Últimas indefectivações

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Ave de mau agoiro

"Quatro meses depois, o Benfica regressou a Vila do Conde e voltou a não ser feliz. Ao empate da Liga (que à 4.ª jornada significou os primeiros pontos perdidos), seguiu-se ontem a derrota na Taça de Portugal e consequentemente a eliminação de mais uma prova. Ave de mau agoiro, definitivamente. Chegado ao Natal, o Benfica está reduzido à luta pelo campeonato e Taça CTT. Anormal.
Não foi por falta de seriedade que o Benfica saiu da Taça. Rui Vitória escalou o melhor onze e a equipa entrou a todo o gás. O que mostrou em campo até justificava uma vantagem superior ao intervalo, mas na 2.ª parte o Rio Ave operou a reviravolta com indiscutível mérito e notórios erros alheios. E quando se vive num contexto de intermitência e desconfiança, parece que se estende uma passadeira vermelha quando o azar bate à porta… O penálti falhado por Jonas obrigou Vitória a arriscar tudo e, ainda antes do prolongamento, Luisão deixou o Benfica reduzido a dez. O que mais poderia acontecer? O terceiro golo do Rio Ave, claro.
Independentemente dos azares, a verdade é que o Benfica está fora da Taça e o clima está francamente desagradável para treinador e equipa. E, convenhamos, só muda com resultados positivos. A águia tem de se fixar no penta, sendo que o início de ano mete dérbi e Braga. Ai, ai..."

Urgentes reforços na Luz

"Continua a somar decepções este Benfica, que tem mesmo de mexer no plantel em Janeiro. Se Vieira quer dar a Rui Vitória a possibilidade de atingir um inédito penta, terá de encontrar reforços para várias posições. Desde logo necessita de um lateral direito, que Douglas nunca mostrou ser. Precisa de um trinco que seja alternativa a Fejsa. De um avançado posicional, referência na área, pois Mitroglou não deixou herdeiro. Também nas alas, só Salvio tem classe para jogar a titular de um grande.
Algo se passa na condição física dos encarnados, quando se verifica, jogo após jogo, uma total incapacidade de explosão. Os adversários parecem correr mais. Nenhum jogador do Benfica (à excepção de Salvio, a espaços) é capaz de arrancar e deixar adversários para trás. Foram vários os momentos gritantes de falta de velocidade, nesta derrota de ontem com o Rio Ave.
As más escolhas de reforços para esta época são órfãs de pai. Dá a sensação que Rui Vitória não terá escolhido jogadores como Gabriel ou Douglas, mas também Vieira não assume estas polémicas escolhas.
Seja como for, na Luz, agora, já só vale a pena olhar para o futuro. Não adianta chorar sobre as derrotas derramadas. São necessários reforços e essa necessidade deve unir treinador e presidente pelo interesse comum – conquistar o Penta.
Ontem, do lado do Rio Ave, um jogador brilhou pela técnica e visão de jogo. Rúben Ribeiro, aos 30 anos, parece finalmente maduro para pisar palcos de primeira grandeza. Se ganhar maior concentração no jogo e fizer menos fita em cada lance de choque, merece uma oportunidade num grande. Vieira gosta do futebol deste malabarista dinâmico. Por que não um teste de meia época na Luz?
O vídeo-árbitro continua na ordem do dia, de polémica em polémica. Fala-se agora na possibilidade de especializar árbitros na tarefa de visionamento. Parece uma boa solução no médio prazo. Para já, mas mesmo já, será isso sim necessário afinar a complementaridade entre o árbitro de campo e o seu colega dos ecrãs. Também no médio prazo, seria útil que as inteligências que gerem a arbitragem internacional entendessem que o vídeo-árbitro é uma instituição de apelo. Deveria funcionar como uma segunda instância, e mais elevada, de decisão. A última palavra numa decisão duvidosa deve caber ao vídeo-árbitro, sempre que as imagens resolvam as dúvidas, o que nem sempre acontecerá. Como nem sempre acontece, por exemplo, no râguebi ou no futebol americano. Nos casos, e apenas nesses casos, em que os vários ângulos da imagem não resolvem cabalmente as dúvidas suscitadas pelo lance, então sim, deve prevalecer o juízo do árbitro de campo."

Universo paralelo

"Futebol português está longe de ser um extraterrestre no planeta da bola

Ainda que isto soe a heresia, mais ainda nos tempos de crispação que correm, o futebol português não está sozinho no Universo. Nem sequer neste universo tão seu, em que o futebol jogado parece cada vez mais um mero pretexto para a existência de "prolongamentos" televisivos ou do género facebookiano, que claramente captam a atenção de mais adeptos do que as bancadas da maioria dos estádios... De vários lados surgem sinais de que a polémica e as discussões não são exclusivo deste país e respetivo futebol, pequenos em dimensão mas enormes em coração: em Inglaterra, outrora paradigma do fair play, dois dias depois, os ecos da discussão/confrontos-no-túnel/lançamento-de-pacotes-de-leite-a-Mourinho ganharam novo fôlego, com o técnico português e o seu némesis Guardiola a voltarem a expor pontos de vista opostos sobre se os festejos do Manchester City em Old Trafford terão sido exagerados. Até Klopp e Wenger, técnicos de Liverpool e Arsenal, foram chamados ao debate, bem como os habituais comentadores de serviço. Estes, para quem não acompanha, apesar de ex-praticantes - de Lineker a Souness, passando por Carragher, Ian Wright, entre outros -, também fazem pensar se a maledicência será critério obrigatório... De Espanha chegam ventos (com origem nos Emirados!) dando conta do desacordo de Zidane com "detalhes" do VAR que só funcionará em "La Liga" na próxima época; de Itália, o pedido dos adeptos do Nápoles para que a equipa abandone a Serie A caso persistam os erros que dizem prejudicá-los domingo após domingo e que os dirigentes atribuem às pessoas por trás do VAR.
O futebol português não é, definitivamente, um extraterrestre neste universo. Valha-nos que hoje e amanhã há Taça, onde apesar de tudo ainda há espaço para sonhar com quimeras, com ou sem autocarros ou, como diria Jorge Jesus, conteúdos técnico-táticos. Este sim, sem outro à sua imagem e semelhança em todo o Universo!"

O Benfica caiu da excelência para a vulgaridade

"O erro de Cervi que originou o 1-1 justifica a quebra a pique do Benfica?
Não deveria justificar, mas a chave da eliminação esteve mesmo aí. Porque o Benfica fez uma excelente 1.ª parte (os melhores 45 minutos da época) e nada fazia prever o que se viu após o golo do empate do Rio Ave. Passou-se de uma nota muito alta para a vulgaridade do jogo direto e de soluções mais básicas. E tudo começou, de facto, nessa infantilidade de Cervi.

O penálti desperdiçado por Jonas e a lesão de Luisão, que obrigou o Benfica a jogar com 10 no prolongamento, influenciaram o estado de espírito da equipa?
O penálti, não. Porque a equipa até conseguiu fazer o 2-2 logo a seguir. A lesão de Luisão, sim, foi um golpe demasiado forte. E irrecuperável.

O comportamento táctico da equipa no prolongamento foi o mais adequado?
Não, mas já não havia nada a fazer. Após as substituições (e também após a lesão de Luisão), o Benfica ficou a jogar com Salvio e Zivkovic como laterais (!) e André Almeida como central (!). Um médio para construir (Krovinovic) e ainda Seferovic e Jiménez como alas (!). Alguma vez a equipa terá treinado isto?

O Rio Ave, mesmo vencendo, teve menos bola do que é habitual. Por quê?
Por que o 4x3x3 do Benfica também tem um excelente comportamento com bola. Nada disso belisca, no entanto, a qualidade do trabalho de Miguel Cardoso. Fantástico!"

O dia de todas as faltas

"A passada segunda-feira, dia 11, teve uma particularidade que, aparentemente, passou despercebida à maioria dos adeptos do futebol. Nesse dia, os dois jogos que encerraram a jornada 14, somaram 95 faltas. Com efeito, os duelos Marítimo-Sp. Braga (50 infracções) e V. Guimarães-Feirense (45) tornaram-se os mais faltosos da temporada, contribuindo decisivamente para que a ronda também saltasse para o primeiro lugar no ranking das sanções. As 316 agora contabilizadas superaram as 313 registadas na 2.ª jornada.
Antes desta 14.ª ronda, as partidas com maior número de faltas (Feirense-Tondela e Belenenses-Chaves) somavam 44, sendo que o top ten, agora, começa nas 42.
Feitas as contas, seis equipas (Sp. Braga, V. Guimarães, Feirense, Estoril, Moreirense e Rio Ave) surgem duas vezes nesta lista dos jogos mais faltosos, enquanto Marítimo , Tondela, Belenenses, Chaves, Sporting, Benfica, P. Ferreira e V. Setúbal aparecem apenas uma vez. Curiosamente, somente quatro clubes (FC Porto, Boavista, Portimonense e Aves) ficam fora destes embates repletos de apitadelas.
Por falar em apito, só um árbitro (João Capela) aparece mais que uma vez (duas) entre as 10 partidas mais faltosas. Significa isso que, ao invés do que se poderia pensar, não se nota assim tanto a predisposição de certos juízes para mais facilmente fazer soar o apito. A questão é mais abrangente: os jogadores abusam de facto dos contactos para além das regras e os juízes – de uma forma geral – são pouco dados a deixar jogar de uma forma mais física.
Acrescente-se que o Tondela é a equipa mais faltosa da prova, somando já 266, à média de 19 por encontro. Os beirões nunca fizeram menos de 14, mas também jamais ultrapassaram as 23. Os recordes pertencem a Marítimo (30) e a Rio Ave (6).
Refira-se ainda que o Chaves é a equipa menos faltosa da competição. Soma apenas 196 faltas, à média de 14 por jogo.

Sabia que...
- O Feirense só não perdeu um dos últimos 10 jogos? Paradoxalmente, nas primeiras quatro jornadas a equipa não sofreu um só desaire (dois empates e outras tantas vitórias).
- O Estoril marcou mais golos nas três primeiras jornadas do que nas últimas 11? Na Luz, através de Kléber, os canarinhos interromperam uma longa seca sem golos, Porém, só festejaram 3 nos derradeiros 11 encontros. Nos primeiros três somaram... seis!
- As vitórias caseiras na prova são tantas quanto os empates e os triunfos dos visitantes juntos? Após 14 rondas, há a registar 63 êxitos caseiros, contra 26 igualdades e 37 vitórias fora. Em relação aos golos, a vantagem dos visitados também é evidente: 188-136.
- O Portimonense é a única que provoca menos faltas que o Benfica? Os algarvios só ainda beneficiaram de 190 livres e as águias de 193. Esta tabela é liderada pelo V. Setúbal (284)."

Para onde vai o desporto em Portugal?

"O desporto é um sector de actividade social, cultural e económico. Por esta mesma ordem. Primeiro, é um fenómeno de natureza social que ajuda a organizar e vivificar a comunidade nacional, estreitando relações entre pessoas e grupos, originando instituições que estruturam as práticas e se envolvem em treino e competições, locais, regionais, nacionais ou, até no limite, internacionais. Depois, é também um fautor de cultura, por implicar o respeito por normas de organização e competição, originar eventos com rituais e cerimoniais próprios e originais, por estreitar formas e modelos de inter-relacionamento entre indivíduos, grupos e organizações públicas, privadas e sociais, e ainda por impor aos seus praticantes regras gerais de conduta e imaginários próprios e únicos. Finalmente, o desporto é também um catalisador de actividades económicas, dele directamente originadas ou existentes em seu redor, sejam de ímpeto apenas local, as de menor impacto, até ao mais abrangente de carácter multinacional com impactos multidimensionais e persistentes durante prazos mais ou menos longos, que lhe dão um destaque e um reconhecimento valiosos no contexto da vida económica de qualquer país.
O desporto em Portugal há muitos anos que carece de estratégia concertada de desenvolvimento. O estado/governo tem responsabilidades constitucionais que têm vindo a ser progressivamente abandonadas e que foram reconhecidas por no desporto existir uma incapacidade de o mercado prover todas as suas práticas e necessidades reais. O estado tem, assim, deixado de se responsabilizar, como é seu dever inerente, pelo contínuo fomento da prática desportiva, definindo planos de acção para concretizar a disseminação do desporto pelas várias faixas etárias da população, mas com especial destaque para os jovens em contexto escolar, sem excluir os que frequentem o ensino superior.
Nestas quase duas décadas do século XXI nunca o estado/governo do país teve a nítida preocupação e o engenho de estabelecer um quadro de fomento e programação do desenvolvimento do desporto nacional. Nunca se conheceu sequer um documento que pensasse o desporto português com essa matriz directora e visasse dar ao desporto muito mais do que ele tivesse conseguido até então. O desporto nacional tem vogado, deste modo, praticamente sem um quadro referencial de evolução e melhoria progressiva dos seus níveis de prática e sucesso social, cultural e económico.
Acresceu a esta falha de estado uma outra a partir de 2004/2005. Trata-se da atribuição ao Comité Olímpico de Portugal (COP) das funções de governação do sistema desportivo do alto rendimento. O estado/governo mais uma vez passou a alhear-se das suas responsabilidades e funções de orientação, planeamento e estratégia no domínio do segmento mais competitivo do desporto nacional, para o entregar a uma organização que não tinha mandato ou natureza adequada para o fazer.
Aquilo que devia caber a uma agência especializada do estado/governo, ou seja, conceber o plano e a estratégia, bem como atribuir o financiamento, a um conjunto de modalidades desportivas seleccionadas como as mais aptas a obter bons resultados em competições europeias, mundiais e nos Jogos Olímpicos, ficou entregue a uma organização externa ao próprio estado/governo, o qual devia ser o seu estratega, regulador e financiador.
No meio deste insensato e ineficaz modelo de governação, sem coerência doutrinária, orgânica e funcional, e até financeira, os resultados destes anos ao nível das grandes competições mundiais em que o desporto português de alta competição tem estado envolvido, com destaque para campeonatos do mundo e Jogos Olímpicos, não poderia ser outro do que os muito modestos que têm vindo a ser sucessivamente obtidos. Foi isso que aconteceu, nomeadamente, nas três últimas edições dos Jogos Olímpicos, respectivamente, Pequim (2008), Londres (2012) e Rio (2016). A análise do desempenho do sistema vigente permite dizer que os resultados desportivos obtidos, fracos, são altamente dispendiosos, o que dá um alto nível de ineficiência para o uso dos meios financeiros atribuídos e até dos recursos humanos, treinadores, dirigentes e atletas, que têm estado envolvidos ao longo dos anos nas sucessivas renovações do mesmo modelo de governação.
Existe, por conseguinte, uma contradição insanável no modelo de governação do sistema desportivo de alto desempenho. O vértice estratégico que devia ser confiado ao estado/governo e a uma sua agência especializada, com autonomia organizativa, de gestão e meios financeiros próprios, não existe. E pior, é inadequadamente substituído pelo COP, que não tem funções de concepção e planeamento estratégico, nem poderia ter face à sua inerente natureza originária de representante do Comité Olímpico Internacional e de mero organizador da representação olímpica portuguesa em cada edição dos Jogos Olímpicos. O COP está, assim, a cumprir apenas ou quase o papel de tesoureiro da preparação olímpica perante cada uma das federações e seus respectivos atletas, escritura os gastos anuais e disso dá conta ao Instituto Português do Desporto e Juventude, sem que haja um plano efectivo que integre essas funções contabilísticas e defina que objectivos e metas que há para cumprir, em que desportos, e com afectação às respectivas federações de um determinado envelope financeiro que possibilite a concretização ao longo de cada ciclo desportivo (olímpico, por exemplo) dos objectivos e metas previamente traçados. O COP não esteve nunca e não estará no futuro capacitado para desempenhar o papel que só o estado/governo e uma sua agência dedicada ao desporto de alto rendimento, com orgânica especial e atribuições claras e estratégicas, poderia cumprir. Esse é aliás o modelo do Reino Unido, que tantos e tão bons resultados surtiu nas grandes competições internacionais, com destaque para os obtidos sucessivamente em cada uma das últimas três edições dos Jogos Olímpicos, tendo atingido o segundo lugar na edição do Rio (2016) só atrás dos EUA e tendo ultrapassado mesmo a China e a Rússia.
O desporto em Portugal sofre de grande incapacidade de planeamento e orientação estratégica, com o estado/governo a eximir-se às suas atribuições e responsabilidades constitucionais há imensos anos, tendo deixado o fomento da prática desportiva dos jovens e outros segmentos etários entregue ao improviso e à indefinição, com poucos recursos organizacionais e financeiros, e o sistema de alta competição atribuído a uma entidade incapaz de lhe dar um rumo estruturalmente estratégico e planeado. Aliás, o actual governo prometeu no seu programa uma “Nova Agenda para o Desporto” que ainda hoje, passados mais de dois anos de mandato, não viu uma única linha programática à luz do dia. O que demonstra o quase completo abandono do desporto e do seu desenvolvimento pelo estado/governo neste novo ciclo governativo, o que já não é novidade e vem tão só perpetuar a alienação doutrinária/ideológica do estado/governo na produção de conhecimento sobre desenvolvimento do desporto e até sobre desporto e desenvolvimento.
Até posso acrescentar que entre nós a pessoa que há várias décadas tem produzido sistematicamente doutrina e concepções relativas ao desenvolvimento do desporto, o Professor Gustavo Pires, catedrático da área da gestão do desporto da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade de Lisboa, tem sido completamente esquecido das instituições do estado e do sistema desportivo pela razão de na sua labuta em defesa do desporto e do seu valor indiscutível ter tomado frequentemente posições críticas sobre o modo como o desporto e o seu desenvolvimento e afirmação nacional tem sido mal liderado, mal orientado, mal gerido e mal concebido.
Tem assim faltado em Portugal uma intervenção estruturante do estado/governo nos caminhos do desporto, muita ausência de campo doutrinário com produção sistematizada de ideias sobre o seu planeamento, estratégia, domínios e instrumentos de desenvolvimento, e projecção para o terreno das organizações desportivas, desde as escolares de todos os níveis, aos clubes e federações das modalidades, das acções e dos meios financeiros consequentes aos seus percursos e patamares de incremento e melhoria organizacional e de prática desportiva. E também tem falhado a implementação de um novo modelo de organização e financiamento do desporto de alto rendimento baseado numa agência específica, com autonomia organizacional, de governação e de gestão, dotada dos correspondentes recursos técnicos, administrativos e financeiros, determinados por um planeamento de médio e longo prazo para o desenvolvimento daquele tipo de desporto competitivo, com uma estratégia bem concebida, dotada de objectivos e metas específicas para os diferentes desportos, fruto de uma cooperação directa entre a agência estatal e as respectivas federações desportivas das modalidades mais representativas e devidamente seleccionadas.
Sabemos que está prevista proximamente uma reunião do Conselho Nacional do Desporto, essa seria uma boa ocasião para se abrir uma discussão ampla sobre os temas da organização e orientação do desporto português durante os próximos doze anos, de modo a que a sua insuficiência detectada ao longo destas últimas duas décadas possa ser invertida e o estado/governo passe a ter o papel que constitucionalmente lhe cabe, de orientador, regulador e estratega, e daí advenham novos modelos organizativos mais consequentes com a afirmação do valor ímpar do desporto, um muito mais elevado nível de prática pelos diversos estratos etários, com primazia para os dos jovens em frequência dos diversos níveis de ensino, e o alcance de melhores resultados nas principais competições internacionais para o nível superior do alto rendimento.
Portugal precisa sem mais demoras de definir um rumo consequente para o fomento e melhoria do seu nível desportivo, aumentando as bases da sua prática regular, a sua organização, estratégia e governação, de modo a que no seu topo, isto é, no desporto de alta competição possa vir a ter correspondentemente uma melhor elite capacitada para dar ao país mais sucessos competitivos, fazendo com que o uso dos seus recursos escassos tenha muito maiores níveis de eficiência e eficácia."

Um modelo Olimpicamente falhado

"Os jornais, eufemisticamente chamam-lhe Movimento da Federações, contudo, aos olhos do comum dos cidadãos, do que se trata é de um movimento ao estilo de um “salve-se quem puder” que, com um discurso pomposo, tem como único objectivo no curto prazo tapar o buraco Financeiro do Programa de Preparação Olímpica (2016) num Sistema Desportivos olimpicamente à deriva e a ser arrastado para o naufrágio que, a menos que aconteça uma intervenção de Nossa Senhora de Fátima, vai, certamente, acontecer em Tóquio no ano de 2020.
Infelizmente, são raríssimas as semanas em que não surgem notícia a provar que o actual modelo que organiza o Sistema Desportivo nacional está profundamente errado desde logo porque é muito caro e produz resultados absolutamente miserabilistas para além de estar a gerar violência como se verifica pelas dramáticas notícias recentemente surgidas no Jornal A Bola relativas ao conflito entre a Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) e o Comité Olímpico de Portugal (COP).
Desta vez, a prova de que o modelo de desenvolvimento está profundamente errado tem a ver com a notícia de que o Estado vai assumir uma verba suplementar de 650 mil euros de aditamento ao Projecto Olímpico Rio (2016)!!! Se bem conseguimos perceber o que se está a passar é que o Estado, perante o lamento olimpicamente conduzido de um conjunto reduzido de Federações Desportivas, em 2017, vai tapar um buraco de 2016, com verbas de 2018. Não sei se esta figura contabilística tem algum nome especial, mas, se não tem, devia passar a ter. Talvez “empurrar financeiramente com a barriga” na medida em que qualquer pessoa, por mais desatenta que esteja, percebe que a solução não passa de mais um problema adiado.
Também ficámos a saber que, segundo declarações do Sr. Secretário de Estado, a tutela cumpriu escrupulosamente o acordado com o COP. Perante esta declaração que não deixa margem para dúvidas há qualquer coisa que não bate certo. Por isso, é necessário perguntar:
Porque é que o Programa de Preparação Olímpica Rio (2016) originou um buraco de 650 mil euros? Quem é o responsável por esta situação?
Responder a estas duas questões é de fundamental importância porque, no fundo, vão ser os contribuintes a ter de pagar o buraco de 650 mil euros relativos ao Ciclo Olímpico mais desastroso desde 1992.
Infelizmente, suspeitamos que, à boa portuguesa, como diria Aníbal Styliano, a responsabilidade vai ser atribuída ao Sr. Ninguém. Ora, um sistema em que, por via de regra, as responsabilidades sobre os projectos falhados, são atribuídos ao Sr. Ninguém é um sistema que está profundamente errado. Quer dizer que, o atual modelo de desenvolvimento do desporto que atribui responsabilidades exorbitantes ao COP, quer dizer, muito para além da sua vocação, competências e capacidades, está profundamente errado.
Hoje, o desporto vive num sistema que funciona num antro de paradoxos, de contradições e de mal entendidos. Há quem goste mas não são certamente aqueles que ainda acreditam nas virtualidades do desporto enquanto instrumento de educação, de cultura e de desenvolvimento económico e social.
O Sistema Desportivo está numa situação de profundo desequilíbrio:
(1º) Do ponto de vista funcional entre a base da prática desportiva e o alto rendimento do topo da pirâmide de desenvolvimento;
(2º) Do ponto de vista orgânico entre os vários organismos da superestrutura de liderança do vértice estratégico e o desporto que devia acontecer no País e não acontece;
(3º) Do ponto de vista ideológico entre as obrigações inalienáveis do Estado e a livre iniciativa democrática da sociedade civil.
Hoje, quando vemos um grupo de 13 federações das 76 existentes encimadas fotograficamente pelo COP reivindicarem um tratamento especial de 650 mil euros que o Governo se apressa a cumprir é o imperativo homeostático que deve caracterizar o Sistema Desportivo que está posto em jogo. Imperativo estabelecido na Lei 1 de 90 que tem vindo a ser sucessivamente destruído em benefício de uma visão darwinista do desenvolvimento do desporto que, como se verifica no futebol, o está a destruir.
Os resultados dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016), tal como os de Londres (2012), e os de Pequim (2008) foram a consequência dos desequilíbrios, completamente desatinados, estabelecidos em nome não do desenvolvimento mas de uma visão distorcida do ponto de vista pedagógico, social e económico do fenómeno desportivo. Agora, para além do olímpico miserabilismo em que o desporto está envolvido, somos informados que existe um buraco de 650 mil euros que acabarão, necessariamente, por ser subtraídos a todas as federações. E é já para o ano. Será que elas ainda não deram por isso? Vão tomar posição?
O que é que é necessário acontecer mais para que os responsáveis políticos tomem consciência de que se está perante uma situação insustentável?
É que, entretanto, devido à quebra homeostática que, em nome da conquista de medalhas olímpicas, foi estabelecida em 2004-2005, o Sistema Desportivo, para além de não potenciar as suas reais possibilidades, está a definhar. Numa análise ao que se passa na generalidade das modalidades desportivas constatamos que, para além do número de praticantes estar a diminuir as modalidades que não pertencem ao Programa Olímpico ou que, por ausência de resultados, não conseguem lá chegar, estão numa situação de subdesenvolvimento. Para além do futebol que está num processo acelerado de autodestruição, o que se passa com os Cinco Grandes desportos coletivos é um escândalo. Só se percebe que, por exemplo, o voleibol e o andebol não estejam, desde sempre, presentes nos Jogos Olímpicos por incompetência em matéria de Políticas Públicas no domínio do desporto. Isto significa, sobretudo, que as grandes opções políticas têm de estar nas mãos do Estado que, depois, deve deixar funcionar a sociedade. Ora, o que está a acontecer é precisamente o contrário. As grandes decisões estão no sistema privado (COP) e, depois, o Estado, armado em bombeiro, em banqueiro ou em polícia, anda a apagar fogos de situações desnecessárias, a passar cheques adiantados e a elaborar mais leis que não servem para coisa nenhuma.
O que se verifica, desde 2004-2005, é o desvio de verbas que já são escassas para projectos sem qualquer viabilidade em termos de desenvolvimento na medida em que o Estado não tem coragem e ou vontade para determinar as grandes opções que, em matéria de Políticas Publicas, devem presidir ao desporto. Há participações nos Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno à custa do dinheiro dos contribuintes absolutamente incompreensíveis.
Ora bem, os portugueses não votaram nas eleições para que fosse o COP a determinar as Políticas Públicas. Antes pelo contrário, os portugueses estão há mais de dois anos à espera de uma nova agenda para o desporto prometida no Programa do XXI Governo. Quer dizer, os portugueses não conferiram ao COP legitimidade democrática para determinar as Políticas Públicas nacionais. Uma Missão Olímpica, à custa de um discurso mais ou menos chauvinista, não deve ser arvorada num “desígnio nacional” cuja factura depois o COP, através do Governo, apresenta aos contribuintes para eles pagarem.
Há opções a decidir a montante determinadas pelo princípio da igualdade determinada pela lei dos rendimentos crescente,) que só podem competir ao Estado sob pena de, se assim não for, se transformar o desenvolvimento do desporto num processo darwinista da mais pura anarquia em prejuízo da generalidade dos portugueses. Em conformidade, em termos de Políticas Públicas de longo prazo, deve ser o próprio Estado a determinar quais as modalidades e os atletas (princípio da equidade determinada pela lei dos rendimentos decrescentes) que pretende apoiar em termos de alto rendimento.
As outras modalidades e atletas que ficam fora do padrão possível de desenvolvimento (estabelecido de acordo com o quadro condicionante do País) devem ser apoiados pelo próprio COP através dos milhares de euros que recebe anualmente de patrocínios. É para isso que os patrocínios deve prioritariamente servir e é, certamente isso, que as empresas patrocinadoras esperam. A última coisa que podemos aceitar é ver um Comité Olímpico com uma dupla lógica contabilística: De um lado o dinheiro do Estado a funcionar no vermelho na medida em que o Estado há-de pagar; e outro lado o dinheiro dos patrocínios, geridos em “roda livre” utilizado para pagar outras despesas.
Por isso, a pergunta que se coloca ao Sr. Secretário de Estado é a seguinte: Porque é que o COP não cobre o buraco financeiro com as verbas provenientes dos patrocínios e até do programa de Solidariedade Olímpica do Comité Olímpico Internacional?
Há que pôr ordem e dar direcção ao desporto nacional. Até porque, quando os portugueses olham para os resultados nos Jogos Olímpicos são levados a concluir que, perante o dinheiro que se gasta na educação física e no desporto não é admissível que modalidades, para além do Voleibol e do Andebol, como a Luta, o Halterofilismo, a Esgrima ou, entre outros, os Boxe não estejam sistematicamente presentes nos Jogos Olímpicos. E, se fizerem uma análise mais atenta até concluem que Portugal só não está nos JO em Voleibol e Basquetebol devido à miserável falta de organização e coordenação do desporto nacional que está nas mãos de pequenos napolesinhos com um umbigo maior do que a batalha de Waterloo.
E, assim, o desporto, desde 2004-2005, vive numa terrível contradição que só subsiste pela confrangedora ignorância dos políticos que têm tutelado o desporto:
(1ª) Por um lado, os Governos tem toda competência sistémica para determinar as Políticas Públicas (do ensino ao alto rendimento) em matéria de desporto mas, desde 2004/2005 não as têm exercido tendo, contudo, todos os maios materiais, técnicos, financeiros e, entre outros, humanos, para o fazer. Meios que estão, escandalosamente, subaproveitados;
(2º) Por outro lado, o Comité Olímpico de Portugal não tem qualquer competência sistémica para determinar as Políticas Públicas (do ensino ao alto rendimento) em matéria de desporto mas, desde 2005/2005, foram-lhe conferidas competências para as quais não tem vocação, meios materiais, técnicos, financeiros e, entre outros, humanos para o fazer. Entretanto, à conta dos contribuintes, tem vindo a montar entre portas uma estrutura burocrática de tipo napoleónico que mais dia menos dias se desmoronará sobre si própria tal como o exercito de Napoleão na batalha de Waterloo.
No próximo dia 20 de Dezembro realiza-se uma sessão do Conselho Nacional do Desporto. É tempo dos Conselheiros começarem a tratar verdadeiramente dos problemas que interessam ao desporto nacional até porque, já nada falta acontecer para que os políticos, finalmente, compreendam que estão perante modelo olimpicamente falhado."

Alvorada... com o Zé Nuno...

Lanças... pré-Taça...

Benfiquismo (DCLXXXVII)

Força...

Cadomblé do Vata

"1. Golos sofridos às 3 tabelas, penalty falhado, Luisão lesiona-se com 3 substituições feitas... se o Asterix fosse do Benfica, hoje era o dia em que o céu lhe caia sobre a cabeça.
2. Depois da Champions, agora a Taça de Portugal também foi pelo ralo... alguém está a levar muito a sério a treta de "estar fresquinho para o campeonato".
3. Dava-me jeito estar agora com o LFV na China... é que lá agora são 08h00 e eu só daqui a umas 8h00 é que vou conseguir adormecer.
4. Há por aí muita gente a pedir a demissão do Rui Vitória e por vezes sinto-me tentado a acreditar que eles têm razão... mas depois eles dizem-me que o Jonas não sabe jogar em 4-3-3 e eu fico a pensar se eles perceberão alguma coisa de bola.
5. Foi de facto pena termos perdido este jogo... logo hoje que o Zivkovic conseguiu aguentar 30 minutos sem ver o segundo amarelo."

Vermelhão: Adeus Jamor!

Rio Ave 3 - 2 Benfica


Jogo muito ingrato: talvez a melhor 1.ª parte fora de casa este ano, muitas oportunidades desperdiçadas... e um grandíssimo golo! Oferecemos o golo do empate no início do 2.º tempo... Em desvantagem voltámos a criar perigo, o adversário acaba o jogo com quase 100% de aproveitamento nas oportunidades!!!
O Jonas falha um penalty!!! Mesmo assim, empatamos perto do final... para logo depois o Luisão (no jogo onde o capitão passou a ser o 2.º jogador com mais partidas pelo Benfica!) 'rasgar', e deixar o Benfica a jogar com 10 todo o prolongamento!!!
Voltamos a ficar em desvantagem estupidamente (mais um carambola, tal como no jogo do Campeonato!)... e mesmo em inferioridade numérica, fomos criando e falhando golos... com os fiscais-de-linha a serem os melhores defesas do Rio Ave!!!

Resumindo: muito injusto... Eficácia baixa, e depois quando o adversário está numa de cada tiro cada melro, é quase impossível vencer...
Independentemente das opiniões e criticas decorrentes da forma como a actual está a decorrer, este jogo foi totalmente atípico...

A Taça de Portugal não 'salvaria' a época (sem penta), mas seria sempre uma 'aspirina'! O sorteio não foi 'agradável'; a noite de chuva foi horrível; o esforço extra do prolongamento poderá ser fatal para a próxima jornada do Campeonato (um jogo a terminar quase à meia-noite, praticamente em cima do solstício do Inverno!!!); ainda perdemos um jogador com uma lesão (vamos ver se não haverá mais problemas físicos)... Era difícil, um cenário pior...

A lesão do Luisão, poderá ser uma oportunidade para o Rúben... e será seguramente, a prova dos nove, para perceber o impacto da 'lentidão' do Luisão na actual forma do Benfica defender! Só espero que não sirva para 'queimar' jogadores!!!

Mais uma inacreditável arbitragem do Veríssimo, permitiu tudo: pisadelas, cotoveladas, anti-jogo nojento, mergulhos para a piscina... é verdade que não foi na conversa dos vilacondenses, mas é obrigado por Lei a mostrar amarelos por simulação! Mesmo no penalty a favor do Benfica, a regra de não mostrar Vermelho, é válida, quando o defesa tenta jogar a bola, o que não foi claramente o caso... Enfim!!!

Prevejo, mais uns dias muito complicados, com o jogo em Tondela (após os Lagartos jogarem) com um ambiente de muita pressão! Se a Taça de Portugal não salvaria a época, a Taça da Liga muito menos, e assim a pressão nos resultados da Liga, vai aumentar ainda mais...
Tudo isto após uma eliminação tremendamente injusta, numa noite onde não merecíamos outro resultado senão a vitória!

Vitória na Linha...

Paço de Arcos 4 - 7 Benfica

Jogo complicadíssimo... contra uma equipa que praticamente não ganha a ninguém, mas que contra o Benfica já se sabe... Desta vez, foi o Pedro Henriques para a baliza, mas voltámos a sofrer demasiados golos...! Só 'decidimos' o jogo nos últimos 10 minutos...

Apesar destes 'sustos', a jornada acaba por ser positiva, com a derrota dos Corruptos em Barcelos, e o empate da Oliveirense em Viana!

Vitória na Ria...

Illiabum 67 - 80 Benfica
15-25, 22-16, 12-22, 18-17

Vitória contra uma das sensações do Campeonato...
Destaque para o regresso do Carlos Morais.

Entrada a dormir...

Corruptos 30 - 23 Benfica
(15-9)

Uma entrada suicida no jogo... com 5 livres de 7 metros falhados, quase todos no 'arranque'!!! E com um Figueira em má forma...
A diferença durante a maioria do jogo situou-se por volta dos 6 golos, com os 7 metros concretizados, teríamos discutido o jogo, até ao fim...!!!

Sou do Benfica e isso me envaidece. Sempre

"A preparação da época foi, por mais que eu próprio o queira negar, displicente e apenas monetarizada.

1. Terminada a fase de grupos da Champions, gostaria de sobre ela e no que ao meu clube diz respeito, nada dizer. Mas seria uma forma fantasiosamente omissa de contornar um pesadelo. Como tal, prefiro encarar o assunto, para reflectindo sobre o mesmo, tirar algumas conclusões tentativamente positivas, ou pelo menos, construtivas. Sim, não há como nega-lo, a campanha europeia 2017/2018 do Benfica terminou, ingloriamente, em 2017. Sem um pinto de glória, mas com um barril de lástima. Assim como precisei de 69 anos para poder ver o meu Benfica tetracampeão nacional, é com a mesma idade que sinto a desilusão e a mágoa de uma passagem europeia tão nula e confrangedora.
Bem sei que o futebol é conhecido pelos altos e baixos ciclos, de que as competições europeias têm tido exemplos em ilustres clubes. Lembro-me do velho Celtic, do Milan, dos clubes holandeses, do Liverpool, etc. Também o Benfica já subiu e desceu na montanha russa da Europa. Momentos de glória, tempos de prestígio e, ainda que menos, fases de penumbra. Mas, como este ano, não houve.
Seis jogos, seis derrotas, um golo marcado, catorze golos consentidos. A única equipa das 32 (ou das 80 se considerarmos também a Liga Europa) que não obteve sequer um ponto, situação infelizmente inédita nas equipas cabeças-de-série. O Benfica que marcou o único golo no primeiro jogo (aos 50 minutos por H. Seferovic), esteve 510 minutos (!) sem marcar mais nenhum golo. Até um desconhecido Qarabag somou pontos...

2. É assim. Nem sempre se podem tirar coelhos da cartola. Chuva no nabal e sol na eira é coisa que, também no futebol, só por milagre. A  preparação da época foi, por mais que eu próprio queira negar, displicente e apenas monetarizada. Boas vendas, sem dúvida, mas a águia acabaria por ficar parcialmente depenada. É que nem oito, nem oitenta. Nem a relativização e passagem para as calendas das questões de estabilidade patrimonial e financeira, nem a retracção qualitativa e súbita de uma equipa tetracampeã. Quando se extrema uma destas partes, o efeito boomerang é, tão-só, uma questão de tempo. Excelentes operações financeiras, mas dizimando o sector onde se costuma começar a ganhar (a defesa, de que os 14 golos europeus são a indelével prova). Aquisições, sobretudo as que resultaram de empréstimos, ineficazes. Pedro Pereira, Hermes, Douglas, na defesa ou Gabriel (qual 'gol'?) à frente, para quê, afinal? Não há todos os anos descobertas como Renato Sanches, Lindelof, Ederson, Gonçalo Guedes, etc.
Num ápice, receitas voaram e engoliram, em parte, as que resultaram de transferências. A saber: 8 milhões por não se chegar aos quartos de final (já nem conto com a qualificação para a Liga Europa), 6 milhões que correspondem a 3 vitórias, se considerarmos que três vitórias em casa estavam completamente ao alcance, receita de bilhetes por menores assistência e por não haver mais jogos, e, sobremaneira, afastamento da vitrina da Europa para os jogadores que assim são desvalorizados ou, pelo menos, não valorizados. A tudo isto acresce a circunstância de o clube, mesmo ganhando o pentacampeonato, perder o lugar de cabeça-de-série na próxima temporada.
Ou seja, tudo somado, arrisco dizer que esta temporada europeia, entre lucros cessantes e danos emergentes, não andará longe dos 30 milhões de euros. Tanto quando os cofres encarnados terão recebido, em termos líquidos, por Ederson e Mitrolgou!

3. Termino este meu desabafo com a consternação do que vi no último jogo com o banal Basileia. Não me refiro ao profissionalismo dos jogadores ou à seriedade com que jogaram. Mas, que diabo, não jogar com o melhor onze num jogo em que, apesar de tudo, se jogava o prestígio do clube (ao menos para evitar abundantes e não dissimuladas alegrias de adversários, pelos recordes negativos atingidos) e também estava em jogo o encaixe de 1,5 milhões. Ou será que este ganho se tornou, subitamente, um pormenor irrelevante para quem a alta folha salarial de técnicos e jogadores precisa deste tipo de réditos? Também não percebi como é que jogaram dois jogadores (Douglas e Gabriel Barbosa, neste caso deixando de fora Jiménez) que, já se sabe, sairão em Janeiro.
Em suma, teria sido oportuno um pedido de desculpas de todos e cada um (do presidente aos jogadores) perante sócios e adeptos que - é bem lembrá-lo - jamais se dispensaram de apoiar a equipa.

4. Por cá, tudo na mesma à espera, à espera das broas natalícias, altura em que o campeonato é interrompido para ressurgir no nevoeiro da primeira quarta-feira de 2018 com um sempre imprevisível Benfica - Sporting. Contra o Estoril, vi um Benfica com o melhor e o menos bom desta época. Veloz no conta-ataque, bom jogo pelos flancos e na subida dos laterais. Mas, algo vulnerável não tanto na própria defesa, mas por causa do buraco no meio-campo por onde as equipas contrárias, avançam com alguma facilidade. O 4x3x3 tem de ser dinâmico. A atacar, como se viu, mas, também, a eliminar as iniciativas de ataque adversário. Confirmar-se Krovinovic como um jogador que, finalmente, pegou de estaca e pode ser decisivo e a (ainda) importância de Luisão no eixo da defesa. Manifestamente, há jogadores que carecem de motivação e que, visto de fora, talvez devessem ser geridos de maneira diferente. Refiro-me a Jiménez, Seferovic e Rafa. E, muito provavelmente, vai gastar-se em Janeiro o que deveria ter sido considerado no Verão, para algumas evidentes situações.

5. Concluo com o meu inabalável benfiquismo, apesar de todas as contrariedades e erros. Eu sou daqueles benfiquistas para quem o Sou do Benfica e isso me envaidece significa passado, presente e futuro. Por isso, espero que a recompensa nesta época seja o pentacampeonato. Estamos na luta, difícil como sempre, com Porto e Sporting bem apetrechados, mas continuo a acreditar. Como continuo a acreditar na política de formação encarnada. No domingo vi o Benfica B - 2, Sporting B - 1 e confirmei que há lá boa pescaria. Por exemplo João Félix, Keaton Parks, Ferro e mais uns tantos.

Contraluz
- Exemplar: Benfica - Sporting em voleibol
Jogo a eliminar, para a Taça de Portugal, com o pavilhão na Luz cheio, emocionante, bem jogado, com (salvo erro) 11 match points para o vencedor Benfica. Um jogo com as duas melhores equipas de Portugal, o campeão Benfica e o bem regressado à modalidade Sporting. Um exemplar desportivismo de jogadores e treinadores.
- Censurável: a narração do Benfica - Barcelona em hóquei em patins na TVI24
Um narrador que gosta tanto do Benfica, como eu de centopeias. Além de gritar em todos os jogos de hóquei em patins, como se o mundo estivesse a desabar, nos jogos do nosso campeonato nem sequer disfarça o anti-benfiquismo. Agora num jogo europeu (Benfica - Barcelona, justamente vencido pelos catalães), o homem ufanava-se e gritava os golos do Barça como se fosse um deles. Além disso, nesta transmissão não se ouvia o público que encheu o pavilhão, talvez para que o narrador fosse mais audível (que nem precisava, obviamente). Na BTV, na mesmíssima transmissão, o som das bancadas era bem audível e empolgante (já agora, parabéns por excelentes 9 anos do ainda jovem canal!).
- Blague: António Costa em Marrocos
disse: «Penso mesmo que Portugal e Marrocos têm a até uma excelente oportunidade para cooperar no futebol, trabalhando para eliminar os outros competidores no Campeonato do Mundo de futebol e continuaram rumo à final». Alto lá, mesmo a política internacional tem limites de bom-senso e razoabilidade. Não sei se Costa vai proximamente a Espanha ou até ao Irão (treinado por um português) e lá repete o mesmo. Ridículo!
- Obrigado: a Júlio César
Grande guarda-redes, grande profissional. Mesmo quando preterido por Ederson e esta época por dois jovens com idade para poderem ser seus filhos, soube ser um atleta solidário e generoso, em vez de intriguista e sectário, como tantas vezes acontece em situações idênticas. E, no mais difícil, saiu com galhardia, dignidade e respeito pelo clube. Será sempre dos nossos!"

Bagão Félix, in A Bola