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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Em frente...

Benfica 3 - 0 AEK Atenas
25-19, 25-19, 25-13

Estamos nos Oitavos-de-final, depois da segunda vitória sobre as Gregas... onde vamos jogar, novamente, com uma equipa Grega!

BI: Benfica FM - Temporada 2015/16

Reportagem | O jogo de uma vida

A vitória de que o Benfica precisava


"Como Benfica, FC Porto e Sporting, apesar de tão diferentes, coincidem tanto

A vitória do Benfica sobre o FC Porto não foi uma vitória qualquer para o Benfica. Nem a derrota do FC Porto com o Benfica foi uma derrota qualquer para o FC Porto.
O 4-1 é um daqueles resultados que a erosão dos elementos não fará desaparecer. Haverá sempre alguém que nele tropeçará quando puxar a fita do tempo atrás, como tropeçará nos 5-0 com que o FC Porto venceu o Benfica na época passada. Foi a vitória de que o Benfica precisava neste momento, para começar por ter acabado de fazer um péssimo jogo com um resultado nem muito mau com o Bayern.
Essa noite da Liga dos Campeões despertou quem andava adormecido ou escondido do desporto de atirar ao Benfica e está sempre pronto para ter aprovações e gostos nas redes sociais, para ter cliques ou ter prazer com sorrisos de desdém. Também originou reflexões que devem ser consideradas, por ter sido um Benfica pequeno de mais contra um Bayern muito bom mas não tão bom como já foi há não muito tempo.
O que poucos ainda não terão percebido é que também pelas decisões tomadas em Munique, nomeadamente por Lage ter poupado Florentino, Di María ou Pavlidis, e por não ter saído da Alemanha destruído emocionalmente por uma goleada começou o Benfica a ganhar o clássico.
Mas a vitória sobre o FC Porto foi também a vitória de que o Benfica precisava para aplacar fúrias, dúvidas, críticas, instabilidade. Desde março que sócios e adeptos não podiam ver Roger Schmidt e, no entanto, ele continuou esta época. Os resultados com Bruno Lage serenaram ânimos, provavelmente não acabaram com todas as desconfianças. Ao mesmo tempo sob o Benfica paira a incerteza das consequências da acusação de corrupção ativa.
A vitória do Benfica sobre o FC Porto, pelo significado de afirmação contra o maior adversário em Portugal nas últimas décadas e pelo contexto das mais diversas dificuldades de que o clube teima em não se libertar, não foi uma vitória qualquer para o Benfica.
A vitória do Benfica sobre o FC Porto, por ter sido a vitória que muitas vezes deixou escapar, não foi uma vitória qualquer para o Benfica.
Nunca poderá, porém, ser considerada um fim, mas sim um princípio. Reforça convicções nas últimas decisões, destapa méritos na construção do plantel, aumenta confiança em relação ao futuro. Nela deve o Benfica criar fundações.
A derrota do FC Porto com o Benfica não é uma derrota qualquer para o FC Porto. Também despertou que andava adormecido ou escondido no desporto de atirar a Villas-Boas.
O resultado só prova que este novo FC Porto também está no princípio, ainda agrilhoado a um passado que pouco mais lhe permite do que gerir o presente. Este começo nunca seria fácil, apesar de para muitos ser fácil não perceber o que óbvio.
A saída de Rúben Amorim para o Manchester United é, também para o Sporting, um princípio. Pode o clube estar mais bem organizado e ter método, mas nada é mais importante que as pessoas.
O discurso de João Pereira na apresentação como treinador do Sporting foi bom na forma e no conteúdo. Mas foi só o princípio."

A hipersensibilidade dos benfiquistas


"Pelos vistos, há lutas pelo poder e lutas contra o poder que justificam a provocação e o desejo da derrota

Não se pense nas hostes benfiquistas que é tranquilizadora a vitória do Benfica sobre o FC Porto, a mais expressiva em muitos anos e importante tão-só por ter sido sobre um adversário que nas últimas décadas tem festejado amiúde no Estádio da Luz. Vide o jogo anterior, contra o Bayern, para a Liga dos Campeões. Uma derrota que não era improvável contra um colosso europeu, que não foi por goleada ou massacrante submissão, nada disso. Tão-só uma exibição má – ok, bastante má… -, sem que tivesse sido, como antigas glórias do Glorioso apelidaram, desrespeitosa da história do clube.
Apenas uma derrota, digamos aceitável, e uma péssima exibição. Seguida de uma resposta positiva. Talvez surpreendentemente positiva, considerando o oponente e o historial caseiro deste clássico.
Então, qual o motivo para a hipersensibilidade ao desaire da equipa de futebol do Benfica? Simples. O tirocínio (para não se dizer contestação por algumas fações relevantes da massa adepta e associativa) a que está submetida a gestão de Rui Costa – e da qual dificilmente se livrará até ao final do mandato, mesmo que a equipa conquiste a Liga, tal é a conotação que lhe imputam ao vieirismo -, que coloca a equipa em permanente fio da navalha, incluindo o seu recente treinador, Bruno Lage, que não escapa a precária estabilidade. Criada pelos próprios benfiquistas.
Pelos vistos, há lutas pelo poder e lutas contra o poder que justificam a provocação e o desejo da derrota. Mas nunca um clube, ou nada nunca, são ou serão grandes quando os seus são pequenos."

Tomás Araújo merece tudo o que vem escrito neste texto


"Jovem central resistiu a alguns retrocessos e a sentenças precipitadas e tornou-se em poucas semanas no melhor central dos encarnados e num dos melhores da Liga

Tomás Araújo já merecia um artigo só para si. Há três épocas, viu o habitual escudeiro na equipa B António Silva ultrapassá-lo na hierarquia ao cair nas boas graças de Roger Schmidt durante os primeiros particulares e assumir depois inclusive a titularidade devido a um surto de lesões que levou até à contratação urgente de John Brooks em setembro e a custo zero, quando ele próprio já se encontrava há várias semanas ao serviço do Gil Vicente, por empréstimo.
Na altura, o alemão terá preferido a dimensão física do mais novo à maior qualidade de passe e velocidade de Araújo. O jovem central assinou uma excelente temporada em Barcelos, assente nessa capacidade de ter a bola e saber sempre o que fazer com ela, porém o Europeu de sub-21 que se sucedeu não lhe podia ter corrido pior. À má estreia na derrota com a Geórgia somou a expulsão no empate com os Países Baixos, resultados que deixavam a equipa das quinas à beira da eliminação precoce, e não voltou a jogar. O afastamento foi evitado enquanto cumpria suspensão perante a Bélgica, porém nos quartos de final, com a Inglaterra, Rui Jorge deixou-o os 90 minutos no banco. Portugal cairia, ao perder por 1-0, golo de Anthony Gordon, aos 34 minutos.
Qualquer outro jogador, menos maduro, teria visto aí uma sentença negativa sobre o seu futuro, mas não Tomás Araújo, que continuou a fazer o seu trabalho e beneficiou da crença de um Benfica que, mesmo mantendo um errático e cada vez mais erróneo Otamendi a usurpar o seu espaço de afirmação, não deixou que desistisse. Deu bons sinais no regresso aos trabalhos, ainda com Schmidt, e que coincidiram com a quebra de António Silva, e beneficiou da aposta definitiva de Lage, que assim conseguiu responder aos problemas transportados dos últimos anos na primeira fase de construção e até na velocidade no controlo da profundidade, quando procura uma linha defensiva mais alta, juntando os setores. Hoje, mais confiante também, Tomás Araújo é o melhor central do Benfica e um dos melhores da Liga.
A vantagem de com a bola nos pés pensar como médio e sem esta se mostrar um defesa eficaz (e inteligente na forma como pode abordar as antecipações), ainda que com natural margem de evolução, foram evidentes no clássico com o FC Porto. Está criado mais um belo defesa português e, pelo menos, já não terá que regatear pelo espaço que merece. A visão de Lage foi fundamental, tal como antes tinha sido a de Schmidt, em António Silva e João Neves, por exemplo. Há que confiar. E responsabilizar."

Benfica, Sporting e a frustração do que podia ter sido


"E se o Benfica que dominou o FC Porto no clássico tivesse estado em Munique? E se Ruben Amorim não deixasse o melhor Sporting das últimas duas décadas?

Ao ver o Benfica dominar o FC Porto como poucas vezes terá feito na história recente — tanto que não marcava quatro golos ao rival há quase 60 anos —, é impossível não recuar quatro dias, até à quarta-feira anterior, em Munique. Frente ao Bayern, e mesmo com derrota por apenas um golo, o Benfica foi menos do que o FC Porto foi na Luz. Só defendeu, nem pareceu tentar atacar — se tentou, isso ainda é pior; se a estratégia não era dar a bola ao adversário para não correr riscos de perdê-la em zonas proibidas, isso revela uma incapacidade ainda maior...
E o problema não foi, tecnicamente, jogar com três centrais, porque não faltam exemplos de equipas que jogam assim e são muito ofensivas. Quanto muito, a questão dos três centrais atrapalhou o lado psicológico dos jogadores, pelo sinal que deu de que era um jogo particularmente difícil e seria preciso ter cuidados extra. Talvez os três centrais até fossem uma boa ideia com mais treino, com mais rodagem, com outros alas (pelo menos à direita). Talvez, mesmo sem treino, rodagem e com Kaboré, o sistema resultasse se a estratégia fosse outra, se Bruno Lage tivesse conseguido convencer os jogadores de que, mesmo com cautelas maiores, era possível jogar no meio campo do adversário.
Não resultou. O treinador do Benfica, valha a verdade, assumiu o erro e corrigiu a mão no clássico contra o FC Porto. Viu-se uma equipa mais próxima do que tem sido ultimamente, mais atrevida, mais confiante. Com os jogadores nas posições certas.
Por isso, a frustração dos benfiquistas. É certo que este FC Porto está a anos-luz do Bayern, mas foi tal a superioridade encarnada que é impossível não pensar no que poderia ter acontecido em Munique se o Benfica tivesse sido igual a si próprio...
Ao ver o Sporting desmontar o Manchester City no início da segunda parte, com um golo a partir do pontapé de saída, em 8 passes e 18 toques na bola, sem que os adversários sequer a cheirassem, é impossível não recuar até 2020 e à decisão de Frederico Varandas e Hugo Viana de pagarem 10 milhões de euros para tirarem um treinador inexperiente, Ruben Amorim (tinha à data oito jogos na Liga), de Braga.
O antigo jogador do Benfica chegou a Alvalade com o clube em profundo tumulto. Marcel Keizer, primeira aposta de Varandas, ainda ganhou Taça de Portugal e Taça da Liga em 2019, mas venceu menos de 60 por cento dos jogos (25 em 42) antes de ser demitido. Seguiu-se Leonel Pontes, como interino, sem vitórias em quatro jogos, o que precipitou a escolha de Silas, que perdeu mais de um terço das partidas (10 em 28). Foi então que chegou Amorim. Sem surpresa, a desconfiança era muita — o benfiquismo do novo treinador seria o menor dos problemas; as dúvidas sobre as suas qualidades, sobre o investimento, sobre o valor do plantel, isso sim atormentava os sportinguistas.
Quatro anos e meio depois, Ruben Amorim sai para o Manchester United e deixa saudades. Teve altos e baixos, claro, quem os não tem?, mas os baixos nunca foram tão baixos como outros no passado recente, mesmo com um 4.º na Liga em 2022/2023, e os altos... Bom, não é preciso recuperar os dois campeonatos ganhos, os cinco troféus, os jogadores lançados, as vendas... Basta ir a quarta-feira e àquele golo de Maxi Araújo contra o City.
Vamos ver como as coisas correm a João Pereira, recebido com um pouco de desconfiança, pela falta de experiência, mas com algum benefício da dúvida, por o caso anterior, de Ruben Amorim, ter corrido tão bem. Mas, salvo se ganhar a Champions (o que não é provável; também não seria com o treinador anterior...), será impossível não pensar: até onde poderia ter ido este Sporting (concretamente este, deste ano, o melhor dos últimos 20) se Ruben Amorim tivesse continuado?..."

Vários temas


"Esta BNews é dedicada à atualidade benfiquista.

1. Chamadas internacionais
São 13 os elementos do plantel profissional de futebol do Benfica ao serviço de seleções. Acompanhe o seu desempenho no Site Oficial.

2. O sonho de…
Uma iniciativa conjunta da Fundação Benfica e do Futebol Profissional.

3. Bilhetes esgotados
Já se venderam todos os bilhetes disponíveis para o embate da Liga dos Campeões entre Mónaco e Benfica.

4. Reportagem especial
"O jogo de uma vida", sobre Gustavo e Fernando Varela, filho e pai que se defrontaram no passado fim de semana em representação, respetivamente, da equipa B do Benfica e do Alverca. Para ver ou rever nos meios do SL Benfica.

5. Convocada
Nycole Raysla integra a mais recente convocatória da seleção brasileira de futebol.

6. Selo de qualidade
São 31 os futebolistas da formação do Benfica a constar em convocatórias de seleções.

7. Vitória expressiva
O Benfica ganhou, por 9-3, ao Óquei de Barcelos. Edu Castro revela um pouco da abordagem da equipa às partidas: "Temos de olhar sempre para a baliza contrária e nunca nos vamos conformar com vantagens curtas, porque nunca se sabe o que se pode passar no final do jogo."

8. Outros resultados
O Benfica venceu o Calcit Kamnik, por 3-0, em jogo da 1.ª mão dos 16 avos de final da CEV Volleyball Cup. Em basquetebol, as águias perderam, por 77-71, na visita ao Bertram Derthona a contar para a fase de grupos da Basketball Champions League. Em andebol no feminino, vitória, por 24-35, no reduto do SIR 1.º de Maio.

9. Jogos do dia
O Benfica recebe, às 20h00, o AEK Atenas em jogo da 2.ª mão dos 16 avos de final da CEV Challenge Cup de voleibol no feminino. Rui Moreira dá conta da ambição do grupo de trabalho: "Queremos chegar o mais longe possível na Europa e queremos continuar a conquistar títulos para o Benfica."
A equipa feminina de hóquei em patins visita a Stuart Massamá às 21h00.

10. Sorteios
Conheça os próximos adversários do Benfica na Taça de Portugal de hóquei em patins (masculino), na Taça de Portugal de basquetebol (masculino e feminino) e na 2.ª ronda da Challenger Cup de polo aquático no feminino.

11. Internacionais
São 6 as andebolistas do Benfica convocadas para o Europeu pela Seleção Nacional, uma notícia que se segue ao anúncio da chamada de duas jogadoras para a seleção brasileira.

12. Contratação
O velocista brasileiro Paulo André é reforço da equipa de atletismo do Benfica.

13. Para evoluir
O jovem nadador benfiquista Rafael Mimoso recebeu uma bolsa desportiva e académica da Universidade de West Virginia.

14. Ligação à comunidade
A equipa de Iniciados do Benfica visitou a ARIFA (Associação de Reformados e Idosos da Freguesia de Amora).

15. Visita especial
O presidente da Câmara Municipal de Turim visitou a exposição Grande Torino: 75 Anos de Lenda, do Museu Benfica – Cosme Damião."

Visão: Rui Mendes...

RND: 45 minutos - S04E06

O Cantinho Benfiquista #191 - We Haven't Seen That in a While

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Tema do Dia - Dois meses de Bruno Lage: O que mudou no SL Benfica?

Zero: Saudade - S03E10 - De Mlynarczyk a Paco Fortes, o «movember» no futebol: bigodaças inesquecíveis

Observador: E o Campeão é... - Lesões. Jogos a mais ou demasiada “picanha”?

Bc: Jornada...

TNT - Melhor Futebol do Mundo...

Futebol, uma armadilha redonda


"Do sonho de menino ao inferno em crescido, o futebol é tantas vezes um angustiante purgatório. É a bola que não entra, o tempo que voa, a lesão que rasga sonhos, tudo à distância de um acaso. O futebol é o jogo dos jogos porque a sorte e o azar não existem, mas estão sempre lá.
Crescemos a querer ser o próximo Eusébio, Chalana, João Vieira Pinto, Simão ou Jonas. Queríamos a bola nos pés, os aplausos nos ouvidos e a camisola vermelha esvoaçante na capa do jornal do dia seguinte. “Benfica na final com um golo de levantar o estádio.” “Pontapé na crise.” “Ainda há heróis na Luz.” Mentalmente, escrevemos as melhores capas de jornal e ficamos bem em todas. Somos o jogador que nasceu, cresceu e que não abandona o clube. Somos o deus com pés de barro e confiança de hélio.
Na realidade, nem todos cresceram com esse sonho. Eu, por exemplo, cedo percebi que as palavras são mais redondas do que a bola e preferi dar toques nas letras. Outros, aprenderam a afinar a garganta e fazem do apoio um espetáculo sem igual. Também temos os que relatam à peladinha do bairro como uma final da Taça dos Campeões Europeus. E temos ainda os que são mesmo fortes a roer as unhas. O futebol é assim, é feito de todos os tipos. E ninguém fica no banco.
Ainda acredito que a bola é Democracia, mesmo que o mundo corinthiano já tenha estado mais perto. Eu, eterno pessimista, ainda acho que é possível um mundo melhor. E é possível a começar na bancada e no relvado. Aprendi muito com os convidados d’O Brinco, com as conversas na curva, com os desabafos na roulotte. Aprendi, porque ouvi. Essa é a grande lição que o futebol tem para dar ao mundo. Ouçam mais. Mesmo que o barulho à tua volta seja ensurdecedor, ouve o colega ao teu lado. Escuta, recebe a bola, vira, temporiza, passa ao próximo. Querem melhor lição de Democracia?
A ideia deste texto era apenas celebrar o poder transformador do sonho das crianças. De como todos partem de lugares diferentes e tão poucos chegam lá. Mesmo sabendo que o sítio onde queremos chegar seja diferente — eu nunca quis marcar o golo da final, mas adoro descrever o bruááá dos mil adeptos que se encavalitam no momento em que a bola se deita com a rede. Futebol sempre foi este mundo de sonho. E sorrio.
Contudo, o mundo também cresce no poder do “mas”. Talvez seja a adversativa mais famosa — e tem razões para isso. “Mas” abre caminho ao outro lado, traz confronto de ideias ou conceitos, embrulha-nos de dúvidas ou fecha-nos nas certezas. Mas. E se o maior destes “mas” for o que está para lá do sonho?
O sonho de um menino da favela não é ouvir um Carreira qualquer, mas ser o tema do grupo de pagode. O objetivo é ser o maior lá da Vila. No mais recente texto do Players Tribune, Adriano, o Imperador, não exorciza os seus fantasmas, antes liberta os nossos. O relato é longo, duro e emotivo. É quase tão brutal como a sua frieza em frente dos guarda-redes. Adriano viveu lá no Olimpo das vedetas e dos heróis do nosso jogo e preferiu abdicar de tudo. Porque a paz existe e está guardada entre duas, três, quatro — ou demasiadas — cervejas, um dominó, um rolé. No fundo, a serenidade está em voltar ao sitio onde sempre ficou a nossa vida. Somos os nossos.
Vejo o tempo a acabar, tento não perder a bola, mas não consigo resolver este jogo no tempo regulamentar. O sonho de ser parte da história do nosso clube é motivação ou armadilha? “O futebol é o regresso semanal à infância” ou maior engodo dos crescidos? Afinal, o futebol é a nossa salvação ou uma pena perpétua?"

Vencer a Supertaça foi o pior que aconteceu ao FC Porto


"Reviravolta frente ao Sporting criou a ilusão de que tudo era risonho, até porque ainda não havia reforços. Não era. Há muito a fazer

O Benfica venceu o clássico da Luz com clara superioridade, com Bruno Lage num ápice a fazer os adeptos benfiquistas esquecerem-se da derrota e, principalmente, da exibição com o Bayern. A estratégia do treinador dos encarnados em Munique foi de risco, com a equipa a adotar um posicionamento muito defensivo, que, contudo, não evitou a derrota, a segunda (consecutiva) na Liga dos Campeões. Todavia, jogadores como Florentino, Di María ou Pavlidis foram poupados na Alemanha e depois acabaram por fazer a diferença frente ao FC Porto.
Uma diferença das águias para os dragões que não se via há muito. Mais: o Benfica não marcava quatro golos ao FC Porto para o campeonato há 60 anos! Só por aqui se vê que o clássico do último domingo foi atípico, o que de imediato teve consequências, com os azuis e brancos a terem muitas dificuldades em aceitar resultado tão pesado. Vítor Bruno assumiu logo a responsabilidade da derrota no final da partida e André Villas-Boas não perdeu tempo e no balneário da Luz pediu atitude aos jogadores e respeito pela história do FC Porto. O presidente sentiu-se envergonhado com a exibição e desde logo vincou que os níveis de exigência têm de estar sempre no topo. Um outro desempenho que os adeptos também exigem. De resto, cerca de duas centenas esperaram a equipa no regresso ao Olival e, claro, não foram nada meigos.
A exibição do FC Porto foi pobre mas não considero que tenha existido falta de atitude. Talvez tenha havido até atitude a… mais. O FC Porto mudou muito nos últimos meses. Novo presidente, novo treinador e também muitos jogadores novos. Basta ver a defesa que se apresentou de início na Luz: três reforços (Nehuén Pérez, Tiago Djaló e Francisco Moura) e um jovem promovido da equipa B (Martim Fernandes).
Muitas mudanças que teriam naturalmente reflexos na equipa, até porque há pouco mais de três meses de competição e Vítor Bruno, sublinhe-se, também dá os primeiros passos como treinador principal. São as chamadas dores de crescimento.
Entendo que o maior erro do FC Porto, na Luz e já em outros jogos de maior grau de dificuldade, seja de abordagem. Vítor Bruno quer que a equipa seja dominadora, mas esta nem sempre está preparada para isso. Arrisco até a dizer que a conquista da Supertaça Cândido de Oliveira tenha sido o pior que aconteceu a este FC Porto. Vencer o Sporting por 4-3 depois de estar a perder por 0-3 criou a ilusão de que tudo era risonho, até porque ainda não havia reforços. Não era. Há muito a fazer. Principalmente nos jogos grandes. Em Portugal ou na Europa."

Kylian Mbappé: golpe psicológico no momento mais difícil


"Kylian Mbappé, com apenas 25 anos, tem sido ao longo dos últimos anos reconhecido como um dos maiores talentos do futebol mundial na atualidade, um prodígio que desde cedo encantou o mundo com sua velocidade explosiva, habilidade técnica e frieza diante da baliza.
Desde que despontou no Mónaco e consolidou o seu lugar como estrela no Paris Saint-Germain, Mbappé conquistou, de forma merecida, destaque entre os adeptos do futebol mundial. A sua trajetória e o carisma elevaram-no ao estatuto de ídolo nacional em frança e tornou-o uma figura incontornável do desporto.
Contudo, os últimos tempos não têm sido fáceis para o jogador, casos com a justiça, fotografias polémicas, exibições menos conseguidas pelo Real Madrid, o seu novo clube, mas também a segunda vez consecutiva que Didier Deschamps o deixa de fora da convocatória. É exatamente sobre este último ponto e o seu impacto para atleta em termos de motivação e saúde mental que este artigo irá recair.
Mbappé sempre demonstrou todo o orgulho e dedicação na representação da seleção gaulesa, contudo, provavelmente, quando mais precisa de apoio e de se sentir de alguma forma acolhido e gostado, a não convocatória pode representar exatamente o contrário.
É verdade que o mundo pode ser injusto e o universo desportivo ainda mais, mas não seria inteligente e estratégico acolher Mbappé na seleção não só pelo que já deu à seleção, mas também por tudo o que ainda poderá dar ultrapassando esta fase difícil?
Para muitos atletas, a identidade está profundamente ligada ao sucesso e ao papel que desempenham no desporto. Segundo a teoria da autoestima de William James, o valor que uma pessoa atribui a si própria depende de uma proporção entre as suas realizações e aspirações. É verdade que o atleta pode não estar na sua melhor forma e claramente tem passado por problemas de adaptação ao clube merengue, mas excluí-lo da seleção nacional, especialmente para um jogador acostumado ao estrelato, cria um desajuste entre o eu ideal (ser líder e representar o país) e o eu real (ficar de fora), gerando frustração e pode levá-lo a questionar o próprio valor.
Este desalinhamento aumenta os níveis de ansiedade e a sensação de estar constantemente sob julgamento, o que pode ser devastador para a saúde emocional e o desempenho em campo.
Além disso, a exclusão em momentos de fragilidade pessoal agrava sentimentos de desamparo e abandono. O conceito de desamparo aprendido sugere que, quando alguém enfrenta adversidades sem apoio, tende a sentir-se impotente e a resignar-se.
E nesta situação será legitimo Mbappé (não estando com problemas físicos) sentir que foi abandonado pela seleção. Para um jogador, sentir que a seleção o deixa de lado num momento crítico leva-o a questionar o seu valor e a enfrentar um ciclo de baixa autoestima e desmotivação.
Este afastamento, ao retirar o apoio emocional de que precisa, pode impactar o equilíbrio e bem-estar do atleta conduzindo em casos extremos a situações de depressão, tornando mais difícil o seu regresso ao alto rendimento."