodeado de especialistas na matéria, decidia acabar de vez com a alternância do poder desportivo Real Madrid e do Barcelona, pagando as cláusulas de rescisão de todos os seus melhores jogadores, na véspera do fecho do mercado.
Podia, em alternativa, achar engraçado, deixar Neymar e Mbappé no PSG, mas tirar ao clube parisiense todos os seus outros jogadores. Que jogassem apenas com as duas estrelas contra a iluminação da Torre Eyffel. E se o homem quisesse vir fazer uma gracinha em Portugal? Talvez tivesse dificuldade em comprar a SAD do Belenenses ao Rui Pedro Soares, mas podia, de um só golpe arrasar o Benfica, o Sporting e o FC Porto deixando-lhes lá em casa, pelo mais cruel dos castigos, apenas os seus directores de comunicação para falarem, entre eles, em como se pode corromper o mundo com prendas de 150 euros e outros assuntos fundamentais ao futebol.
Claro que melhor do que conceber esta teia improvável de tragédias futebolísticas para mero gozo de um multimilionário seria, mesmo, eu ganhar sozinho e por mil vezes o euromilhões e ser eu a jogar com o mercado do futebol em Portugal e no mundo.
Ora, pensadas as coisas nesta perspectiva surreal e na convicção de que se trata apenas de um jogo, terminamos com um desafio a cada leitor. Pense que é você mesmo que tem os 86 mil milhões do Bill Gates e que resolve ir brincar ao futebol. Como e até onde o iria perverter? Até ao limite da demonstração de que este caminho, sem regulação, que tem vindo a ser seguido está definitivamente errado?
(...)"

Vítor Serpa, in A Bola

PS: Eu tenho um desafio para o Director d'A Bola: e se o jornal A Bola, em vez de ir à Galiza perguntar ao senhor Ortega o que ele vai fazer com o seu dinheiro... fosse a Cascais (é mais perto...), perguntar a um individuo que por acaso é arguido em Portugal, na Suíça e noutros locais paradisíacos... se o seu investimento, meio às escondidas no Sporting, está ou não, a perverter a competição em Portugal?!!!
É que no caso do senhor Ortega sabe-se de onde veio o dinheiro, e dos senhores de Cascais sabe-se que são os Portugueses que andam a pagar o calote que eles deixaram para trás...!!!

A NHL e o 'skate'

"A NHL, a liga norte-americana de hóquei no gelo, confirmou a posição na controvérsia que dura há meses: os jogadores da liga não vão, mesmo, aos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, na Coreia do Sul. A instrução, note-se, não é só para estado-unidenses e canadianos, vale para suecos, russos, checos, finlandeses, alemães, suíços, todos.
Muitos jogadores estão susceptibilizados com a impossibilidade de representarem o país deles, como Henrik Lundqvist, dos New York Rangers e da Suécia: «Muito desapontado», twittou. A NHL só vê riscos e prejuízos; o COI, reagindo, ameaça retirar o hóquei no gelo.
Pode isto abrir precedentes? No futebol é impossível, por directiva da FIFA que impede os clubes, ou ligas, de vetarem chamadas nacionais, contudo o que se passa na NHL parece-me, estranhamente, visão de futuro. Neymar, por exemplo, descansou neste defeso, mas tivera Copa América-2011, JO-2012, Confederações-2013, Mundial-2014, Copa América-2015 e JO-2016. Quem tem capacidade para o comprar por 222 milhões terá um dia autoridade para o impedir de ir, pelo Brasil, a tudo isto? Ou valeria ele o mesmo se não tivesse representado o país nas ditas ocasiões?
Por outro lado, há quem possa ir aos Jogos - pela primeira vez - e não queira. O surf vai a Tóquio-2020 e os surfistas estão rejubilantes, mas o skate também vai e os skaters não querem saber.  Bob Burnquist, influente praticamente brasileiro, não acolhe a ideia e disse à Folha de São Paulo: «Não é a nossa identidade. Nem é desporto, é um estilo». Outras lendas da modalidade, como Tony Alva, também censuram a ida aos Jogos, vendo-a como cedência, sell-out.
A atitude da NHL é um sinal do mercantilismo desportivo moderno; a do skate é também uma marca da contemporaneidade, mas na busca de sentido, no reacendimento de valores. Por isso, ainda que por caminhos e motivações diferentes, concordam no essencial: não vão."

Miguel Cardoso Pereira, in A Bola

Um dia de azar

"Bruno de Carvalho surpreendeu ao afirmar que "não chegou qualquer proposta para William". Apanhou de surpresa todos os que o ouviram, mas em primeiro lugar os jornalistas que durante as últimas semanas – ou meses – foram dando conta, com regularidade, não só do interesse mas também das propostas que iam chegando de alguns clubes europeus.
William Carvalho é titular na Selecção, é campeão europeu, é uma das principais figuras do Sporting, tem 25 anos e é representado por Pere Guardiola, agente com influência crescente em Espanha e Inglaterra. Será possível que, ainda assim, William não desperte o interesse das principais ligas ao ponto de chegar ao último dia de mercado sem qualquer proposta?
David Sullivan, um dos donos do West Ham, também ficou surpreendido e decidiu reagir para garantir que fez mesmo uma "proposta recorde" pelo médio dos leões. Há aqui uma questão que não deixa de intrigar: por norma, os clubes preferem fazer constar que receberam inúmeras ofertas e que as recusaram a pensar no projecto desportivo. Desta vez é precisamente o contrário: há um clube a dizer que fez proposta e há outro a garantir que não. Em que ficamos?
Entretanto, o caso Adrien continua a aguardar decisão da FIFA e o CD da FPF suspendeu Bruno de Carvalho por mais três meses. Um dia mau."


PS: Esta 'ingenuidade' dos jornaleiros é de bradar aos céus: toda a gente sabe que existe uma cláusula no contrato do William que obriga o Sporting a pagar €5 milhões se o Sporting receber uma proposta e o jogador acabar por não ser vendido, como é o caso... O Babalu só está a tentar - mais uma vez -, não pagar o que prometeu... Mas como é óbvio, não é difícil ao empresário do jogador, provar que houve propostas, pois deve ter acompanhado o processo entre os Clubes...
Em relação ao Adrien é engraçado, como os pasquins nacionais, continuam a insistir em números ridículos, quando em Inglaterra, todos falam em €17 milhões (praticamente metade em relação à proposta do ano passado)... Sendo que o Babalu só aceitou este valor, quando percebeu que o West Ham tinha desistido do William... e assim começou a fazer contas, pois é preciso ter liquidez até Dezembro...!!!
Diga-se ainda que o West Ham, 'voltou as costas' ao negócio, porque mais uma vez, após existir acordo total, o Babalu com a 'caneta' na mão, voltou atrás com a palavra e exigiu mais uns milhões!!!
A diferença em relação aos barretes da época anterior, é que esta 'táctica' já é cada vez mais conhecida, e no futuro serão cada vez menos, aqueles que irão negociar com o Babalu...!!!

Benfiquismo (DLXXIX)

Mãos à obra...!!!

Uma Semana do Melhor... com a Alvarenga!

Jogo Limpo... Mercado & Direito...

É, portanto, costume...

"O Benfica é, clinicamente, a equipa mais regular da Europa. Cinco jogos, cinco jogadores na enfermaria.

Singularidades do campeão
Findo o seu quinto jogo oficial da temporada – um empate molengão em Vila do Conde – o Benfica apresenta-se, do ponto de vista clínico, como a equipa mais regular da Europa e, eventualmente, do mundo. Cinco jogos e cinco jogadores recolhidos à enfermaria. Primeiro foi Grimaldo, titular indiscutível, seguiu-se Fejsa, titular indiscutível, depois foi Salvio, outro que tal, e, por fim, apresentaram baixa Jardel – que caminhava, lenta e naturalmente, para a titularidade indiscutível depois de um ano de ausência – e Pizzi, titularíssimo acima de qualquer discussão. A esta mão-cheia vazia de jogadores de primeira água vem somar-se os três grandes – aliás, enormes – desfalques sofridos do último defeso: Ederson, Lindelof e Nelson Semedo. Se isto não é caso para levar as mãos à cabeça…
Não, não é caso para tal! – responderão os mais optimistas entre os apaniguados da Luz lembrando que, na época passada, foi a mesma coisa o que não impediu a festa no Marquês. Nem, muito menos, a celebração final no Jamor. É verdade que o Benfica chegou ao título em 2016/2017 não dispondo de Jonas durante metade da temporada – e isto, sim, foi uma proeza – e contando de Agosto a Maio com as persistentes intermitências clínicas de jogadores como Salvio, como Fejsa, como Mitroglou, como Raúl Jiménez, como Grimaldo, como Samaris e como tantos outros. É, portanto, costume. E, sendo costume, não haverá motivo para alarme. Podem até, os mais optimistas, regozijar-se pelo facto de ter sido o Benfica, mesmo desfalcadíssimo, a impor ao surpreendente Rio Ave a primeira perda de pontos nesta Liga. É uma maneira de ver as coisas pelo prisma positivo tanto mais que esta Liga só agora começou.
Trata-se tudo isto de uma questão de confiança. Uns confiarão na recuperação rápida dos pacientes, outros terão por certa a injustiça diariamente cometida pelos departamentos de propaganda do FC Porto e do Sporting que acusam os jogadores do Benfica de uma prática continuada de violência quando, na verdade, são eles – os jogadores do Benfica – que vão saindo a coxear a cada jogo efectuado. Exposto o que os optimistas e os confiantes pensam desta série de maleitas, chegou a altura de vos confidenciar o que pensam os calculistas destas singularidades. Os adeptos calculistas, mais frios e mais racionais, pensam que não podia ter vindo em melhor altura o tropeção em Vila do Conde nem a renovada onda de lesões nem as flagrantes fragilidades tendo em conta que as ditas ocorrências se verificaram a uma semana do fecho do mercado de Verão. Mãos à obra.

Outras Histórias
Balanço ainda impossível, mas…
A expressão de Acuña em "pico cardíaco" é um hino ao futebol
É cedo para o balanço do vídeo-árbitro no campeonato olhando, exclusivamente, para a verdade que a sua existência empresta à tabela. Mas não é cedo para duas outras verdades conclusivamente instaladas ao cabo de quatro jornadas da Liga e que se revelam de uma bondade extrema não para o jogo em si, mas, em primeiro lugar, para a corporação: se, há uns anos, uma equipa de arbitragem era composta por 3 elementos e, de repente, passou a ser de 5 com a introdução dos 2 árbitros que ocupam as linhas de fundo, agora passaram a ser 7 ou 8 os árbitros em função de cada jogo com a chegada dos vídeo-árbitros. Ora isto é, corporativamente, um maná. A segunda bondade do vídeo-árbitro é, como diz o treinador do Sporting, a "grande emoção" que dá ao porque provoca "picos cardíacos que até bates coma cabeça no tecto". Aliás, a expressão de Acuña a sofrer um pico cardíaco quando o Estoril atirou com uma segunda bola para dentro da baliza de Patrício é toda ela um hino ao futebol."

Pesadelo de Vitória

"Como vulgar adepto/espectador sei dizer que não é normal tantas lesões que martirizam o plantel

O Benfica empatou em Vila do Conde e, no fim do jogo, ficou a sensação de que não foi mau. O Benfica fez o jogo menos conseguido da época contra o adversário mais categorizado. Eram imensas as limitações para um jogo num campo muito difícil, sem Fejsa, Grimaldo, Salvio, Júlio César ou Mitroglou, lesionados. Com Jonas e Pizzi limitados fisicamente e com Jardel a sair pouco depois dos quinze minutos. Se este cenário não era famoso, basta juntar o início apático e um autogolo para termos um empate justo.
Não sou médico e não percebo nada de metodologia e de cargas de treino, mas como vulgar adepto/espectador sei dizer que não é normal tantas lesões que martirizam o plantel. Semana sim, semana sim, aumenta o rol dos lesionados. Pode até haver explicações diferentes, pode ser fruto de uma sucessão de acasos, mas para o adepto que vê de fora é um horror, imagino que para Rui Vitória seja um pesadelo.
Deixámos dois pontos nos Arcos, num campeonato onde não se vão perder muitos, por isso começamos mais cedo e gastar a nossa margem de erro. Foi um jogo onde a Rafa nem sempre saíram bem as coisas, Rui Vitória tirou o rápido extremo português, numa altura do jogo em que Jonas já não tinha qualquer disponibilidade física. Nessa fase eu, treinador de bancada, teria poupado o génio brasileiro, metendo Jiménez e mantendo Rafa. Zivkovic foi a boa notícia do jogo de Vila do Conde, ainda longe do que pode atingir mas percebe-se perfeitamente que daquele talento hão-de vir muitas alegrias.
31 de Agosto chegou e finalmente fechou o mercado. Agora sabemos com o que cada treinador conta para atacar os objectivos. Boa sorte para André Horta, um jogador por quem os benfiquistas nutrem especial carinho e venha Svilar, Douglas e Gabriel Barbosa para aumentar as soluções de Rui Vitória.
Estou de férias, em Malta, numa ilha invadida por ingleses. Outrora ocupantes, são agora apenas visitantes. Um simples Malta-Inglaterra traz milhares e milhares de ingleses em busca de muitos golos... de cerveja. O futebol tem hoje um peso impressionante na sociedade, na economia e no espaço mediático. São muitos os países e muitos os canais de televisão que nos últimos dias fazem actualização permanentes de entradas e saídas de jogadores. Uma economia dentro da economia."

Sílvio Cervan, in A Bola

NetPress... Mercado

Massacre

Benfica 39 - 20 Dínamo Pancevo
(21-9)

Apesar do grau de dificuldade baixo, na estreia da nossa secção de Andebol já deu para notar o 'dedo' do treinador: agressividade na defesa (praticamente metade dos golos que sofremos foram em Livres de 7 metros - (8) !!!), com mudanças de estratégia; contra-ataques; muito jogo para as pontas...
Ao contrário de alguns dos jogos de preparação, hoje tivemos todos os jogadores disponíveis, incluindo o Terzic (que parece totalmente recuperado...), e isso notou-se, principalmente na defesa...
Destaco também a integração dos jovens Pedro Santana e do Gonçalo Nogueira... além do André Alves...

Amanhã temos a 2.ª mão desta 1.ª ronda da Taça EHF, novamente na Luz. A qualificação está garantida, os vice-campeões Sérvios, não trouxeram todos os jogadores, e como ficou demonstrado hoje, o Benfica é melhor...






PS: No Mundial de Judo, o Célio Dias ficou em 9.º, após uma derrota num combate que estava a dominar... pareceu-me excesso de confiança! O João Martinho ontem também ficou aquém das suas possibilidades...!!!

Pós-verdade


"Diz-se vivermos na era da pós-verdade, em que os factos são distorcidos apelando-se a crenças pessoais e emoções para condicionar a opinião pública. Discordo porque a referência à pós-verdade nestes termos dá a ideia de se tratar de uma novidade, quando não o é. Aliás, Nietzsche já defendia a inexistência de factos, subsistindo antes as versões.
Há, porém, duas diferenças do nosso tempo em relação a todos os outros: o acesso generalizado à 'informação' e a velocidade da sua propagação. Torna-se, portanto, fundamental que a pós-verdade seja denunciada e que os seus instigadores sejam combatidos tão célere quanto eficazmente.
Pode-se combater a pós-verdades, criando confusão. Mas casos há em que a base de sustentação da pós-verdade é tão frágil, que os factos, se bem comunicados, serão suficientes para a desmontarem. Dou dois exemplos: O 'caso Calabote' e o 'clube do regime'. Se o primeiro se desmonta recordando que o FCP foi campeão nessa temporada e divulgando crónicas de jornais da época, declarações de intervenientes e o processo que levou à irradiação do árbitro - por ter mentido no relatório e não pela sua actuação - já o segundo bastará evocar que o SLB, ao contrário dos outros 'grandes', nunca deixou de ter eleições livres e democráticas durante a ditadura e teve, entre as principais figuras do clube, inúmeros declarados oposicionistas.
No entanto, o segundo exemplo é de tal forma grave, que o SLB não deverá, do meu ponto de vista, limitar-se a desmentir quem usa e abusa dessa acusação vil e infundada, devendo também colocar processos por difamação a quem a promove e a quem, quais meras caixas-de-ressonância, a difunde na esfera pública."


João Tomaz, in O Benfica

Levantar voo e só aterrar em Maio

"Só acredito que estas palavras que escrevo são mesmo para o jornal do Sport Lisboa e Benfica quando ler a próxima edição. Até lá, estou seguro de que o convite para ter uma crónica no periódico do maior clube do mundo se trata de brincadeira. Mas que raio fiz eu, merecedor de tamanho privilégio?
Que me recorde, a minha única acção verdadeiramente produtiva em benefício do Benfica ocorreu já lá vão dois anos. No Bessa. A escassos segundos do fim, gritei ao Eliseu que bombeasse a bola para a área, e o rapaz, por sorte, no meio de tanta barulheira, lá me conseguiu ouvir. Então, esta é a recompensa pelo facto de, no fundo, eu ter sido o principal obreiro daquele golo? Os três pontos tinham bastado, mas tudo bem.
A estreia deste espaço semanal acontece após um lamentável empate diante do Rio Ave. Maldito Cássio! Espero que o guardião vila-condense mantenha este nível, sobretudo nas jornadas 6, 8, 23 e 25. São quatro rondas que escolhi ao calhas.
Tal como em todos os anos do tetra, chegámos à pausa das selecções sem a liderança. O Benfica é mesmo assim: primeiro, dá esperanças à concorrência. Depois, levanta voo e só aterra em Maio.
A lengalenga da crítica não muda: 'o André Almeida não chega para titular'; 'o Salvio já não é o que era'; 'o Jonas e o Luisão estão velhos'.
Quanto ao André e ao Salvio, recordo que já ganharam mais em Portugal do que os plantéis de FC Porto e Sporting juntos.
Em relação à dupla brasileira, meus amigos, confesso que, no Brasil, eu não faço ideia, mas a idade da reforma em Portugal é aos 66 anos, pelo que ainda conto com umas 30 temporadas sensacionais do capitão e do pistolas."

Pedro Soares, in O Benfica