Últimas indefectivações

domingo, 25 de março de 2018

Bons sinais

Benfica 86 - 68 Corruptos
23-24, 13-14, 21-8, 29-22

Excelente 2.ª parte, defendemos muito bem, ao contrário do que tem sido habitual. Provou-se que quando os jogadores estão motivados, sabem defender...!!!
Mesmo sem o Todic e o Barroso (lesionados) conseguimos uma vitória confortável, voltando a confirmar a minha expectativa que vamos encontrar a Oliveirense na Final!!!
Claramente o melhor jogo do Pitts... jogador com características completamente diferente do Sanders!

Vitória em Tires

Tires 3 - 7 Benfica

Obrigação cumprida, com um resultado seguro, chegámos aos 0-6, permitimos 3 golos ao adversário, mas garantimos a qualificação para a Final Eight da Taça de Portugal que se vai disputar em Gondomar...
Ainda com o Hemni a ser expulso perto do fim!!!

Mensagem de apoio a Rui Vitória, provavelmente o melhor treinador do mundo

"Faltam 7 finais para a conquista do penta e eu não sou o Guilherme Cabral.
Não sei editar vídeos, não tenho jeito para palestras motivacionais e, acima de tudo, já não consigo olhar para este campeonato com lirismo. Certo, toda a gente espera que vocês se superem, que extrapolem os limites da condição humana, que ultrapassem a adversidade quando já ninguém achar que é possível, que sejam metaforicamente propulsionados por milhões de adeptos para um título que só pode ser vosso e de mais ninguém, e que façam isso tudo ao som de uma música excessivamente dramática. Ufa. Juro que não sei como é que o Guilherme consegue.
Bem, este texto dirige-se ao nosso treinador.
Ele não me conhece e dificilmente irá ler isto, mas para efeitos de estilo eu vou dirigir-me a Rui Vitória como se ele ligasse peva ao que eu escrevo. Olá, Rui. Finalmente, não é? Parece que andamos desencontrados há anos. Eu a tentar dirigir-te a palavra e dar-te um abraço, tu a afastar o olhar porque não me conheces de lado nenhum.
Enfim. Não sei se podemos tratar-nos por tu e não vou descobrir nos próximos minutos, portanto vou assumir que andámos juntos na escola. Eu sou um dos ignorantes que ao longo das últimas quase três temporadas disse à boca cheia que o Benfica não tinha o melhor treinador do mundo. Não é lirismo, não senhor. E também não estou a exagerar.
Em primeiro lugar, sim, sou um bocado ignorante. Em segundo, tu és de facto um dos melhores treinadores do mundo. Quem disser o contrário que peça ao Guardiola para treinar o City na próxima época sem o David Silva, o De Bruyne ou o Sané e sem um tostão para os substituir. Peçam ao Zidane para levar o Real Madrid à conquista de mais uma Champions sem o Ronaldo, o Modric ou o Bale. Peçam ao Jorge Jesus para treinar o Sporting sem o Rui Patrício. Ou peçam ao Sérgio Conceição para ganhar ao Boavista sem o Wagner. Logo vemos o que acontece. Boa sorte.
Confesso que estou ansioso. Acordo todos os dias a pensar nisto. Não sei quanto aos outros benfiquistas, mas eu já cancelei todos os planos para os fins-de-semana de 5/6 e 12/13 de maio. Continuo indeciso. O meu coração balança entre a possibilidade de celebrar o título em Alvalade na penúltima jornada e a bonita imagem de mais um título conquistado em nossa casa. Sim, eu sei que estou a pôr a carroça à frente dos bois, mas fica só entre nós.
Sendo tu tão benfiquista como os benfiquistas, sei que também já sonhaste com isso algumas vezes. 
Quanto aos críticos, não ligues. A malta diz mal porque quer sempre mais e também porque às tantas se torna cansativo passar quatro anos a elogiar toda a gente. O que é demais enjoa. Precisamos de algum drama. Eu, tu, até o próprio, de certa forma todos precisámos daquele frango do Varela. Fez-nos ver que o maior clube do mundo é afinal feito de humanos e que esses extraordinários membros da espécie também cometem erros. Faz parte. É formativo. A receita não é a mesma sem os condimentos. São o sal e a pimenta que fazem tudo saber melhor no fim.
Além disso, tu sabes como é a sina dos clubes maiores e de quem os comanda. No Benfica não chega ganhar por um a zero. Muda aos sete e meio, acaba aos quinze, e o Jiménez entra a 25 minutos do fim. Siga. Quem disser que tudo isto é lirismo não merece subir comigo à estátua do Marquês em maio.
Mas sabes que mais? Se não acontecer, não será o fim do mundo. Vou ser gozado por meia dúzia de amigos portistas ou sportinguistas que vão ler isto e esperar pacientemente pela oportunidade de me esfregar as palavras na cara - provavelmente mais portistas do que sportinguistas. A vida continua. Saúdinha é que é preciso.
Penso que falo por muitos mais benfiquistas quando te digo isto: aconteça o que acontecer, estamos muitíssimo gratos pelo teu tempo ao serviço do Benfica. Deste-nos dias incrivelmente felizes, tu e os jogadores. Isso, meu caro Rui, não é lirismo nenhum. É a beleza poética dos factos.
É prosa em verso, tal como esta época que tantas vezes me/nos pareceu inapelavelmente perdida e agora está mais perto do que nunca de ser uma memória linda. Se já aconteceu, pode muito bem voltar a acontecer. Tu que o digas.

P.S. - Eu sei que não é o fórum adequado, mas enviei um e-mail ontem e ninguém me respondeu. No próximo fim-de-semana vêm aí uns primos meus da Alemanha e eles queriam ver o jogo com o Vitória. Não tem que ser na tribuna. Pode ser para o piso 3. Se alguém te perguntar, diz que o retorno esperado é o meu benfiquismo até morrer. Sei lá, vê tu como achares melhor."

Palavra de ordem

"Em poucos dias, Luís Filipe Vieira teve duas intervenções públicas. Na gala, foi o elogio do Benfica, relevando os méritos do projecto e de uma forma de estar: "não ganhamos contra ninguém". Omitiu as polémicas e evitou atacar os rivais. Nos Açores, deu um passo à frente, sem se ‘esticar’.
O "dar tudo pelo penta" é a palavra de ordem de Vieira. Daí o desafio à onda vermelha. O foco está na mobilização de acordo com a velha máxima do contra tudo e contra todos que em momentos difíceis é sempre uma ideia aglutinadora e que a conjuntura aconselha. Neste contexto, Vieira recorreu à equipa de futebol – particularmente a Jonas – como exemplo do grau de compromisso e solidariedade que existe no Benfica.
As polémicas ficaram-se por duas ideias-chave: o clube nunca deixa ninguém para trás (Paulo Gonçalves) e as vitórias foram alcançadas no campo e de forma limpa. Se esta última declaração é a que todos esperam ouvir, já relativamente a Gonçalves fica a posição determinada e inabalável: Vieira não o vai deixar cair. Nos ataques a FC Porto e Sporting, nada de novo. Será que da próxima Vieira voltará a subir de tom?
Júlio Mendes foi reeleito. Vitória apertada e nova prova de confiança. Depois da austeridade e da estabilidade, será o tempo do investimento."

A semana das Galas

"Recados, mensagens e apelos. Discursos emocionados, esperançados e prometedores. Palavras vindas de um palco, que precisam, agora, de ter repercussões no futebol português.
Numa semana em que param os campeonatos, e regressam as selecções, sobra tempo para a realização de galas, conferências e eventos recheados de pensamentos construtivos, de gente com valor, mas que rapidamente se diluem e esquecem na polémica seguinte.
José Peseiro, actual técnico do Vitória de Guimarães, disse quase tudo. O clima actual "roça a vergonha", com a permanente mancha de suspeição lançada sobre jogadores, árbitros, treinadores e toda a indústria que rodeia o futebol.
O apelo feito pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante a 3.ª Gala das Quinas de Ouro é de louvar. O país dos campeões da Europa, de Cristiano Ronaldo, José Mourinho, entre tantos outros, tem aqui a oportunidade perfeita para apanhar boleia desses portugueses de excelência e fazer crescer o seu próprio campeonato.
Em vez disso, somam-se as denúncias anónimas e insinuações de jogos comprados. A corrupção, claro está, não pode ser perdoada. Se existe, se foi tentada, os responsáveis têm de ser punidos.
Mas os representantes dos clubes portugueses (nomeadamente dos chamados três grandes) têm a obrigação de falar apenas com provas. De unir em vez de dividir. E, acima de tudo, de respeitar os profissionais da modalidade. Se não o fizerem, as boas intenções nunca passarão das galas."

Por culpa de Cruijff nunca iremos chegar demasiado tarde ou cedo de mais

"Houve um mar imenso, encrespado, de jogadores banais. Não há nada de mal nisso. Se não fossem esses não haveria os outros. Não jogam sozinhos, é assim tão simples.
Admirámos uns quantos lendários, entre os quais Maradona, Pelé, Eusébio, Ronaldo-Fenómeno, Van Basten, Zizou, Platini e Di Stéfano.
E outros que ainda estão a caminho da lenda, apesar de ser certo que lá cheguem sem muito mais esforço, como Messi e Cristiano.
Houve um oceano, um dos maiores, de grandes jogadores que fracassaram a mandar a partir do banco.
Alguns, sim, poucos, atingiram patamares semelhantes àqueles a que subiram com a bola colada ao pé, como Kaiser Beckenbauer.
É verdade que grandes treinadores têm o mérito de fazer parte do mapa das estrelas, depois de abandonada a condição humana de futebolista fracassado lá em baixo na Terra. Mourinho, Brian Clough, Ferguson e Capello, todos bons exemplos.
Outros tornaram-se técnicos-filósofos, e aí teremos sempre o velho Bielsa. Sentado numa geleira, a olhar de queixo apoiado na mão fechada para o centro do relvado.
Claro que Guardiola está no nosso coração como revolucionário-experimentalista. E houve quem pregasse uma nova doutrina ao longo dos tempos. O catenaccio de Helenio Herrera, o pressing alto de Sacchi, il albero (a árvore) de Ancelotti ou o totalvoetbal de Michels.
Houve jogadores de talento que não quiseram ganhar raízes no banco, e ficaram-se pela oratória e retórica. Valdano escreveu livros. Doutor Sócrates foi um futebolista de intervenção, mesmo depois de deixar a carreira.
Antes de todos eles e no meio de todos deles está Cruijff. Filósofo, revolucionário, experimentalista, grande treinador, enorme jogador. Foi completo. O maior de todos, sem ter sido maior do que cada um deles.
Deixou-nos a finta, que a minha geração viu João Vieira Pinto perpetuar nos relvados portugueses. O penálti de dois pais, que não era dele, mas que tornou famoso e vive ainda nos dias de hoje. Recordamos um golo impossível, de ginasta, todo no ar, de perna esticada, frente ao Atleti. A arrancada fatal na abertura da final de um Campeonato do Mundo, com Vogts a ter de ir-lhe às pernas, sem misericórdia.
Como treinador, um Dream Team, com Koeman, Guardiola, Bakero, Michael Laudrup, Stoichkov e Romário. Como ideólogo, tanto mais. É a alma do Barcelona do passado, presente e futuro, cravada mais profunda do que o próprio tiki-taka.
Foi Barça de Rijkaard, Barça de Guardiola. E, por consequência, é dele a Espanha campeã do mundo e da Europa. Está na génese de um Bayern que deixou de ser só espírito de luta e que se quer avassalador, mas que ainda o tem como Yin e Yang, mentor e inimigo, porque deverá ser o Barça o seu maior rival na Champions. Está na Mannschaft alemã, campeã do mundo.
É respirado em todos os corredores do Ajax. do futebol holandês. Vive no Arsenal de Wenger. Nas ideias de Bielsa. De Hiddink. Também de Klopp. Já viveu, pasme-se, nas de Van Gaal. No Milan de Sacchi, já aqui falámos dele.
Cruijff não precisou de ser o melhor jogador ou o melhor treinador, embora tenha andado sempre no topo, para ser o futebol himself. O senhor futebol.
Arte. Poesia. Ataque. Cultura. Procura de espaços. Posse. Velocidade. O melhor do jogo. É arte, mas com vitória. Uma não existia sem a outra. Não fazia sentido.
Como disse Vic Buckingham, foi uma bênção para o futebol. Um Pitágoras com botas, escreveu David Miller.
- Don't run so much, Football is a game you play with your brains!
Não seremos mais felizes sem ele, mas nunca esqueceremos o seu legado. É verdade que ele podia ter-vos explicado melhor, mas não era para que entendessem de imediato.
- If you're not there, you're either too early or too late.
Na verdade, Cruijff não morreu. Resolveu a equação, viu antes que a porta abria para fora. Tornou-se eterno. E já não temos por que chegar demasiado tarde ou demasiado cedo. Ele estará sempre lá, no grande círculo, com um chupa-chupa no canto da boca. Até sempre, Johan."

Benfiquismo (DCCLXXXVII)

Senhor...

A geração dos Cristianos Ronaldos

"Actualmente em Portugal existem dezenas de escolas de futebol, que colocam milhares de jovens a praticar desporto. Este tem sido um espaço valioso de desenvolvimento da modalidade, que permitiu não só aumentar a popularidade do jogo como educar milhares de crianças, pessoal e desportivamente. No entanto, existe uma grande pedra nesta engrenagem. Seja pelo mediatismo da modalidade ou pela “prometida” ascensão social, o certo que raras vezes, estas múltiplas escolas fogem ao epíteto da formação de “campeões”. E ao analisarmos posturas e discursos, de treinadores, pais e atletas, fica a questão: será que os jovens podem apenas jogar futebol pelo prazer do jogo e da prática desportiva, ou jogar futebol implica mesmo ter de tentar ser jogador profissional?
Diversos estudos têm analisado a relação entre o número de atletas que se encontram a treinar numa modalidade durante um longo período de tempo (mais de 3 anos) e aqueles que atingem o alto rendimento. Os valores encontram-se entre os 0,3% e os 0,012%, sendo este último valor correspondente às academias dos clubes da Premier League em Inglaterra. Na análise mais positivista, estamos a falar de 1 em cada 300 atletas. Um valor extremamente reduzido, principalmente se tivermos em consideração o facto de todos estes atletas já terem sido alvo de uma selecção prévia. Perante este cenário, e sendo o futebol a modalidade com maior número de praticantes federados no nosso país (cerca de 175000, dos quais aproximadamente 80% têm mais de 18 anos), urge reflectir acerca da missão decorrente da existência destas escolas de futebol e da sua praxis diária.
É inegável que a pressão e ambição dos pais é um grande problema, levando a que muitos espaços onde a prática desportiva deveria ser o principal objectivo, sejam transformados temporariamente em laboratórios de alquimia, a tentar transformar “pés de chumbo em pés de ouro”. Mas não se pense que os únicos culpados são os pais. Quando são os treinadores ou coordenadores os primeiros a promover e permitir que crianças de 10-11 anos fiquem jogos inteiros no banco ou que permaneçam largas temporadas sem serem sequer convocados, são estes que claramente estão a potenciar e perpetuar o problema.
A investigação demonstra que entre os 11-16 anos de idade as diferenças maturacionais entre os jovens podem ser extremamente acentuadas, sendo esta uma enorme condicionante na forma como a prática dos jovens atletas deve ser estruturada e operacionalizada. Refira-se igualmente que este factor é salientado por diversos autores, como sendo fundamental na identificação de talentos. Assim sendo, seja pela imprevisibilidade associada ao crescimento e maturação dos jovens, seja pela “improbabilidade estatística” de sabermos se estamos na presença de um futuro jogador profissional de futebol, os profissionais nesta área devem procurar garantir que o jogo é para todos e deve ser jogado por todos. Quem conduz a prática deve analisar e prever todos os cenários de treino e competição, assegurando-se que a formação dos jovens e a sua auto estima não é colocada em causa por satisfações pessoais ou incompetências momentâneas.
O papel e a importância das escolas de futebol na nossa sociedade é evidente, assim sendo, haja a coragem e capacidade de assumir que o seu objectivo último nunca deverá ser formar “campeões”, mas sim, continuar a promover um espaço onde a prática desportiva de qualidade se desenvolve e onde as diferentes capacidades e ambições dos jovens praticantes vão encontrar o seu espaço de concretização.
Nem todos os jovens que entram no comboio do futebol, querem ou têm de chegar à última estação! A estação “Cristiano Ronaldo”!"