Últimas indefectivações

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Relatório & Contras

Esta noite na Benfica TV, fez-se uma analise muito lúcida do jogo em Vila do Conde e de toda a época 2011/2012... Ricardo Soares, João Queiroz, António Pires Vicente e Afonso de Melo... durante muitas jornadas neste espaço, principalmente por iniciativa do Afonso, criticou-se opções do treinador e da Direcção, criticou-se por vezes a atitude dos jogadores e da equipa, mas esta noite apontou-se a mira para a verdadeira Causa da farsa competitiva nacional... Aconselho a todos...

O chão que pisamos

"Um Campeonato Nacional, três apuramentos para a Liga dos Campeões, uma meia-final e dois quartos de final europeus, três Taças da Liga, 120 milhões de euros em vendas de jogadores, um título de Juvenis e um título de Iniciados, em Futebol; uma UEFA Cup, uma Taça de Portugal e duas Supertaças de Futsal, uma Taça CERS, uma Taça Continental, uma Taça de Portugal e uma Supertaça em Hóquei em Patins; um Campeonato, uma Taça da Liga, duas Supertaças, uma Taça Compal e um Torneio dos Campeões em Basquetebol; uma Taça de Portugal uma Taça da Liga e uma final europeia em Andebol; duas Taças de Portugal e uma Supertaça de Voleibol; dois Campeonatos de Atletismo; um Campeonato de Judo, vários triunfos no Futsal e no Râguebi femininos, entre muitas outras vitórias nas mais diversas modalidades e categorias.
Estes são alguns dados relativos ao último triénio do nosso Clube, e carecem de actualização com o que falta disputar da corrente época, na qual mantemos ainda múltiplas aspirações - designadamente nas modalidades extra-Futebol.
Para quem se queixa dos resultados recentes do Benfica bastará contrastar estes números - reafirmo, apenas relativos aos últimos três anos - com toda a década compreendida entre 1994 e 2003, para perceber cabalmente a nossa realidade actual. E falo apenas de resultados desportivos.

Comparação injusta
Quando analisamos o momento do Benfica, não podemos perder a perspectiva histórica. A memória por vezes é curta, e esconde atrás de si um caminho percorrido, um ponto de partida, e um passado esquecido. Ao ignorar tudo o que não corresponda ao imediatismo reinante, esse esquecimento emperra-nos a lucidez, tolhe-nos o pensamento, afunda-nos a serenidade.
O Benfica dos anos sessenta engrandece a nossa história, mas não é o termo exacto para uma comparação com a actualidade. O Mundo mudou demasiado, o Desporto português também, e hoje temos uma concorrência muitíssimo mais forte (dentro e fora dos campos, por cima e por baixo das mesas) do que a da altura - resumida, então, a um esforçado mas subalterno Sporting, que ainda anda por aí. Com ódio, com corrupção, mas também com determinação e alguma competência, fizeram-nos frente. Inquietaram-nos. De cabeça perdida, demos voltas e reviravoltas, cometemos erros, navegámos em equívocos e em ilusões, andámos para trás, batemos nas paredes. Chegámos ao grau zero da ambição e da esperança. Andámos fora da Europa, e até fora da lei. Recuperámos a identidade perdida, e estamos a caminho do futuro. Ninguém nos pode ainda exigir o céu, mas voltámos a voar bem alto.
Quem de nós não gostaria de ter ganho ainda mais? Quem de nós se satisfaz com o 'bom', existindo o 'óptimo' logo ali à frente? É próprio da natureza do adepto apaixonado, que quer sempre este mundo e o outro. No Desporto, que é um brinquedo de emoções, é legítimo pedir, querer, exigir. Até mesmo protestar. Mas se pararmos para reflectir, veremos a luz de um imenso brilho, que ilumina todo um caminho percorrido.

Muito mais perto da glória
De facto, o Benfica de hoje voltou a orgulhar-nos, e a arrebatar-nos enquanto adeptos do Futebol. São as fortíssimas expectativas criadas (de ser sempre Campeão, de triunfar sempre na Europa, de recuperar uma hegemonia perdida), que nos deixam alguns sentimentos de angústia quando nos temos de confrontar com a desilusão de uma derrota. A oportunidade de golo desperdiçada, o fora-de-jogo que o fiscal-de-linha não vê, o penálti que não é assinalado, são hoje estes, apenas estes, os detalhes que nos levam ao sofrimento.
Naquilo que mais nos move, em três anos ganhámos um título, e estivemos muito perto de um segundo. É pouco? Sim, mas comparando a quê? Alguém, com menos de trinta anos, terá visto o Benfica ser Campeão em dois anos consecutivos? Eu, com mais de quarenta, só festejei um Bi-Campeonato (com Eriksson... em 1984).
A assimetria entre aquilo que é uma nostalgia de tempos que não existem mais, e uma contemporaneidade de crescimento, de vitalidade, de progressão e de esperança, que, porém, ainda não ofusca esse passado, não pode ser raiz de qualquer angústia existencial que nos corroa a alma.
O Benfica de hoje é muito grande. Voltou a ser muito grande. Voltou a estar perto, muito perto, da sua identidade histórica. E se, com lucidez, com empenho, com perseverança, soubermos guiá-lo até mais longe, rapidamente retomará o lugar que essa nostalgia deixou para trás."

Luís Fialho, in O Benfica

Casa onde não há título, todos ralham e ninguém tem razão

"No dia em que o FCP comprou mais um título no supermercado, eriçou-se a toponímia benfiquista com muitas subscrições públicas para a Rua Vieira e para a Rua Jesus. E eu fico parvo com isto. Mais parvo, vá.
Achar que Jesus é culpado por o Benfica não ter ganho este campeonato é o mesmo que achar que Vítor Pereira tem muito mérito na conquista do mesmo: uma tontice, uma ingenuidade.
Jesus não é perfeito, mas também não há nenhum treinador que o seja. Erra de vez em quando, pois erra, como eu e como tu erramos por vezes no desempenho da nossa profissão. O que nós não temos, no desempenho da nossa profissão, é um cabrão de um sistema que nos boicota o trabalho e que branqueia os erros que a concorrência também comete.
Podia dizer-se que, tal como Jesus, eu e tu, também os árbitros cometem necessariamente erros no desempenho das suas funções. Naturalmente que assim é. É uma função nada fácil, a de decidir em fracções de segundos, a correr, com muita gente à frente, aquilo que nós muitas vezes, sentados no sofá, em repetições de vários ângulos e em câmara lenta, temos dificuldade em avaliar. Sabemos isto. Mas também sabemos, há 30 anos pelo menos, quais são os erros que acontecem, e quais são os erros que se deseja que aconteçam.
Um sistema que há 30 anos decide, desde as divisões inferiores, quais são os árbitros que sobem, quais são os árbitros que descem, quais são os que chegam a internacionais, quais são os que são aconselhados a mudar de hobby. Quais são os que ganham viagens ao Brasil pagas por engano como recompensa por bons serviços, e quais é que ganham viagens ao dentista depois de um jogo em que alguém achou que não foi beneficiado como devia ser. Quais é que comem fruta, e a quais é que é mandado servir o jantar. Quais é que precisam de indicações para chegar à casa da Madalena, e quais é que já sabem o caminho de cor. Quais é que pedem aconselhamento matrimonial em vésperas de jogos e quais é que dão facadas no matrimónio a seguir aos jogos.
Este sistema, dizia eu, tem 30 anos. Significa isto que não há hoje, na primeira categoria, nenhum árbitro que não lhe tenha prestado serviços. Não há árbitro que não tenha o rabo preso. Não há árbitro que não tenha vendido a alma ao diabo. Não há árbitro que, na hora do aperto, tenha a coisa sido combinada ou não, tenha dúvidas sobre que lado é melhor não prejudicar.
Tome-se como exemplo esta última jornada (há mais, já lá iremos): em áudio, para não prejudicar aqueles com dificuldades na leitura nem os que já estão fartos de um post com tantas letras:

Tudo isto é ignorado na hora de gritar «Rua, Vieira!», «Rua, Jesus!». A culpa de não terem assinalado um penalty sobre Saviola em Vila do Conde «é de Jesus, que teimou no Emerson». Mas... o Emerson não jogou em Vila do Conde. «Mas jogou noutros jogos! Fora, Jesus!»
Eu pergunto se alguém faria melhor que Jesus nestas circunstâncias. Claro que há gente mais capaz que Jesus. Há gente que conseguiria o mesmo que Jesus, mais ponto, menos ponto. Não estou a querer dizer que Jesus é insubstituível, apenas que é o menor dos nossos problemas. Jesualdo é uma merda no Benfica; chega ao FCP, é tricampeão. Fernando Santos é o engenheiro do penta; chega à Luz, ninguém suporta aquele futebol grego. E vocês ainda acham que os treinadores têm influência no título português? Não me fodam! Como diria alguém que citei ontem no Twitter, «o treinador pode ser um qualquer, os árbitros é que têm de ser destes».
Assim, só posso entender a contestação a Jesus como um meio para contestar Vieira. OK, ninguém está imune a críticas. Vieira também tem as suas falhas lado a lado com os seus méritos. Há quem esteja farto dele? OK, é legítimo. Há quem queira ocupar o lugar dele? OK, é legítimo. Agora, porem-se com contabilidades dos títulos de Vieira sem quererem saber dos sistema oleado há 30 anos é desonestidade intelectual. Vieira pode contratar os melhores treinadores do mundo e os melhores jogadores do planeta, que haverá sempre um Maicon em fora-de-jogo que dará a vitória ao FCP. Para furar o sistema, é preciso que eles tenham de contratar 3 treinadores numa época ou que rebente um escândalo como o Apito Dourado que deixe toda a gente com medo de fazer o habitual.
Imagina que estás sentado no lugar de Vieira. Eu pergunto-te: como lutas contra isto?
Com um Veiga? Para fazer o mesmo, ser apanhado e nos descer de divisão? Se gostas de ganhar a qualquer custo, muda de clube, pá! O meu clube não é assim. E, no que depender de mim, continuará a não ser. Vou-te aos cornos se me vieres tentar convencer do contrário. Estou já a avisar: o gajo que me tentar meter um autocolante «Vota Veiga» ao peito leva uma lostra na hora. Não admito. Não admito mesmo. E volto a perguntar-te: sem fazeres o mesmo, como lutas contra isto?"


PS1: Este é daqueles post's que 'merece' um 'copy/paste' (e não só o link), por diversas razões: primeiro porque o subscrevo totalmente, segundo porque nesta 'barulheira' de final frustrante de época as vozes mais sensatas normalmente ficam caladas... portanto é necessário dar voz e espaço a quem consegue manter alguma lucidez... Não concordando com tudo, recomendo também as palavras do Águia Skywalker no Fórum Benfica, do Pedro Soares Lourenço no Arcádia, e do TC no Benfiquistas desde Pequeninos... e ainda o Pedro Fonseca do Inferno da Luz, e o Jotas na Catedral do Desporto...

PS2: Uma nota também para as palavras do Santolas. Foi preciso o Master Groove fazer o ulpoad para o YouTube para a mensagem 'passar', porque a XIC de forma estranha 'censurou' estas declarações, não repetindo o programa e omitindo estas palavras nos noticiários durante o dia de hoje, enquanto destacaram outras...!!!

Desigualdades

"O recente triunfo sobre o Marítimo, uma das turmas em alta na presente edição da Liga, demonstrou à sociedade a categoria do Benfica e como tudo seria diferente se as arbitragens não tivessem inquinado alguns resultados, sempre em prejuízo (por vezes escandaloso) do nosso Clube. E a questão é tanto mais importante quanto tudo se conjuga para que este Campeonato venha a ser decidido por uma magra vantagem pontual.
O problema não é de hoje, é de ontem, talvez seja de amanhã.
No plano institucional, há anos a esta parte que o Benfica perdeu autoridade. Não que os dirigentes tivessem negligenciado intervenções (sempre lícitas, sublinhe-se), antes porque outras forças (de forma nem sempre lícita, sublinhe-se) ganharam claro ascendente e souberam avolumar favores e privilégios que lhes permitiram atingir os seus objectivos.
A luta tem sido desigual. O problema, vale a pena insistir, não é de hoje, é de ontem, talvez seja de amanhã. O Benfica para triunfar numa competição doméstica, sobretudo no Campeonato, tem que ser categoricamente superior aos seus antagonistas, em especial ao FC Porto. De outra forma, o desfecho é quase sempre o mesmo.
Dir-se-á que o processo 'Apito Dourado' concorreu para tornar o edifício da arbitragem mais higiénico. Trata-se de um dado inquestionável. Só que subsistem ainda muitos resquícios de anos prolongados, nos quais a Verdade Desportiva não passou de mera ficção. É por esse motivo que o Benfica esgrime, por norma, de forma desigual. Há quem entre num jogo já a ganhar, ao Benfica exige-se (quase) sempre que perceba que entra num jogo já a perder. Mas também por essa razão, os nossos triunfos valem mais, são mais saborosos. Porque são limpos, justos, cristalinos."

João Malheiro, in O Benfica

Inocência perdida

"O Sporting, fundado por aristocratas. O Sporting, clube de chá e das boas famílias. O Sporting, clube 'diferente', que se afirmava acima de suspeitas. O Sporting, esse mesmo Sporting, viu-se agora envolvido num episódio a partir do qual jamais poderá invocar qualquer superioridade moral.
O seu vice-presidente, ainda em funções, mandou depositar dois mil euros na conta de um árbitro-assistente que ia apitar um jogo a Alvalade. Os propósitos não são ainda bem conhecidos, tanto podendo passar por uma estratégia de incriminação obtusa e mal calculada (versão oficial a partir da qual o protagonista foi constituído arguido), como por uma tentativa de suborno pura e dura, embora abortada, e rapidamente dissimulada (coisa que pouco me espantaria). Certo é que o nosso rival lisboeta, independentemente daquilo que vai fazendo dentro das quatro linhas (desconheço o desfecho do jogo de Bilbau), viu nestas semanas o seu nome irreversivelmente manchado por alguém que o representa ao mais alto nível, e que já em situações anteriores (pinturas nos balneários, incêndio nas bancadas da Luz) mostrara um comportamento rasteiro e muito pouco edificante para o cargo que desempenha.
É preciso também não esquecer que, aquando da publicação das Escutas do Apito Dourado, quando as evidências permitiam acusar os responsáveis por décadas de corrupção no nosso Futebol, os dirigentes leoninos assobiaram para o lado, nunca deixando de repetir que a eles nada havia a apontar, mal escondendo que sem matéria para meter o Benfica naquele saco, o caso não lhes despertava particular apetite. No fundo, as vitórias do FC Porto - enlameadas ou não - eram, e são, o principal seguro de vida do mundo sportinguista contra os riscos que queriam, e querem, a todo o custo evitar: os de ver um Benfica ganhador.
Agora, para além das omissões de então, temos acções que nos fazem lembrar os sinistros protagonistas daquelas Escutas. Perdendo a face e a virtude, ao Sporting apenas resta agora a vergonha dos sonsos."

Luís Fialho, in O Benfica

É preciso dizer algo?

Ponham os olhos nisto!


Até ao fim da época não visto mais o manto sagrado. Estou, e desculpem-me a palavra, farto desta merda. Porra pá, estávamos a 5 pontos e quando dão por isso... puf! MAS COMO É POSSÌVEL C******?!?!? CINCO PORRA! CINCO! Era pedir muito para mentar essa distântica pá? Era? E a teimosia em teimar com o Emerson enquanto (e desculpa lá Emerson) via-se que ele não estava à altura daquela posição? Ok, Capdevila também não é nenhum deus mas porra pá, vê-se que dá, mesmo que um pouco, mais de confiança à defesa quando está confiante. Não se viu isso no jogo com o chélse? Sinceramente... e agora fico-me por aqui que estou demasiado f***** para continuar. Até mais. Talvez fale mais tarde. Não garanto nada!

"Um campeonato perdido por nós sem honra nem glória.
Um campeonato ganho por outros sem honra nem glória.
"