Últimas indefectivações

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Alvorada... do Martins

Fernando Santos é o novo treinador do Sporting

"Imaginem que a trapalhada espanhola se sucedia na nossa Selecção. O único benificiário seria o ‘Insónias em Carvão’. Todo o episódio é um meme.
Ainda nem começou o Mundial e Lopetegui já perdeu a equipa. A partir de agora, qualquer onze será escalado num quadro de conflito de interesses que acicatará a rivalidade entre Barcelona e Real. Permitam-me cantar: "Po-rra-da! Po-rra-da! Po-rra-da!". O timing escolhido por Lopetegui para se apresentar como novo treinador - ou não é ele que decide a sua vida? - é como a opção em usar risco ao meio no cabelo: uma má decisão. Já acumula duas.
Com Fernando Santos nada disto seria possível. Trata-se de um homem sério. Saiu a bem de todos os clubes apesar de ter um custo para si mesmo, sobretudo financeiro. A nível moral Fernando Santos encontra-se nos antípodas de um ‘Pesetero’. É um bálsamo no mundo cão da bola. Temos sorte em tê-lo como treinador. Portugal parte na frente a nível de empatia entre ‘míster’ e jogadores.
Espanha já perdeu. Do nada voltamos a ter sorte.
Será esta a década de Portugal? Esqueçam. Lembrei-me da Maria Leal.

P.S. - Amanhã já escrevo de Sochi. Se acordar a tempo, claro."

Está na hora!

"Na hora do Mundial (Portugal tem agora maior potencial atacante). E na hora de Sporting rescindir com BdC, tendo justíssimas causas!

Está na hora. Arranca hoje o Mundial - previsão: muito alta qualidade e disputadíssimo, pois, do Brasil a Espanha, passando por Alemanha, Argentina, França, difícil dizer que é mais favorito...; arrisco: Brasil - e, logo ao 2.º dia, tiro de partida para Portugal. Bom ou mau a 1.ª meta chamar-se... Espanha? Não sei. É assim e... vamos a isto!
Dados preocupantes:
- Quatro jogadores envolvidos no turbilhão que tem esfrangalhado o mundo sportinguista. Patrício, William, Bruno e Gelson não se lançaram de ânimo leve em rescisão de contrato; muito maturaram até à drástica decisão... - tomada há apenas 3 dias, já na Rússia. Afirmam que isso nada afectará a sua concentração na equipa nacional; porém, é pouco menos do que impossível não sentirem, em menor ou maior grau, o inerente forte desgaste psicológico. E pelo menos 3 deles devem ser titulares já amanhã.
- Ronaldo anda às voltas com bicudo dilema: sair, ou não, do Real Madrid - tão degradada está a sua relação com o presidente. Claro que o empresário Jorge Mendes assume rédeas neste melindroso assunto; só que... não menos óbvio: CR7 - tal como o quarteto ex-Sporting - não pode estar tranquilamente feliz.
Dados de forte esperança:
- Fernando Santos é estupendo gestor de homens. Possui capacidade de liderança para enfrentar este extra de trabalhão.
- Jogadores estão... num Mundial! Lutaram por isto - que é... empolgante! E, para quase todos, o futuro das suas carreiras muito passará pela qualidade/rendimento que exibirem no super palco.

Este plantel de Portugal face ao de há 2 anos, campeão da Europa? Exercício de aliciante especulação. Começo por dizer que anda muito distraído quem critica Fernando Santos por pouco renovar... Em 23 jogadores, mudou 10! Quase metade... Um guarda-redes; um defesa central; dois defesas laterais; três médios; três avançados.
- Eduardo (3.º guarda-redes) por Beto (3.º, ou 2.º, discutindo com Anthony Lopes). Mantendo-se Rui Patrício titularíssimo (totalista no Euro, foi... brilhante), potencial efeito neutro.
- Defesa direito: Vieirinha por Ricardo. Ambos com polivalência para médio-extremo, Ricardo é mais forte alternativa ao titular (creio) Cédric.
- Defesa esquerdo: Eliseu por Mário Rui. Um e outro na sombra de Guerreiro. Mário Rui terá mais ritmo do que Eliseu tinha. Pensei em Cancelo, adaptado à esquerda...
- Defesa central: Ricardo Carvalho por Rúben Dias, consagradíssimo veterano (que classe!) por menino promissor, Ricardo foi titular nos 3 primeiros jogos no Euro. Rúben irá competir com a veterania de José Fonte e de Bruno Alves para parceiro do indiscutível Pepe, também trintão. No centro defensivo (crucial), renovar mais é possibilidade zero!
- Médios: Danilo, André Gomes e Renato Sanches, por Manuel Fernandes, Bruno Fernandes e Bernardo Silva. Enorme, oxalá não insuperável, a ausência de Danilo (lesionado). Ele foi, e seria, excelente alternativa a William, ou seu parceiro em jogos defensivamente mais difíceis (também podendo ser defesa central). Muito estranhei não chamada do mais evidente substituto de Danilo: Rúben Neves. Balanço: o que a nossa equipa perde por aí... ganha com chegada de Bruno e de Bernardo, superiores talentos atacantes.
- Avançados: Nani, Eder e Rafa por Gonçalo, André e Gelson. Nunca esquecendo que Nani fez estupendo Europeu como 2.º ponta de lança (3 golos) e que Eder para sempre será o nosso herói(!), há agora, no centro ofensivo, mais opções capazes de libertar Ronaldo; e há, nos flancos, com velocidade/talento de Gelson - a par de Quaresma, Bernardo, quiça Guedes ou João Mário -, superior qualidade a rasgar defesas.
Conclusão: se a capacidade defensiva (fulcral!) não sofrer rombos, este Portugal pode ser mais imaginativo e poderoso a atacar do que o Portugal campeão da Europa. Arrisco o meu onze ideal: Patrício; Cédric, Pepe, Fonte, Guerreiro; William, Bernardo, Moutinho, Bruno; Guedes (ou André) e Ronaldo.

Está na hora... de o Sporting rescindir com BdC e seus acólitos, havendo justíssima(s) causa(s)! Basta de loucura, de siderantes atropelos a Estatutos rumo a poder absoluto do Rei Sol, num inferno que, no mínimo, devora a SAD - já faz tangente (se não secante) a falência técnica! Ou, de suicídio na patética irresponsabilidade de lapas, ainda não basta? Desejavelmente antes dos Tribunais (um já se pronunciou pelo tão óbvio: mesa eleita da AG não revogável por BdC), que os sócios declaram - numa AG legal, não na chocantemente ilegal - como pôr cobro a terrível terramoto!"

Santos Neves, in A Bola

Ronaldo riu-se das tradições Russas?

"Não sei se será pelas possibilidades das seleções portuguesa e russa se virem a defrontar no Campeonato do Mundo, mas o facto é que a imprensa russa anda muito atenta a tudo o que faz Cristiano Ronaldo.
Tudo começou à chegada da seleção portuguesa à Rússia. O canal televisivo ‘Russia Today’, na sua versão em russo, mostra como o capitão luso se ri para os companheiros quando se vê confrontado com o habitual símbolo da hospitalidade russa: uma broa de pão e uma tigela de sal. Ronaldo parte um pouco de pão e polvilha-o com sal, mas sorri para os seus colegas um pouco indeciso, atitude que levou a alguns comentários azedos da imprensa russa e a comentários racistas de alguns adeptos. O jornal electrónico ‘Gazeta.ru’ titula mesmo "Ronaldo riu-se das tradições russas". Gostaria de acreditar que, nesse título, o verbo "rir" fosse mais próximo de ‘sorrir’ e não de ‘escarnecer’ ou ‘gozar’, pelo menos foi assim que eu entendi o gesto de Ronaldo, como um gesto de surpresa e agrado.
O ‘RT’, canal oficioso do Kremlin, apresenta o vídeo com um título semelhante "Tradições russas fazem rir Cristiano Ronaldo", o que provocou mais de uma centena de comentários, alguns dos quais com insultos abertos e até conotações racistas: "Come cão, não sorrias!", "Se lhe dessem bananas, tudo correria bem", "Ele é um sem Deus e idiota. Dão-lhe pão e sal. Devia era apanhar um pontapé no cu", etc. Claro que também não podia ter ficado esquecido o fim do romance entre Cristiano e Irina: "Um ato de histeria, lembrou-se da sua modelo". Em prol da verdade, deve sublinhar-se que alguns comentários são de apoio ao capitão português: "Muito querido!", "Deve chorar ou ficar em sentido?", "Ele talvez não tenha compreendido…".
Não prestaria a atenção a esta situação se os comentários ofensivos fossem publicados nas redes sociais, mas foram no ‘Russia Today’, que o Kremlin apresenta ao mundo como um exemplo a seguir pelos media ocidentais! Nestes casos não seria mau limpá-los, até porque um dos objectivos principais da FIFA é o combate contra o racismo no desporto e a Rússia já teve alguns casos de manifestações racistas nos seus estádios de futebol.
E claro que a imprensa russa não deixou passar a foto em que Ronaldo põe a língua de fora quando é fotografado com os seus colegas de equipa. Espero que o humor e a boa disposição sejam estados de espírito dominantes neste Campeonato do Mundo. E que ganhe o melhor!"

Ventania lusitana e ciclone espanhol

"Julen Lopetegui foi sumariamente despedido da selecção espanhola a dois dias da sua estreia no Campeonato do Mundo de 2018. Por ironia do destino, o adversário é Portugal.
Ora, o que para nós importa é tentarmos perceber que impacto pode ter esta mudança brusca, brutal e drástica na selecção de Espanha.
O primeiro ponto da análise passa por entender o âmbito da decisão tomada pelo presidente da federação espanhola, Luís Rubiales. Seria impossível que Rubiales não tivesse zelosamente pensado nos prós e nos contras do lançamento da sua bomba atómica e por isso é imaginável que tenha encontrado melhores e mais fortes razões na decisão de demitir o seleccionador, apesar do impacto universal do acto. Menos mérito terá, então, achado na tolerância mediaticamente menos exuberante da traição de Madrid, o que o levaria a manter o seleccionador, apesar de sujeito a todo o tipo da pressão do Barcelona, da Catalunha e de todo o país espanhol que não se revê, nem história, nem desportivamente, no poder castelhano.
O trabalho maior será o de tentar minimizar os efeitos sobre os jogadores, psicologicamente adaptados ao estilo, ao critério, ao conceito táctico, à disciplina, à forte personalidade de Lopetegui. Pensava-se que Fernando Santos tinha uma missão muito difícil para conseguir disfarçar os preocupantes efeitos da ventania sportinguista sobre quatro dos seus jogadores. Uma tarefa de menino, comparada com aquela que a nuestros hermanos cumprirá executar após o ciclone que abalou Espanha. Contudo, desconfio que a selecção espanhola sacudirá a poeira e dará a volta por cima."

Vítor Serpa, in A Bola

Os vírus da Rússia

"Amanhã, uma selecção com quatro jogadores sem clube defronta uma selecção de 23 jogadores sem seleccionador. Sinceramente, preferia uma equipa liderada por Lopetegui do que qualquer outra Espanha. De Lopetegui já sabíamos o que esperar. Um futebol guardioliano de fancaria. Sem o desastre que o Real Madrid acaba de contratar, a Espanha torna-se imprevisível. Até pode jogar bem. Enfim, um perigo desconhecido.
Sinceramente, também preferia uma equipa portuguesa sem jogadores sujeitos a stress pós-traumático. Ter na baliza um jogador que trocou mensagens com um egocêntrico chamado Bruno de Carvalho, ou na ala direita, ou como potencial número-dez, ou a trinco, não pode deixar alguém que queira o nosso bem descansado.
Com o mal dos espanhóis podíamos nós bem. Infelizmente, alguém com dois dedos de testa resolveu mandar o vírus Lopetegui de volta a casa. Esperemos que o recobro dos atletas ainda apanhe o dia de amanhã.
Já o nosso vírus nacional é mais profundo, violento e constante. Bruno de Carvalho é o primeiro vírus da história que, não sendo digital, consegue projectar-se a milhares de quilómetros e fazer vítimas graves. Qual gripe das aves, qual quê? Bruno continua a enviar mensagens e a revelar o teor de conversas privadas sem autorização da contraparte. Bruno continua alapado ao Sporting! Bruno continua tatuado na pele de Patrício, de Gelson, de William, e de Bruno Fernandes.
Não acredito que os ex-jogadores do Sporting possam encontrar a tranquilidade necessária em tempo útil. Qualquer vítima de crimes em série saberá que as coisas não se esquecem com facilidade. Toda a doutrina sobre a matéria aponta para danos psicológicos profundos e quase irreversíveis.
É mais simples a um Hierro qualquer dizer ao seleccionado espanhol que agora vão poder jogar simples, não fazer a bola rodar pelo guarda-redes para mudar de flanco, poder fazer passes de ruptura e rematar de longe, do que a Fernando Santos dizer às vítimas de Bruno de Carvalho, vá malta, agora estamos na selecção e vamos todos esquecer esse doido varrido, com tiques de Napoleão, que assassinou a vossa equipa e está a destruir o vosso clube.
Para desgraça de todos os portugueses, nem Rui Patrício nem William têm substitutos à altura na actual selecção. Vamos ter de jogar com estes dois excelentes jogadores a titulares, apesar da intranquilidade gerada e mantida em torno deles nos últimos meses.
A Espanha já se livrou do seu fantasma. Nós dificilmente nos conseguiremos livrar do nosso. Nem sequer o Sporting consegue. O vírus-Bruno consome as pessoas, os estatutos do clube, os investidores. Só a justiça encontrará vacina para este mal."

Mundial, dia 1: Guedes e Bernardo para reforçar campeões da Europa

"Há pouco mais de 24 horas, Lopetegui era o grande comandante da selecção espanhola. Agora já foi apresentado no seu Real Madrid, a Espanha está entregue a Fernando Hierro e é claro que a mudança é boa para Portugal

A abertura do Mundial correspondeu às expectativas: a Rússia, mesmo sem muito talento, estava a salvo de qualquer surpresa perante a frágil Arábia Saudita. Um ‘passeio’ que deu para uma mão cheia de golos. Muito bonitos quase todos, com destaque para o de Cheryshev, um russo ‘made in’ Espanha, ex-companheiro de Cristiano Ronaldo, formado no Real Madrid, onde não triunfou, apesar da qualidade que hoje, aos 27 anos, ainda mostra na selecção e no clube, o submarino amarelo de Villareal.
Em tributo à qualidade, no entanto, é mais justo salientar Golovin, o autor da folha seca que fechou a goleada de 5-0. Aos 22 anos, Golovin, médio do CSKA de Moscovo, foi o elemento mais destacado e deve ter visto subir muito a sua cotação, que à data de hoje está fixada em 18 milhões de euros pelo Transfermarkt. Depois deste jogo, já vale mais, certamente. Assim como a equipa da Rússia também passou a valer mais na bolsa das apostas. Está muito melhor do que quando perdeu com Portugal (0-1, golo de Ronaldo) na Taça das Confederações, faz agora um ano.
Para juízos definitivos, é aconselhável esperar por adversários capazes, o que não é o caso desta Arábia Saudita, a equipa com pior ‘ranking’ FIFA presente neste Mundial e à qual o treinador Juan António Pizzi – que como jogador passou rápida e discretamente pelo FC Porto, vindo do Barcelona, há mais de 20 anos – não conseguiu acrescentar muito desde Novembro, a data em que rendeu o compatriota Edgardo Bauza. 
Servido o aperitivo, o primeiro grande jogo chega com o Portugal-Espanha (amanhã, sexta, 19 h).
E, a propósito, veja-se como o futebol, com as suas mudanças frenéticas, nos explica o funcionamento da vida. Há pouco mais de 24 horas, Lopetegui era o grande comandante da selecção espanhola. Apuramento imaculado, Itália nas boxes, equipa renovada e a legitimar todas as aspirações. Agora, Lopetegui já foi apresentado no seu Real Madrid, a Espanha está entregue a Fernando Hierro e é claro que a mudança é boa para Portugal. Mexe nas rotinas, na estabilidade, na boa relação que havia entre treinador e jogadores da equipa espanhola. Por muito pouco que mude, Hierro mudará sempre alguma coisa. Sobretudo, reagirá de forma diferente ao jogo. Substituirá diferente, escalará uma equipa diferente (no sentido em que haverá jogadores que pensarão que com Lopetegui talvez não tivesse sido bem assim…). Tudo isso é bom para uma equipa como a de Fernando Santos, cuja espinha dorsal é formado por homens experimentados em mil batalhas.
O que não mudará em Espanha é o modelo de jogo. Por isso, sabemos que Portugal defrontará uma equipa de futebol apoiado, dura a defender, capaz de manter as linhas juntas de princípio a fim se o jogo lhe correr de feição, com muita criatividade e capacidade de circulação de bola a meio-campo. 
Portugal deve adaptar-se ao adversário. Gonçalo Guedes pode ser importante nesta aproximação à táctica adequada. Tem mais mobilidade que André Silva. Pisa outros terrenos mas também sabe aparecer na área com critério. Marcou duas vezes no último teste, contra a Argélia. Conhece o futebol espanhol. Fez uma excelente temporada em Valência, apenas cortada por uma lesão.
Se Gonçalo Guedes for o escolhido para companheiro de Cristiano Ronaldo no ataque, como é previsível, embora sem descartar a hipótese de Quaresma, talvez que isso signifique que Bruno Fernandes não sentará João Mário no banco (pois o actual João Moutinho parece fixo). Duas mexidas na chamada ‘equipa-base’ não é coisa do agrado de Fernando Santos, um resultadista experiente. Este jogo, aliás, parece aconselhar João Mário de início. O jogador do Inter promove melhor circulação e mais equipa, enquanto Bruno Fernandes se salienta no jogo directo e nos desequilíbrios individuais. 
Portugal tem todos os jogadores disponíveis e a equipa, cujas duas maiores dúvidas são as já referidas, não deve andar longe desta: Rui Patrício; Cédric, Pepe, José Fonte, Rafael Guerreiro; Bernardo Silva, João Moutinho, William Carvalho, João Mário; Gonçalo Guedes, Cristiano Ronaldo. Se for assim, só haverá duas mexidas na equipa campeã da Europa: entram Bernardo Silva e Gonçalo Guedes. Bons reforços!"

Emergência nacional

"Belisquem-se apenas para confirmar que estão acordados, que não estão a sonhar ou a ter um pesadelo... É verdade que ninguém imaginaria que em vésperas de um Portugal-Espanha, estreia das duas selecções no Campeonato do Mundo da Rússia, a agenda fosse dominada pela rescisão de quatro jogadores internacionais portugueses, por uma crise sem precedentes num dos maiores clubes nacionais e pelo despedimento do seleccionador espanhol, o nosso bem conhecido Julen Lopetegui. Mas, sim, a realidade é mesmo esta.
Fernando Santos dirá hoje o que lhe vai na alma… ou talvez não, porque a situação é tão delicada que o melhor será manter um discurso optimista, um espírito solidário e guardar o resto para um livro de memórias. Inevitavelmente, o sismo que se verificou em Alvalade (e que tem tido sucessivas réplicas) sente-se em Kratovo, por muito que os responsáveis da FPF reforcem ‘barreiras’ de protecção.
O Sporting está a colapsar. Alguém que o ajude, por favor, a poder travar esta corrida desenfreada em direcção ao abismo, que está cada vez mais próximo. Há muito que se percebeu que Bruno de Carvalho não sai, pelo que é urgente que os tribunais se pronunciem de forma clara e inequívoca sobre a legitimidade do poder para que em definitivo o clube recupere a paz e a dignidade."

O ópio de (quase) todos

"O Mundial de futebol arranca hoje na Rússia. O ópio de (quase) todos dos tempos modernos alimentará sonhos, vai fazer parar países, encher páginas de jornal e colonizar as televisões. As vitórias irão insuflar o ego colectivo, as derrotas terão o efeito de procrastinar a glória. Como sempre sucedeu e se repetirá agora.

O futebol tornou-se, durante este caminho, um poderoso instrumento político e económico. E isso transformou­-o num opiáceo, atributo que em tempos Marx concedeu à religião, devido à sua capacidade de influenciar o comportamento das sociedades. Num mundo cada vez mais global, o Mundial servirá à Rússia para robustecer o seu estatuto de potência e vender uma aura de abertura que está longe de ter correspondência na forma como Vladimir Putin exerce internamente o poder. 
Este primado da imagem é substantivamente visível no aproveitamento que as marcas fazem do Mundial. Trata­-se de um negócio de muitos milhões que rende outros tantos, ancorado muitas vezes numa exacerbação de valores nacionalistas. Os patrocinadores fazem as contas e asseguram que os seus investimentos no Mundial geram retornos generosos. Coisa bem diferente são os patrocinadores globais do torneio. Os escândalos de corrupção que envolveram o anterior presidente da FIFA, Joseph Blatter, tornaram o produto Mundial menos atractivo e as suspeitas sobre os critérios usados para escolher o país-sede do torneio, a Rússia este ano e o Qatar em 2022, adensaram as suspeitas, ao mesmo tempo que, paradoxalmente, confirmaram a relevância que os Estados dão a este desporto para a sua autopromoção.
A FIFA ainda está a recuperar desta fase de descredibilização recente e a prova de algodão será feita quando escolher o país que receberá o Mundial de 2026, sendo que a introdução do VAR na arbitragem veio mitigar as suspeitas de favorecimento de determinados clubes ou selecções.
Os adeptos, mesmo conhecedores destes meandros pouco claros, olham para o futebol no seu estado puro, 11 contra 11, com a convicção absoluta de que a vitória da sua selecção é possível, mesmo quando o adversário é teoricamente mais forte. Escapam-se-lhes as construções políticas ou os lucros chorudos que alguns têm à conta do desporto.
É essa a beleza do futebol. E simultaneamente a sua maior fraqueza."

Um Pelé no Gulag

"Hoje joga a Rússia e lembramos Eduard Streltsov. Impedido de participar no Mundial da Suécia (1958), no qual se revelaria Pelé, Streltsov viria mais tarde a ter a alcunha de ‘Pelé Russo’, dando também nome ao passe efectuado com o calcanhar que, por lá, ainda hoje se chama ‘passe Streltsov’.  
Contemporâneo do ‘Aranha Negra’, Lev Yashin, o único guarda-redes premiado com a Bola de Ouro da France Football e grande especialista em defender penáltis (mais de uma centena de penalidades defendidos… apesar de batido por Eusébio em 1966), Streltsov iniciou de forma fulgurante o seu trajecto na selecção da URSS com dois hat tricks nos dois primeiros jogos e contribuiu para a conquista do ouro nos Jogos Olímpicos de Melbourne de 1956.
Em 1958, Streltsov revelava-se como uma das figuras da selecção, mas, ao mesmo tempo, não relevava grande disponibilidade para acatar algumas das sugestões das estruturas soviéticas. Naquele tempo, seria uma questão de… tempo para que o seu comportamento fosse castigado e o momento surgiu imediatamente antes do Mundial sueco, impedindo o sonho da sua participação. Convidado por um general soviético para uma festa com outros jogadores, muitas garrafas de vodka e mulheres, foi acusado de violação (nunca provada) e a sua vida tornou-se uma sombria montanha russa de fatalidades.
Após esse episódio, enquanto a selecção soviética seguia para a Suécia (seria eliminada nos quartos-de-final pelos anfitriões), o ‘Pelé Russo’ era encaminhado para o gulag siberiano de Lesnoi, onde cumpriu pena até 1964.
Viria a resistir ao jogo da roleta russa e, depois da libertação, voltaria à selecção para ser considerado futebolista do ano entre 1967 e 1968. Esta é a memória de um grande jogador a quem foi sonegada a possibilidade de fazer parte da história dos mundiais.
E apesar de contarem agora com goleadores como Dzyuba, o ‘Pelé Russo’ acrescentaria algo à selecção. O mesmo se poderia dizer do ‘Aranha Negra’, capaz de urdir uma boa teia defensiva, talvez o sector mais frágil dos russos.
Que o jogo tenha golos e, com sorte, a magia de passes à Streltsov."

Belenenses: o clube versus a sociedade anónima desportiva

"Implementado no ano de 2013, o regime jurídico das sociedades desportivas veio estabelecer, em termos gerais, que os clubes teriam de constituir uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD) ou uma Sociedade Unipessoal por Quotas (SDUQ) para poderem participar nas competições profissionais, deixando assim de ser permitido aos clubes estarem sob o "chapéu" de pessoas colectivas sem fins lucrativos.

Este diploma, Decreto-Lei n.º10/2013, na sua essência, visava suprimir, na medida do possível, as desigualdades do ponto de vista jurídico entre os clubes, garantindo uma maior transparência na actuação dos mesmos. Assim, os clubes que constituíram SAD tinham obrigatoriamente que ter uma participação mínima de 10% do capital social da mesma, por outro lado, os clubes que constituíram SDUQ ficaram detentores integrais da quota indivisível deste tipo de sociedade. Para além desta diferença, no que diz respeito à primeira liga de futebol profissional, as SAD's tiveram que assumir um capital social mínimo de um milhão de euros, enquanto as SDUQ's um valor de duzentos e cinquenta mil euros.
Posto isto e no caso concreto da SAD do Belenenses, o fundo de investimento CodeCity Sports Management (CSM) é detentor de 51,9% do capital social, ou seja, é o dono maioritário da SAD. No momento da venda desse capital à CSM, foi elaborado um acordo parassocial que regulava as relações entre o Clube e o accionista onde ficaram estabelecidas datas para a recompra faseada desse capital social por parte do Clube.
Acontece que a CSM decidiu resolver unilateralmente esse acordo, alegando incumprimento contratual por parte do clube, e que foram cometidas uma série de infracções, nomeadamente a questão de uma dívida que o clube tinha para com a SAD mas também questões relacionadas com falta de "fairplay" como a proibição, por parte do clube, nos jogos realizados no Estádio do Restelo, da entrada na bancada dos sócios a pessoas com adereços alusivos à equipa visitante e, foi nesse sentido, a decisão do Tribunal Arbitral do Desporto ao validar a resolução unilateral do acordo.
A relação entre o Clube e a SAD nunca foi a melhor, mas depois deste episódio poderemos estar perante uma situação histórica e única no futebol português. O Presidente do Clube já veio publicamente afirmar que todos os cenários são possíveis, tais como a venda dos 10% do capital social da SAD e a criação de uma nova equipa de futebol que poderá competir já na próxima época no Campeonato de Portugal.
Por seu lado, se assim acontecer, a SAD terá que abdicar, entre outras coisas, do nome e emblema do Belenenses bem como da utilização do estádio do Restelo, segundo o jornal A Bola.
As consequências desta relação turbulenta já se fazem sentir, uma vez que foi noticiado que o Belenenses tem mesmo a participação da próxima época em risco por ter omitido a prestação de contas da época de 2016/2017, fundamentais para o cumprimento das regras da FIFA no que diz respeito ao licenciamento de clubes.
Veremos o que sucede nas próximas semanas, com certeza novas questões jurídicas surgirão nesta área e, no limite, poderá ser necessária a criação de uma nova regulamentação destas relações entre clube e SAD para travar uma possível descaracterização e falta de identidade dos clubes em Portugal."

Um Mundial com ética

"Iniciou-se o Campeonato do Mundo de Futebol 2018. Durante um mês, milhões de adeptos vestirão as cores do seu país e sonharão, legitimamente, com o almejado título. Treinadores, jogadores, dirigentes e outros técnicos procurarão superar-se em cada dia, na perspectiva de alimentar os seus sonhos e os sonhos das suas gentes. Mas mais do que o título mundial, mais do que os virtuosos jogadores e do que a espectacularidade das suas jogadas, este torneio tem em si um conjunto de outras mensagens e responsabilidades. Estamos convictos que o desporto é um excelente veículo para a transmissão e vivência da ética e dos valores que lhe estão associados e que, transportados para o quotidiano, podem produzir significativas alterações no modo como actualmente a sociedade se rege.
O caso do râguebi na África do Sul de Nelson Mandela mostrou ao Mundo o potente instrumento que o Desporto pode ser, por exemplo na união dos povos. A sua linguagem universal ultrapassa mares e oceanos, transpõe fronteiras, sobrepõem-se às diferentes culturas e religiões. Sendo este um dos eventos desportivos com mais mediatismo, impacto e espectadores, deseja o Plano Nacional de Ética no Desporto do IPDJ que o mesmo se torne num momento de elevação, de partilha e solidariedade, de humildade e respeito, de lealdade e honestidade, de fair play. É a vivência e a prática destes valores que conferem sustentabilidade à prática desportiva como uma actividade de enobrecimento humano. O Desporto em Portugal tem vivido algumas situações que em nada dignificam aquele que é o verdadeiro sentido do mesmo, atentando à sua integridade, ao seu propósito, invertendo (e pervertendo até) aquela que é a sua verdadeira essência. Que o Mundial de Futebol possa ajudar a reverter esta situação e que recorde a todos que o que é realmente importante no Desporto, um convívio saudável e prazeroso. Desejamos, naturalmente, o sucesso da nossa selecção, e desejamos igualmente que seja um Mundial de Ética e Valores!"

Nada é tão mau que não piore

"O caos que tomou conta do dia a dia do Sporting só autoriza uma certeza em forma de frase batida: o pior ainda está para vir

1 - Um comunicado da Comissão de Fiscalização a anunciar a suspensão preventiva de Bruno de Carvalho pela fresquinha, uma conferência de Imprensa da Comissão Transitória da Mesa da Assembleia Geral a contra-atacar à hora de almoço, um comunicado do presidente da Mesa da Assembleia Geral a meio da tarde, uma barragem de posts do presidente no Facebook a tempo do lanche e um ou dois telefonemas em directo para uma TV à noite. O caos é o novo normal no confrangedor dia a dia do Sporting. Tão confrangedor, de facto, que ao fim de algum tempo até a bem-intencionada tentativa de humor do Grupo Desportivo de Oliveira de Frades, que se propôs receber Rui Patrício, William, Gelson e Bruno Fernandes de braços abertos no final do Mundial, acaba por soar mais a bullying do que a piada. Foi até aqui que Bruno de Carvalho conduziu o Sporting: até ao ponto em que o clube é alvo de bullying completamente involuntário por parte de um clube que milita nos distritais. E o mais dramático, pelo menos para os adeptos leoninos, é perceber que não, isto ainda não bateu no fundo.
2 - O despedimento de Lopetegui pela Real Federação Espanhola de Futebol poupa dois milhões de euros ao Real Madrid que, assim, não tem de pagar a cláusula de rescisão prevista no contrato do ex-seleccionador. Depois ainda dizem que o crime não compensa."

Dupla vitória

"Esta semana, a Liga Portugal assinou dois importantes protocolos com duas marcas com história e fundamentais na alavancagem do futebol profissional: a Olivedesportos e a Allianz, seguradora que empresta o nome e prestígio à Taça da Liga, agora denominada Allianz Cup.
A competição que ‘ elege’ o Campeão de Inverno está a passar por franca valorização, o que acontece em menos de duas épocas, após o seu reposicionamento e alteração do modelo competitivo. A final four, que esta época (e na próxima), se disputará em Braga (22,23 e 26 de Janeiro de 2019), fez aumentar o interesse das equipas, dos adeptos, das marcas e dos meios de comunicação. O seu valor, da temporada anterior para a que termina no final deste mês, aumentou cerca de 30 por cento. Não só em termos de retorno mediático – exponencial para a competição e vital para as marcas que nela investem –, mas também pelas receitas directas e indirectas que proporcionou.
Na Liga Portugal já não há dúvida de que o ‘Campeão de Inverno’ veio para ficar. Assim também o pensam a Olivedesportos e a Allianz, que entenderam aliar-se a um momento de excelência do calendário nacional do futebol. O mesmo fez a SportTV, o novo parceiro media da prova.
Um sinal claro do processo de desenvolvimento da indústria, que ainda ontem, em assembleia geral para alterações regulamentares à Disciplina e Arbitragem, deu um forte sinal de capacidade de autorregulação, correspondendo com vários agravamentos de sanções e novas tipificação de ilícitos disciplinares. Todos queremos um futebol cada vez melhor, competições sãs e dirigismo responsável. 

PS: Amanhã estreamo-nos todos no Mundial da Rússia, frente à Espanha. Boa sorte, Portugal."

A grande festa

"Chegam todos com a finalidade primeira de competir, mas alguns, não muitos como sempre, transportam ambições mais refinadas, a de chegar ao fim como campeões.

Quando o arbitro argentino Néstor Pitana apitar hoje, pela primeira vez, no estádio Luzhniki, perante oitenta mil espectadores, dando assim início ao jogo Rússia-Arábia Saudita, a grande festa do futebol mundial vai entrar também pelas nossas casas dentro para uma longa caminhada que só terminará no próximo dia 15 de Julho.
Até lá, 32 selecções chegadas ao país dos sovietes idas de todos os cantos do mundo, vão exibir a melhor qualidade do seu futebol para assim confirmar mais uma vez que estamos perante o maior espectáculo do mundo.
Chegam todos com a finalidade primeira de competir, mas alguns, não muitos como sempre, transportam ambições mais refinadas, a de chegar ao fim como campeões para deste modo celebrarem com os seus compatriotas um feito a que poucos têm acesso.
Entre aqueles que parecem reunir maiores condições para ultrapassarem todas as dificuldades e chegarem à final posicionam-se sobretudo quatro: a Alemanha, campeã em título, Brasil, Espanha, Argentina . Mas há outros, como a França, por exemplo, que também não desdenham vir a ocupar o primeiro lugar do pódio.
Portugal poderá não estar no lote dos favoritos, mas apresenta-se amanhã, em Soschi, como um sério candidato.
E o primeiro embate, com a Espanha, vai permitir fazer uma avaliação mais correcta de quais as suas verdadeiras possibilidades.
Desse jogo ibérico que está a suscitar tanta expectativa cuidaremos mais tarde.
Para já, importa festejar o grande acontecimento que hoje abre portas para a sua 21ª edição que vai decorrer em 12 estádios da Rússia.
Como acontece ciclicamente, os responsáveis pela federação russa anunciam o melhor mundial de sempre.
Oxalá tenhamos todos a possibilidade de acompanhar a par e passo o maior acontecimento desportivo do ano."

No final, quem ganha é Putin

"Sujeita a sanções internacionais e à hostilidade de uns, mas admirada por países como Itália ou Áustria, a Rússia de Putin mostra não estar isolada e arrisca-se a ser ela a principal vencedora deste campeonato.

O Mundial de futebol que esta quinta-feira se inicia na Rússia tem duas conjunturas bem distintas. É improvável que a selecção russa tenha sucesso na prova, porque a sua trajectória mais recente não a coloca entre as favoritas a uma vitória na final e porque é a mais mal classificada entre todas as participantes na tabela da FIFA. Mas, num país onde o hóquei em gelo até é mais popular do que o futebol, a organização deste campeonato do mundo é mais importante para a Rússia pelo que pode representar em termos políticos e ideológicos, internamente, mas também externamente, do que por qualquer resultado desportivo. Sobre isso, não restarão dúvidas. Nos quatro anos que passaram desde a realização dos Jogos Olímpicos de Inverno, as relações entre o país e o Ocidente degradaram-se até chegarem a um ponto de não retorno. E não foi por causa do escândalo de doping que esteve na origem da decisão do Comité Olímpico de expulsar a Rússia dos próximos jogos. Não, o desporto é secundário.
O putinismo espalhou-se como um fungo e exorbitou os seus limites. Nesse compasso de tempo, a Rússia anexou a Crimeia; interferiu ironicamente a favor de um candidato republicano nas eleições presidenciais norte-americanas e tentou fazer o mesmo em outras eleições na Europa; tentou assassinar ex-espiões em Inglaterra no melhor estilo OO7 – Ordem para Matar; assumiu um papel preponderante no atoleiro sírio em defesa de Bashar al-Assad e por aí fora.
Um organismo consultivo do governo norte-americano, o National Inteligence Council fez uma previsão em 2008, segundo a qual a hegemonia dos EUA iria durar duas décadas, uma vez que se iria assistir à ascensão política e militar de três países: Rússia, China e Índia. Só o primeiro dos três entrará em campo neste mundial. E só as associações de defesa dos direitos humanos continuarão a falar dos seus atropelos (da perseguição aos opositores de Putin ou dos homossexuais, num tique tipicamente taliban) e das incongruências de uma FIFA, minada pela corrupção interna, capaz de condenar o racismo e de, ao mesmo tempo, contemporizar com o regime russo.
Sujeita a sanções internacionais e à hostilidade de uns, mas admirada por países como Itália ou Áustria, a Rússia de Putin mostra não estar isolada e arrisca-se a ser ela a principal vencedora deste campeonato.
E no final, desta vez, talvez não ganhe a Alemanha, como diria Gary Lineker."

O Mundial de todas as provas

"Em plena campanha para o Mundial, encontram-se reunidas todas as condições para testar as capacidades psico-emocionais da nossa Selecção... isto porque, naturalmente, as competências desportivas ficaram mais do que comprovadas com o apuramento para esta fase final.
Competições como um Campeonato da Europa ou Campeonato do Mundo, partilham de um conjunto de factores de potencial stress que, outro tipo de competições não possui.
Este tipo de factores, decorrente da gestão por parte do Seleccionador e da sua equipa técnica), poderão resultar numa alavanca para performances de excelência ou, quando não “acautelados”, numa rampa para o “caos”.
Vejamos alguns exemplos:
- Frequência e sensação de “oportunidade a não perder” – tratando-se de provas cujo, “palco final” ocorre de 4 em 4 anos, esta etapa da competição configura-se como o cenário ideal para que se observem fenómenos de natureza emocional de forma extremada – seja pela exibição de desempenhos de excelência, seja pela exibição de performances caóticas – uma vez que, nova oportunidade só surgirá (se surgir) daí a 4 anos;
- Desejabilidade – espera-se que, neste tipo de palcos, se observe o “topo da elite” de cada nação: fazer parte desta “família” é algo naturalmente desejado, seja por uma questão de prestígio (com natural repercussão em termos de contratos) ou de propósito pessoal – por esta razão, muitas vezes os atletas aumentam os níveis de pressão interna (híper-exigência) que podem, por si só, boicotar um bom desempenho;
- Registo de isolamento Vs. proximidade – ainda que as estruturas que suportam os atletas e restante staff, tenham já claras preocupações no que respeita a diminuir este tipo de circunstância (permitindo, por exemplo, que pontualmente, os atletas possam estar com as suas famílias), o facto é que terão que permanecer , por um período mais prolongado, em contexto de maior isolamento (familiar) e de maior proximidade com colegas cujo estilo de vida (ex: adormecer mais tarde), pode claramente perturbar a natural rotina de descanso dos atletas;
- Timimg da Competição – tradicionalmente, este tipo de competição ocorre num período da época onde, pelo estatuto que os atletas têm, de certeza realizaram um elevadíssimo número de jogos pelos seus clubes, razão pela qual é expectável que venham com sinais de cansaço e fadiga física e psico-emocional que devem ser alvo de intervenção, no sentido de diminuir o seu impacto na performance dos mesmos.
- Staff e Família – curiosamente este é um tema pouco abordado mas, indicam-nos os estudos que, muito frequentemente, a própria estrutura que acompanha os atletas (treinadores, equipas médicas e outras equipas de suporte) e as suas famílias, acabam por se comportar como importante factor de stress na vida dos atletas. Este, não é um facto que se “estranhe”, na medida em que sendo igualmente “pessoas” e tendo a sua própria “performance” associada a criação das condições ideias para que os atletas possam evidenciar o seu maior valor, também elas são terreno fértil para a manifestação (ocasional ou sistemática) de fenómenos de natureza ansiogénica que, naturalmente, impactarão os atletas (nem que seja por contaminação).
A este cenário, e dada a (lamentável) conjectura actual, poderíamos ainda acrescentar:
- O cenário de insegurança internacional, resultante de actividade terrorista que, tendencialmente, escolhe grandes palcos para afirmar a sua “presença” e poder – existindo já, claríssimas ameaças no que respeita a este mundial;
- O cenário interno da nossa selecção, onde um conjunto de atletas foi vítima de uma violenta agressão nas instalações do próprio clube, com todas as decorrências e compromissos de performance e qualidade de vida que poderão, a curtíssimo, médio ou longo prazo, resultar daí.
Naturalmente que, toda a estrutura que suporta a Selecção, também ela se encontra devidamente creditada para ultrapassar todo o tipo de possíveis dificuldades que possam surgir – em boa verdade, o sucesso no último Campeonato da Europa não pode ser atribuído meramente aos atletas.
De facto, desempenhos desportivos de excelência dificilmente serão alcançados se, toda a estrutura de suporte (dirigentes, equipa técnica, médica, fisiologistas, cozinheiros, técnicos de equipamento, entre tantos outros) não estiver, ela própria, comprometida com a “entrega” de um desempenho de excelência (top performance) e, apesar de quase “invisíveis” para o grande público, a sua “marca” está claramente na última conquista.
Neste enquadramento, se quiséssemos enunciar algumas estratégias de sucesso, poderíamos enunciar (de um lote infindável que, naturalmente, deve ser equacionado de acordo com as necessidades específicas identificadas), a título de exemplo:
- Criação de um enquadramento e setting, onde Equipa Técnica e Atletas possam estar focados apenas no que controlam => os comportamentos que precisam exibir para aumentar a taxa de sucesso;
- Criação de um contexto onde a participação, compromisso e envolvimento positivo de todos os (infelizmente) “invisíveis” (mas determinantes para a reunião de condições necessárias para o sucesso) possa ser reconhecido (existem variadíssimas formas – dependerá do propósito);
- Ajudar Atletas (e, idealmente, restante comitiva) a criar uma “rede de suporte” que, na sua ausência (por se encontrarem deslocados no estrangeiro), serão a primeira linha de apoio às suas famílias e ente-queridos (aumentar a sua percepção de controlo sob a protecção que conseguem prover às famílias, diminuindo a sensação de poderem estar “em falta”);
- Fazer um levantamento de todos os possíveis cenários de crise (situações que possam comprometer o desempenho do Atleta ou da Equipa), dos mais prováveis aos mais improváveis, criando linhas de resposta rápida, que permitam ao Atleta/Equipa voltar rapidamente ao seu normal funcionamento;
- Discutir e implementar rotinas que potenciem a qualidade do sono, o descanso, a recuperação física e energética/emocional após cada jogo, por forma a que os Atletas as integrem no dia a dia e se possam apresentar no seu “ponto óptimo” no momento a seguir;
- Em caso de fragilidade emocional (caso se observem episódios desta natureza), ajudar a pessoa em questão a: 1) se motivo for externo, encontrar algum interlocutor da sua confiança que possa, mediamente instruções previamente acordadas, actuar por si e 2) ajudar a encontrar objectivos a curto prazo (encadeados de forma sucedânea), focados na tarefa imediata e na importância do seu papel na missão do grupo, por forma a desenvolver um foco no “aqui e agora”, centrado no compromisso (afecto positivo) com a “sua tribo” (equipa).
Por último, e não menos importante (certamente, já sob atenção de todo o departamento médico da Selecção), como já discutido num artigo da Tribuna Expresso, dada a natureza do episódio de Alcochete poder ser um factor determinante na instalação de quadros de ansiedade aguda, ter uma especial atenção a pequenos indicadores que possam indiciar precocemente este tipo de risco para, de forma atempada, prover o suporte necessário às pessoas em questão (que poderão, ter vivenciado ou não o evento – uma característica pouco conhecida mas documentada cientificamente, neste tipo de eventos)."

O futuro do VAR

"A dúvida entre discorrermos sobre o "futuro do VAR" ou sobre o que será o "VAR no futuro" serve apenas para introduzir um tema que vai, certamente, suscitar enorme controvérsia nos próximos 32 dias, ou seja, durante o Campeonato do Mundo de Futebol que se disputa na Rússia.
Introduzido na época 1917/18 em Portugal e em mais alguns países – com grande coragem, assinale-se, mas também correndo riscos porque muito pouco testado em fase experimental, no futebol –, tem de reconhecer-se que os seus responsáveis têm razões para se sentirem satisfeitos com os resultados obtidos, pesem embora os erros que naturalmente aconteceram.
De facto, na I Liga – dados recolhidos da imprensa –, foram avaliados 1869 lances (média de seis por jogo), mas em apenas 100 foi pedido ao Árbitro que alterasse a sua decisão, o que aconteceu em 76 casos; em síntese, foram 76 os erros evitados, o que terá contribuído para que fosse reposta a verdade desportiva; e mais teriam acontecido se as limitações impostas pelo protocolo – apenas quatro situações de jogo – não fossem tão redutoras da intervenção do VAR.
Que fazer, então, para melhorar a situação?
No plano do Árbitro, em caso de dúvida devem consultar sempre as imagens, assumido a responsabilidade pelas suas decisões com total conhecimento de causa.
No plano do VAR, ser aumentado o número de situações em que pode intervir, designadamente nos contactos dentro da área na sequência de bola parada; dispor de uma linha de fora de jogo visível que lhe permita avaliar com rigor, eliminando de vez a subjectiva; e ter acesso à tecnologia da linha de golo, já utilizada nalguns países.
As comunicações entre o Árbitro e o VAR devem ser audíveis no imediato, pelos comentadores e pelo público, criando mais transparência nas decisões; e as paragens do cronómetro devem também ser explicadas, de forma gestual codificada.
Entendemos ainda que é de encarar a utilização, como VAR, de antigos árbitros que tenham atingido categoria superior, podendo fazê-lo até aos 55 ou 60 anos; libertariam assim os actuais juízes para actuarem no terreno, podendo ter, todos os meses, uma ou duas actuações junto das equipas de VAR para sua actualização.
Preconizamos também que comece a ser testada a atribuição às mesas de VAR de funções de registo de infracções (como simulações, sucessão de faltas pelo mesmo jogador, hipotéticas lesões a provocar interrupções, acontecimentos fora do campo de visão do trio de arbitragem, e outras) ainda que só para alertar o árbitro principal, sem necessidade de interrupção.
Chegámos ao Mundial 2018 e, ao contrário da UEFA que continua relutante, a FIFA assumiu a adopção plena do VAR na competição mais importante a nível mundial, com meios superiores aos utilizados nas competições internas.
Oxalá corra tudo dentro da mais absoluta normalidade, mas podemos desde já antecipar que nada voltará a ser como dantes, não só em relação ao vídeo-árbitro como a outras tecnologias ainda em fase de estudo."

Nadal

"Rafael Nadal venceu pela 11.ª vez Roland Garros, depois de derrotar Dominic Thiem. Nadal tem 17 Grand Slam, somente é ultrapassado por Roger Federer que tem 20, todavia é mais novo e pode sonhar alcançar Federer. Federer a propósito desta vitória afirmou que: "com Nadal só cabem superlativos e vencer 11 torneios é algo quase impensável; é das coisas mais incríveis que existem". 
Nadal é mesmo o rei da terra batida, mas noutros pisos tem mais dificuldade de impor o seu jogo. Em relva Federer é imperial. Nadal em Wimbledon será difícil, mas no US Open pode ter as suas possibilidades e vencer novo Grand Slam.
Esta vitória permite-lhe passar ao clube dos 100 milhões de dólares, ao vencer Roland Garros recebeu 2.200.000 dólares que lhe permite superar 100 milhões: Nadal com 100.251.598 dólares, Roger Federer (116.222.182) e Novak Djokovic (110.854.762).
A nível desportivo mantem-se n.º 1 no circuito ATP.
Federer seu eterno rival vai disputar o torneio de Stuttgart (ATP 250), tendo a possibilidade de voltar a ser n.º1, destronando Nadal. Se conseguir chegar à final soma 150 pontos, suficiente para passar Nadal que tem, apenas, mais 100 pontos.
O circuito ATP tem uma característica muito sui generis, os jogadores somam pontos, mas também os têm que defender.
Rafael Nadal teve que defender com galhardia e valentia o seu lugar de n.º 1 ATP, defendeu 4.680 pontos e foram esses, exactamente os que somou nos cinco torneios disputados.
Federer não defende nenhum ponto em Stuttgart, porque o ano passado foi eliminado prematuramente, por Tommy Haas.
Nadal está há 177 semanas à frente do circuito ATP e é o sexto na classificação histórica, à frente de John McEnroe, e atrás de Roger Federer (309), Pete Sampras (286), Ivan Lendl (270), Jimmy Connors (268) e Novak Djokovic (223).
Nadal saiu-se muito bem, foi categórico e omnipresente só cedeu em Madrid nos quartos-de-final contra Dominic Thiem, mas vingou-se em Paris.
Agora, a pressão passa para o lado de Federer tem que fazer pela vida na relva, que não é o piso preferido de Nadal. Federer defende 500 pontos em Halle que ganhou o ano passado e defende 2000 pontos em Wimbledon. Tudo que não seja vencer perde pontos
Se Federer não tiver os mesmos resultados do ano passado Nadal vai continuar n. º1 até ao US Open e aí será o tira-teimas com o seu rival de sempre Federer. Federer vai fazer 37 anos no dia 8 de Agosto, mas Nadal que festejou recentemente 32 anos, dia 3 de Junho tem menos cinco anos e isso pode ajudar a aproximar-se de Federer.
Estarei atento no inicio de Julho ao torneio de Wimbledon, em que aprecio os equipamentos todos de branco dos jogadores, norma da organização.

Nota: Boa sorte para Portugal para o jogo com Espanha na 6.ºfeira e parabéns a Fernando Pimenta, por mais uma medalha de ouro (a terceira) em K1 1.000 nos Europeus."

Sporting. Pior é impossível

"Ouve-se, lê-se e não se acredita. O pesadelo sportinguista não tem fim e, a cada dia que passa, a novela piora.

Entre suspensões preventivas da direcção, rescisões com justa causa, providências cautelares, conselhos fiscalizadores, assembleias-gerais, núcleos de sportinguistas espalhados pelo país a serem confrontados com mensagens antagónicas, adeptos detidos acusados de terrorismo, tudo condimentos para um fim trágico.
Sabendo-se que o futebol deixa a racionalidade de lado, quem pode garantir que não haverá confrontos físicos entre os adeptos que estão nos dois lados da barricada aquando da realização da próxima reunião – que ninguém sabe bem qual vai ser – ou na eventualidade de Bruno de Carvalho ser impedido de entrar em Alvalade? No meio desta tragicomédia começo a ter pena de Bruno de Carvalho, que dispara em todas as direcções para defender a sua dama, não percebendo que se há três meses pediu uma maioria esmagadora para continuar no lugar, depois dos macabros acontecimentos de Alcochete – onde proferiu declarações deploráveis, dizendo para se habituarem à violência – só tinha uma hipótese: demitir-se e ir a eleições para saber de que lado está a maioria dos sócios. Não o fazendo, Bruno de Carvalho empurrou o clube para uma guerra judicial que, como disse, tem tudo para acabar mal.
Ontem, o polémico presidente, ou será ex-presidente?, não compareceu na conferência de imprensa da comissão transitória – calculo que 99% dos sócios e aqueles que seguem esta novela tenham de ir tirar um curso apressado de Direito, tal a confusão de comissões –, não havendo por isso notícias de polícias a impedi-lo de entrar nas instalações do clube. Mas como será hoje?

P. S. Bruno de Carvalho sempre foi muito zeloso da concorrência e impedia os treinadores que despedia de irem treinar os rivais. Por que razão preferiu acordar com Jorge Jesus que este não falará nos próximos anos do que sabe e do que viveu no clube, dando-lhe, por outro lado, a hipótese de assinar pelo Benfica ou pelo FC Porto?"

Ajudem Bruno de Carvalho!

"Os membros da direcção do Sporting que ainda continuam em funções pensam estar a prestar um grande serviço a Bruno de Carvalho. Mas estão a prestar-lhe um péssimo serviço. Que pode arruinar a vida futura do presidente e as deles próprios.

uma coisa nas empresas que se chama ‘gestão danosa’. E o que significa? Significa o administrador de uma empresa, intencionalmente ou por negligência, prejudicar os interesses (designadamente económicos) da empresa. Ora, há já razões de sobra para considerar que Bruno de Carvalho prejudicou gravemente os interesses do Sporting.
Basta pensar nas rescisões dos jogadores. Para começar, Bruno de Carvalho cometeu um erro grave ao fazer abortar a venda de Rui Patrício com uma exigência de última hora. Se Patrício fosse vendido, seria mais difícil os outros jogadores alegarem ‘justa causa’ para as rescisões. Mas, empurrando Patrício para a rescisão, Bruno de Carvalho abriu essa porta aos outros.
Portanto, logo aqui Bruno de Carvalho prejudicou gravemente o clube. Quanto renderiam Patrício, Gelson, Podence, Bas Dost, William, Bruno Fernandes e os que seguirão se fossem vendidos?
Mas há mais.
Não só Bruno de Carvalho facilitou a rescisão por justa causa destes jogadores como é o maior responsável pela saída deles do clube. De facto, todos eles alegam como motivo decisivo para a sua saída a incompatibilidade com Bruno de Carvalho. E alguns até disseram que não sairiam se ele saísse primeiro.
Mas ainda há mais.
O juiz do Barreiro que determinou a prisão preventiva do ex-líder da Juventude Leonina, Fernando Mendes, disse, preto no branco, que Bruno de Carvalho, com a hostilidade que mostrou em relação aos jogadores, ajudou a criar o ambiente que levou à invasão de Alcochete. E quanto custou a invasão de Alcochete em termos de desprestígio e desvalorização do clube?
Assim, o actual presidente do Sporting e os seus colegas correm o seríssimo risco de virem a ser acusados de gestão danosa. E se isso acontecer ficam com a vida estragada – pois podem ser responsabilizados por perdas de centenas de milhões de euros por parte do Sporting.
Os colegas de direcção de Bruno de Carvalho deviam, pois, tê-lo convencido a demitir-se. E não o conseguindo demover, deviam ter-se demitido eles, para forçarem a queda da direcção e livrarem o presidente (e se livrarem a si próprios) de mais responsabilidades.
Todos eles estão metidos num imbróglio gravíssimo. Que vão ser indiciados por gestão danosa, isso já é claro. E há fortíssimas hipóteses de virem mesmo a ser acusados e eventualmente condenados. Ora, não tendo nenhum deles dinheiro para assumir essas gigantescas responsabilidades, o que acontecerá? Fogem para o estrangeiro? Vão presos?
Por cada dia que passa, Bruno de Carvalho fica mais enterrado. Se os seus colegas de direcção são amigos dele, façam cair a direcção o mais rapidamente possível."

Sporting: todas as boas decisões que possam ser tomadas já chegarão tarde

"Futuro próximo está já fortemente comprometido.

Rui Patrício, Daniel Podence, William Carvalho, Gelson Martins, Bruno Fernandes e Bas Dost rescindiram contrato com o Sporting.
De acordo com as cartas de rescisão enviadas e que vieram a público, os jogadores responsabilizam pelo menos indirectamente Bruno de Carvalho pelas agressões de Alcochete. As suas intervenções teriam inflamado o ambiente a tal ponto que a violência se tornou inevitável. Se o presidente leonino atira para os futebolistas a culpa primária das agressões de que foram alvo, o juiz do processo dos incidentes na Academia reconhece que o presidente «potenciou clima de animosidade».
As causas apresentadas não param por aqui. Os seis jogadores falam em «assédio» e apontam vários momentos durante a última época em que Bruno de Carvalho passou os limites.
Recapitulando, os factos são estes: 
Seis rescisões, entre as quais as de jogadores nucleares do clube;
Erros vários, recorrentes e, no mínimo, negligentes de Bruno de Carvalho na relação com os jogadores do plantel;
Divórcio total entre os jogadores e o presidente, e não com o clube. Apesar de não assumido publicamente, nunca foi desmentido e parece relativamente transparente que, em caso de abandono do presidente, as rescisões poderiam ser anuladas.
Entretanto, o Sporting dividiu-se.
Bruno de Carvalho não se demite, apesar de parecer perder força a cada rescisão;
Já Jaime Marta Soares, incrivelmente, não consegue ganhar força a cada carta para, juridicamente, fazer valer a ideia de uma Assembleia Geral que destitua o actual presidente;
Até aqui o Sporting merecia melhor.
Para quem assiste do lado de fora a esta verdadeira guerra civil, que ameaça prosseguir meses e meses a fio nos tribunais e que está a destruir por dentro o próprio clube, há uma ideia que prevalece: tenha ou não razão, há muito que Bruno de Carvalho ultrapassou o ponto de não retorno. O bem-maior é, há muito, estancar a sangria.
Tenha ou não razão, as rescisões, e acrescento aqui que o facto de serem pelo menos seis e não uma única dá-lhes ainda mais força, tornaram a demissão a única saída possível, algo que o dirigente e quem o acompanha com incompreensível cumplicidade se recusam a fazer.
A gestão de Bruno de Carvalho é já uma gestão danosa. O futuro, sobretudo a curto prazo, está seriamente comprometido.
Todas as boas decisões que ainda possam ser tomadas já chegarão tarde de mais."

Benfiquismo (DCCCLVIII)

Intercontinental...

Mundial na BTV

Pelé e Eusébio numa música russa

"Não passa um único dia, nos últimos meses, sem a comunicação social russa escrever sobre o Mundial de futebol, a realizar-se no país pela primeira vez na sua história.
O evento provoca uma grande emoção entre os adeptos e a população russa em geral, que aguarda com impaciência o início da prova.
Lembre-se que o futebol na Rússia é uma das modalidades desportivas mais populares, com o número de futebolistas, oficialmente registados, a rondar dois milhões.
O número de clubes excede 40 mil, e os adeptos são, à escala nacional, principalmente homens, uma vez que as mulheres russas não mostram grande interesse no futebol.
Foi no fim do século XIX, mais precisamente em 1897, que se realizou em São Petersburgo, então capital do país, o primeiro jogo oficial entre duas equipas locais. A primeira estrutura de futebol, a União Russa de Futebol, foi criada em 1912.
A figura do futebol russo mais venerada, por adeptos russos e não só, é o guarda-redes Lev Yashin, famosa "Aranha Negra" do Dínamo de Moscovo, cujo nome foi atribuído pela FIFA ao prémio do melhor guarda-redes nos mundiais. O Troféu Lev Yashin transformou-se mais tarde, a partir de 2010, em Luva de Ouro.
O clube do Lev Yashin (Dínamo de Moscovo), junto com Spartak, CSKA e Lokomotiv, também da actual capital russa, bem como o Zenit de São Petersburgo, continuam os mais populares na Rússia. Noutras cidades grandes, com população, regra geral, de mais de um milhão, existem equipas que gozam de apoio dos adeptos locais. Movimentações de adeptos no dia de jogo e a questão de gerir as multidões no estádio causam, esporadicamente, dores de cabeça à administração de clubes e polícia. 
Adeptos e técnicos russos, sem dúvida, têm grande respeito pelo futebol português, o que foi provado pela presença de internacionais lusos em vários clubes da Rússia. Porém, o primeiro contacto directo com o futebol português remonta aos anos 60 do século passado. Foi no Mundial de Inglaterra, em 1966, que os russos, graças ao futebol, conheceram em massa, através de televisão, Portugal e a "Pantera Negra" da equipa lusa, Eusébio. Apesar de já terem conhecido, e muito bem, outros falantes da língua de Camões tais como Garrincha, Pelé, Gérson, Jairzinho e demais heróis do futebol brasileiro.
Não admira que uma canção popular russa escrita em 1968 e dedicada a futebol tenha a letra: "Vimos Pelé e Garrincha / Encontrámo-nos com o Eusébio em pessoa / O futebol não foi fácil / Vamos deixar traumas atrás / À frente vamos marcar o golo decisivo!"
Adeptos russos aguardam com uma enorme expectativa o Campeonato do Mundo na Rússia, uma oportunidade única de ver elites da modalidade todas juntas, e mantêm, naturalmente, a esperança que a equipa nacional conquiste mais vitórias a jogar no seu país."

A melhor defesa volta a ser o ataque?

"Aproveitemos que está aí o último Mundial normal, jogado na época certa e com um número razoável de selecções. O próximo há–de ser no nosso Inverno, algures entre Novembro e Dezembro de 2022, para que se aguente o calor do Qatar, e o seguinte organizado por três países – Estados Unidos, Canadá e México – para umas absurdas 48 selecções. Este que agora começa, na Rússia, é pois o último no género a que nos habituámos, do mês dos Santos ao número de jogos, das mascotes à colecção de cromos. (Que tamanho terá, já agora, a caderneta de 2026?)
É hora de aproveitar e também de assumir previsões. Tinha a Espanha como principal candidata, tenho-a agora como candidata apenas. Não que Lopetegui seja um génio irrepetível mas a mudança de comando em cima da hora fará sempre mossa e Hierro não tem experiência como treinador. Dir-me-ão que num Mundial é mais determinante liderar que treinar, o que é parcialmente verdade, mas na hora da verdade é sempre a táctica – em sentido lato, que agrupa modelo, estratégia, até astúcia – que faz a diferença. Por isso, Espanha favorita, sim, mas não mais que Alemanha, Brasil e Argentina, com jogadores de qualidade e técnicos de competência provada, o que entre brasileiros e argentinos até é novidade na comparação com as mais recentes provas do género. Sampaoli e Tite garantem uma competência de comando técnico que nenhum dos países apresentou na última década, enquanto se Low mantém a longevidade numa liderança eficaz da Alemanha, mesmo com esse crime de lesa-adepto que foi a exclusão de Leroy Sané. Além dessas quatro, só a França, muito pela força disponível no ataque, merece o rótulo de candidata efectiva.
Portugal – já lá vamos – surge no grupo seguinte, o que não é mau, acompanhado de Inglaterra, Bélgica, Croácia e Uruguai. São os que correm por fora, num lote de dez equipas melhores que as demais, no pleno teórico. Nenhuma tem a fiabilidade colectiva das colocadas na primeira linha mas qualquer delas pode crescer com a prova sem que se lhes possa colocar limite, até por terem desses craques indiscutíveis, dos que podem mudar a história de um jogo, quiçá de vários: Cristiano Ronaldo e Bernardo Silva como Sterling e Harry Kane, De Bruyne e Hazard, Modric e Rakitic, Suarez e Cavani. Há outras selecções de qualidade mas em relação às quais parece mais fácil antever um tecto, algures entre os oitavos e os quartos de final, sejam a Dinamarca ou a Suiça, o México ou a Suécia, a Polónia ou a Colômbia. E a Rússia também, essencialmente por jogar em casa. Nas demais, tenho expectativa para ver se é desta que a Sérvia apresenta finalmente um colectivo que lhes agrupe os inúmeros talentos disponíveis (das excelentes gerações jovens que tem produzido), se o Senegal e Marrocos se confirmam como as melhores equipas de África no momento (e não apenas as que têm melhores jogadores), se a Nigéria se supera agora que lhe falta uma verdadeira vedeta, se Carlos Queiroz faz do Irão renovado um conjunto capaz de surpreender, se o Peru pode ser mais que o regresso nostálgico das suas camisolas listadas.
Quanto a Portugal, tem para resolver uma espécie de dilema táctico, seja pelo perfil dos adversários ou por características próprias. Ao contrário do Europeu, em que os opositores da primeira fase surgiam com ordem de grandeza idêntica (Islândia, Áustria, Hungria), aparece agora um colosso a abrir (a Espanha, como a Alemanha em 2014) seguido de rivais tidos (perigosamente) como acessíveis. Ou seja, se o primeiro jogo tende a forçar um jogo em que o processo defensivo será particularmente testado – sublinho processo defensivo, não defesa, que defender compete a todos – nos outros dois que o calendário já garante é forçoso que haja mais iniciativa, mais risco (mesmo admitindo um resultado positivo ante a Espanha). Em resumo, é preciso respeitar o modelo de jogo mas encontrar estratégias bem diversas. Depois, o perfil dos convocados de Fernando Santos reforça outra dúvida: sabendo-se que treinador de Portugal pretende, sobretudo em provas curtas como estas, começar por garantir segurança defensiva, é ineludível que a força aumentada desta equipa (mesmo em relação ao Europeu) está na multiplicação de soluções de ataque. Isto é, uma equipa que agora tem tanta gente capaz de criar, improvisar, alterar ritmos, inventar soluções - Ronaldo e Guedes, Bernardo e Bruno Fernandes, mais André Silva, João Mário, Gelson e Quaresma – só poderá pensar em jogar mais tempo no meio campo contrário, em assumir o controlo. No Euro, o melhor ataque foi a defesa, agora os jogadores quase reclamam uma inversão dessa lógica e dar corda à velha máxima de a melhor defesa é o ataque. Num compromisso entre ambos estará porventura o caminho certo. Cabe a Fernando Santos e aos que o acompanham juntar o melhor de dois mundos. E é do mundo que se trata agora, conquistada que foi a Europa."

Jogamos todos!

O pior é sempre possível

"Quando devia estar a tratar da preparação da nova época num clima de tranquilidade, o Sporting vive dias complicados e, não obstante o Conselho Directivo ter dado pistas sobre a composição do plantel para 2018/19, em nova fuga em frente no sentido de tentar passar uma imagem de normalidade, a realidade está longe de ser essa. O futuro do leão parece apontar mais na direcção de uma batalha jurídica do que de um ataque certeiro ao mercado. Ainda sem treinador e depois de perder vários jogadores nucleares, vivem-se dias de incerteza e muito penalizadores para uma instituição que merece ser respeitada.
Infelizmente, na perspectiva dos sportinguistas e até do desporto português em geral, isso não está a acontecer. Chegados ao ponto em que nem Bruno de Carvalho sai, nem a Mesa da Assembleia-Geral abdica da intenção de o mandar embora, as cenas dos próximos capítulos remetem-nos para a justiça. Parece inevitável. Mas convém não resumir tudo isto à batalha jurídica pela cadeira do poder.
Os últimos meses dizem-nos que, no Sporting, cada dia pode ser pior do que o outro, mesmo quando o limite da vergonha, ou da falta dela, parece ter atingido o ponto de saturação. Com a temperatura da discussão a rebentar termómetros, é necessário que os dirigentes tratem, rapidamente, de colocar algum gelo na argumentação, sob pena de a desorientação sair dos gabinetes e cair na rua. Se a generalidade dos seguidores do leão é ordeira e pacífica, o mesmo não se aplica às franjas que se movimentam junto das claques, por exemplo. Os acontecimentos de Alcochete provam que todo o cuidado é pouco e, com duas assembleias-gerais à porta, o melhor é prevenir. Portanto, nesta altura, mais do que providências cautelares, exige-se é cautela e bom senso em Alvalade."

Circus Lagartus - XXVI episódio