Últimas indefectivações

sábado, 25 de novembro de 2023

Antevisão...

O que se passa na lateral esquerda do Benfica?


"Com a saída de Alejandro Grimaldo, a posição de lateral-esquerdo da equipa do SL Benfica nunca mais foi a mesma.

Inicialmente, a grande aposta da direção liderada por Rui Costa foi David Jurásek, que chegou SK Slavia Praha, tido como uma grande aposta não só para o presente, mas também para o futuro.
Pois bem, quem conhecia minimamente o lateral checo, tinha a plena noção das suas capacidades, mas também das suas lacunas, o que para uma equipa que tinha acabado de perder uma referência como Grimaldo, tinha de ser tido bastante em conta. E Jurásek chegou a Lisboa com muito boas referências, fruto dos 45 jogos que disputou na época passada, onde apontou dois golos e 13 assistências. Estes números são muito sólidos para um lateral que, para uma equipa que sonhava em dar o passo em frente nas competições europeias e manter, ao mesmo tempo, a hegemonia no futebol português, significavam muito.
Mas desde cedo se percebeu que Jurásek tinha algumas lacunas, nomeadamente defensivas, onde revela ainda algum mau posicionamento e más decisões, que valeram aos encarnados alguns golos sofridos pelo lado do checo. No entanto, ao nível ofensivo, nota-se uma capacidade bastante grande em atacar a profundidade, nos cruzamentos e nas bolas paradas, sendo que o jovem checo é muito forte neste capítulo.
Apesar de tudo isto, era necessário dar uma resposta imediata, de alguém que tivesse uma maior experiência em jogos a doer. O SL Benfica apostou em Juan Bernat, velho conhecido dos adeptos do futebol pelas suas passagens pelo Valência CF, FC Bayern e PSG, este último clube que cedeu o internacional espanhol aos encarnados até final da época.
Se chegou para substituir Grimaldo, as parecenças futebolísticas e físicas não poderiam ser maiores. Baixo centro de gravidade, sólido defensivamente, acutilante ofensivamente e forte nas bolas paradas, para mim, Bernat ainda é inferior a Grimaldo se compararmos diretamente os dois jogadores, no entanto, acredito que se o lateral espanhol tivesse tempo e plena confiança no seu trabalho, a aposta poderia ser muito bem sucedida.
Mas de facto não é isto que verificamos. Jogo após jogo vemos ambos os laterais “esquecidos” no banco de suplentes, e tem o “pronto-socorro” Aursnes a atuar na lateral esquerda encarnada, para tentar dar algo mais ofensivamente no jogo interior.
Na minha opinião, estas opções são estranhas por parte de Schmidt, e até Aursnes parece desaprender de jogar na sua posição de origem, onde já não atua há muito tempo.
Diria até que o SL Benfica pode ter aqui um sério problema em mãos, não só para o que falta desta temporada, mas essencialmente para a próxima, porque Bernat não deverá ficar, e Jurásek custou 14 milhões de euros, um investimento muito avultado que ainda não justificou nem sequer a sua metade.
Será que teremos mais um reforço desta posição na próxima janela de transferências?
Eu acredito seriamente que sim e, na minha opinião, deveria ser o tema mais urgente para resolver no plantel encarnado, numa posição que nunca mais foi a mesma desde a saída de Grimaldo."

Mal-amado (menos por Schmidt): A renovação de Chiquinho


"Com o aproximar do mercado de janeiro, Chiquinho ainda não viu uma oportunidade para renovar com as águias. Aos 28 anos, qual será a decisão do meio-campista encarnado?

O contrato de Francisco Leonel Lima Silva Machado (mais conhecido como Chiquinho) com o SL Benfica termina em junho de 2024 e a partir de janeiro o médio está livre para assinar com quem quiser. Num momento em que os encarnados têm os vínculos de Rafa e Ángel Di María perto do fim e longe de uma renovação, surge a seguinte questão: Vale a pena renovar com Chiquinho?
A chegada de Orkun Kokçu por 25 milhões, mais cinco em objetivos, o rendimento absurdo de João Neves e a sapiência defensiva de Florentino Luís não têm dado muito espaço a Chiquinho para mostrar o seu melhor futebol esta temporada. O camisola 22, apesar de já ter disputado 13 partida, esteve em campo somente 297 minutos e foi titular por apenas duas vezes, tendo realizado os 90 minutos em apenas um duelo. Obviamente, não é a primeira escolha de Roger Schmidt.
Todavia, o treinador alemão já mostrou ser adepto das qualidades do jogador. Em 2022, quando Schmidt assumiu o comando das águias, Chiquinho estava na porta de saída do clube, sendo que a sua permanência foi um pedido do germânico. Inclusive, desceu o jogador no terreno e começou a utilizar o atleta num meio-campo a dois jogadores. Transformou-o a nível tático.
Relembrando a temporada transata de Chiquinho, é impossível ignorar o facto que o atleta foi o substituto direto de Enzo Fernández. Depois da saída amarga do argentino para o Chelsea FC, foi o português a assumir o papel de companheiro de Florentino, chegando mesmo a ganhar a alcunha de ‘Chidane’ por parte dos adeptos encarnados. Uma homenagem a Zinédine Zidane. O número 22 foi titular 17 das 20 partidas que o glorioso jogou sem Enzo Fernández.
Nesse período como titular no meio-campo encarnado, Chiquinho foi importante na pior altura da época encarnada. Destravou o jogo diante do Gil Vicente FC, já ao minuto 70’, com um grande golpe de cabeça e assinou várias exibições de relevo. Quando a equipa mais precisou foi ele que apareceu. Ainda assim, a chegada de Kokçu, o substituto natural de Enzo, viu-o voltar a ser renegado para o banco de suplentes.
Como Chiquinho já provou ser capaz de substituir um atleta vendido, surge a possível vontade do Benfica em querer antever uma saída. O interesse do mercado em João Neves e Florentino, bem como a preferência em colocar João Mário e Fredrik Aurnses nas alas ofensivas, fazem o meio-campo encarnado tornar-se facilmente frágil, a nível de opções para a próxima temporada. A renovação de Chiquinho pode ser uma forma de precaver alternativas.
Resta avaliar a parte financeira. Chiquinho está no Benfica desde 2019 e nunca renovou com as águias. Não é dos ativos com o salário mais elevado da equipa e as recentes palavras de Rui Costa sobre a boa saúde financeira do clube aludem a um processo simples, sem grandes exigências de ambas as partes. Pelo contrário, o contrato de Rafa assusta os encarnados. O Presidente do Benfica afirmou: “Posso prometer aos adeptos que não estamos a precisar de vender por não termos chegado longe na Liga dos Campeões”.
Logo, parece que a renovação do médio é o cenário mais provável para este episódio de mercado. Caso Chiquinho acabe mesmo por escolher outro destino, é conhecido o velho interesse do FK Dínamo Moscovo e de várias equipas turcas (o jogador já esteve emprestado ao Giresunspor Kulubu)."

Os falsos-ofendidos!


"Conferência de Imprensa de antevisão ao jogo da Taça de Portugal, com Roger Schimdt.
Numa atitude provocatória, os jornalistas decidiram fazer as perguntas em português, apesar de conhecerem as dificuldades linguísticas do alemão. Não fizeram uma pergunta sobre o jogo e apenas queriam falar sobre as opções tomadas pelo treinador, em relação ao posicionamento de João Neves, em campo. Ou até sobre as decisões do VAR, de modo a tentarem encontrar contradições no discurso.
Se num dia se riem pelos babuseiras ditas por Sérgio Conceição, noutro mostram a falte de profissionalismo em relação a Roger Schimdt.
O treinador do FC Porto, depois de uma expressão xenófoba (que levou ao riso dos presentes), não foi, até ao momento, alvo de qualquer tomada de posição da FPF ou mesmo da Associação que faz a defesa dos treinadores, em Portugal.
Uns podem faltar ou recusar responder às perguntas, que não vem mal ao mundo. Outros são destratados em público e ainda pensam que ficam cheios de razão.
São a merda da comunicação social que temos...
Nunca vimos ninguém reclamar com a falta de português de Lopetegui!!"

Podre...


"Ontem, Conceição insulta os espanhóis, numa clara demonstração de xenofobia. Hoje, os jornalistas portugueses unem-se contra Roger Schmidt, recusando-se a falar em inglês, em mais uma manifestação de xenofobia e nacionalismo bacoco. A cultura do desporto em Portugal está podre."

A Taça de Portugal, um milagre e Pinto da Costa


"Estávamos em Maio de 1997 e o Benfica entrava no Jamor para disputar a final da Taça de Portugal com o Boavista. Tinha então 23 conquistas e era de longe o clube hegemónico na competição. Basta referir que nessa altura Porto e Sporting juntos somavam 20 troféus. O Glorioso tinha mais Taças que os outros dois Grandes juntos. Mas os encarnados perderam essa final para o Boavista e desde então, já lá vão 26 anos, só a voltaram a conquistar por 3 vezes. Desde aí o Sporting venceu 5 vezes e o Porto 11 vezes. É urgente que o Benfica volte a valorizar a Taça de Portugal, uma competição cheia de magia e histórias de encantar, mas que por algum motivo o clube da Luz perdeu o romantismo para com ela (que se eu tivesse que explicar, diria que tem a ver com a visão mercantilista de quem geriu o clube nas últimas décadas: a Taça de Portugal não dá dinheiro, logo a prioridade sempre foi muito baixa). Umas vezes por mérito do adversário, mas várias vezes por menosprezar a competição, poucas vezes têm tido os adeptos do clube da águia o privilégio e a satisfação de desfrutar da tarde no Jamor, sempre o dia mais belo do futebol português. Esperemos que este ano o clube faça uma longa caminhada na competição e que a vença. E já agora, a Taça da Liga também, porque a história já tem semelhanças: Nas primeiras 9 edições, o Benfica venceu 7 vezes, mas desde 2016 nem mais uma conquista...
Na última crónica tinha referido a esperança de um milagre contra o Sporting. E ele aconteceu. Num jogo equilibrado e em que o empate seria o resultado mais justo, já todo o Estádio da Luz se preparava para o momento em que o árbitro ia apitar para o final e todos íamos assobiar a equipa, encolher os ombros e ir para a casa com a tristeza de já ver os vizinhos rivais a 6 pontos de distância, quando aconteceu o tal milagre. O futebol tem estes momentos mágicos. Em 5 minutos tudo virou do avesso e quando Artur Soares Dias apitou para o final éramos líderes do campeonato e com uma euforia poucas vezes vista. Foi histórico, foi icónico, foi raro. O que vivemos naqueles 5 minutos, num derby, já em descontos, é daquelas experiências que qualquer adepto de futebol sonha viver. Daqui a muitos anos todos saberemos onde estávamos quando o Benfica perdia com o Sporting aos 93 minutos e 5 minutos depois estava 2-1. Aproveitemos este momento mágico para crescermos. Porque não estava tudo mal antes do jogo, mas não está tudo bem agora. Roger Schmidt e a equipa precisam de consolidar, se queremos ser bicampeões.
Quer queiramos, quer não, a História dos últimos 40 anos do Benfica está intimamente ligada a Pinto da Costa. Nunca o Sport Lisboa e Benfica teve um rival tão forte e tão duro como o dirigente portista (fosse ele a escrever isto e diria inimigo e não rival). Imagine-se o que seria se Pinto da Costa não tivesse nascido. Talvez o Benfica tivesse continuado a ser o clube hegemónico em Portugal, já andasse pelos 50 e tal campeonatos e o Porto talvez ainda nem aos 20 tivesse chegado. Nunca o saberemos. O que sabemos é que com Pinto da Costa o FC Porto ganhou muito. Muitíssimo. Dentro e fora de portas. Da forma que o foi, a História o julgará. Já que os tribunais não o fizeram.
Mas penso que assistimos ao início do fim desse longo reinado. Apesar de várias conquistas recentes com Sérgio Conceição, nunca mais o FC Porto foi totalmente hegemônico. Basta referir que desde o momento Kelvin, nos últimos 10 anos portanto, o clube venceu 3 campeonatos, contra 6 do Benfica e 1 do Sporting. Que a situação financeira é calamitosa e que a liderança do seu Presidente já não é inquestionável (e já agora, que o mesmo já tem 85 anos). Até a sua "guarda pretoriana" já dá demasiado nas vistas, pois já dispara para dentro. Quando andou estes anos todos a disparar para fora, poucos foram os portistas que se incomodaram. Mas agora incomoda.
É obrigação do Benfica parar de dar novas vidas a um animal ferido e focar-se em contribuir para que o FC Porto caia numa espécie de "Vietname" como o Benfica teve. Porque o nosso rival não anda tão longe disso, só que por várias razões também não está perto: é que o Benfica é muitas vezes incompetente e falta-lhe o espírito competitivo e de sobrevivência que o Porto tem. Estivesse o Benfica nas circunstâncias que o Porto está e ao tempo que já tinha caído numa crise profunda. Mas há que continuar a bater, porque um dia a casa vai abaixo. E aí, abre-se novamente o tapete vermelho da hegemonia para o Benfica (acreditando que o Sporting vai continuar a ser o clube inconstante que normalmente é, mais a mais, se um dia destes o Ruben Amorim sair de lá).
E agora felizmente terminou a paragem para as seleções and the show must go on! Benfica, o caminho é só um: Vencer, vencer, vencer!"

O destino nas mãos dos sócios


"O desafio que se coloca aos portistas é o de serem parte ativa na definição do futuro

A primeira reação de um líder acossado por circunstâncias que lhe fugiram do controlo e extravasaram para o espaço público é sempre desvalorizar o sucedido. Foi assim, por exemplo, com Bruno de Carvalho, imediatamente após o assalto à Academia de Alcochete, quando disse que «isto foi chato mas o crime faz parte do dia-a-dia», e voltou a sê-lo agora com Pinto da Costa que se referiu aos incidentes da AG onde deviam ter sido votadas as alterações aos estatutos, afirmando que «parece que foi tudo aos tiros, não foi ninguém para o hospital.»
Porém, estas coisas «chatas» mas sem «tudo aos tiros», não nascem de geração espontânea, têm sempre antecedentes que as explicam, e acabam por determinar consequências. No Sporting, foram os sócios, com militância e empenho, a colocar ponto final no desvario, numa votação histórica que mudou, para muito melhor, a vida do clube. No FC Porto, serão igualmente os sócios a ditar o rumo, seja ele qual for, de continuidade ou de rotura, em abril se saberá.
Já se percebeu que há uma milícia que procura intimidar não só o principal rosto da mudança, André Villas-Boas, através de ações criminosas que colocam em causa, até, a segurança familiar do ex-treinador do FC Porto, mas também, por tabela, quem pretende exprimir livremente a sua opinião. Recordo, a propósito, que na Assembleia Geral do Sporting realizada no Pavilhão Atlântico, quem permaneceu no interior do recinto e foi ouvindo as várias intervenções, terá ficado com a ideia de que Bruno de Carvalho iria sair vitorioso. Porém, porque mais do que a gritaria de uma minoria fundamentalista, o que relevou, no fim do dia, foram os votos de dezenas de milhares de sportinguistas que decidiram participar ativamente na vida do clube, a decisão foi a que foi.
É este o desafio que se coloca a cada sócio do FC Porto: participar, votar, seja em quem for, não ficar em casa, ser ativo na construção do destino coletivo.

PS - Os adeptos do Benfica, a quem já tinha sido vedada, pelas mesmas razões, a comparência em San Siro, estão impedidos pela UEFA de apoiar a equipa encarnada em Salzburgo, na sequência do péssimo comportamento de uns quantos hooligans. Este é um problema sério que o Benfica enfrenta, que lhe mina a imagem internacional, custa dinheiro e coloca terceiros inocentes em risco. Já é tempo de a coragem de Frederico Varandas fazer escola…"

José Manuel Delgado, in A Bola

A doença


"Pode alguém achar-se verdadeiramente surpreendido com o estado do dragão?

Trouxe o presidente do FC Porto a público uma nova luz sobre os lamentáveis acontecimentos da mal organizada assembleia geral do clube do último dia 13. Pelo presidente do FC Porto, ficámos agora a saber que as ocorrências foram, afinal, bem menos graves do que se supunha. «Parece que andou tudo aos tiros, mas ninguém foi parar ao hospital», disse, para tranquilizar as almas mais sobressaltadas, o líder portista, pelos vistos mais indignado com a revelação pública dos tristes acontecimentos, através de gravações vídeo e áudio, do que propriamente pelas agressões, verbais e físicas, entre sócios do clube.
Condena o presidente portista o que sucedeu, mas o pior, segundo as palavras do líder, foi mesmo «os inimigos» terem ficado a saber tudo. Ficamos todos esclarecidos.
Já o líder da claque acusada por André Villas-Boas de ser a «guarda pretoriana» do presidente, atribui a movimentos gerados nas redes sociais a responsabilidade pelo sucedido. «O que potenciou tudo foram as redes sociais. Hoje vivemos nesta era, o insulto é muito fácil através destes meios e percebi que houve uma certa caça às bruxas. Pessoas que insultavam outras nas redes sociais… Foi inevitável», disse o líder dos Super Dragões, em declarações citadas pelo jornal Público.
Quem o ouvir, julgará certamente um absurdo que o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol acabe de instaurar um processo disciplinar precisamente ao líder da claque portista, após queixa apresentada pela associação dos árbitros na sequência de vídeos partilhados nas tais «malditas redes sociais» em que o conhecido adepto do FC Porto, a propósito do recente jogo do Benfica em Chaves, alegadamente se refere ao árbitro Hélder Malheiro em termos inapropriados.
Tem o líder dos Super Dragões toda a razão: é muito fácil, na verdade, insultar através das redes sociais, e insinuar, ameaçar, intimidar, pressionar ou acusar. O mal não está, naturalmente, nas redes sociais. Nem na era das redes sociais. O mal é outro. E os responsáveis não têm, evidentemente, apenas uma cor.
Não precisa, entretanto, o presidente do FC Porto de redes sociais para ser incoerente. Basta-lhe um ou outro tempo de antena nas televisões para falar de «inimigos» em vez de «adversários» e confirmar como é incapaz de contribuir para a pacificação do futebol em Portugal, como se exige ao mais antigo dirigente desportivo nacional no ativo, ou não resistir à velha e bolorenta tentação de atirar farpas à casa dos outros mesmo quando, angelicalmente, se afirma pelo princípio, que diz manter há já algum tempo, de não falar dos rivais.
«Tenho de me preocupar é com o FC Porto e em encher o museu de troféus, não é de extratos bancários. As pessoas não vão ao museu ver como está o saldo (…) Outros venderam jogadores, ganharam dinheiro, e quantos pontos têm na Champions? Zero!», disse o presidente dos azuis e brancos.
Confirma-se, pois, em toda a linha, a saudável intenção do presidente portista de não falar dos rivais e percebe-se melhor agora o que quis verdadeiramente provar quando se mostrou «muito contente por ver que o presidente de um rival [Frederico Varandas] está muito interessado na minha saída (…) por ver que o presidente de um clube como o Sporting aproveita oportunidades para ser contra mim e ver se me tira daqui».
De entre os líderes dos três maiores clubes nacionais, deve reconhecer-se, por ser justo, que apenas o presidente do Benfica tem conseguido manter a elegância, pelo menos até ao momento, de não apontar qualquer farpa aos rivais nas suas declarações públicas, como impõe, aliás, a desejável e responsável relação institucional.
O presidente do Sporting, que tem vindo, aliás, a gerir o clube com cabeça, tronco e membros, num inegável trabalho muito positivo de recuperação económico-financeira, sem deixar de definir sólidos objetivos desportivos, nem sempre resiste igualmente à tentação de atirar umas pedrinhas que sejam ao telhado do vizinho, e sempre que o resultado lhe é desfavorável, como foi no dérbi, na Luz, aproveita para sacudir alguma água do capote.
Tem, evidentemente, Frederico Varandas o direito de considerar que a equipa do Sporting não merecia ter perdido o jogo com o Benfica. Tem Frederico Varandas o direito de considerar que a equipa do Sporting foi a melhor em campo. Pode, e deve, Varandas defender treinador e jogadores leoninos, protegê-los e dar-lhes confiança.
O que não lhe fica nada bem, e creio que o presidente dos leões facilmente o reconhecerá, é comentar publicamente, como comentou na recente grande festa leonina da Batalha, o que disse, não o presidente, mas o treinador do mais histórico dos rivais de Alvalade, o alemão Roger Schmidt, logo após o sucesso dos encarnados sobre os leões, no dérbi da última jornada da Liga.
Pelo andar da carruagem, não deixará, entretanto, o presidente do FC Porto de continuar, porventura com cada vez mais intensidade, de apelar nos tempos mais próximos ao contra tudo e contra todos como forma (habitual há décadas) de desviar atenções e, no caso presente, de iludir cenários perante a primeira verdadeira crise interna que inegavelmente enfrenta em mais de 40 anos de presidência do clube.
Não é só uma grave crise financeira (e veremos até final do ano como vai a administração portista operar o milagre de transformar capitais próprios negativos de mais de centena e meia de milhões de euros em capitais próprios… positivos, como prometeu e assegurou o presidente portista); é também já uma grave crise de identidade no clube, de uma certa forma de estar no desporto, no futebol e, agora, até na instável, e tantas vezes ainda opaca, indústria do futebol, nos negócios do futebol e nas relações do futebol; é, também, parece-me cada vez mais claro, uma crise de liderança, no sentido em que parece cada vez mais contestada a forma como é administrada a SAD dos dragões e as internas ligações e relações de poder entre os diversos, e mais proeminentes, atores da vida do grande clube azul e branco.
Nunca como hoje o grande líder portista parece ver o tapete fugir-lhe tanto debaixo dos pés, ao ponto de o levar a cometer lapsos como o de considerar - dando até um ar de desespero de causa - que sem a claque Super Dragões, fora de casa, a equipa do FC Porto passaria a vida a jogar sozinha. Uma triste e surpreendente afirmação.
Pior do que tudo isso só a inaceitável intimidação de que foi vítima, esta semana, o cada vez mais ex-treinador de futebol e cada vez mais candidato à presidência do FC Porto, André Villas-Boas. Não há, realmente, como disfarçar o lamentável estado a que as coisas parecem estar a chegar no universo portista, mas nada, ainda assim, que surpreenda muito quem se lembra do que no passado viveram, nas hostes portistas, alguns jogadores (há testemunhos públicos) ou treinadores (lembram-se do que sucedeu com Co Adriaanse, em 2006?), e nunca é demais recordar o caso da inqualificável e violenta agressão ao automóvel e família do atual treinador do FC Porto, numa noite de setembro do ano passado, após a derrota num jogo da Liga dos Campeões.
Que a justiça é lenta já todos sabemos, e portanto vamos ter de esperar para ver devidamente punido quem naquela noite da partida com o Brugges atacou o automóvel onde seguiam a mulher do treinador portista e dois dos filhos. Mas será que o FC Porto já procedeu contra os identificados adeptos autores daquela assustadora agressão?!...
O que sucedeu agora junto à casa de André Villas-Boas, e com um dos seus colaboradores, reflete, no fundo, o pior que há no futebol e nas claques do futebol, mas no universo portista ninguém pode achar-se verdadeiramente surpreendido porque não faltam exemplos de ódio, intimidação e violência numa cultura há muito promovida e protegida por gente altamente responsável, que sempre deu a ideia de não mexer uma palha para impedir a deterioração do ambiente no futebol português e muito menos para o defender de indesejável poluição.
Péssimos atributos e nocivos comportamentos há-os em todas as claques, mais ou menos organizadas ou mais ou menos protegidas, sobretudo no mais mediático, emotivo e impactante mundo do futebol. A maior diferença está no modo como se lida com o problema.
No Sporting, Frederico Varandas teve a coragem de o enfrentar de frente. No Benfica, o problema tende a agravar-se se os responsáveis do clube continuarem a assobiar para o lado, e muito suave, creio, voltou a ser o castigo aplicado pela UEFA à reincidente, provocadora, inaceitável e perigosa ação de alguns adeptos encarnados.
No FC Porto, o problema não existe enquanto a principal claque parecer uma extensão da cultura de um regime para o qual um título é rigorosamente mais importante do que qualquer outra coisa.
Seja lá o que for!"

Prestes a expirar


"Se chegar ao dia 17 de abril de 2024 como presidente, Pinto da Costa (PdC) fará 42 anos à frente da sua instituição desportiva. Sempre utilizou uma única estratégia: fazer do seu clube (e das suas gentes) vítima de um centralismo com sede em Lisboa.
Ainda em junho passado, após elogiar o benfiquista António Costa (primeiro- ministro demissionário) pela forma como lidou com Galamba (outro demissionário), PdC declarou que Portugal continua a ser um país centralista e que 90% dos «fundos públicos continuam a ficar em Lisboa». Além de defender as pessoas erradas, já todos percebemos o porquê do buraco financeiro para o lado das antigas Antas, tantas foram as décadas sem apoio de tusto público.
Na sua mais recente entrevista televisiva, largou o vilão centralismo para apontar que o seu clube-vítima é, afinal, alvo a abater para grande parte do país. Esta vitimização está prestes a expirar e não se crê que os seus consócios continuem a aceitar este discurso redutor e caduco. Até a menção na sua entrevista à obra imobiliária feita (estádio, arena e museu) teve laivos de Luís Filipe Vieira, seu amigo (e falso inimigo) de outros tempos.
Aliás, a semelhança entre o atual líder nortenho e o ex-líder benfiquista não se ficou pelas dicas sobre infraestruturas. Enquanto Vieira bradava aos céus a intenção (impossível de alcançar) de anulação total do passivo da SAD, PdC ao menos conseguiu ser mais comedido na tolice quando referiu que os capitais próprios (e as contas negativas) foram calculadas para que em dezembro (de 2023!) possam estar positivas e «os capitais, se não positivos, perto disso».
Preparou-se mal ao não saber o nível do buraco que a SAD tem nas contas ou deve ter descoberto hectares de árvores de patacas. A sua SAD parece carecer mais urgentemente de investimento estrangeiro do que as dos seus rivais, não obstante PdC ter plantado a ideia de que o clube não perderá a maioria do capital da SAD por ter adquirido, ao longo do tempo, quase 35% desse mesmo capital (de 40% para quase 75%). Mas não foi só o clube pois não PdC? O próprio também tem vindo a adquirir ações da SAD em passo acelerado. Nunca se sabe quando pode surgir um bom comprador pelo preço certo..."

Viva El-rei Jorge Nuno


"O FC Porto, nos próximos anos, poderá viver em aflição como hoje, desportiva e financeiramente. Homens marcantes, para o bem e para o mal, fazem da sua sucessão uma epopeia.

Nuno da Câmara Pereira e D. Duarte de Bragança devem estar em polvorosa. Se um reclama pela dinastia alegadamente perdida, outro aclama a monarquia vencida. Afonso Costa, cujo sono em Seia parecia ser um sono descansado, pensava ter cumprido o seu desígnio a 5 de Outubro de 1910, mas afinal há ainda uma monarquia que não pereceu em Portugal. O rei chama-se Jorge Nuno e pertence à dinastia Pinto da Costa, que resiste há mais de 30 anos num trono aparentemente impossível de destituir.
Como na maior parte das monarquias de outrora, esta é apoiada pelo Papa. Há, contudo, uma ligeira diferença. O Papa, neste caso, tem o mesmo nome do rei e, talvez por coincidência, é exatamente a mesma pessoa. À sua volta, isto é, em torno do Papa que é rei e do rei que é Papa, prestam-se homenagens e vénias, e corta-se as orelhas aos pagãos e outros hereges que ousarem pregar outra religião, porque afinal Deus encarnou num presidente de um clube de futebol e não naquele homem humilde da Galileia.
Epidermicamente, esta monarquia parece mesmo uma democracia. Tem até laivos da monarquia constitucional de 1826. Há eleições de tempos a tempos com órgãos eleitos, uma espécie de câmara dos deputados presentes em assembleias gerais e até a possibilidade de escrutiná-la publicamente. Apenas não tem câmara dos pares porque Pinto da Costa, segundo os fiéis que professam esta religião, não tem par. Só que acontecimentos recentes apresentam-nos factos que assemelham esta monarquia ao regime do falecido de Santa Comba Dão que tem nome de utensílio de cozinha. Entre desordem e desacatos que culminaram com uma assembleia geral cancelada, casas de potenciais candidatos vandalizadas, ameaças à integridade física dos críticos e tentativas de censura, o rei-que-é-papa-que-é-presidente está a pôr todo o seu empenho no prolongamento dinástico para lá da sua morte.
Como é evidente, não estou a imputar eventuais crimes à atual direção. Mas nem a mente mais pura e virgem pode pensar que este clima ditatorial não tem a mão, ainda que involuntária, de Jorge Nuno Pinto da Costa. A história explica-nos isto. O endeusamento criado a um homem só – o dito salvador sem S grande –, o clima de tensão alimentado permanentemente, a porção violenta e selvagem de uma claque “guarda costas” e um líder que se rodeia como se rodeia o nosso primeiro ministro demissionário, que faz questão de desvalorizar o incitamento ao ódio, violência e costumes ambíguos, são argumentos mais do que suficientes para desconfiar de três coisas: o FC Porto, se ninguém de outra fação substituir a atual direção, arriscar-se-á a continuar refém de um linhagem duvidosa; o FC Porto, provavelmente, fará eleições pouco ou nada convidativas a quem se diz democrático, com percentagens hipoteticamente controversas; o FC Porto, nos próximos anos, poderá viver em aflição como hoje, desportiva e financeiramente. Homens marcantes, para o bem e para o mal, fazem da sua sucessão uma epopeia.
Não tenho interesse em falar dos méritos da presidência de Pinto da Costa apenas por uma razão: num país dito civilizado, não servem como desculpa para compensar ou apagar os danos causados no próprio clube e no futebol português desde 1982. De que serve a inteligência, o sentido de humor, a capacidade de liderança e a cultura geral se é posta ao serviço de qualquer coisa que considero profundamente condenável e imperfeita? O FC Porto é um clube extraordinário que muito prezo e respeito, símbolo da cidade e até do país, com marca de muito boa gente que por ali passou. Não merecia estar manchado por ecos de ativistas de uma convenção que subsiste neste cantinho lusitano: os fins justificam os meios, as vitórias cegam até os mais incautos e são mediadores da análise que fazemos da realidade. Impera no desporto a única demanda – os resultados. Tudo o resto é paisagem do romantismo e do fair-play. Por um governo, o povo sai à rua. Por um banco que caiu com estrondo, as gentes exaltam-se indignadas. Por uma presidência porventura manchada de pecados capitais, alguns adeptos cerram os dentes, calados, talvez porque a vitória silenciosa sabe melhor ao paladar.
Enquanto o FC Porto dominava o futebol português, com vitórias históricas e um crescimento exponencial, a multidão aclamava em uníssono o que hoje critica com veemência. No meio do povo, que saudava e ovacionava el-rei, estava André Villas-Boas, que é hoje, ironicamente, pouco tempo depois, o maior crítico e adversário de Pinto da Costa.
Não pretendo ser justiceiro de coisa nenhuma. Nem sequer penso que um treinador ou outro funcionário não executivo tenha o dever moral de apurar ou apontar o dedo a uma gestão controversa. André Villas-Boas tem toda a legitimidade de se candidatar e criticar quem quiser, quando quiser. Aproveito para dizer que considero a sua candidatura uma lufada de ar fresco e uma boa nova. Mas o pedestal onde a sociedade colocou alguns dirigentes – em especial Pinto da Costa – deve merecer reflexão séria e profunda. De André Villas-Boas e de todos nós que tantos tributos prestámos a um homem cuja história já nos era familiar."

Ideias sobre arbitragem


"Suscita-nos, ainda, as maiores dúvidas a opção de prever a existência de um gerente não designado pelos sócios (mas pelos demais gerentes), ademais privado de direito de voto.

Apontava-se a alguém particularmente fecundo em ideias boas e originais a infelicidade de as suas ideias originais não serem boas e as boas não serem originais.
Ocorre-nos a pilhéria, com boa dose de injustiça, a propósito da ideia da Federação Portuguesa de Futebol para a arbitragem, concretizada numa proposta do Conselho de Arbitragem, e da discussão que desta fizeram os clubes do futebol profissional, na sede da Liga Portugal, no passado dia 6.
Nos próprios termos em que é apresentada, citando os exemplos da Premier League e da Bundesliga, a ideia não é original. Resta avaliar se é boa.
Com prudência, os clubes reservaram, para já, o seu juízo, na antecipação de verem esclarecidos os motivos da confiança nas vantagens do modelo proposto, assente numa estrutura societária; a forma de participação na gerência da sociedade; e a oportunidade da alteração, tendo em conta a aproximação do ocaso do ciclo federativo em curso.
À dúvida sobre a oportunidade do momento federativo acrescenta-se, agora, a dúvida sobre a oportunidade do momento político-legislativo que o derrube do Governo por um parágrafo inaugurou.
Isto porque a alteração proposta depende da revisão dos diplomas legais estruturantes do desporto português, como a respetiva lei de bases e o Regime Jurídico das Federações Desportivas. Ambos os diplomas apontam à dignidade orgânica das funções federativas em matéria de arbitragem (ao referido Conselho de Arbitragem) e à reserva exclusiva das ligas profissionais na regulamentação do setor, no caso das competições profissionais (em concreto, à Assembleia Geral da Liga Portugal).
Este último ponto significa que, segundo o direito vigente, a proposta de que a sociedade «Aprov[e] um regulamento de arbitragem das competições profissionais […] elaborado pela entidade» é flagrante e irremediavelmente ilegal.
Suscita-nos, ainda, as maiores dúvidas a opção de prever a existência de um gerente não designado pelos sócios (mas pelos demais gerentes), ademais privado de direito de voto. Quando a figura do gerente de facto já ganhou alicerces seguros no direito pátrio, tememos renovadas disputas doutrinais sobre esta novel figura do gerente que o não é de facto."

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Terceiro Anel: Diário...

Águia: Diário...

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