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quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Observador: Três Toques...

Zero: Negócio Mistério - S03E05 - Mirallas no Moreirense

Terceiro Anel: Escócia...

Ponta de lança à força


"O vértice fundamental de uma equipa. Um tema que justifica um livro e no meu caso uma história vivida. A verdade é que eu fui um ponta de lança à força. Joguei a médio no curto período que cumpri de formação. Era franzino e filho de alguém famoso na arte de fazer golos. Duas razões importantes para fugir da área...
A parte final da minha formação foi, na altura, interrompida por uma lesão que teimava em não passar. Quando, finalmente, fiquei bem, então sem clube, tentei a minha sorte no Atlético Clube de Portugal que promovia sessões de experiência para candidatos ao plantel. Lá me apresentei na minha posição de médio, mas o clube procurava um avançado e não fiquei...
Seguiu-se nova tentativa no Sesimbra (III Divisão). Quando me perguntaram qual a minha posição, disse que era avançado, previsivelmente aquilo que ali também faltava. A necessidade aguça o engenho... O treino correu bem e fui aceite logo no primeiro treino. Estava encontrada definitivamente aquela que seria a minha posição e que me levou a um nível que, na altura, nem sonhava.
Tinha 20 anos, estudante de Educação Física, e o futebol era para mim tão simplesmente, nessa altura, um meio de conseguir algum dinheiro. Três anos foram cumpridos nas divisões inferiores, que me permitiram depois chegar à I Divisão, sendo que o resto da história a maioria dos leitores já conhece.

NÚMERO 9
Falando de avançados na atualidade do Benfica, Pavlidis é o homem do momento, muito pelos golos que inesperadamente derrotaram a Inglaterra. Este feito não resulta, curiosamente, de um momento particularmente feliz do jogador grego no Benfica, ao contrário da promessa goleadora que ficou bem vincada nesta pré-época.
É uma lógica irregular aquela em que vivem frequentemente os goleadores. É uma luta de afirmação contínua muito individual, num desporto cuja força é coletiva. A questão mental é, como sempre, decisiva. Sendo Pavlidis o mesmo jogador que há uma semana, o que leva a que o rendimento seja tão diferente em tão pouco tempo? Será circunstancial ou sorte? Será pelo maior conforto e entendimento que encontra na sua seleção? Ou por ser o início num campeonato diferente e num clube mais exigente, a adaptação está ainda por concluir?
Não tenho dúvidas da capacidade do jogador e da validade desta contratação do Benfica. Mas não há ponta de lança que se alimente só de esforço e assistências... Não chega... A maneira de reagir a períodos de seca é um dos recursos que fazem a diferença para quem veste o número 9.

ARTE SOCIAL CANARINHA
Gosto e acompanho o Estoril Praia, porque é uma parte feliz da minha vida desportiva. Foi lá a minha estreia como treinador principal, há alguns anos, na extinta II Divisão B. Os tempos são agora, como se sabe, bem diferentes, não dando para comparar. O investimento estrangeiro e a valiosa participação regular na nossa principal Liga são a realidade atual.
Ressalvo, no entanto, um passado de imagem muito positiva e bonita de apoio incondicional dos seus adeptos, que seria ótimo conseguir preservar. A violência que hoje é vulgar ver-se é só vulgar, não tem de ser imitada.
Classificação à parte, que não sendo boa rapidamente muda, o Estoril estabeleceu na comemoração do Dia da Doença Mental uma parceria, mais valiosa do que qualquer vitória que só vale três pontos, com a Associação de Desenvolvimento Criativo e Artístico.
A redução do estigma à volta da doença mental é o objetivo principal deste projeto de inclusão social em que o Manicómio Lisboa e o Estoril se juntam. O clube definiu inclusivamente um espaço de atendimento psicológico no seu estádio. Um equipamento alternativo para a equipa foi criado como retribuição artística ao importante apoio público que o clube significa.
Boa, Estoril!"

Outubro com novidades


"Continuamos no tema da construção do Direito Europeu do Desporto. A FIFPRO Europa e as Ligas Europeias, juntamente com a Liga espanhola, apresentaram na segunda-feira uma queixa à Comissão Europeia, contra a FIFA, colocando em crise o calendário internacional de jogos, incluindo as decisões relativas ao Mundial de Clubes da FIFA, a realizar em 2025.
A queixa surge no seguimento das preocupações levantadas publicamente pelos jogadores sobre o impacto que um calendário de jogos bastante preenchido tem na sua saúde, bem-estar e longevidade na carreira. As entidades referidas alegam ainda que o comportamento da FIFA ameaça a sustentabilidade económica e social do negócio e a estabilidade das competições nacionais.
Entendem ainda que a FIFA tem interesses antagónicos e inconciliáveis porquanto é, ao mesmo tempo, entidade reguladora e entidade organizadora de competições, o que dá origem a um conflito de interesses, na medida em que usou os seus poderes regulatórios para impor medidas que lhe são favoráveis, em prejuízo dos jogadores e dos clubes.
Em concreto, os queixosos alegam um abuso de domínio e a consequente violação do direito da União Europeia, tomando como exemplo as recentes decisões do Tribunal de Justiça Europeu nos processos da Superliga e do jogador Diarra. Alegam ainda que a conduta da FIFA prejudica diretamente os interesses económicos das ligas nacionais, bem como a saúde e a segurança dos jogadores.
Resta-nos aguardar a posição da Comissão Europeia face a esta queixa, que pode motivar mais uma oportunidade de reflexão acerca do modelo de governança das instituições internacionais que regulam o desporto, neste caso, o futebol."

BolaTV: Este futebol não é para velhos #7 - O adeus de Iniesta e os melhores onzes das grandes ligas

BolaTV: Rivalidades #4 - O dérbi que divide um estádio e até famílias

Rabona: Inter...

Não, o nevoeiro não esconde a vergonha


"O absoluto amadorismo da Liga de Clubes voltou a fazer o campeonato cair no ridículo.

Estamos para saber se o enésimo interrompimento de um jogo na Choupana por causa do nevoeiro é mais ou menos ridículo do que remarcá-lo para a mesma hora do dia 19 de Dezembro. E digo à mesma hora porque, com a entrada do horário de Inverno, as 17h00 para as quais foi agendado correspondem precisamente às 18h00 em que não foi jogado no passado domingo, o que volta a levantar a questão de podermos ter o estádio do Nacional de novo envolto numa bruma digna de uma dúzia de Sebastiões. Esta palhaçada, que não tem outro nome, repete-se ano após ano, tendo chegado ao cúmulo de já termos visto, durante a última década, qualquer coisa como 19 jogos interrompidos ou nem sequer iniciados e sempre pelo mesmo motivo. A teimosia da Liga de Clubes em insistir no erro até à náusea demonstra como o rei vai nu e naquela casa as coisas funcionam sem rei nem roque, ao sabor da incompetência de quem lá mora. Não é preciso ser nenhum Anthímio de Azevedo, saudosa e inconfundível figura, para se prever que naquele lugar da ilha, a 600 metros de altura em relação ao nível do mar, a névoa tomba inevitável e insaciável ao fim da tarde impedindo que de uma baliza se veja a outra quando colocados no centro do terrenos, medição básica para que o futebol não possa ser jogado. Perguntará o leitor, com toda a razão, porque não são os jogos da Choupana marcados para horas em que o risco do nevoeiro seja, pelo menos, não tão provável? A resposta assentará sobretudo nos interesses económicos da estação televisiva que os transmite. E como todos os jogos da I Liga são transmitidos em directo, é preciso dar tratos de polé aos clubes e encaixá-los nas datas e horários que mais convenham a quem quer e pode, sendo neste caso a Liga um mero instrumento de quem a alimenta financeiramente.
Os prejuízos a quem os provoca!
Calhou, desta vez, a fava ao Benfica, o que terá tirado um tudo nada de gás na euforia que vai rodeando a nova equipa de Bruno Lage. Com o calendário entupido, a sétima jornada de um campeonato que baila ao ritmo do Sporting de Rúben Amorim, vencedor de todos os jogos até ao momento e cada vez mais favorito ao bi-campeonato, talvez mesmo invicto, atirou-se esta estucha de voltar à Madeira para os cafundós de Dezembro e até lá que se divirta a confraria e viva lá o seu compadre que é a filosofia de vida deste nosso futebolzinho português que vai caindo a pique nas vascas da agonia. E, sobretudo no desrespeito total por jogadores, treinadores e adeptos que não deviam ser sujeitos a trampolinices bacocas e mazombas deste calibre. Num futebol sem dinheiro, com os grandes clubes endividados até às cuecas e os pequenos a roçar a indigência, brinca-se com o dinheiro. Se cabe ao Benfica, como coube a outros nos últimos anos, voltar a pagar a deslocação e a estadia no Funchal – e ainda estamos para ver se não volta a repetir-se a cena de circo -, quem se responsabiliza pelos prejuízos? Não tenho dúvidas na resposta. Teria de ser a Liga de Clubes e o seu presidente, o sempre tão emproado Proença, a responsabilizar-se pelos danos que a sua barbeiragem provocou ao desprezar todas as regras do mero bom-senso. O próprio Benfica – que se viu obrigado a jogar oito minutos impraticáveis por uma teimosia idiota do árbitro Gustavo Correia, que nunca devia ter sequer começado o jogo perante as absolutas evidências (veremos se os oito minutos a menos no reatar do encontro não terão influência no resultado) – deveria ser o primeiro a exigir que a tal instituição que (des)governa o campeonato nacional ressarcisse o clube. Mais ainda. Todos os adeptos, muitos com natural esforço, que despenderam o seu dinheiro na viagem ao Funchal e na mais que provável permanência na ilha, também deveriam avançar com processos contra a Liga de Clubes procurando recuperar as verbas que viram voar pela janela. A notícia simplória vinda a lume de que todos os que compraram bilhetes podem contar com eles para o que falta jogar na Choupana não é mais do que um direito adquirido, mesmo que tenham pago para ver uma hora e meia de espectáculo e acabem por ver tão somente oitenta e dois minutos porque os outros já se dissiparam por entre as nuvens tão baixas que roçavam o relvado.
Enquanto este tipo de desatino continuar a repetir-se, e repete-se todos os anos, pelos vistos, e os responsáveis por eles não forem levados à pedra, ei-los que continuam a ser levianamente desconsiderados. Na Liga, já se percebeu, assobia-se para o lado. O presidente do organismo vive, nos dias que correm, mais preocupado em pôr em marcha a sua candidatura à Federação Portuguesa de Futebol do que em resolver os berbicachos que rebentam como cogumelos na sua própria casa. Já não basta assistirmos, ano após ano, à degradação competitiva do campeonato, ainda por cima falseado em termos desportivos por situações como estas que fazem com que, para já, o Sporting marche alegremente com oito ponto de avanço sobre o Benfica e o FC Porto tenha ganho uma folga de três pontos face aos encarnados, sabendo que irá jogar à Luz com a provável e confortável margem de cinco. Se isto é a verdade do futebol português, como diz o povo, vou ali e já venho. Quanto aos culpados, estão aí expostos à sua insuportável vaidade."