Últimas indefectivações

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Curto para a Europa

"Pizzi entrou tarde e André Almeida nem sequer entrou. Faltou experiência europeia

Estranho
1. As duas equipas começaram com as mesmas matrizes. O Lyon manteve a do último jogo e o Benfica fez duas alterações: André Almeida e Pizzi por Tomás Tavares e Gedson. Bruno Lage é quem tem o domínio de todas as variáveis, mas, devido à dimensão europeia de jogos de Champions, dois dos mais experientes deviam ter jogado de início. E se estavam cansados e deviam ser poupados o ideal teria sido dar-lhes descanso com o Rio Ave. Pizzi é, não o esquecemos, o melhor marcador do Benfica.

Dois murros
2. O início não foi fácil para o Benfica. O primeiro murro sofreu-o ao minuto quatro, quando, num canto curto do Lyon com marcações desmontadas, Anderson apareceu entre Ferro e Rúben Dias a fazer golo. Quase de seguida, segundo murro: choque entre Vlachodimos e Ferro e o central a ter de sair, lesionado. Bruno Lage teve de queimar uma substituição, o que limitou a sua estratégia. Acabou por ser uma primeira parte muito forte do Lyon, controlando o jogo sem dificuldades, com Florentino e Gabriel a passarem por momentos delicados. Sobretudo porque Depay escondia-se muito, como se fosse um camaleão táctico, aparecendo depois, criativo, a atacar a profundidade. O Benfica raramente teve bola e, quando teve, não conseguiu ligar o meio-campo e o ataque. Muito por mérito do Lyon. Só em cima do intervalo, num pontapé forte de Chiquinho, Anthony Lopes teve trabalho. O Lyon foi mais consistente e teve superior maturidade europeia no primeiro tempo. O Benfica esteve apagado.

Entra Pizzi
3. A abrir a segunda metade, os dois treinadores mexeram. Rudi Garcia tirou Depay e meter Cornet, Bruno Lage fez sair Gedson e colocou Seferovic ao lado de Vinícius, com Chiquinho sobre a direita: 4x4x2 clássico. A ideia era atacar a profundidade com mais êxito. E, com Seferovic, o Benfica melhorou imenso (Vinícius esteve sempre apagadíssimo). O Lyon baixou as linhas (mais conforto) e os encarnados passaram a ser mais agressivos e a rematar mais. A meio do segundo tempo, com a entrada de Pizzi, o Benfica passou a ter o que ainda lhe faltava: clarividência, qualidade de passe  e melhor ataque à profundidade. Três minutos depois de entrar, Pizzi teve passe fantástico para Seferovic e este reduziu para 2-1.

Falha de Jardel
4. A segunda parte do Benfica foi muito mais conseguida. Criou mais perigo e jogou muito no meio-campo adversário, o que confirma a ideia de que Pizzi entrou demasiado tarde. Se a ideia era poupá-lo, insiste-se, seria mais compreensível que o fosse no jogo com o Rio Ave (tal como André Almeida). Mas, repito, Bruno Lage é quem domina as variáveis todas. A fechar o jogo, numa transição do Lyon em que Jardel não fechou bem o espaço interior, numa má abordagem de um jogador muito experiente, os franceses fizeram o terceiro golo. Este Benfica é curto (em experiência) para a Europa."

Vítor Manuel, in A Bola

Benfica europeu: inconformado ou “coitadinho”?

"Vem o título do texto a propósito das prestações europeias do Benfica e da discussão que o tema gera, invariavelmente.
Diz-se, à saciedade, que é impossível que o Benfica compita com os grandes orçamentos dos clubes de maior nomeada europeia. E que o Benfica não pode ter um plantel de melhor qualidade porque os jogadores que poderiam acrescentar qualidade custam demasiado dinheiro – sendo o corolário deste argumento o termos de nos resignar ao talento que o Seixal vem produzindo. Vai-se mais longe e diz-se que, mesmo que houvesse capacidade para atrair esses jogadores, eles jamais quereriam representar o nosso clube, por questões de visibilidade e falta de qualidade da liga.
Em plena BTV, José Marinho afirmava mesmo mesmo a sua perplexidade, por não entender a origem de uma, para si, súbita “exigência” dos adeptos de prestações europeias melhores, esquecendo, por um lado, a história centenária do clube e ignorando, por outro, as sucessivas promessas que, amiúde, nos são feitas de um Benfica relevante na alta roda do futebol. Dizem-nos: o “Benfica Europeu” é uma utopia. Utopia que só poderá deixar de o ser se seguirmos e validarmos um projecto de concretização eventual e adiado sine die, assente na retenção de talento e pouco (cada vez menos) investimento.
Digo-vos: o “Benfica Europeu” é possível.
E não o digo por ser “exigente”. Digo-o por não me conformar com a ideia de um Benfica “coitadinho”, que se vitimiza em vez de pontapear a letargia, que chora sobre a sua alegada pequenez ao invés de se querer agigantar e ter a ambição de chegar mais perto (futebolisticamente falando) daqueles entre os quais a sua história e a sua dimensão social sempre o colocaram. É preciso, então, reflectir sobre aquilo que se vê em campo mas, acima de tudo, sobre as decisões que são tomadas, os objectivos que são anunciados e se aquelas levarão à concretização destes últimos.
Dizem-nos que o “Benfica Europeu” será made in Seixal e que a estratégia passa por reter talento. Já esta época, vendemos o jogador mais talentoso saído das nossas escolas desde Bernardo Silva. Para justificar esta venda, disseram-nos que o clube comprador bateu o valor da cláusula de rescisão e que o jogador iria receber muito mais dinheiro do que aquele que o Benfica poderia pagar.
[Pergunto: não será isso que irá acontecer sempre que formarmos um Félix ou um Bernardo? Parece-me evidente que a estratégia que o Benfica tem não irá resolver o défice que temos relativamente a mercados com maior poder económico e que terão sempre clubes com capacidade financeira para bater cláusulas e para seduzir jogadores com contratos milionários.]
Ora, vendido João Félix – uma operação que não se coaduna com a estratégia de retenção de talento anunciada – com mais de 100M€ net no banco e com, parafraseando o Presidente na última AG, “as melhores contas de sempre” (sem contabilizar esse valor!!), seria de esperar que os responsáveis do clube dotassem o plantel dos reforços de que a equipa precisava – precisa – para subir um patamar de qualidade – chamemos-lhes “cirúrgicos”. E é aqui que entra a narrativa falaciosa do “coitadinho”, que mais não passa do que de uma desculpa para uma injustificável inoperância do Benfica no mercado para dar ao treinador aquilo que o próprio dizia – e, agora, diz – necessitar para elevar o nível das prestações europeias do clube.
Dizia Bruno Lage, em entrevista no Seixal, no início da época, dando o exemplo de Rúben Dias e Ferro, que os jogadores vindos da formação teriam que fazer muitos jogos na equipa B antes de estarem preparados para integrar a equipa principal. Hoje, o plantel do Benfica apresenta duas alternativas aos laterais titulares que pouco (ou mesmo nada!) jogaram na equipa B. Não pretendo discutir se seria ou não seria a alternativa indicada para reforçar a equipa mas, neste defeso, Matteo Darmian, lateral internacional italiano do Manchester United, assinou a custo zero pelo Parma. Dizia, também, Bruno Lage, já na época passada, que o plantel não tinha outro jogador com as características de Gabriel. Resultado: não houve reforço nessa posição e promoveu-se David Tavares, mais um que mal tinha passado pela equipa B, mas que o Presidente dizia (talvez ainda diga) que “vai rebentar” – mesmo sem entender que no modelo de jogo do treinador não cabe um atleta com desse perfil (veja-se o que está a acontecer ao Gedson), mas isso são assuntos para outro dia. Num defeso em que, sem querer discutir se seria o jogador ideal para reforçar a equipa, Gerson, que brilha alto no Flamengo, foi transferido (dispensado) da Roma por 12.5M€. Inatingível para o Benfica, como se vê. 
Com estes exemplos não quero desmerecer (bem pelo contrário) a aposta na formação, que é necessária e fundamental para o futuro e sustentabilidade do Benfica. Pretendo apenas frisar que, quando uma “aposta” deixa de o ser e se transforma em obsessão, ela passa a ser, obviamente, nociva para os superiores interesses do clube. O Benfica tem de ter presente que, quanto piores forem as suas prestações europeias, mais dificuldade terá em manter os seus talentos e mais dificuldade terá em atrair jogadores de qualidade no mercado global. A aposta no Seixal deve ser, sempre, temperada com investimento sério e rigoroso, em experiência e qualidade, sob pena de perdermos gradualmente qualidade no plantel (o que já se verifica).
Julgo estar à vista de todos que, na próxima época, entre Gedson, Rúben Dias e Florentino, pelo menos um estará de saída. O que fará o Benfica? Promover Morato, David Tavares e Rafael Brito e perder, uma vez mais qualidade imediata por um futuro que, quando chegar, é para vender? Ou iremos recuperar uma política de recrutamento e scouting – menos alicerçada em parcerias e mais em conhecimento do jogo – e reforçar a equipa convenientemente para que a qualidade do plantel suba alguns furos?
Ganhar tudo internamente e construir plantéis (apenas) com esse objectivo não é suficiente, pois tal não só não corresponde à dignidade que a história do clube merece como rapidamente nos irá transformar num daqueles clubes do Chipre, Cazaquistão ou países nórdicos que, sempre que nos calhavam em sorte, víamos como garantia de “se correr mal, pelo menos é certo que vamos à Liga Europa”. E também contribui, reflexamente, para alimentar a narrativa do “coitadinho” do Benfica que joga neste campeonato de pouca qualidade: quanto piores as prestações europeias, menor o número de pontos, menor o número de equipas portuguesas na Liga dos Campeões, mais reduzido o montante que entra anualmente nos cofres dos clubes portugueses, piores os excedentários colocados nas equipas de menor dimensão, etc, etc.
Dizia Bagão Félix, um dia destes, num programa cujo nome não me recordo n’ A Bola TV, com toda a propriedade, que um plantel construído para a Liga dos Campeões garante a qualidade suficiente para ser dominador do campeonato, ao passo que o inverso pode não ser verdadeiro. Está na altura de o Benfica sair deste círculo vicioso. O Benfica europeu não pode nem tem de ser isto.
O inconformado,"

A noite dos duelos

"A noite em que o Benfica voltou a não competir na Europa. A diferença que apresenta para os competidores internos, aparenta ser a mesma que sente perante equipas da realidade francesa ou alemã – As de nível médio-alto, diga-se.
Num jogo bastante mais veloz e que exige respostas mais prontas do que os da realidade nacional, onde o Benfica praticamente não tem de defender, a diferença maior fez-se sentir ao nível dos duelos. Se o espaço escasseia, mais surgem e maior importância estes assumem para que se consiga fazer imperar a toada de jogo.
Foram 30 duelos a mais vencidos pela equipa francesa, e apenas 7 contra os 21 do Lyon os dribles bem sucedidos do Benfica.
Jogadores como Deepay (45M – valores Tansfermarkt – E de rendimento e não potencial), Dembele (30M), Adelaide (25M), Aouar (45M), Tousart (20M) e Thiago Mendes (25M), para citar apenas os do meio campo para a frente, teriam sempre uma relevância elevadíssima se competissem na Liga NOS e no SL Benfica, e havia portanto que de forma colectiva encurtar largas distâncias individuais.  
Não foi capaz Bruno Lage de o conseguir e por isso deverá ser responsabilizado. Mas, da mesma forma que em Portugal o nível médio também não tem conseguido encurtar essa distância para Benfica e FC Porto. Poderia ser melhor? Pois com certeza que sim, mas não deixa de ter sido perfeitamente natural e expectável."

Condenados

"Mais fortes, mais rápidos, mais técnicos, mais possantes. Ganharam mais divididas, falharam menos passes, receberam melhor. Mais eficientes e mais eficazes em tudo o que seja gesto técnico, performance física e até tomada de decisão.
É a história da noite em Lyon, mas também a história do Benfica nas últimas edições da Liga dos Campeões. Só na organização os encarnados se têm equiparado às equipas com quem se vem batendo, ou sendo batido, na verdade.
Sempre que havia espaço para 1×1 – E dois golos assim nasceram, a diferença de nível foi bem patente.
Linhas largas porque Benfica foi procurando pressionar sem nunca roubar uma bola, e 2 entradas interiores – Para 2a Fase e para Criação, e assim teve origem o lance do 1º golo

Bruno Lage não encurtou as distâncias – E era o seu trabalho fazê-lo, mas a grande questão de fundo do Benfica na Liga dos Campeões relaciona-se com diferenças grandes de qualidade individual para os seus competidores, e a gestão de expectativas – E porque as massas não o entendem, o próprio clima para a competição interna sai beliscado. Já havia sido assim anteriormente. Contudo, apenas o jogo na Russia teria uma “obrigação” diferente em termos de resultado.
Recepção de costas – Tomás Tavares não encostou, deixou rodar e diferenças individuais bem notórias entre uns e outros no segundo golo
Espaço – Erro no consentimento de igualdade numérica – Benfica não encurtou distâncias individuais nos seus comportamentos colectivos e foi penalizado"

Olympique Lyonnais 3-1 SL Benfica: a Champions parece ter ido Aouar

"O SL Benfica saiu derrotado de Lyon por 3-1, em jogo a contar para a quarta ronda da fase de grupos da Liga dos Campeões. Golos franceses a abrir e a fechar o encontro pulverizaram as esperanças encarnadas, nas quais, diga-se, nunca as águias cravaram as garras. Mais uma exibição cinzenta, mais uma derrota ajustada e, acima de tudo, justa. Vamos às incidências da partida.
Início inverso ao que teve lugar no Estádio da Luz. Domínio do Lyon e golo no quarto minuto de jogo. Através de um canto curto, o Lyon conseguiu colocar a bola na cabeça de Andersen, que, com demasiado à-vontade, bateu Vlachodimos, que nada podia fazer para evitar a vantagem francesa.
À passagem dos dez minutos de jogo, novo contratempo para os encarnados. Numa disputa de bola aérea com Dembélé e Vlachodimos, Ferro fica estendido no relvado, visivelmente combalido. O jovem defesa central das águias foi forçado a sair, de maca e com colar cervical, entrando Jardel para o lado esquerdo do eixo da defesa.
A intranquilidade benfiquista deu origem a várias – e inadmissíveis – perdas de bola, que permitiram que os franceses surgissem em vantagem numérica às redondezas da área encarnada. Por diversas vezes, a equipa do Lyon conseguiu conduzir a bola com quatro jogadores de frente para a baliza de Vlachodimos, tendo apenas uma linha de três portugueses para ultrapassar. No entanto, as más decisões tomadas pelos franceses e o bom posicionamento de Rúben Dias e Jardel evitaram o golo francês.
O campeão português ia esboçando uma reação, mas sem ser capaz de criar frisson junto da baliza de Anthony Lopes. Por seu turno, o Lyon, sem precisar de pensar nem de saber muito, chegou novamente ao golo. Perante a passividade das águias, que fazem o futebol ofensivo dos adversários parecer fácil, Depay só teve que amortecer a bola com o pé direito na direção da baliza, aproveitando o movimento de arrasto de Dembélé, que levou consigo Jardel, para se antecipar a Grimaldo.
2-0. Jogo fácil, jogo na mão. O domínio francês, já notório, intensificou-se. A grande tranquilidade gaulesa contrastava com a clara intranquilidade benfiquista, o futebol simples do Lyon contrastava com as dificuldades técnico-táticas do Benfica como botões de ouro num negro fato. A bola fluía pelos pés dos franceses, que não pareciam precisar de pensar o jogo. Do outro lado, era impensável utilizar os verbos fluir e pensar para definir o futebol (não) praticado.
Todavia, quiçá aproveitando uma eventual prepotência francesa, as águias começaram a ter mais espaço para atacar na recta final da primeira parte, período do jogo em que, pela primeira vez, incomodaram Anthony Lopes. Foi com dificuldade, mas com eficácia, que o guardião português travou o remate de circunstância de Chiquinho. Deu para a estatística.
Para a segunda parte, Bruno Lage lançou Seferovic para o jogo. Gedson foi o preterido, tendo Chiquinho ocupado o seu lugar na direita. Seferovic e Vinícius foi a dupla de ataque que iniciou o segundo tempo em Lyon. A intenção foi boa, mas os dez primeiros minutos da segunda parte foram tão sofríveis como os 45 da primeira.
No decorrer do minuto 56, Seferovic, descaído para a direita e a 22/23 metros, deu trabalho a Anthony Lopes pela primeira vez no segundo tempo. O português defendeu para canto e sacudiu o perigo e a iniciativa encarnada. Para longe, como comprovaram os minutos seguintes.
O jogo, nos vinte minutos seguintes, não teve dono. Também não teve graça. Pouca cabeça, não muito mais coração. Ataques pouco dignos do nome. Até que… Pizzi e Seferovic, que haviam despido o fato de treino há menos de meia-hora, vestiram o fato de gala e, com classe, fizeram uma assistência extraordinária, o primeiro, e um remate certeiro, o segundo. Aos 76 minutos, o Benfica reduz a desvantagem e o jogo, até aí, mortiço, ganha vida.
Bola cá, bola lá, bola cá, bola lá dentro. Oitenta e oito minutos e Traoré, com uma boa finalização em arco de pé esquerdo, faz o terceiro do Lyon e coloca uma cruz sobre o jogo e uma lápide no jazigo do Benfica na Liga dos Campeões. O Benfica soma mais uma derrota por 3-1 em reduto alheio na presente fase de grupos da liga milionária e permanece no último lugar do grupo G, com três pontos. Já o Lyon segura o segundo lugar, com sete pontos, a dois do líder RB Leipzig e com três de vantagem sobre o FK Zenit.

Onzes Iniciais e Substituições:
Olympique Lyonnais: Anthony Lopes Léo Dubois, Andersen, Denayer, Koné; Thiago Mendes, Lucas Tousart, Aouar (Marcelo, 90´), Reine-Adélaide (Traoré, 73´); Depay (Cornet, 45´), Dembélé.
SL Benfica: Vlachodimos, Tomás Tavares, Rúben Dias, Ferro (Jardel, 12´), Grimaldo; Florentino, Gabriel, Gedson (Seferovic, 45´), Cervi (Pizzi, 73´); Chiquinho, Vinícius.

A Figura
Houssem Aouar Se o trabalho de Michael Faraday fosse um jogador de futebol do Lyon, esse futebolista seria Houssem Aouar. É o motor, o transformador e o gerador da equipa francesa. Na sombra da fama de Depay, vai retirando o proveito e vai perfumando o relvado do Parc Olympique Lyonnais com um futebol simples, mas magistral. Joga – muito e bem – e faz jogar. Excelente exibição do médio francês (ainda que médio seja um termo redutor para o definir).

O Fora De Jogo
Carlos ViníciusO avançado brasileiro escolheu o pior jogo para baixar drasticamente de forma. Foi difícil perceber se Vinícius passou ao lado do jogo ou se o jogo passou ao lado de Vinícius. Fácil foi perceber que Vinícius não devia ter completado os 90 minutos. Não cumpriu o esperado, nem muito menos o exigido. Espera-se uma resposta convincente na próxima oportunidade, que, certamente, lhe será dada."

Este Benfica ainda não é europeu

"Começou mal e acabou mal: o Benfica foi derrotado em Lyon, por 3-1, na 4ª jornada da Liga dos Campeões, e praticamente hipotecou a possibilidade de seguir em frente na prova

Tem sido uma conversa recorrente, proveniente das bocas de quem manda no clube, uma, duas, três, inúmeras vezes - a última das quais numa entrevista de Luís Filipe Vieira à TVI, no final de Setembro: há um projecto europeu do Benfica para chegar à final da Liga dos Campeões.
Ideias há muitas, sonhos também, e esta, baseada, segundo os dirigentes, na formação do Seixal, pode até ter pernas para andar no futuro - basta ver o que fez recentemente o Ajax. O problema é que, para já, este Benfica pouco mais pode fazer do que sonhar, pelo menos a nível europeu.
Já antes do jogo desta noite, as contas não estavam fáceis para a equipa de Bruno Lage, que tinha perdido com o Leipzig e com o Zenit. Ainda assim, a vitória sobre o Lyon, na Luz, dava esperança, pelo que se esperava que o Benfica procurasse a todo o custo ganhar em Lyon.
Mas bastaram quatro minutos para a esperança começar a desvanecer-se. Num canto curto, o Lyon desposiciona a defesa benfiquista quase para fora da área e, de primeira, Dubois cruza para o espaço deixado no local: Rúben Dias atrasa-se ligeiramente a baixar e, aí, Joachim Anderson ataca a bola de cabeça e faz 1-0.
Como uma desgraça nunca vem só, o Benfica ainda mal se recompunha do golo quando, em novo cruzamento para a área, Vlachodimos acertou na bola... e na cabeça de Ferro: o defesa central caiu e teve mesmo de ser substituído por Jardel.
Nos primeiros minutos do jogo, o Lyon dominava e o Benfica era praticamente inexistente, limitando-se a lançar bolas de forma repentina para o ataque, onde estavam - tal como estiveram contra o Rio Ave - Chiquinho e Vinícius, apoiados por Cervi, Gabriel, Florentino e Gedson - este último uma novidade em relação ao último jogo, com Pizzi a ser remetido para o banco.
Na defesa, Grimaldo, Ferro (ainda que por poucos minutos) e Rúben Dias mantiveram-se como titulares, com a lateral direita a ficar para Tomás Tavares, relegando André Almeida para o banco. O jovem formado no Seixal, ao contrário de outras ocasiões, teve uma noite para esquecer, já que raramente conseguiu dar conta de Houssem Aouar, sempre muito rápido pelo corredor.
Foi exactamente por aí que, à meia-hora de jogo, o internacional francês acelerou, ultrapassando Tavares e aproveitando a falta de cobertura defensiva do Benfica - nem Florentino nem Rúben Dias estavam por lá -, para oferecer a bola, já na área, a Memphis Depay, que fez o 2-0.
Já antes do 2-0 - e mesmo depois do 2-0 - era o Lyon que tinha mais bola e parecia tranquilo no jogo, ao contrário do Benfica, que tinha muitas dificuldades para construir jogadas, já para não falar da criação de oportunidades de golo: o primeiro lance de perigo enquadrado com a baliza de Anthony Lopes só surgiu já em cima do intervalo, quando Chiquinho entrou na área e rematou, mas o guarda-redes português impediu o golo.
Ao intervalo, reconhecendo a exibição pobre de Gedson, Bruno Lage fez entrar Seferovic, com Chiquinho a ser desviado para a direita, e a verdade é que o Benfica melhorou, ainda que não significativamente.
Chiquinho criou perigo num livre directo e Seferovic ainda assustou com um remate de longe, enquanto o Lyon, já mais resguardado, procurava sair em contra ataque rápido - num deles, Dubois testou Vlachodimos.
O ritmo do jogo foi baixando e, já com Pizzi em campo, por troca com Cervi (aos 73'), o Benfica conseguiu finalmente marcar: grande passe longo do internacional português para Seferovic, que dominou com o peito e fez o 2-1. O golo seria anulado por suposto fora de jogo do avançado suíço, mas o VAR repôs a legalidade da desmarcação de Seferovic, validando o lance.
O Benfica voltava a acreditar e tentava empurrar o Lyon para trás nos últimos minutos, mas, já em cima dos 90', uma jogada que personificou aquilo que foi o jogo: Bertrand Traoré entrou na área com bola, até nem estava enquadrado com a baliza, mas, perante a apatia de Jardel e do afastamento de Rúben Dias, aproveitou para conduzir para dentro e rematar para o 3-1.
Com a terceira derrota na prova, o Benfica é último classificado do grupo G, com apenas três pontos - o Zenit tem quatro, o Lyon tem sete e o Leipzig tem nove. E, agora, dificilmente a equipa de Bruno Lage chegará aos oitavos de final."

VAR, VAR, VAR... e VAR. Não há volta a dar: as coisas não têm corrido bem com um Ferrari que só pode andar a 40 km/h

"VAR, VAR, VAR... e VAR.
Não há volta a dar.
A tecnologia do videoárbitro continua a ser um dos assuntos do momento do futebol português.
Desta vez, até se percebe porquê.
As coisas não têm corrido bem. Todas as opiniões - mesmo as mais infundadas, disparatadas e acaloradas - convergem e, quando assim é, o mais sensato é que saibamos ouvi-las para, pelo menos, reflectirmos.
Errado seria insistir na ideia romântica que o mundo está todo errado, porque tudo está a andar às mil maravilhas.
Não. Não está.
Há aqui várias ideias que convém repisarmos, para tentarmos perceber de onde viemos, onde estamos e para onde queremos caminhar:
1. É indesmentível que a tecnologia já repôs a verdade em centenas de decisões maiores, cumprindo assim a sua grande finalidade. O futebol continua a ser um lugar muito melhor (e bem mais justo) desde que passou a ter o apoio do VAR. Quem pensa o contrário não está a pensar bem. Digo eu.
2 - Há uma diferença enorme entre o instrumento tecnológico, em si, e a pessoa que o opera: o primeiro é o Ferrari, o segundo o condutor. Um raramente falha, o outro erra mais vezes. É importante nunca confundir um com o outro.
3 - O protocolo atual é uma espécie de código de estrada mas em modo "extremamente rigoroso". Faz uma coisa que, aos olhos de quem está cá fora, é contranatura: limita a condução do bólide a 40Km/H.
Ou seja, colocaram aquela máquina brutal nas mãos da arbitragem, mas logo lhe disseram que, na prática, ela vai ter a mesma eficácia que um Fiat 600. Tanto para dar e tão pouco para usufruir, já viram?
Imaginem a frustração que devem sentir os meus ex-colegas ao testemunharem, em sala, erros que os árbitros cometem em campo e nada poderem fazer para os ajudar.
4 - Uma das várias premissas protocolares é a intervenção basear-se apenas na evidência de erros "claros e óbvios".
O que se tem visto é que aquilo que é "claro e óbvio" para a arbitragem é muito diferente daquilo que é "claro e óbvio" para a opinião pública.
Para ela, esse pressuposto exige que a intervenção ocorra em lances tão flagrantes que até o polícia de serviço no bar do estádio consegue ver; para qualquer um dos comuns mortais, apenas significa que um erro que toda a gente veja, sinta e reconheça como tal, tem que ser corrigido.
Esta gigantesca diferença de interpretação tem sido um dos maiores motivos de discórdia entre o que a videoarbitragem tem dado e aquilo que se esperava que desse.
Pode passar por aqui um aproximar de ideias que resulte no objectivo que esteve sempre subjacente à introdução da tecnologia: trazer mais verdade desportiva ao jogo. Servir o futebol. E não o ser uma espécie de justificação teórica para não ajudar.
5 - As imagens que os VARs disponibilizam aos árbitros nem sempre são as ideais e isso viu-se claramente na passada jornada.
Em dois jogos, as que foram visionadas nos écrãs junto aos relvados, podem explicar muita coisa que não correu bem: não mostraram o melhor ângulo, o zoom mais adequado, o ponto de contacto, o momento decisivo para análise.
Se um árbitro, pressionado por todos, com suor a escorrer pela testa e a lucidez afectada pela exaustão física e mental, não dispuser do melhor "output" para decidir... como se espera que decida bem?
Para mau, já basta a dimensão reduzida do monitor que têm à disposição, a qualidade duvidosa da ampliação de imagem que recebem e o facto da chuva cair sobre o ecrã que consultam. Assim não é fácil.
Soluções? VAR e técnico de imagem têm que trabalhar em antecipação: quando o árbitro se desloca àquela zona, tem que saber o que vai ver. Tem que ter as imagens que indiscutivelmente o ajudem a tomar a opção certa.
E o AVAR, em vez de acompanhar esse processo boquiaberto, deve continuar a olhar para as imagens que o operador entretanto repete, para ver se surgem novos ângulos que possam ser facultados, no imediato, ao seu chefe de equipa;
6 - A coerência das decisões é o mais difícil de se conseguir, porque o futebol não é uma ciência exacta e os árbitros não são autómatos. Mas é algo que, em determinadas situações-padrão, pode ser alcançado. O truque é continuar a treinar, a preparar, a ver e rever lances, para afunilar critérios uniformizáveis em determinados momentos.
7 - A competência é como a coragem: ou se tem ou não se tem. E este é o filtro que deve continuar a ser feito, sem medos e sem restrições. Há árbitros que sabem ser bons videoárbitros, há outros que não. É duro? É. Mas é verdade.
Na arbitragem, só 20 árbitros é que pertencem à elite, sabem porquê? Porque os outros 4000 ainda não provaram que podiam lá estar. Na videoarbitragem é igual... ou devia ser igual. Não é para quem quer, é para quem pode e já se viu que nem todos podem.
A expectativa é enorme e a arma que foi introduzida para acalmar a confusão não pode ser a mesma que serve para difundi-la.
Há diagnóstico, há soluções propostas, há ideias. Falta fazer."

Antijogo e autocarros

"O tópico antijogo surge normalmente quando uma equipa forte perde pontos com uma equipa fraca. Lanço duas ideias gerais. Por um lado, tendo a pensar que há muitos jogos do campeonato que não têm o tempo de compensação mais adequado ao que aconteceu durante o jogo. Confesso não ter dados concretos para suportar esta ideia, e portanto sublinho que é apenas uma observação minha, mas a esmagadora maioria dos jogos terão à volta dos três ou quatro minutos de compensação, sendo raro ultrapassar os cinco.
Ora, como sublinhou o meu camarada Sérgio Pires esta semana, Portugal tem o quarto pior registo de tempo útil de jogo no conjunto de 35 campeonatos. Permitam-me então pensar que os árbitros não estarão a compensar devidamente as paragens durante o encontro. Parece, de certa forma, que os tempos são quase dados por “default”: muitas paragens, quatro ou cinco minutos, poucas paragens três minutos.
Muito se discute sobre este assunto. Ano após ano. Alguns sugerem paragens no relógio, mas eu discordo - seria uma mudança radical, desajustada e também de difícil implementação. Simplifique-se: os árbitros devem simplesmente estar (mais) atentos a este dado. Talvez uma maior articulação com o 4º árbitro, que poderia monitorizar mais atentamente os tempos de paragem para assistir jogadores, para consulta do VAR, substituições, marcação de livres, etc, comunicando à restante equipa perto do intervalo e do final do encontro. Se o jogo está parado oito minutos para assistir jogadores, então é da mais elementar justiça haver oito minutos de compensação. Será que acontece? 
Queria abordar o outro assunto que vem à baila nestas alturas: o «autocarro». Também costuma surgir quando equipas fortes tropeçam contra equipas teoricamente mais débeis.
É dominante a seguinte corrente de opinião: futebol verdadeiramente bonito é o apoiado, passe curto, construção a partir de trás. O único aceitável. Remeto agora também para o texto do meu camarada Pedro Jorge da Cunha, que afirma (e eu concordo) que há um certo preconceito e desconfiança se treinadores apresentam uma ideia de jogo que não assente numa espécie de tiki-taka. Defender bem, como várias equipas da Liga conseguem fazer com orçamentos diminutos (Tondela e Boavista à cabeça), é fantástico.
Defender é futebol também. Recordo-me sempre do criticado Egil Olsen, que levou a selecção da Noruega aos maiores feitos da história com um futebol defensivo e ultra-directo nos anos 90.
E porquê recordar Egil Olsen? Porque este norueguês desenvolveu este modelo com base na ciência e na filosofia. Futebol directo (também conhecido como o pontapé para a frente)? Olsen explicava que assim apanhava o adversário desorganizado, e chegou à conclusão que, estatisticamente, essa era uma enorme vantagem. Construir calmamente permitia que a outra equipa se organizasse defensivamente. Além disso, colocar a bola rapidamente na frente afastava-a da sua própria baliza, e uma equipa só faz golos quando está no último terço…
Argumentos válidos (concorde-se ou não), que servem para mostrar que mesmo as estratégias aparentemente mais rudimentares podem ser fruto de centenas de horas de análises e discussão. Isto para não recordar a Grécia de 2004...
Não sei se em Portugal se joga feio. Eu até acho que não. Mas, há uns dias, um amigo meu, adepto de um dos três grandes, sublinhou: a diferença de qualidade é tão grande, que as equipas mais fracas precisam de utilizar todos os meios para tentar conseguir algum ponto na luta pela sobrevivência. 11 homens dentro da área ou paragens constantes. Mas, digo eu: essa diferença abismal entre equipas talvez seja o verdadeiro problema do nosso campeonato."

Trago boas notícias: o GIF Sundsvall aceita jogar na nossa Liga

"Relva alta, entradas de sola, guarda-redes a ser assistido logo nos primeiros minutos de jogo… É demasiadas vezes isto a Liga Portuguesa, a quarta com menor tempo útil de jogo entre os 35 principais campeonatos europeus.
Joga-se pouco, pouco mais de uma parte: 51,9 por cento em média dos 90 minutos que tem uma partida de futebol.
A culpa nem é propriamente das equipas de menor dimensão pela forma como deliberadamente por vezes queimam tempo nos jogos contra os grandes. Devido em particular à falta de centralização dos direitos televisivos, a discrepância de orçamentos é tal que quase se torna inevitável ao mais fraco lançar mão de todas as armas possíveis para resgatar o pontinho.
A responsabilidade será sobretudo atribuível às equipas de arbitragem, que têm de punir sem contemplações tudo o que não aproveita ao futebol: 8, 10, 15 minutos de compensação? O que for preciso, para deixar claro que o antijogo não compensa.
Segundo o estudo apresentado na passada semana pelo CIES (Observatório do Futebol), a Liga da Suécia é onde se joga mais, logo seguida da holandesa e da finlandesa.
Apesar do menor nível competitivo dos escandinavos, isto de encarar o jogo pelo jogo com lealdade é quase cultural. Cultiva-se menos a manha e a arte do engano no norte da Europa – talvez por isso, haja também mais gente a pagar impostos por lá ou maior transparência no exercício de cargos públicos.
Sem grandes surpresas, a equipa em toda a Europa com melhor tempo útil por partida é precisamente sueca: durante quase dois terços do jogo (63,2 por cento) a bola rola nos jogos do Sundsvall.
Vai daí, que tive uma ideia para nos servir de exemplo: que tal convidar Gymnastik-och Idrottsföreningen Sundsvall para jogar na nossa Liga?
Da ideia ao convite foi o tempo de mandar um e-mail já de madrugada.
«Considerando que a vossa equipa é a que tem melhor média de tempo útil de jogo na Europa, escrevo-os para vos convidar a jogar na Liga Portuguesa: aceitariam?», perguntei eu, sem qualquer base regulamentar ou autoridade para o fazer.
Com uma eficiência sueca, tinha a resposta no e-mail às primeiras horas da manhã. Com boas notícias.
«Obrigado. Quando é que a vossa Liga começa? Nós fomos despromovidos para a segunda divisão no sábado, portanto estamos muito interessados!»"

A Liga portuguesa é cada vez mais a Liga das nações

"Podemos queixar-nos de já termos debatido o tema vezes sem conta e de estarmos permanentemente a bater na mesma tecla, mas o mais recente estudo do Observatório do Futebol (CIES) dá que pensar. No conjunto dos plantéis da I Liga portuguesa 2019-20, 63,6% dos jogadores são estrangeiros. Isso mesmo, 63,6%, a segunda maior percentagem entre os 31 países europeus analisados, só superada pelo modesto campeonato de Chipre (66,8%). Numa altura em que voltam a ser louvados os méritos da aposta na formação, muito por força do recente sucesso do Benfica, este é um murro no estômago que prova que a excepção (por maior magnitude que possa ter) não pode nunca fazer esquecer a regra.
De que maneira podemos aproveitar o talento português em benefício do futebol nacional? O que podemos fazer para evitar o desperdício e travar a elevada taxa de abandono da modalidade quando se ultrapassa o escalão júnior? Estas questões não só têm sido levantadas nos últimos anos, como têm merecido algumas respostas da parte da Liga (LPFP) e da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). A criação das equipas B foi uma delas, o recente lançamento do campeonato de sub23 seguiu-lhe as pisadas. Aparentemente, não chega.
Se é verdade que estas soluções se têm provado úteis ao oferecerem aos jogadores uma plataforma competitiva interessante, capaz de potenciar uma ponte mais duradoura com a equipa principal, também é certo que não têm demovido os dirigentes de se atirarem ao mercado com uma sofreguidão que parece não ter fim à vista. E isso explica por que razão Portugal coloca apenas 9,1% dos jogadores formados localmente nos plantéis da I Liga — é, de resto, o terceiro pior rácio da amostra. 
Embalados pela rápida ascensão (e transferência) de alguns jovens valores nos últimos anos, desde André Silva a Gelson Martins, passando por Renato Sanches, Nelson Semedo ou pelo recordista João Félix, tendemos a esquecer o resto da realidade nacional. E o resto é praticamente tudo, no que a este estudo diz respeito.
No conjunto dos 18 clubes que formam a divisão de elite portuguesa, cada plantel conta, em média, com 27 jogadores, sendo que só dois emblemas apresentam uma maioria de portugueses: o Tondela (15 atletas) e o Belenenses SAD (14). Na causa desta realidade estão Marítimo e Portimonense (apenas cinco futebolistas nacionais), enquanto dois dos actuais quatro primeiros classificados, Famalicão e Sporting, registam valores igualmente pobres (seis) — o FC Porto contabiliza 10 e o Benfica 12.
Recentemente, Silas, mesmo com todos os contratempos que enfrenta em Alvalade, pôs o dedo na ferida. “Temos de ser valentes e apostar em jovens jogadores, mas é preciso tempo e paciência. Os jovens merecem oportunidades. Se não corresponderem não se pode tirá-los logo e encostá-los”. 
Salvo honrosas excepções, é mais ou menos isso que tem acontecido e basta olhar para os números de há cerca de uma década para concluirmos que o cenário se agravou. Em 2008, de acordo com um outro estudo do CIES, validado pela UEFA, Portugal já ocupava um confrangedor segundo lugar no ranking do número de futebolistas estrangeiros (53,7%), então só superado por Inglaterra (59,1%). Mas enquanto a Premier League baixou ligeiramente a sua exposição ao mercado estrangeiro (hoje está nos 57,9%), a Liga portuguesa cresceu uns inimagináveis 10 pontos percentuais.
Continua a ser defensável, do ponto de vista do rendimento imediato, a procura de activos já “prontos a usar” e este exemplo utilizado, há uns anos, por Vítor Pereira, é elucidativo: “Quando vi o James Rodríguez pela primeira vez fiquei encantado. Como é que um jogador aos 19 anos tem tamanha maturidade e qualidade? A formação demora muito mais e dá muito mais trabalho”. Mas a verdade é que o caso do colombiano é a excepção que confirma a regra.
A regra que nos diz que a diferença de qualidade entre o jogador português e o estrangeiro, na maioria dos casos, dificilmente justifica o investimento extra-muros, com todas as condicionantes de adaptação que acarreta. E que nos leva a questionar se não estamos a puxar o tapete ao talento doméstico já com a meta à vista."

Treinadores a pedir revisão de lances... Ideia da Premier League!

"A Premier League, como já aqui escrevemos, encontra-se na busca de todos os elementos que permitam melhorar a utilização do vídeo-árbitro.
Assim, é intenção do órgão regulador e administrador da competição que os treinadores possam solicitar a revisão de uma decisão arbitral durante o desafio, à imagem do que sucede no ténis com o denominado "challenge."
A conduzir a esta hipótese, segundo explica o jornal Telegraph, estarão vários casos controversos de uso do sistema, como ocorreram, ainda, no passado domingo no desafio entre o Everton e o Tottenham, ou no Villa Park no jogo entre o Aston Villa e o Liverpool.
Por essa razão, na próxima semana os clubes do máximo campeonato da Velha Albion reunir-se-ão para tentar encontrar novos meios de potenciar o mecanismo VAR, sendo que recorrer a um sistema, já usado no ténis, poderá ser uma das soluções encontradas.
Aguardemos com curiosidade uma reunião, que poderá, inclusivamente, alterar a utilização a nível mundial do sistema de revisão dos lances através da televisão."

Olympique Lyon - SL Benfica

"Jogo fundamental para a continuidade na Europa, mas Bruno Lage voltou a abdicar de jogadores mais experientes em detrimento de jogadores menos experientes. Tivemos o regresso de Tomás Tavares e Gedson para os lugares de André Almeida e Pizzi. O Lyon apresentou o mesmo onze que usou contra o Toulouse em 4-4-2. Entrámos muito na expectativa e acabámos por sofrer um golo logo a abrir. Durante a primeira parte podíamos ter saído com mais dois ou três. Na segunda parte até entrámos melhor, mas depois do nosso golo, a pressão voltou a baixar e acabamos por deixar o Lyon matar o jogo. Umas notas sobre o jogo.
1. Tomás Tavares. Eu percebo porque é que o Benfica não quis ir buscar um lateral direito. Tendo Tomás Tavares e João Ferreira a um/dois anos da equipa principal e André Almeida com 29 anos e longe da reforma, não fazia sentido contratar alguém que em um/dois anos iria estar a tapar o lugar a dois jovens. Mas a partir do momento em que era claro (pelo menos para a equipa técnica do Benfica) que Ebuehi não iria contar este ano, tinham que ir buscar alguém por empréstimo. O Tomás Tavares saltou da equipa S23 para os A sem jogar pela equipa B. Há limites para queimar etapas. É um bom miúdo. Tem muito potencial. Mas é um junior. O que o Aouar lhe fez hoje (que entre várias coisas, deu no segundo golo do Lyon) era mais do que evidente que iria acontecer. Não tem (ainda) pedalada para isto.
2. Gedson Fernandes. O Gedson destacou-se bastante na formação. Era um médio centro com grande capacidade de transporte e um bom remate. Percebo a insistência em colocá-lo a médio ala pois é a única maneira que tem de utilizar essa capacidade de transporte. Mas a verdade é que não resulta. Já a perdermos 2-0, tem uma boa combinação com o Chiquinho, no entanto, em 45 minutos, não é o suficiente. O Gedson não tem qualidade para ser titular no Benfica. E já tive mais seguro se tem qualidade para ser jogador do Benfica. Reconheço-lhe um percurso brilhante na formação. Mas na equipa senior, não são precisos todos os dedos de uma mão para contar a quantidade de jogos bons do Gedson.
3. Franco Cervi. Chamo a isto um reality check. O Cervi não tem uma intervenção positiva no último terço do campo. Correr muito nunca poderá ser justificação para se ser titular no SL Benfica. O Cervi é isso. Um jogador que corre muito.
4. Chiquinho e Carlos Vinícius. Completamente engolidos. Em ambos os lados do campo. Nem pressionar conseguiram. Têm que fazer melhor. Ainda antes do golo do Seferovic, temos um 2 para 1 em que o Vinícius decidiu fintar o central e perdeu a bola, o que é completamente inaceitável.
Nada no jogo de hoje foi surpreendente. Estava tudo mais do que óbvio. Há uma falta de qualidade gritante no nosso plantel. Particularmente quando começamos a insistir em rapazes que ainda não têm nível para isto. Talvez daqui a três ou quatro anos, quando os jogadores que estão na formação já tiverem evoluído devidamente, se entretanto não vendermos mais ninguém, tenhamos uma equipa para passar aos oitavos na Champions de forma regular. Até lá seremos sempre o bobo da corte. Mas um bobo da corte que fez 200M no último mercado de verão e que não reinvestiu 25% no plantel principal.
Para continuarmos na Champions precisamos:
- ganhar os 2 jogos e esperar que Lyon perca os dois ou perca um e empate o outro
Para a Liga Europa precisamos:
- ganhar ao Zenit e ter o mesmo resultado ou melhor com o Leipzig que o Zenit tiver com o Lyon"

Cadomblé do Vata (Diagnóstico...)

"Faltavam poucos minutos para o intervalo do Benfica - Rio Ave, quando Nuno Santos pegou na bola perto do meio campo, arrancou em velocidade pela nossa direita com André Almeida a perder 1 metro a cada 2 passos, entrou na nossa área e rematou ao poste. Ontem a meio da primeira parte do Lyon - Benfica, Koné (ou outro francês qualquer) pegou na bola perto do meio campo, arrancou pela nossa direita com Tomás Tavares a perder 1 metro a cada 2 passos, entrou na nossa área e assistiu para o 2-0.
O problema do Benfica na Champions não é o nome do lateral direito nem o cabelo do ala do mesmo lado ou a idade do médio centro defensivo. Tudo reside numa questão simples: quantos jogadores do nosso plantel têm lugar de caras no 11 dos nossos adversários sem necessitarem de 1 ano de adaptação? O problema do Benfica é que faz 32 jornadas em ritmo de passeio no campeonato, com momentos de pressão alta adversária esporádica e o comodismo de saber que a cada 5 oportunidades, o rival vai aproveitar 1, na melhor das hipóteses. O problema do Benfica é que a velocidade com que Vinicius abordou um lance em que Chiquinho rouba uma bola na saída da defesa francesa, para depois colocar num coração da área, para onde o brasileiro caminhava a passo, chega e sobra para 99% dos jogos que vai disputar em Portugal.
Sem querer fazer a defesa do indefensável, a "Teoria da Invenção de Tudo de Bruno Lage" é uma falácia. Em relação ao último 11, alterou 2 jogadores. Coincidentemente, retirou da equipa dois dos mais criticados atletas do SL Benfica. E se a tese de que o 2-0 não acontecia com André Almeida, morre no primeiro parágrafo, a entrada de Gedson (que ressalve-se, colocou 2 belos remates pela linha lateral) tem como óbvia explicação uma óbvia constatação: Pizzi (que hoje está nas graças dos adeptos como nunca esteve... até ao próximo jogo) não defende e ao Benfica falta (muito) músculo para estas andanças, facto que condena Gabriel a ser sucessivamente o menos mau do Glorioso na Champions. Mais do que questões tácticas ou de data de nascimento, ao Benfica falta qualidade individual e capacidade física para abordar duelos disputados em alta velocidade e em curtos espaços de terreno.
Mais do que recordar os dois últimos desastres europeus, a presente participação traz-me à memória a primeira apresentação do agora D. Sebastião Jesusiano na competição que logrou passar 1 vez da fase de grupos em 5 tentativas pelo Glorioso, onde curiosamente também defrontamos os franceses de ontem com vitória no sufoco em casa (apesar da larga vantagem que chegamos a alcançar) e derrota humilhante em terras gaulesas onde nem 1 remate enquadrado conseguimos. Tal como há 9 anos, entramos na prova com elevadas expectativas criadas pelo brilharete nacional da temporada transacta com marca indelével dos treinadores e planteis jovens supostamente de qualidade ímpar. Tal como nesse ano, vamos baquear na sobre valorização dos jogadores e na inexperiência na prova dos treinadores. O lado bom da coisa, é que volvida quase 1 década de raros e esporádicos êxitos na prova rainha internacional, os adeptos ainda continuam a não ficar indiferentes ao que a nossa equipa por lá (não) vai fazendo. Quando isso deixar de acontecer, estaremos mortos."

(...) com inveja de Ferro: o melhor era mesmo ter desmaiado no início para não ver esta "dimensão europeia" do Benfica

"Vlachodimos
O lugar onde se encontra no relvado permite-lhe perceber como poucos a verdadeira "dimensão europeia" do Benfica. Coitado. Ninguém merece.

Tomás Tavares
Até o tornozelo do André Gomes está mais apto para a Champions do que o Tomás Tavares.

Rúben Dias
Saiu do relvado visivelmente incomodado com os acontecimentos desta noite, talvez fruto de uma exigência meio tonta. Estes miúdos não percebem que o Benfica europeu é isto.

Ferro
Agora que já sabemos que está tudo bem com ele, resta-me dizer uma coisa: que inveja. Quem me dera ter desmaiado ao quarto de hora e ter sido impedido de assistir ao jogo.

Grimaldo
Matem-me.

Florentino
Alguns sinais positivos no seu primeiro jogo como sénior.

Gabriel 
Muito músculo e algumas jogadas quase tão bem gizadas como a época europeia do Benfica. 

Chiquinho
Os rumores de que encontrámos um novo João Félix são manifestamente exagerados, mas Chiquinho falhou melhor do que a maioria. Por momentos terá sentido falta de uma dinâmica que permitisse à equipa ligar melhor o jogo e desenhar ataques com mais nexo, como acontecia no Moreirense da época passada.

Cervi
Depois de bons indicadores na liga, Cervi voltou hoje a sofrer marcação cerrada de um velho conhecido, esse defesa impiedoso que dá pelo nome de Realidade.

Gedson
A que horas é que a equipa chega ao aeroporto?

Vinicius
É levantar a cabeça e continuar a marcar na Liga até o despacharmos por 45 milhões. Neste caso os custos de intermediação ficam a cargo dos adeptos, que pagam com o tempo perdido a ver o Benfica nesta competição.

Jardel
Felizmente tinha cinco homens consigo na grande área no lance do terceiro golo do Lyon, não fosse ele precisar de ajuda a impedir o remate. Por falar nisso, não sei se já experimentaram beber um Cem Reis Reserva Syrah 2016 directamente da garrafa. É muito melhor do que as pessoas dizem. 

Seferovic
Belo golo na única ocasião que teve. Agora é fazer isto todas as semanas na Liga, na Taça da Liga, na Copa Amizade, na Eusébio Cup, na International Champions Cup, na Taça do Guadiana e no Torneio Internacional da Pontinha até todos nos esquecermos desta Liga dos Campeões.

Pizzi
Tempo suficiente em campo para nos deixar com a sensação de que talvez devesse ter estado mais tempo em campo. Fixe."

Cadomblé do Vata

"1. Boas noticias malta: continuando neste ritmo europeu não vamos precisar de alterar o emblema... fazemos tão má figura lá fora que não vai haver design modernaço algum que faça os chineses terem o mínimo interesse no SLB.
2. Vinicius parece ter um futuro promissor pela frente... pelo menos a última vez que vi um avançado brasileiro tão amorfo num relvado francês, foi o Ronaldo na final do Mundial de 98 e a partir daí a carreira dele foi sempre a subir.
3. Queria aproveitar para dar os parabéns ao Jardel por ser um Homem especial... foi a única pessoa no Mundo que não viu logo que o Traoré ia fintar para o meio no lace do terceiro golo.
4. Em quatro jogos somamos 3 derrotas, mas os nossos putos ganharam experiência para a nossa participação na Champions da próxima temporada... até porque as exibições deles têm garantido que para o ano ainda cá vão estar.
5. Aviso já que este ponto pode vir a ser repetido nas próximas duas jornadas de Champions... ao cuidado dos responsáveis directivos do Benfica: Parem De Falar na Merda Do Projecto Europeu Enquanto Não Tiverem Um Que Não nos Envergonhe Sucessivamente..."

Má...


Benfica After 90 - Lyon

Tribuna de Honra - pós-10.ª jornada; pré-Europa...

O Cantinho do Olivier - ep. 11

Benfiquismo (MCCCXLV)

Equilibrista...

Vermelhão: não chega...

Lyon 3 - 1 Benfica


O golo aos 4 minutos, mudou totalmente a dinâmica 'esperada' para este jogo. A estratégia definida pela escolha do onze titular, presumia um Benfica 'certinho' a defender, e a apostar nas transições rápidas... Mas com o Lyon a vencer, foi tudo diferente! E com a lesão do Ferro aos 15 minutos, lá 'queimamos' mais uma substituição, tal como aconteceu na Luz com o Rafa...!!!

Na 2.ª parte, melhorámos, o Lyon também quis 'gerir' o 2-0, mas com o Chiquinho na direita e depois com o Pizzi... ganhámos criatividade no meio-campo, algo que o Cervi e o Gedson não dão à equipa! Mas após o golo do Seferovic, não tivemos 'força' para ter posse de bola, e acabámos por sofrer mais um golo, quando já estávamos a jogar mais com o coração do que com a cabeça!!!

Com esta derrota, a Champions fica muito longe, demasiado longe... e mesmo a Liga Europa, está em perigo: uma vitória do Zenit sobre o Lyon pode tornar as 'coisas' mais complicadas! Além das nossas insuficiências, estes jogos não nos têm corrido bem... Sim, ganhámos ao Lyon na Luz, com um erro do guarda-redes adversário, mas esse lance foi a excepção...

Um dos handicap's nestes jogos Europeus, é a condição física! Temos uma equipa com demasiados peso-plumas, ao defrontar equipas com jogadores mais rápidos, mais fortes e mais altos... com alguma qualidade técnica, começamos os jogos praticamente a perder! Se juntarmos a inexperiência dos mais jovens, é impossível competir com ambições realistas a este nível.

O plantel está 'curto' para a Champions, é algo que tem que ser assumido por todos! Além da questão física, e da inexperiência, faltam-nos jogadores que façam a diferença lá na frente... sem o Rafa ainda é mais notório! Se quisermos discutir qualificações para os Oitavos, a construção do plantel tem que ser feita doutra maneira...
Estreia do Chiquinho na Champions, com bons indicadores, faltou alguma 'calma' à frente da baliza... Gabriel 'cansado', foi praticamente o único jogador que não descansou nesta sequência de jogos... Grimaldo, mais uma vez foi um dos que mais tentou desequilibrar ofensivamente... Boa entrada do Haris, com um excelente golo, espero que a confiança regresse...
O Tomás ficou marcado pelo 2.º golo, demonstrou essencialmente inexperiência... aquela jogada tinha que ser 'morta', logo no início com a recuperação, ou com uma falta...! Esta a ser lançado ás feras, muito cedo... Eu não condeno a aposta do Lage, o Almeidinhos tem demonstrado que não está nas melhores condições físicas, e contra um Lyon rápido, o Tomás era a alternativa...
Jogo ingrato para o Ody, com os dois primeiros remates que acertaram na baliza a 'entrarem'!!!

O jogo em Leipzig ainda vem longe, agora é concentrar todas as atenções em São Miguel. O ano passado, tivemos alguma 'sorte', com uma expulsão do Santa Clara relativamente cedo, mas até esse momento o jogo não estava a ser fácil... Provavelmente vamos ter o Pizzi de volta ao onze... e vamos ver quem será o ponta-de-lança, mas com os Corruptos a jogarem no Bessa, após um jogo em Glasgow na Quinta, é essencial o Benfica pressionar os adversários, com uma vitória na 'véspera'!!!

Convincente...

Benfica 3 - 0 Budva
25-15, 25-17, 25-18


Vitória segura, sem dar qualquer hipóteses aos montenegrinos... Agora, estamos a 2 Set's da qualificação, para a última pré-eliminatória, antes da fase de grupos...

Excelente vitória...

Lyon 2 - 3 Benfica


Bom jogo, fomos superiores, diria mesmo muito superiores, sendo que a 'emoção' no marcador, acabou por ser totalmente injusta, porque o Lyon pouco fez para marcar...
Tudo isto, com a lesão do Umaro na 1.ª parte e sem o Dantas - por opção!

Estamos em 1.º lugar, com os mesmos pontos do Lyon, tudo vai depender do jogo na Alemanha...