Últimas indefectivações

sábado, 26 de junho de 2021

Grimaldo, o lateral desequilibrador


"O debate em torno de Grimaldo nunca foi sobre a sua indiscutível qualidade. Todos os anos, o seu escalpe é um dos mais procurados pelos jogadores adversários. O que sempre suscitou discussão entre analistas e adeptos do Benfica foi o seu alegado incumprimento nas tarefas defensivas. Um debate desnecessários, já que Grimaldo oferece tanto à equipa que, no final do dia, o espanhol sai largamente favorecido no seu deve e haver.
Nesta entrevista ao programa da Sporttv, Grimaldo foi honesto e transparente na forma como admitiu que o sistema de três centrais e, consequentemente de cinco jogadores no momento defensivo, lhe permite ser ainda mais diferenciador a atacar sem prejuízo do espaço que deixa nas costas. A verdade é que Grimaldo, além de defesa, foi sempre um dos jogadores mais desequilibradores da liga portuguesa.
Cada acção de Grimaldo com bola é uma anestesia de técnica num couro rebelde que perde a vida própria que lhe é garantida pelas viagens assistidas de jogador para jogador.
Todas as épocas, o lateral-médio está entre os jogadores com mais passes para golo e acções potenciais de golo. È um desbloqueador de jogo e é dos mais decisivos do campeonato. Um transformador de jogadas, catalisador de perigo para os adversários.
Oferece uma diversidade de caraterísticas muito rara na liga portuguesa, devido à sua impar capacidade de jogar por fora ou por dentro do bloco adversário, com criatividade, com intuição a definir e, na sua fase terminal das jogadas, com a imensa qualidade a servir os companheiros.
A iniciar a sua sétima temporada no Benfica, o internacional sub-21 espanhol é uma das incontornáveis, figuras da equipa e da competição, em Portugal, com assistências e golos. Aliás, apenas na sua primeira temporada no clube, quando chegou a meio da época é que não houve golos com a patente de Grimaldo. Em cinco épocas completas no Benfica, apontou 13 golos. Não há muitos laterais assim."

José Marinho, in O Benfica

Porto de abrigo


"A realidade pacífica e a segurança que vivemos em Portugal é tão natural e intrínseca à nossa vida quotidiana que muitas vezes, quando espreitamos o mundo que nos rodeia através do ecrã da televisão, computador ou telemóvel, a pobreza, a violência e o sofrimento humanos parece-nos distante e torna difícil desenvolver empatia e compreender o que sentem aquelas pessoas. De vez em quando, uma imagem mais forte consegue atravessar todas essas barreiras e toca-nos de forma mais concreta, comunicando com os nossos sentimentos.
Por isso é difícil sequer imaginar o misto de aventura e terror por que os refugiados, verdadeiros sobreviventes, tiveram que passar no caminho que os trouxe até nós. Homens ou mulheres, adultos ou crianças, fugiram da morte certa para um caminho incerto, sem retorno e sem outro consolo que não o de partilhares perigos e destino com outros caminhantes, companheiros de infortúnio. Fugir para sobreviver, farejar perigos e escapatórias durante meses. Ouvir estórias remotas de sucessos e tragédias, acicatando os medos e procurando forças para os superar a cada dia até ao dia derradeiro em que de um lado do passo está um passado sombrio e doloroso e do outro um futuro ensolarado, feliz e seguro tantas e tantas vezes sonhado.
Porque é que falo disto a propósito do Dia Mundial do Refugiado e do trabalho da Fundação Benfica no projeto 'Welcome through Football' de acolhimento e integração de refugiados por Fundações de grandes clubes europeus com o apoio da Comissão Europeia? Para contextualizar bem a importância e o carácter humanitário desse trabalho e a relevância social do Sport Lisboa e Benfica ao criar e manter uma Fundação a quem os benfiquistas mandatam a solidariedade sem fim que brota dos nossos valores e da nossa Mística, fazendo deste imenso Benfica um verdadeiro porto de abrigo!"

Jorge Miranda, in O Benfica

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"2
Esta coluna foi dedicada por inteiro a Jardel na semana passada, pelo que é com atraso que se enaltece a dobradinha da nossa equipa feminina de polo aquático. E também o 3.º lugar no campeonato de andebol (feminino), que poderia ter sido melhor, porém há que referir que esta se tratou apenas da segunda época após o regresso benfiquista ao escalão maior (e 2019/20 não chegou a ser concluída);

8
Neste fim-de-semana terá início a final do Campeonato Nacional de hóquei em patins (feminino). 8 é o número de títulos consecutivos que a nossa equipa procurará alcançar;

17,69
Pichardo fez a marca do ano no triplo salto contribuindo, assim, para o crescente entusiasmo em torno da sua participação olímpica. E não deixa de ser curioso como, para alguma comunicação social, de 'atleta cubano do Benfica' tem vindo a evoluir para 'o português'. Consiga ele o tão almejado ouro em Tóquio e não me admirarei que essa mesma comunicação social tergiverse acerca do feito do atletismo português e pelo caminho tente sonegar o contributo benfiquista;

30
'Falta 30 metros ao futebol português', dizia-se no final dos anos 80. Ter visto a exibição confrangedora de Portugal frente à Alemanha relembrou-me este axioma ultrapassado. Só que hoje, ao contrário desses tempos, são ratos os treinadores portugueses de topo que enveredam por este tipo de futebol e todos os jogadores da selecção portuguesa jogam ao mais alto nível, a maior parte no estrangeiro. Só faltam 30 metros por opção. E o responsável chama-se Fernando Santos. Dir-me-ão que venceu em 2016, mas não me peçam explicações e muito menos questionem o obreiro desse feito, que não vale a pena. Por óbvias que sejam as respostas, não se espera que o acaso as dê."

João Tomaz, in O Benfica

Editorial


"1 - A equipa de futebol profissional do Sport Lisboa e Benfica esta de regresso ao trabalho, com testes médicos que arrancam esta sexta-feira no Seixal e no sábado no Hospital da Luz. É o pontapé de saída de uma nova época com ambições redobradas e onde, finalmente, esperamos, todos, poder contar com o apoio dos nossos adeptos. E que tanta falta nos tem feito! Estamos certos de que farão uma imensa diferença e nos vão ajudar e almejar os títulos que tanto desejamos. Lembro-me sempre da frase de Neil Amstrong quando pisou a Lua e exclamou: 'a magnificent desolation'. Uma excelente síntese do que tem sido este futebol de pandemia nos estádios, num vazio que a todos priva na emoção, na intensidade e vivência de um jogo que sem público perde muito da sua essência. Vai ser diferente, para muito melhor. Assim a variante Delta não comprometa o desconfinamento. Estamos juntos!

2 - Rodrigo Pinho, um dos reforços para a nova temporada, falou em exclusivo ao Jornal O Benfica. É uma lógica que pretendemos oferecer todas as semanas aos nossos leitores: conteúdos diferenciados capazes de tornar a nossa informação ainda mais apetecível. Na conversa com os nossos repórteres destacou a enorme responsabilidade que representa vestir a camisola do Benfica e traçou objectivos claros: conquistar títulos naquele que é o maior desafio da sua carreira. O avançado brasileiro já está familiarizado com as dinâmicas do Benfica Campus, numa recuperação que começou há algumas semanas com o propósito de estar a 100 por cento no dealbar dos trabalhos e assim poder retribuir com golos e confiança nele depositada.

3 - O projeto Eco Benfica merece igualmente destaque nesta edição, num merecido reconhecimento pelo trabalho que está a ser desenvolvido pelo Clube no respeito por uma crescente sustentabilidade ambiental, a juntar à sustentabilidade financeira e à enorme responsabilidade social que tem acompanhado o trajecto do Sport Lisboa e Benfica ao longo dos últimos anos. É com orgulho que acompanhamos a presença do nome Benfica nos maiores fóruns internacionais em defesa do ambiente."

Pedro Pinto, in O Benfica

Uma Semana do Melhor...

William Saliba | Uma opção viável para a Luz?


"A ligação entre William Saliba e Arsenal FC é sol de pouca dura. Arteta não conta com ele, e Saliba tem a porta da saída escancarada. SL Benfica, Olympique de Marseille e Stade Rennais FC perfilam-se como opções de continuidade e, depois de dois anos emprestado, é hora de consolidar presença no plantel principal de uma equipa que lute por títulos.
Como na questão Guendouzi, SL Benfica e Marselha são os mais prováveis em assegurar o passe do jovem defesa-central. Custou 30 milhões de euros aos Gunners em 2019, mas em Londres não cumpriu qualquer minuto na primeira equipa, emprestado sucessivamente a Saint-Étienne e OG Nice.
As semelhanças com a situação de Jean-Clair Todibo não podem tornar-se obstáculo à aproximação do clube da Luz: é internacional jovem francês, é-lhe reconhecido enorme potencial e desenvolveu capacidades no OG Nice nos últimos meses – todos esses paralelismos apontam para oportunidade única de emendar o erro de apreciação cometido com a devolução de Todibo ao FC Barcelona, em janeiro último.
William Alain André Gabriel Saliba, de origem francesa e ascendência camaronesa, desperta para o futebol em Saint-Étienne. Nascido em 2001, ingressa nos escalões formativos do AS aos seis anos, escalando até aos seniores e onde se estreia em 2018, com 17 anos.
Em 2018-09, completa 16 jogos na Ligue 1, assumindo-se como titular na reta final da temporada: nas últimas sete jornadas da Liga francesa, é titular em seis. Os colossos reparam nele, obviamente. Arsenal FC é o mais conclusivo nas suas intenções, e desembolsa trinta milhões a pronto para afastar potenciais compradores: entre eles já estava o SL Benfica, que sondou o jogador após a conquista 37º título, assinado por Bruno Lage.
Com valores impraticáveis para a realidade benfiquista, cedo o clube se remeteu a papel secundário. O Arsenal FC fechou negócio rapidamente, reconhecendo, porém, uma certa precipitação ao manter a pérola em Saint-Étienne para aprimorar qualidades – achou-se que não estava preparado para a Premier League. Unai Emery dava o mote: “Estamos muito felizes por William se juntar a nós. Interessava a muitas equipas, mas ele optou pelo Arsenal e decidiu fazer parte do nosso futuro. Permanecerá em França na próxima temporada para obter mais experiência e esperamos tê-lo connosco a tempo inteiro na época seguinte”.
Nesse verão é eleito pela UEFA como um dos “50 jovens promissores a acompanhar” em 2019-20. De estatuto reforçado, só uma lesão prolongada como a fratura do metatarso, sofrida em novembro, impediu que se cimentasse como imprescindível do conjunto: apenas recuperou três meses depois, regressando em janeiro (período durante o qual falhou 15 jogos).
Ainda assim, conseguiu acumular 17 presenças em todas as competições (1441 minutos, uma média de 84’ por participação), sendo peça importante na caminhada da equipa até à final da Coupe de France, onde não chegavam desde… 1981-82.
A interrupção por motivos pandémicos bloqueou a evolução do defesa. De regresso a Londres, não encaixava nos planos de Arteta. “Quando cheguei, o Arsenal tinha acabado de terminar a época. Não treinei com a equipa, não treinava há meses”, afirmava Saliba aos microfones do RMC Sport e em declarações reproduzidas pelo Transfermarkt em Janeiro de 2021. “A equipa foi de férias e eu fiquei a treinar sozinho. Quando voltaram, tive uma semana com eles, em conjunto. Jogámos dois ou três amigáveis, mas eu não tinha ritmo. Queria continuar, mas o treinador decidiu o meu caso nesses dois jogos e meio”.
Não contava. Até janeiro, seis jogos pela equipa de reservas dos Gunners, sendo aí que surge a hipótese OG Nice: não hesitou. Às ordens de Adrean Ursea, técnico interino dos franceses, assumiu-se prontamente como titular – sete titularidades nos primeiros sete jogos e prémio de Jogador do Mês para a Ligue 1.
Terminou o ano com 20 jogos completos, 1800 minutos e um golo marcado. Só o episódio caricato de uma partilha de vídeos de cariz sexual, num escândalo que envolveu alguns colegas das seleções jovens francesas e que chegou às últimas instâncias governativas do futebol francês, fazendo soar alarmes em Clairefontaine, podia limitar a sua ascensão desportiva enquanto certeza gaulesa.
Se Mikel Arteta achava que o jovem não estava pronto para a Premier League, ainda com pior impressão terá ficado a partir desse momento: a novela da contratação de Ben White, central inglês do Brighton FC que o Arsenal FC persegue há semanas, confirmou os piores indícios – Saliba não conta para o técnico espanhol.
Surgem agora duas hipóteses: mais uma época de empréstimo, desta vez ao Newcastle United FC, principal opção para os responsáveis ingleses; ou a saída em definitivo, vontade do jogador, que vê cada menos espaço no Emirates.
É aqui que surge o SL Benfica como hipótese para o seu futuro, numa luta a três entre portugueses e franceses, com Olympique de Marseille e Stade Rennais FC como interessados.
Na Luz, ainda se espera resolução do caso Vertonghen, ouvindo as suas pretensões e como se podem conciliar com as de Jorge Jesus, que demonstrou confiança reforçada em Lucas Veríssimo e Otamendi como parelha preferencial nos momentos de defesa a quatro, só integrando o veterano belga em ocasiões de 3-4-3.
Qualquer que seja a vontade do técnico, o belga ofereceria qualidades significativas, tanto no campo como no balneário, essenciais numa fase pós-Jardel. Contudo, sem essa quarta opção, resta optar pelo regresso de Ferro, a aposta definitiva em Morato como solução viável e com bastantes minutos ao longo da temporada ou abordar o mercado na busca por alguém que se enquadre no perfil técnico da equipa.
William Saliba, com o seu conjunto de características específicas – velocidade de reação, facilidade no controlo de bola e agressividade nos duelos – encaixaria que nem uma luva no projeto encarnado, representando, no entanto, avultada operação financeira: novo empréstimo não seria do agrado nem do jogador nem dos responsáveis encarnados, que pretendem assegurar talento que possa ser desenvolvido a longo prazo no Seixal."