Últimas indefectivações

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Uma fita que grita!


"A fita rosa é hoje um símbolo mundial do combate ao cancro da mama. Não faz clínica, claro está, não financia, mas dá à humanidade um enorme contributo nesta luta desigual contra a falta de consciência social que impede rastreios atempados e ceifando vidas de forma mais absurda. Mas é também uma bandeira contra o estigma e a vergonha que cavam nas doentes e nas convalescentes um enorme fosso de solidão, medo e angústia vivida a sós.
Para combater este lado silencioso e obscuro do cancro da mama é necessário trazê-lo a nu, à vista de todos, desdramatizá-lo no que pode ser desdramatizado, da calvície temporária à traumática amputação. Não são coisas bonitas, nem desejáveis, mas não são tão hediondas que devam esconder-se ou carimbar um estigma nas doentes, vitimizando-as e agravando a sua dor e insegurança. Não parece muito, mas termos o nosso problema aceite e compreendido pelos que nos rodeiam contribui enormemente para uma autoestima que alicerce uma atitude positiva e lance as bases para a superação.
É também preciso manter todas e todos em alerta, porque este inimigo é silencioso e alimenta-se da nossa descontração e passividade, crescendo por vezes até ao ponto de não retorno. Mas, se lhe cortarmos as pernas à nascença, dificilmente medra, e conseguimos conter largamente os danos que provoca.
Por isso, esta onda rosa que nos preenche outubro atravessa o mundo e leva consigo uma fita cor de rosa que grita 'alerta' para nos dar vida. Por isso, também, o Benfica dá força e esta causa com o melhor de si mesmo!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Benfica: uma história com futuro


"1. O Benfica já estava a ganhar ao final da tarde desta inesquecível quarta-feira, quando a multidão de Benfiquistas que acorreu aos computadores e urnas no Pavilhão n.º2 do Estádio da Luz, e aos que foram expressamente instalados em vinte e quatro Casas do Benfica, além daqueles milhares e milhares de outros Sócios que então tinham acedido ao completo sistema informático dedicado para acolher os votos remotos recebidos dos Sócios residentes nas Regiões Autónomas e em centenas de lugares espalhados pelos cinco continentes do mundo inteiro, no seu conjunto, ultrapassava a mítica marca dos 22676 votos de 2012.
2. Portanto, fosse qual viesse a ser eleita a Lista vencedora, muitas horas antes do anúncio oficial dos números finais do escrutínio informático, o Benfica já tinha 'dado a volta ao resultado', neste apogeu da mais longa carreira dos escrutínios universais que em Portugal diferenciam a exemplar Democracia da honrosa História do Glorioso, perante a triste procissão dos nossos concorrentes.
3. Claro que, mesmo considerando a inusitada multidão que veio a votos e o cumprimento da obrigação estatutária que exigia a realização do solene Acto no período em que a pandemia fere os portugueses com dramática intensidade, tudo se voltou a passar, por toda a parte, com a serenidade, o civismo e a elevação de sempre.
4. Outra coisa não sereia de esperar e assim se cumpriu: estamos no Benfica! O admirável registo de participação, atingindo a marca histórica de 38102 Sócios eleitores ao final de uma das mais extensas Assembleias Gerais Eleitorais vividas nos quase 117 anos de História do Sport Lisboa e Benfica, durante longas 18 horas, fica como expressivo sinal da resiliência e da fantástica dimensão do Clube num momento particularmente difícil da vida portuguesa, de que o próprio Benfica é o mais expressivo espelho e emblema.
5. Mas, sendo certo que antecipadamente se declara disponível para qualquer que viesse a ser a superior decisão dos Sócios eleitores do Benfica, esta foi também, sem qualquer dúvida, uma fortíssima vitória do Candidato Luís Filipe Vieira, que, vencendo categoricamente os seus concorrentes em todos os escalões estatutários de votos disponíveis, e sobretudo, somou a maior votação de sempre de entre todos os Presidentes eleitos no Sport Lisboa e Benfica.
6. A primeira tarefa da 'nova história com futuro' que estabeleceu como desígnio programático para a sua equipa e à qual Luís Filipe Vieira certamente se disporá agora - e para o que, de resto, sempre o conheci especialmente vocacionado e capacitado - será e de reunir a Família Benfiquista.
7. Outra coisa ninguém de boa-fé espera do grande Presidente. E, afinal, é precisamente isso que mais temem do Benfica inteiro e junto, todos os nossos adversários."

José Nuno Martins, in O Benfica

Anti-jogo!


"No início do mês, foi feita uma campanha patrocinada por Sérgio Conceição contra o Marítimo pelo anti-jogo praticado pelas equipas de Lito Vidigal. Recriminamos todo o tipo de anti-jogo e todos sabemos que as equipas de Lito Vidigal abusam deste tipo de estratégias. Posto isto, gostaríamos de perguntar duas coisas:
1) Porque é que apenas na semana antes do jogo com o #PortoaoColo o anti-jogo foi assunto?
2) Porque ninguém falou das perdas de tempo da equipa de Sérgio Conceição no passado sábado? 
Deixámos passar quase uma semana para ver se alguém pegava no tema. Ninguém pegou como esperávamos, como tal deixamos um quadro para resumi o que aconteceu após a expulsão de Zaidu no jogo com o Gil Vicente. Os números falam por si."

Semanada...


"1. As Eleições. Luís Filipe Vieira foi reeleito por maioria absoluta, quer a nível de votos, quer a nível de votantes. João Noronha Lopes não exigiu, pelo menos publicamente, a recontagem dos votos físicos que tanto falou antes. Há quem diga que os órgãos do Benfica manietaram completamente qualquer possibilidade de recontagem e que no geral não foram muito colaborativos com as restantes listas. No final de contas, o que importa é que Luís Filipe Vieira foi reeleito. O único escalão de sócios que foi equilibrado foi o escalão dos 5 votos, onde a Lista A (de LFV) teve mais 316 votantes do que a Lista B (de JNL). Todos os outros escalões tiveram diferenças de mais 1.000 votantes. O escalão dos 20 votos foi o que teve a maior diferença, onde a Lista A teve mais 4.261 votantes do que a Lista B.
2. A Representatividade. Um dos maiores problemas do Benfica é Representatividade. Na quarta-feira 19.5% dos sócios que votaram tiveram 49.2% dos votos totais. Enquanto 34.4% dos sócios que votaram tiveram 4.1% dos votos totais. O vencedor tinha sido o mesmo. Mas se calhar tinha ido votar mais gente. Enquanto houver sócios a valer 10-50 vezes mais do que outros, vai haver muita gente a abdicar do seu direito.
3. Rui Costa. Já a noite ia prolongada quando os resultados foram anunciados e a lista A tomou posse. O discurso de Luís Filipe Vieira foi curto, sem grandes conteúdo e com uma bicada a um rival. Sendo que a bicada no rival fez algum sentido, pois o FC Porto aproveitou as Eleições do Benfica para anunciar os €116 milhões de euros de prejuízo que nunca teriam grande exposição mediática devido às Eleições. O mais irónico de tudo é que este ano vai ser provavelmente o final da sequência de anos com resultados financeiros positivos no nosso clube. Mas no discurso de Vieira, talvez pela hora, não se viu grande preocupação com os sócios que votaram nele, muito menos nos sócios que não votaram nele. O discurso de união veio minutos depois, com Rui Costa que me parece que mais do que nunca vai ter um papel muito importante no clube. É preciso unir os adeptos e não me parece que Luís Filipe Vieira esteja muito preocupado com isso.
4. Filas de três horas. Ninguém se queixou, mas em lado nenhum me parece aceitável ter que esperar três horas para votar. O número de pessoas que foi votar não pode servir como desculpa. Todos esperávamos uma adesão muito forte. A covid-19 também não pode ser desculpa, bem pelo contrário. O Benfica tinha que ter mais mesas de voto. O Benfica tem dois pavilhões, mas só se utilizou um. As modalidades têm que treinar, mas podiam uma vez treinar noutros pavilhões locais que o Benfica aluga para as modalidades na formação. Três horas para votar não pode ser aceitável.
5. Bernardo Silva. Já ninguém se lembra, mas a semana começou com uma polémica em volta de Bernardo Silva, que não apoiando nenhuma lista disse que estava na altura da mudança. Prontamente caiu o carmo e a trindade. Aparentemente os sócios não podem ter opinião.
6. Rangers. Estamos em primeiro lugar com o Rangers. Um grupo que até parecia que poderia ser competitivo tudo indica que vai ser uma corrida a dois. O Rangers vai com duas vitórias como nós. Bateram o Liége por 0-2 e ontem bateram o Poznan por 1-0. Vão ser dois jogos interessantes para aferir o real valor da nossa equipa. O Rangers tem um ponta de lança muito interessante: Alfredo Morelos.
7. Modalidades Paradas. Sem grande lógica, num fim de semana que vai haver restrições à livre movimentação, o Governo decidiu adiar os jogos de todas as modalidades de pavilhão. Não consigo entender sinceramente. Sempre era mais conteúdo que se poderia ver na televisão e ficar em casa. O Desporto tem sido das classes mais mal tratadas pelo Governo nesta crise pandémica."


PS: A representatividade dos votos no acto eleitoral do Benfica, não é problema nenhum. Distinguir os sócios pela antiguidade é perfeitamente normal e desejável em associações desportivas. A única alteração que eu defendo, é acabar com a distinção entre sócios Efectivos e Correspondentes na distribuição dos votos. Os sócios Correspondentes só porque estão mais longe de Lisboa e portanto pagam uma quota inferior, no acto eleitoral, deveriam ter o mesmo número de votos... usando o mesmo critério da antiguidade, usado para os sócios Efectivos.
Em relação às três horas de fila (pessoalmente estive 3h15m na fila), o problema não foram o número de urnas disponíveis, o estrangulamento aconteceu no acesso ao Pavilhão: havia duas filas, a Prioritária, e a dos outros: tinha bastado 'abrir outra porta' para reduzir o tempo de espera para metade, na fila 'grande', porque dentro do pavilhão, o acesso às urnas era extremamente rápido e 'aguentava' outra fila!
O Rui Costa será seguramente candidato a Presidente da Direcção no próximo acto eleitoral.

O dia em que a bancada deu o show


"Há as grandes jogadas e os grandes jogos, os grandes golos e os hat-tricks, os títulos e os festejos – e houve estas eleições para os órgãos sociais do Sport Lisboa e Benfica. Quase 40 mil votantes, pulverizando todas as marcas anteriores, a meio da semana e da mais grave crise de saúde pública das nossas vidas, é um golo do meio da rua de Eusébio, um slalom do Chalana, um passe de 50 metros do Rui Costa. Por todo o país, com a data a ser antecipada em cima da hora por força das limitações de movimentos impostas pelo governo, este 28 de Outubro encheu qualquer benfiquista de orgulho.
Nestes estranhos dias em que a equipa joga para um estádio vazio, houve casa cheia nas urnas. Nestes dias em que todos temos de viver a devoção aos nossos clubes em privado, houve demonstração pública, colectiva, do que é, de facto, um clube de futebol: as pessoas, a paixão, a causa comum. E mais: pelo enorme exemplo de civismo dado, os benfiquistas mostraram como é possível e urgente o regresso dos adeptos aos estádios.
Com estes números e esta demonstração de interesse e empenho, não restam dúvidas sobre os resultados: Luís Filipe Vieira foi eleito por uma clara maioria que, este ano, não se podendo queixar de falta de alternativas, acorreu a expressar a vontade de reconduzir esta direcção. Entre a enorme afluência de gente às urnas estavam muitos que quiseram expressar a vontade de mudar? Sem dúvida. Mas de muitos mais ainda que quiseram expressar o receio dessa mudança, fundamentalmente negativa, sem projecto particularmente consistente.
Vieira, escolhido por mais sócios e mais votos do que qualquer Presidente antes dele, foi, necessariamente, o grande vencedor. Mas também Rui Costa, chamado a número 2 da direcção e quase formalmente apontado como candidato à sucessão, Domingos Soares de Oliveira e demais responsáveis pela trajectória de recuperação e crescimento do Benfica ao longo dos últimos 17 anos e que os sócios entenderam que não podia ser atirada pela janela.
Mas João Noronha Lopes também foi, de certa forma, um vencedor. Foi o primeiro, nestas quase duas décadas, a conseguir construir uma candidatura alternativa credível e a ameaçar a liderança de Vieira. Reuniu uma série de adeptos influentes na opinião pública e congregou, nas últimas semanas, o apoio do Movimento Servir o Benfica. Deu voz às críticas mais prementes, mas não foi especialmente convincente, inovador ou sequer esclarecedor quanto às suas próprias propostas. O Benfica mediático mobilizou uma certa burguesia benfiquista, mas, como sempre, triunfou o Benfica popular. O Benfica que merece um projecto maior do que ser, simplesmente, anti-Vieira.
Quanto a Rui Gomes da Silva, os números alcançados, pouco acima dos votos brancos, devem fazê-lo retirar as devidas conclusões.
Agora, é tempo de voarmos todos para o mesmo lado, para quatro anos que encham de orgulho os muitos milhares que esperaram horas na fila, assumindo riscos para a sua própria saúde, para votarem para o seu Benfica. O nosso, o único.
À direcção que vai tomar posse pede-se que una a família e lidere, prepare o futuro e não se contente com as conquistas de mandatos anteriores. E aos adeptos que apliquem agora para fora o vigor demonstrado nestes meses nas críticas para dentro. Há um tempo para tudo e agora o tempo é de construir, unir, avançar. Porque querer ganhar tudo, de cada jogo de futebol a feijões às modalidades, todos queremos. Sempre. Mas estaremos certamente mais perto de o conseguir se tivermos paz.
Por tudo quanto já fez pelo clube, Vieira tem o seu lugar assegurado na História do Benfica. Cabe-lhe agora gerir este mandato com elegância, serenidade e sentido de responsabilidade para com o clube e para com o futuro.
Queremos promessas cumpridas e críticas tidas em conta. E sim, vamos exigir essa taça europeia. 
Benfica, sempre."

É Natal, D10S faz anos!


"“Esta manhã li muitas asneiras sobre Maradona. Alguns menosprezando o seu legado futebolístico para realçar a figura de Leo Messi. A realidade é que o que ele conquistou na cidade de Nápoles foi único. Então, aqui fica um texto sobre Diego. É uma questão de justiça". #DIE60
Depois de uma passagem dececionante pelo Barcelona, onde uma hepatite, lesões e entradas agressivas (quase o espancaram até a morte) boicotaram o seu talento, Maradona teve necessidade de relançar a sua carreira. Para fazer isso, ele faz as malas e assina pelo Nápoles.
O próprio Maradona diz no livro ‘Yo soy el Diego’ que, durante as negociações, aconteceram coisas bizarras, entre elas um grupo de adeptos iniciou uma greve de fome e um homem acorrentou-se ao estádio San Paolo, tudo para fazer pressão e acelerar o negócio.
Porque escolheu o Nápoles e não o Inter/Milan? Porque estava falido, por ignorância (não sabia que o clube se salvou por 1 ponto em 83/84) e mais do que tudo, porque acreditaram nele. “Espero a tranquilidade que não tive em Barcelona, ​​mas acima de tudo respeito”, diz Diego.
Não é o que encontra de imediato. O presidente da Juve, Boniperti, afirma que um jogador com seu físico nunca vai conseguir nada. “O futebol é tão incomparável que dá lugar a todos, até a anões como eu” responde Maradona. O debate sobre o físico já existe há anos.
“A cidade mais pobre da Europa compra o jogador mais caro do mundo” publicado por alguns meios de comunicação. Pelusa chega a um local pobre, agredido, afundado e carente de ídolos. “Estou mais interessado em glória do que dinheiro”, diz ele. Maradona será muito mais que um jogador.
Diego chega à Série A, a melhor liga do mundo. O futebol da NBA, uau. Um campeonato que reúne as melhores equipas e os melhores jogadores de futebol. Como se Cristiano, Messi, Mbappé, Haaland, De Bruyne, Neymar, Kroos, Mané e Lewandowski estivessem todos na mesma liga.
Para terem uma ideia, de 1982 a 1985: Zico assina pela Udinese, Sócrates pela Fiorentina, Maradona pelo Napoli e Falcão e Cerezo pela Roma. Impensável hoje em dia!! Os melhores estavam TODOS em Itália.
A Juventus de Michael Platini é apresentada como a grande rival a ser batida. É o clube mais rico e poderoso de Itália. Além disso, tem o melhor jogador e é do norte. Ou seja, a Juve tem tudo para estabelecer uma hegemonia no futebol italiano. Só Maradona o impedirá.

Assim, Diego cai num Nápoles em apuros e que, além disso, perdeu Ruud Krol e Dirceu. No San Paolo no dia da sua apresentação não há espaço para uma agulha. “Dieeeeeego, Dieeeeeeeego”. As expectativas são muito altas. Existem 80.000 almas napolitanas a cantar a plenos pulmões. Eles compõem um hino e colocam tango nele.

A primeira temporada não é nada fácil, mas ajuda-o a perceber 2 coisas:
1º. Napoles é um reduto da Villa Fiorito: “Quero me tornar o ídolo dos meninos pobres de Nápoles, porque eles são como eu era quando morei em Buenos Aires.” 
2º. O racismo desenfreado do norte. Terroni, terroni “gritam nos jogos contra o Nápoles. Para muitos adeptos do norte (Milão, Bergamo, Verona, Turim), os sulistas e sobretudo os napolitanos são gente menor, pouco instruídos, sujos, pobretanas e bandidos.
A lacuna socioeconômica entre o Norte e o Sul é enorme. O racismo sobrevoa os jogos. E o futebol não é estranho aos problemas da Itália. Os do sul são até saudados com cartazes de “Bem-vindo à Itália” e gritos de “vão-se lavar” quando jogam como visitantes.

Maradona pede reforços e fala com o presidente do clube, Ferlaino: “Compre 3 ou 4 jogadores e venda os que as pessoas assobiam. O seu termômetro deve ser este, quando passo a bola a um e eles o assobiam, tchau. E se não, pense em me vender, porque eu, assim, não fico ”.
Na temporada seguinte (1985/86), o Napoli aumentou sua ambição e contratou jogadores de futebol da estatura de Giordano, Renica ou Garella para se juntar a Maradona e Bertoni, e mudou de treinador. Ottavio Bianchi. O grupo dá um salto de qualidade.
O Nápoles venceu a Atalanta (1-0), derrotou o Hellas Verona (5-0) e na 9ª jornada: jogo contra a Juventus de Platini. San Paolo a rebentar, é mais do que apenas um duelo. É hora de se revoltar e recuperar a autoestima. Maradona vence com um golaço numa cobrança de falta.



É uma partida histórica. Uma mudança de paradigma que eleva o ’10’ como o salvador de um Sul esquecido contra os ricos e poderosos do Norte. Nápoles abraça Diego, que terminará em terceiro com o Nápoles e chegará como uma estrela à Copa do Mundo no México 86 ‘.
“Não podia por a cabeça de fora de casa porque me amavam demais e quando os napolitanos te amam … te amam! Eu não podia ir comprar sapatos, eles diziam que me amavam mais do que os seus próprios filhos. “
Longas caravanas de motociclistas acompanham Pelusa sempre que ele sai com o carro a toda velocidade.
Maradona em 1986 na mais memorável campanha individual de sempre



Maradona reina no México e torna-se campeão mundial com a Argentina. Uma exibição extraordinária que só o confirma como o melhor jogador de futebol do planeta. Diego transfere sua aura para Nápoles e será o novo capitão do San Paolo. Platini perde o seu status.

Os rivais crescem. A Juventus é acompanhado pelo brilhante A.C. Milan de Silvio Berlusconi com Donadoni, o Inter com Trapattoni e Passarella ou a Fiorentina de Ramón Díaz. O nível da Série A não para de crescer. E assim continuará ao longo da década.
Temporada 1986/87. Andrea Carnavale e Fernando de Napoli aderem à causa, entre outros. O Nápoles começa com tudo e de novo na 9ª jornada cruza-se com a Juventus. Mais de 20.000 napolitanos viajam para o jogo em Turim. Os homens de Diego fazem a remontada e ganham 1-3 depois de Bryan Laudrup inaugurar o marcador (Platini e Laudrup, que sonho). Épico!
“Tinham Platini e muitos fenômenos, mas também muito medo. Mostraram faixas racistas, mas por medo. Não entendiam como os pobres do Sul estavam a pegar um pedaço do bolo que costumavam comer sozinhos”, confessa Maradona, ele estava certo.

Depois do 3-1 em Turim, o Napoli continuaria a sua brilhante carreira e conquistaria o primeiro scudetto da sua história. Foi o primeiro título da liga para uma equipa do sul. Maradona tinha-se tornado o herói de que uma cidade agora invadida pela alegria precisava.
No entanto, isso não acabou aqui. Havia que esperar pela taça de Itália e a oportunidade de selar a dobradinha, coisa que apenas duas equipas do norte haviam conquistado: Torino e Juventus. O Nápoles de Maradona conseguiria quebrar o tecto de vidro novamente?
Questionado sobre isso, Diego Armando Maradona afirma: “A razão é porque os candidatos eram do norte, nós do sul não devemos perder oportunidades. Nem no futebol, nem na vida”. O Napoli venceu a Atalanta e assina uma temporada de sonho.
O Nápoles não conseguiu vencer a Taça dos Campeões Europeus na temporada seguinte, depois de ser eliminado pelo Real Madrid e perder a liga para o Milan de Sacchi. Em 88-89, o Nápoles conquistaria o primeiro título europeu da sua história, a taça UEFA contra o Stuttgart e em 89-90, outro scudetto. 
Agora vem, com toda a probabilidade a minha parte favorita da história de Diego Armando Maradona em Nápoles: Campeonato do Mundo Itália 90. É um fenômeno incrível. A força inexorável do herói contra todos os elementos. Diego no seu melhor. Mito e jogador de futebol.
Jogo de abertura em Milão. Assobios ao hino albiceleste. A atual campeã mundial Argentina faz sua estreia e cai contra os Camarões (Golo de Oman Biyik). Diego depois do jogo diz: “O único prazer foi descobrir que, graças a mim, os italianos do norte deixaram de ser racistas pela primeira vez.” 
Maradona foi o alvo da aristocrática Itália, do norte, dos ricos e de ser o futebolista mais odiado pelos poderosos. O Pelusa queria vingar-se dos inimigos apesar de chegar ao Mundial com uma equipa muito pior que a seleção de 86. O destino queria isso.
Desta forma, nas meias finais do Campeonato do Mundo de 1990 a Argentina de Maradona enfrentaria a Itália numa partida que, por um acaso do destino, seria disputada no… SAN PAOLO. Que PUTA QUE A VIDA É, hein!?
Ciente do racismo sofrido por tantos anos e da rivalidade histórica, o ’10’ aproveitou a situação assim como se aproveitava dos rivais em campo. As suas declarações pré-jogo já fazem parte da memória coletiva do futebol. Maradona na antevisão diz: “pedem aos napolitanos que sejam italianos por uma noite, enquanto nos outros 364 dias do ano lhes chamam de «terroni». A estratégia funcionou. O San Paolo não assobiou o hino e a Argentina derrotou a Itália nos penaltis.
Bergomi, capitão da Itália, após o jogo: “Roma inteira estava conosco, hoje não notei o mesmo.” Vicini, treinador transalpino: “Não tenho a sensação de ter o apoio absoluto de Nápoles.”
Maradona, aliás, joga o mundial inteiro com o tornozelo ASSIM.

Final do Campeonato do Mundo de Itália em 1990. O hino da Argentina soa no Estádio Olímpico de Roma quando, de repente, a música da Albiceleste é enterrada por uma assobiadela monumental. Nos ecrãs e nas televisões de todo o mundo vê-se Diego a dizer: “Filhos da puta, filhos da puta”, ao público italiano.



Depois disso, a Argentina perdeu a final e Maradona chorou de raiva e impotência. Pelusa testou positivo para cocaína no controle antidoping e nunca mais voltou a Nápoles.
Uma era acabou. Aquela do jogador que elevou o clube e a sua vida ao céu antes de descer ao inferno. 
Maradona era Diego com seus pecados e suas virtudes. É ainda, ao lado de San Genaro, uma figura sagrada em Nápoles. A cidade não o esquece, os napolitanos o amam e sempre se orgulharão de seu legado.”

"Diego Maradona era o mais humano dos deuses, pecador e virtuoso. Isso talvez explique essa veneração universal, um Deus sujo que se parece connosco.” Eduardo Galeano

Texto de @AlbertOrtegaES1 no Twitter, traduzido e publicado com a sua autorização."

Vlog: O regresso...

Benfica After 90 - Standart...

Vitória sólida


"Vinte e quatro horas após a extraordinária participação dos Sócios no ato eleitoral, a nossa equipa obteve um triunfo confortável, por 3-0, frente ao Standard Liège, num jogo marcado pelo muito ansiado regresso dos Benfiquistas às bancadas da Luz.
Tratou-se de uma vitória inquestionável, com a nossa equipa a superiorizar-se aos belgas em todos os momentos do jogo, consolidando assim a nossa posição no que respeita ao objetivo de passagem à fase seguinte da prova. Temos agora seis pontos após duas jornadas efetuadas, lideramos o grupo a par do Rangers (próximo adversário na prova – dia 5 de novembro, 5.ª feira, na Luz) com seis pontos de vantagem dos terceiro e quarto classificados.
Jorge Jesus elogiou a exibição da equipa, considerando mesmo que talvez se tenha tratado do melhor jogo desde que regressou ao Benfica. O nosso treinador destacou Nuno Tavares e Diogo Gonçalves, apontando a experiência e entrosamento gradual de Otamendi e Vertonghen como um dos pilares do bom desempenho dos jovens jogadores.
E destacou ainda o altruísmo de Pizzi, ao ceder a Waldschmidt a responsabilidade de executar a segunda grande penalidade, anuindo assim ao pedido do colega. Tratou-se de uma atitude de capitão, dando prioridade ao coletivo em detrimento de aspetos individuais.
Pizzi foi mesmo a figura do jogo, ao marcar dois dos três golos benfiquistas. O nosso médio/extremo, ocasionalmente segundo avançado também, alcançou a marca redonda de 80 golos em competições oficiais ao serviço do Benfica, sendo o 29.º a consegui-lo de águia ao peito. Neste ranking, ultrapassou Humberto Coelho e igualou Manniche, apontando agora a um trio de respeito, com 85 golos marcados, constituído por Diamantino, Jordão e Santana.
O próximo desafio está agendado para 2.ª feira, dia 2 de novembro, no Bessa frente ao Boavista. Até lá a nossa equipa preparar-se-á para tentar alcançar o sexto triunfo consecutivo na Liga NOS, o oitavo em todas as competições, e somar assim mais três pontos."

Depois de meses a pastar, desata a correr para sair? Por mim, Gabriel passa a jogar com auricular com volume no máximo. Concordo com Jesus


"Vlachodimos
Pode ser a memória a trair-me, mas não me lembro da última vez que este rapaz cometeu um erro que nos custasse um golo ou sequer um calafrio. Ontem fez questão de sair várias vezes da baliza para compensar o adiantamento dos colegas e mostrar que até nesse capítulo está melhor. Como todas as coisas boas da vida, também o bom momento de forma terminará com um monumental frango que fará meia bancada vociferar que já tinha avisado. Felizmente esse dia parece distante.

Diogo Gonçalves
Nada mau para uma primeira oportunidade a titular. A segunda parte foi mais bem conseguida. O que eu mais gosto nele no Diogo Gonçalves é que tem a compleição física e o toque de bola de um extremo sofisticado, mas demonstra a atitude de quem não se importe de ser verbalmente agredido pelo treinador e está disposto a coser as redes da baliza se o treinador lhe pedir. Como se isso não bastasse foi formado no clube. Por mim não sai do onze enquanto o André não voltar.

Vertonghen
Muito bem. Recebeu os seus conterrâneos com a maior das amizades, mostrando-lhes o complexo desportivo da Luz e o caminho de volta para o aeroporto.

Otamendi
Demonstrou autoridade numa noite tranquila que lhe permitiu apresentar-se oficialmente aos adeptos nas bancadas da Luz enquanto enchia o bandulho com dois pacotinhos de Belgas.

Nuno Tavares
Os níveis confiança demonstrados ontem fazem os adversários parecerem pinos da decathlon, colocados em diferentes posições do relvado apenas para dificultar um pouco o treino. Houve um ou outro pino que pareceu mexer-se com as deslocações do ar, mas nem assim chegaram a incomodar o nosso miúdo.

Gabriel
gestão de esforço. Depois de meses a pastar ali no meio-campo, desata a correr para sair do relvado com o resultado em 2-0? Concordo com o mister. Por mim o Gabriel passa a jogar com auricular e o volume no máximo.

Pedrinho
Os seus piores minutos em Portugal desde que chegou ao aeroporto de Lisboa com um boné exibindo um leão. Nada que não corrija.

Pizzi
Estratégico, frio, matador. Esperou pacientemente pelo regresso dos seus críticos à bancada para mais uma justa bofetada de luva branca. Os adeptos por seu lado estavam tão felizes com o regresso à Luz que por eles tinham levado mais uns quantos tabefes. Bela noite europeia frente ao Moreirense do grupo.

Everton
Não foi uma exibição cheia de momentos “vai-se-a-ver-e-afinal-este-gajo-foi-baratíssimo!”, mas também não se pode dizer que tenha comprometido.

Waldschmidt
As semanas passadas a amaciar o Pizzi e a acenar sorridentemente sempre que ele contava histórias dos amigos de Bragança finalmente surtiram efeito. Agora só resta ao Luís Miguel aceitar que há um novo marcador de penalties.

Darwin
Trabalhador. Só por mero acaso não enfiou mais duas batatinhas na baliza adversária. A sorte dele é que ainda não tem haters. Só lovers, incluindo a sua cara metade nascida no estado da Renânia do Norte-Vestfália.

Rafa
Entrou para dar a mão ao miúdo Diogo Gonçalves e ajudá-lo a entrar na piscina dos grandes. Não fez tantas piscinas como é habitual, mas mesmo assim soube ser perigoso.

Seferovic
Não vi com atenção, estava ocupado a indignar-me com os adeptos que saíram antes do final do jogo. 

Taarabt
Entrou cheio de ganas a perguntar quantos eram, mas já meia equipa belga estava prostrada. Pena. Mereciam ter levado todos.

Weigl
De cada vez que Jorge Jesus lhe pede para entrar em campo, é geralmente para ajudar a segurar as pontas a um meio-campo desgastado pelos kms percorridos. Ontem não foi diferente. Desempenhou as suas funções exibindo a serenidade confiante e sorridente de um instrutor de yoga. O meu cinismo diz-me que está claramente a 2 jogos de ligar ao empresário a exigir uma mudança para o Schalke 04. 

Gonçalo Ramos
A estreia nas competições europeias não se traduziu em oportunidades de golo, mas não é isso que vai impedir o Mendes de lhe acrescentar mais 10M ao valor do passe."

Cadomblé do Vata (Liège...)


"1. A fase de grupos da Liga Europa é a competição mais deprimente do Velho Continente... jogamos contra adversários fracos, sem VAR e com comentários do Nuno Luz.
2. A recepção aos belgas ficou marcado pelo regresso de adeptos à Luz, com 4.800 espectadores nas bancadas... o Taarabt já organizou festas em casa com mais pessoas.
3. Confesso que depositava grandes esperanças no Gonçalo Ramos, mas parece-me que o puto está a regredir... esteve mais de 10 minutos em campo e não bisou.
4. Bonito gesto de Pizzi a deixar Lucaschmidt marcar o penalty... talvez não o tivesse feito se soubesse que o alemão é melhor do que ele nesse gesto técnico.
5. Jorge Jesus é um excelente treinador, mas às vezes toma decisões que se revelam completamente erradas... hoje inscreveu 3 guarda redes na ficha de um jogo em que mal precisou de 1."

Pizzi in the box


"Um Jack-in-the-box não é coisa muito familiar para os portugueses mas, ainda assim, poderá ser o brinquedo perfeito para descrever Pizzi, um médio/extremo/segundo avançado que atinge o seu propósito dentro da box – que é como quem diz a área. Agraciado por uns, mal-amado por outros, Luís Miguel Afonso Fernandes não é um jogador de análise fácil. Pelas características – que já roçámos ao de leve na analogia com a cabeça que sai da caixa para surpreender as crianças – Pizzi encontra no golo, e nas assistências, argumentos suficientes para se debater com a facção que não se esquece de lhe apontar os momentos sem bola como principal pecado. Mas o Benfica-Standard Liège desta quinta-feira não foi propício a correrias defensivas por parte dos encarnados. Ao invés, a (ultra)organização defensiva belga pedia muita criatividade a um Benfica que chegou a roçar os 75% de posse-de-bola. Seria então o habitat ideal para Pizzi poder render à frente de Gabriel? Talvez nem tanto. Mas lá chegaremos.
É hoje comparável a uma pandemia para organizações ofensivas. Falamos da utilização da linha de cinco defesas, e de uma linha de quatro médios que – como se já não fosse suficiente – tem hoje como missão específica controlar totalmente, e ao detalhe, o espaço entre-linhas. Hoje por hoje, dez jogadores dão primazia absoluta a esse espaço, contrariando assim equipas tecnicamente mais dotadas que encontram nesse espaço as roturas perfeitas para ferirem os oponentes. Não sendo isso diferente na abordagem do Standard na Luz, com esse espaço constantemente ocupado o Benfica sentiu imensas dificuldades para criar lances de verdadeiro perigo. Contudo, a abordagem dos belgas permitiu às águias passar a maioria do jogo num momento (organização ofensiva) que lhe permite controlar perfeitamente as partidas. A dificuldade, lembramos, estava no momento de criação. Mas fazendo um compasso de espera para falar de como podia o Benfica ter derrubado mais cedo a muralha belga, não poderemos esconder que foi uma espécie de benesse para Jorge Jesus que o jogo não se revelasse tão partido e inconstante como noutras partidas desta sua 2.ª vinda ao reino da Luz.

Assim, convém também não esquecer que com o jogo nesses moldes (Benfica instalado no meio-campo ofensivo) o único real momento a ter em conta para as coisas não azedarem neste regresso dos adeptos ao estádio, seria o momento de transição ofensiva para os belgas que iriam sempre apostar nas costas da linha defensiva. E hoje, convém dizê-lo, a linha defensiva do Benfica mostrou-se irrepreensível. Se por falta de reais testes (os cinco dedos da mão sobrarão para contar as investidas do Standard) ou se por os métodos de Jesus estarem finalmente a fazer sentido para Nico e Jan, não saberemos dizer ao certo. O que é factual é que os timings e a activação na dança subir/descer foram executados sem problemas de maior e com uma fluidez a fazer lembrar o habitual nas equipas de Jesus. Com isto restava outro bico-de-obra: como desfazer a muralha que os encarnados encontravam à frente?

E para aí chegarmos convém lembrar que se não houvesse oposição, o jogo não só não seria um jogo como não seriam precisos passes horizontais para nada. O passe horizontal é um passe que existe porque há oposição num jogo de futebol. No entanto não será por isso que os passes verticais não serão precisos. E para o Benfica, nesta noite, eles foram imensamente necessários. Contudo, no momento actual de pandemia de (ultra)organizações defensivas direccionadas para parar jogo-interior, o passe vertical que pode eficazmente ser a vacina, pode muito facilmente também virar-se contra o criador. Daí surgir a questão: terá sido Pizzi o elemento mais propício para naquela zona encontrar os espaços que poderiam ferir o Standard?

Raro momento de desorganização belga permite a Diogo Gonçalves encontrar espaço interior e servir Luca

Compreende-se a escolha, porque num jogo de sentido único as características defensivas de Pizzi teriam pouco impacto. O jogo em si proporcionaria e hiperbolizaria as outras características de Pizzi. Contudo o 21 nem sempre conseguiu activar aquele sentido que encontra o buraco da agulha necessário a fazer entrar no jogo Everton, Pedrinho, Luca ou Darwin. E com esses quatro fora, haveria o Benfica de encontrar o que procurava pelas investidas interiores dos dois laterais que, juntos, foram preponderantes na criação de duas jogadas que acabaram em penálti (e que Pizzi e Luca haveriam de converter para descansar as hostes). Já por fim, a caixa abriu e lá estava Pizzi. Sempre letal dentro da área, o 21 haveria de inventar um belo remate em arco para nos fazer continuar a discussão: os jogos controlam-se com roubos de bola, posse, ou golos? Pizzi in the box é golo; Pizzi out the box pedia Taarabt mais cedo? ou os passes verticais do marroquino seriam mais arriscados para o controle total do jogo que o Benfica demonstrava? Questões que acabaram por não ser essenciais neste jogo mas que o serão na época. Fica é a certeza: não deixem a box aberta para o Luís Miguel! A não ser que gostem de golos do Benfica."

SL Benfica 3-0 Royal Standard Liège: Três bolachas Belgas para adoçar sonho europeu


"A Crónica: SL Benfica Garante Segundo Triunfo Na Europa Sem Grande Dificuldade
Se perguntar a alguém que tenha nascido e/ou vivido na década de 90 se se recorda das bolachas Belgas da Triunfo, certamente que a sua resposta será alegremente afirmativa, pois o seu sabor adocicado era capaz de satisfazer a gula de quem comesse um pacote dessas bolachas. De facto, o SL Benfica recebeu uma encomenda dessas bolachas e saciou a sua fome de vitória: em mais uma jornada da Liga Europa, os homens de Jorge Jesus despacharam sem grande dificuldade o Standard Liège por três golos sem resposta e mantêm bem doce o sonho de conquistar a prova europeia.
Com o regresso do público às bancadas da Luz após um longo período de ausência, o Benfica entrou pressionante e com vontade de chegar cedo à vantagem no marcador. Os 4875 adeptos presentes fizeram questão de puxar desde o início do jogo e empurrar os comandados de JJ para o golo que esteve perto de ser alcançado à passagem do minuto 14 num remate à entrada da área de Pedrinho que teve uma defesa segura de Bodart, após uma boa jogada de entendimento dos homens da frente. No instante seguinte, o remate em arco de Everton voltou a testar a atenção do guardião visitante que respondeu com uma boa intervenção.
O ímpeto pressionante encarnado foi-se desvanecendo à medida que o relógio ia andando, apesar do controlo se manter do lado da casa, o que agradava ao Standard que estava a conseguir manter Darwin Núñez e companhia longe da sua baliza devido à “alta muralha”, já que os 11 homens vestidos de negros defendiam no seu meio-campo defensivo. O perigo junto da baliza de Bodart só voltou a rondar aos 38 minutos: cruzamento de Otamendi com a defesa belga atrapalhada a afastar mal e a bola sobra para Pizzi que disparou torto para uma baliza totalmente descoberta, desperdiçando uma excelente ocasião para fazer o primeiro golo do marcador. Esse seria mesmo o último lance digno de registo antes do apito para o descanso, em que Benfica e Standard ficaram empatados a zero.
Algo insatisfeito com a produção ofensiva na primeira parte, Jorge Jesus fez entrar Rafa Silva no início dos segundos 45 minutos para tentar desmoronar a defensiva adversária. E de facto não foi preciso esperar muito para se festejar um golo na Luz: Luca Waldschmidt foi travado dentro da área e foi assinalada grande penalidade, com o capitão Pizzi a bater Bodart com toda a frieza necessária e a colocar o Benfica a vencer na partida aos 50 minutos.
O Standard que até então não tinha criado perigo a Vlachodimos, teve uma ocasião soberana aos 58’ para empatar pelo capitão Zinho Vanheusden na sequência de um canto do lado esquerdo, mas o guardião grego respondeu com uma boa defesa. Esse lance teve uma resposta do outro lado por intermédio de Núñez que disparou não muito longe da baliza, após uma boa combinação com Waldschmidt.
Aos 65 minutos, foi novamente assinalada grande penalidade para o Benfica, só que desta vez quem marcou foi o 10 das águias, mas o destino foi exatamente o mesmo: bola no fundo das redes e 2-0 no marcador. As mudanças operadas por Jorge Jesus trouxeram algum abrandamento ao ritmo de jogo, embora Pizzi voltasse a fazer levantar os adeptos das suas cadeiras com um golaço aos 76’ que Bodart não conseguiu impedir. O médio acabaria por ser substituído pelo jovem Gonçalo Ramos que se estreou assim nas competições europeias.
O resto do encontro passou a voar e o Benfica garantiu o segundo triunfo na fase de grupos. De facto, as tais três bolachas Belgas ajudaram a adoçar o sonho encarnado em vencer a prova e dão mais uma demonstração de que as águias estão a exibir-se em todo o seu esplendor.

A Figura
Pizzi O capitão encarnado voltou a ser o protagonista do jogo na Luz. Com uma grande penalidade convertida com toda a frieza e um golaço em arco à entrada da área, o número 21 das águias brilhou ao mais alto nível e ajudou o SL Benfica a alcançar a segunda vitória no grupo D.

O Fora de Jogo
Collins Fai O lateral camaronês está ligado de forma negativa à história do encontro, uma vez que acabou por desequilibrar a partida contra a sua equipa ao cometer as duas grandes penalidades que ajudaram o Benfica a chegar à segunda vitória na Liga Europa.

Análise Táctica – SL Benfica
O SL Benfica apresentou-se esta noite no seu habitual 4-4-2. Sem poder contar com o lesionado Grimaldo e com algumas mexidas no onze inicial, Jorge Jesus lançou Nuno Tavares, Diogo Gonçalves e Pedrinho. Desde o primeiro minuto de jogo que o conjunto encarnado mostrou ao que vinha e controlou o jogo a seu belo prazer, embora a eficácia não tenha sido a melhor na primeira parte, já que foram escassas as oportunidades criadas para fazer golos.
O segundo tempo trouxe um Benfica mais determinado em marcar e isso aconteceu aos 50 minutos, com a conversão da grande penalidade por Pizzi que ajudou a controlar a ansiedade pelo alcance do golo. A partir daí, os encarnados limitaram-se a gerir o rumo dos acontecimentos e dilataram a sua vantagem num jogo super tranquilo que permitiu garantir mais três pontos na caminhada europeia.

11 Inicial e Pontuações
Odysseas Vlachodimos (6)
Diogo Gonçalves (5)
Jan Vertonghen (5)
Nicolás Otamendi (6)
Nuno Tavares (7)
Gabriel (6)
Pizzi (9)
Pedrinho (4)
Everton (6)
Luca Waldschmidt (7)
Darwin Núñez (5)
Subs Utilizados
Rafa Silva (6)
Adel Taarabt (5)
Julian Weigl (5)
Haris Seferovic (5)
Gonçalo Ramos (-)

Análise Táctica – Royal Standart Liège
O conjunto belga apresentou-se na Luz num 4-5-1, e pretendia dar um pontapé na série de três jogos consecutivos sem conhecer o sabor da vitória. Com sete jogadores infetados com Covid-19 e lesão de última hora do avançado Jackson Muleka, o técnico Philippe Montanier tinha uma tarefa espinhosa pela frente em tentar anular o “rolo compressor” encarnado no seu reduto.
Tendo entregado por completo o domínio de jogo ao Benfica, o conjunto belga passou a maior parte da partida no seu meio-campo defensivo, e aí o esquema tático transfigurava-se para um 5-4-1 que se mostrava bastante compacto na hora de proteger a sua baliza. O Standard tentou aproveitar algumas distrações do miolo encarnado para lançar contra-ataques venenosos que pudessem ferir as águias, mas a estratégia adotada apenas resistiu os primeiros 45 minutos, já que, na segunda parte, o guardião Bodart teve de ir buscar a bola ao fundo das redes por três vezes.

11 Inicial e Pontuações
Arnaud Bodart (5)
Collins Fai (2)
Zinho Vanheusden (4)
Noe Dussenne (4)
Nicolas Gavory (5)
Merveille Bokadi (4)
Gojko Cimirot (4)
Samuel Bastien (4)
Mehdi Carcela (5)
Obbi Oularé (5)
Selim Amallah (5)
Subs Utilizados
Aleksandar Boljevic (4)
Joachim Carcela-Gonzalez (4)
Konstantinos Laifis (5)
Felipe Avenatti (-)"

Benfica. Próximos 4 anos


"Só há um Benfica, como disse, e bem, o presidente eleito, Luís Filipe Vieira. Encerradas as eleições, é tempo de olhar em frente. E olhar em frente é sentir, em primeiro lugar, orgulho pela forma como estas eleições decorreram. Na descentralização que permitiu a mais gente poder exercer o seu direito de voto. Sem o circo que alguns achavam que iria ser. Com elevação, numa campanha feita quase sempre de respeito. Os mais de 38 mil votantes serão para os benfiquistas um motivo de orgulho, mas também uma demonstração de que, na hora em que o clube mais precisar, a chama estará bem acesa. Uma palavra para João Noronha Lopes. Os homens grandes revelam-se nas derrotas e, se dúvidas existissem, o seu discurso carregado de um profundo sentimento de benfiquismo só tem de nos deixar satisfeitos por termos pessoas desta valia, dispostas a dar tudo pelo nosso emblema.
Agora, o futuro. Começando no presente. O Benfica não é divisível. Estaremos, estou certo, todos com a equipa e com a direção democraticamente eleita. É tempo de união. De cerrar fileiras. Os sócios e simpatizantes saberão estar à altura do momento. Há, no entanto, muito por fazer. Os quase 38% de votos contra mostram que no clube interessa ganhar mas importa sobretudo ganhar honrando os nossos valores, a nossa mística e a nossa história. É urgente que se perceba de uma vez por todas que o Benfica tem de ser também razão, mas que sempre viverá muito de emoção e paixão. Que nem tudo justifica negócios e que há coisas que não se vendem. Que o Seixal deve continuar a ser uma prioridade e que nos orgulhamos sempre de uma forma especial quando vemos um miúdo vindo das nossas escolas subir à equipa principal.
Que lhes criem condições para terem oportunidades mas que, no fim, vença a meritocracia e que os melhores joguem.
Que expliquem ao nosso treinador atual (do qual sempre fui admirador, mesmo depois de três campeonatos perdidos) e aos que hão de vir que existe uma história para ser respeitada e que existe uma mística que não deve ser ultrapassada.
Que, no Benfica, qualquer coisa não chega e que valores mais altos se levantam. Tragam as nossas antigas glórias para junto dos mais novos e façam-nos mostrar essa garra que nos corre nas veias. Sejam mais criteriosos nas contratações e menos teimosos nas opções. Façam uma aposta de fundo na lusofonia. Essa de onde começam a sair grandes promessas mundiais. De onde vieram Eusébio, Mário Coluna e José Águas. São as nossas raízes e é por aí que podemos dar uma dimensão verdadeiramente arrebatadora ao nosso clube, e não na China ou no Médio Oriente. O nosso futuro depende da nossa capacidade de implementação nesses países onde se consome Benfica e nas peladas já se veste de vermelho.
Resolvam de uma vez por todas os inúmeros processos em tribunal que nos envergonham e sejam assertivos e vigorosos na resposta às calúnias. Não embandeirem em arco, porque a fasquia foi elevada e nós iremos exigir sempre mais.
Ganhem os quatro campeonatos do mandato e honrem o nosso passado na Europa, como tanto nos prometeram.
Assumam um compromisso com a transparência. Com a verdade. Apostem no ecletismo. Respeitem e encham de orgulho aquilo que é o nosso maior património, a nossa essência, a magia que nos torna únicos, que nos torna tão especiais: a nossa extraordinária massa associativa. Sim, somos um clube do povo que se transcende nas asas da águia.
Levem-nos convosco para todo o lado. E convosco saberemos escrever novamente páginas douradas da nossa história.
No Benfica não há meio termo, só existe uma paixão que nos transforma. Honrem o manto sagrado e dar-vos-emos o inferno da Luz. Em toda a parte. Em qualquer campo ou lugar. Só há um caminho. Vencer e convencer. Só há um Benfica.
E esse não se explica. Sente-se. Sintam-no como nós."

Deixem que vos conte uma história de amor


"Não nasci benfiquista. Nasci fruto de amor e paixão mas sem clube. O meu pai e a minha mãe não eram adeptos de futebol. O meu pai tinha jogado andebol no Belenenses, mas fora isso não tinha qualquer índole clubística ou amor ao jogo.
Cresci, portanto sem jogar à bola com o meu pai. Lembro-me de o ver e de sentir todos os meus vizinhos celebrar a vitória do Porto na Extinta taça dos campeões europeus, numa altura em que ser um feito português era mais importante que tudo o resto. Ouvi falar pela primeira vez na importância do jogo, aquando da final do mundial de juniores em Lisboa e novamente quando o Futre é apresentado envergando o Manto Sagrado. Apaixonei-me pelo Benfica nesse dia. No meu oitavo ano, calhei numa turma cheia de sportinguistas e de portistas. Era a mítica época de 93/94 e o meu amor pelo Benfica, em contraponto com a escola, foi evangelizando aos poucos o meu pai a amar também o Benfica. Anos mais tarde o meu pai faz-me uma surpresa e leva-me a um particular no estádio da luz contra o AC Milan, onde tive a oportunidade de ver Valdo e Roberto Baggio. Foi um dos dias mais felizes da minha vida.
Para o meu pai que agora via futebol comigo, que também torcia pelo Benfica (porque eu respirava Benfica em casa - e quão gostava ele de me chamar faccioso por isso), ser sócio era um não assunto. Por isso nunca o fui.
Fui vendo jogos ao vivo, acompanhei sempre o meu Benfica mas nunca tive oportunidade de lhe pertencer verdadeiramente.
Mas deixem-me voltar à história de amor. O meu pai teve um grave acidente de mota quando eu tinha 20 anos. Ficou em coma muito tempo. E os médicos diziam que ele reagia à minha voz. Portanto, todos os dias eu ia vê-lo ao hospital e sem nada para falar, falava do Glorioso. Sabes quem contratámos hoje? O Drulovic. Este ano vamos ganhar esta merda! Foi assim durante 6 meses, todos os dias a falar do Benfica.
O meu pai acabou por sucumbir após os 6 meses. E esses 6 meses, mais o que se seguiu, foram períodos bastante turbulentos. Tudo foi uma roda viva de problemas e emoções, mas no mar de dor que vivi, houve algo que me deu norte: o Benfica.
O Benfica ligou-me ao meu pai. O Benfica fez com que fosse possível passar aquele tempo. Foi o meu esteio e o meu farol.
Porque o meu pai acreditava que ser sócio era uma falácia, só o fui bastante tarde. Devo isso a uma constante procura par pertencer a algo que perdi com ele e que esta rapaziada do Benfica Independente me trouxe (primeiro o Talking to the doll, depois o Benfica FM e finalmente o Conversas à Benfica). 
Ser como eles, ter aquela paixão aproximou-me por momentos do meu pai. E por isso fiz-me sócio há dois anos e fui votar ontem pela primeira vez (na verdade foi a minha mulher que deu o primeiro passo e me comprou o red pass).
O Benfica para mim foi e é o norte da minha vida, numa altura em que tudo desmoronou. Foi o esteio e garante de sanidade e por isso eu não admito que ponham em causa o meu amor e a minha dedicação a esta forma de viver. Ontem e hoje lá por não ter votado de acordo com a maioria ninguém me dá lições do que é sentir o Benfica. Ser do Benfica não é concordar e seguir cegamente. É questionar e querer melhor porque a ele amo acima de tudo e porque ele é o garante da minha sanidade.
Obrigado por lerem a minha história de amor."

O sonho olímpico: a importância das referências no desporto


"Com tradições na família, a Vela entrou na minha vida quando, em 1988, tinha apenas nove anos. Até aos 15, o meu percurso foi feito na classe Optimist, da qual passei depois para a classe Europe, embarcação que me levou a três Jogos Olímpicos: Atlanta 1996, Sydney 2000 e Atenas 2004.
Desde muito cedo que os Jogos Olímpicos ocupavam um lugar cimeiro. Quando em 1988 vi a Rosa Mota vencer a maratona em Seul, disse aos meus pais que um dia também queria representar Portugal na mais importante prova desportiva do planeta. A ingenuidade da infância fazia-me sonhar, até porque conseguir uma presença olímpica estava reservado a pessoas muito especiais e eu, no fundo, sentia-me apenas uma rapariga normal.
Mas, apesar de ter consciência da muito difícil tarefa, permaneci firme e não parei nunca de treinar. O esforço compensou em 1996. Com apenas 17 anos, concretizava o meu sonho de criança e entrava pela primeira vez no Estádio Olímpico, representando Portugal. É difícil descrever por palavras aquele momento único e absolutamente extraordinário. No 100.° aniversário dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, a letra do hino falava sobre o Poder do Sonho. Eu fui uma das 100 mil pessoas a assistir a Céline Dion cantar:
“Há tanta força em todos nós
Cada mulher, criança e homem
É no momento em que pensas que não consegues
Que descobres que consegues”
Esta máxima acompanhou-me nos anos seguintes, primeiro rumo a Sydney 2000 e depois em Atenas 2004. Pelo meio, várias lesões nos joelhos, mas, com apenas 25 anos, tinha concretizado por três vezes o meu sonho de criança.
Ao longo de 12 anos, tinha evoluído na alta competição uma criança maravilhada com a medalha de Rosa Mota. Não tivesse eu visto tal momento tão inspirador e o meu percurso desportivo teria sido muito diferente.

Valores Que Ficam
Numa sociedade com dificuldade em destrinçar e preservar valores, o Espírito Olímpico representa uma grande referência para todos: crianças e jovens, mas também para adultos. E os atletas Olímpicos, tendo passado por toda a experiência, podem e devem ter um papel fundamental na nossa sociedade. Através da partilha de conhecimentos, de sentimentos, de momentos que nos moldaram para sermos melhores seres humanos, com valores tão caros a Pierre de Coubertin, como Excelência, Amizade e Respeito.
A Excelência significa “dar o seu melhor”, no jogo ou na vida. A ideia principal não é a comparação com o outro, mas, sobretudo, alcançar as metas pessoais com determinação e esforço.
A Amizade reporta-se à construção de um mundo melhor e mais pacífico, através da solidariedade, do espírito de equipa, da alegria e do otimismo.
O Respeito é o princípio ético orientador de todos os participantes em Jogos Olímpicos. Inclui respeito por si mesmo e pelo seu corpo, respeito pelo outro, pelas regras e meio ambiente.
Os Valores Olímpicos são fundamentais para termos uma sociedade melhor e o atleta Olímpico tem um papel determinante na sua divulgação e sensibilização. É o que procuro fazer, sempre."

Fever Pitch - João & David...Inglaterra!