Últimas indefectivações

quinta-feira, 1 de junho de 2023

PitchCam: Santa Clara...

Inexplicável?!!!


"Alguém consegue explicar como é que o Sporting não é arguido no Processo Cashball?
Mesmo com árbitros e empresários a reconhecerem que foram contactados para beneficiar o clube de Alvalade?
Terá o Diretor da Unidade Nacional contra a Corrupção, alguma coisa a ver com isto?"

RND - 45 minutos...

Grimaldo (II)...

Grimaldo (I)...

Cadomblé do Vata (jogos em atraso!!!)


"SL Benfica 1x2 FC Porto

1. Sou ateu, agnóstico e essas cenas todas e 364 dias por ano acho a história da ressurreição de Jesus uma balela... mas depois vem aquele dia da época em que ressuscitamos o FC Porto e aí eu já fico na dúvida.

2. Podíamos ter acabado hoje com a discussão do título, mas preferimos apimentar a luta... é por estas e por outras que merecemos uma fatia maior do bolo dos direitos televisivos.

3. Tenho mil e uma maleitas nos olhos, por isso agradecia se me pudessem ajudar... aquele animal com asas que temos sobre a roda no emblema é uma águia ou um anjinho?

4. Como António Costa é Benfiquista, coloco a hipótese desta horripilante exibição fazer parte de algum pacote governamental de combate à inflação... tipo "Bola Zero", porque quem foi hoje ao estádio ficou certamente sem vontade de gastar mais dinheiro para lá voltar.

5. Bom, apesar deste banho de bola continuamos com 7 à maior e a acreditar... nem faço piadas com "Acraditar" para não lançar mau olhado nisto."

Vermelhão...

Cadomblé...


"A "bostialidade" das duas últimas temporadas teve o feliz condão de funcionar como desintoxicação das minhas superstições. Não havendo já nada que funcionasse a favor dos bons resultados, deitei a toalha ao chão e desisti da maior parte do misticismo que me rodeava em dias de jogo, limitando-me aos "nada de boxers vermelhos", "a barba não se corta hoje" ou "esse é o meu lugar. O básico, portanto.
Acontece que as superstições são velhacas. Sacanas mesmo. E aproveitam-se das mentes mais fracas como a minha, para fluírem como enxurradas em Bombaim na época das monções, mal a temporada comece a parecer encarrilar em direção a qualquer coisa agradável.
Não é preciso retrospectivar muito para saber que este ser que vos escreve teve uma valente recaída antes do fim de Setembro. Quando entramos no Outono, já todo eu era tiques nervosos e noites mal dormidas. Porque convenhamos, esta época muito cedo começou a ter bom aspeto. E acreditei eu que era por no final de todos os jogos escrever uma crônica de 5 Dedos da Mão de Vata.
Estava eu nisto, convencidissimo de ser o principal responsável pela Gloriosa Caminhada para o 38, quando nos esparramamos ao comprido contra os andrades na Catedral. E no meio da azia, tudo mudou. Afinal, o ouro estava no meu silêncio. E apesar dos dados iniciais indicarem que não, a verdade é que foi mesmo assim.
Ora, mesmo deixando de publicar, não parei de escrever as crónicas aos jogos, pelo que as deverei publicar nos proximos dias a "título póstumo", destinadas a todos os muitos de vocês (a totalidade, presumo) que as estavam a compilar para mais tarde mostrarem aos netinhos como foi a caminhada do 38. Não posso contudo deixar de avisar, que nelas consta muito azedume e inclusive, palavras que agora soam a histerismo. Abstenham-se se me ofender. Podem não se recordar, por estarem embriagados da festa, mas foi um mês a todos os níveis complicado."

BI: Especial Benfica Campeão

A Carta de um Campeão (desabafo)

O maior de Portugal voltou a ser o melhor


"E o Benfica é campeão!
Depois de incontáveis emoções, desde a euforia ao sofrimento, o clube que tem na alma a chama imensa assegurou a conquista do seu 38º campeonato, cimentando a sua posição como o clube mais vencedor por terras lusitanas. O Glorioso termina como um campeão incontestado, tendo liderado a prova desde a 1ª jornada e finalizando com mais vitórias, mais golos marcados e menos golos sofridos do que qualquer um dos seus adversários. E tudo isto com uma ideia de futebol atacante, atrativa e que na maior parte da temporada chegou a roçar o brilhantismo.
Claro que os invejosos vão sempre arranjar desculpas, deméritos e lama para atirar a mais esta conquista do clube mais popular de Portugal. Para eles, o Benfica é alguma vez campeão com mérito? Mas pouco importa. Das coisas mais belas no Benfica é que vencemos sempre por nós e nunca contra ninguém. Nos festejos, seja no Marquês, ou no estádio, os adeptos nunca se lembram de Porto ou Sporting. Cantam sempre pelo Benfica.
Mérito seja dado a duas figuras incontornáveis do 38: o primeiro é Rui Costa. Na primeira temporada como Presidente, em que pode planear com tempo e cabeça fria, acertou em cheio em tudo. No treinador escolhido, nos jogadores selecionados e na vincada aposta desportiva. O Maestro deu tudo o que podia para este título. Não se desviou um milímetro a negociatas, à vertente financeira ou às cascas de banana que os rivais, principalmente os do norte, atiram.
Fugiu às vistas curtas de se achar que agora tinha sempre de se apostar num treinador português e identificou na Holanda um técnico com todos os atributos necessários para o sucesso. E que estaria sedento de vitórias, pois também o alemão sentiria que já merecia na carreira saltos maiores do que aqueles que tinha dado pela Alemanha, China, Áustria ou Holanda.
Falemos então de Roger Schmidt. No futuro se dirá que chegou ao aeroporto de Lisboa com uma frase histórica: "If you love football, you love Benfica". Entrada com o pé direito e o resto foi a competência do seu trabalho (e dos seus assistentes) a levar a águia a bom porto. Levou 39 jogadores a estágio, mas de forma fria e racional soube identificar os que interessavam e os que não interessavam. Fez uma pré-época 100 por cento vitoriosa, o que mostra como a sua mensagem rapidamente entrou no balneário.
O Glorioso foi de longe a melhor equipa em Portugal. E não fosse aquela semana trágica com Porto, Inter e Chaves, bem como uma época anormalmente longa (com duas pré-eliminatórias da Champions e um Mundial pelo meio), provavelmente teria sido campeão com muito mais à vontade. Mas tudo acaba bem quando termina bem.
E até fica a sensação de que com Enzo até ao fim e menos desgaste das figuras mais influentes na parte final, o Benfica podia ter sonhado com algo muito especial na Liga dos Campeões. Não que o que fez não tenha sido especial: a dupla vitória sobre a Juventus, os dois empates com o PSG, aquele incrível 6-1 ao Maccabi Haifa, o 1º lugar no grupo, o 7-1 ao Club Brugge em 180 minutos e até o empate em San Siro a três com o Inter.
Voou alto a águia na Europa. Que não nas Taças Nacionais, mas até aí fica o lamento de ter saído sem qualquer derrota e uma eliminação frente ao Braga num jogo de sacrifício, em que terminou com nove elementos em campo.
Festejámos e celebrámos o 38 com a dimensão que a conquista e o Benfica merece. Por todas as cidades, vilas e aldeias de Portugal o vermelho saiu à rua. Aliás, não só Portugal. Bastou ver os telejornais e os vídeos no YouTube para verificar que houve festa por toda a Europa, América e África.
O Benfica é um clube gigantesco, com uma dimensão popular enorme. O epicentro foi, claro, no Marquês de Pombal, com centenas de milhares de pessoas, numa tradição que veio para ficar.
Venha agora um merecido repouso a dirigentes, treinadores, jogadores e adeptos, mas rapidamente regressemos em força. Com o mesmo foco, a mesma determinação, porque no Benfica nunca se pode descansar sobre a Glória. Queremos sempre mais e mais e mais! Queremos o 39!
O Benfica já perdeu Enzo, perdeu Grimaldo, se calhar vai perder Otamendi e talvez algumas das suas joias do Seixal, como António Silva ou Gonçalo Ramos. Por isso, caro Maestro, nunca mais a épocas de desinvestimento, como Luís Filipe Vieira fazia! Rui Costa, tu já percebeste a fórmula: planta as sementes com um investimento forte e acertado no início da época e a componente financeira é recompensada mais à frente. Que continues sempre a olhar para o Benfica como o clube desportivo que é e menos como a empresa que também é.
Não consigo terminar a crónica sem, porém, um lamento: que as festas do Benfica se tenham tornado menos populares, espontâneas e livres do que eram. A repressão policial, o speaker que não deixa os adeptos tomarem a iniciativa, as colunas de som sempre aos berros tornam algo tão bonito, um pouco menos bonito. Um pouco menos especial. Em tempos a equipa do Benfica ia à festa do povo. Agora vai o povo fazer de figurante à festa organizada pelo departamento de marketing do Benfica.
Vamos repetir até à exaustão as palavras tão lindas: 'O Benfica é Campeão!' E que depois ecoe por todas as terras de Portugal e além-fronteiras: 'Benfica...Benfica...dá-me o 39!'"

O Benfica e a vitória da medida de todas as coisas


"O Benfica é campeão paritário no futebol, ganhou em masculinos e femininos. É a vitória da medida de todas as coisas, um sentimento positivo de equilíbrio, com uma mística, um querer e de uma paixão clubística que é a maior de Portugal e uma referência global.

E o Benfica ganhou. Ficou em primeiro, foi o melhor, jogou um futebol empolgante em boa parte de um campeonato atípico, interrompido por um Campeonato do Mundo forjado na corrupção e na excentricidade das estruturas internacionais do futebol, com altos e alguns baixos, com as tradicionais pressões e a recorrente vigência do modus operandi de quem vive na impunidade de uma bolha à margem do Estado de Direito e de um sistema judicial incapaz de investigar e julgar em tempo útil, sem recorrer à insustentável fritura da suspeita na praça pública ou dos conluios seletivos com os media.
Foi bonita a festa, a alma e a alegria de um povo que não precisa de ir ao estádio insultar adversários que não estão presentes em jogo, ainda que o estivessem; que não precisa de ter um banco aos saltos à espera de indultos aos sustentados desvios comportamentais face às regras do jogo em vigor; e que acolhe nos seus territórios a diversidade, sem risco para a integridade física, de quem fez outras opções clubísticas.
Foi muito bonita a festa, ao longo do ano, no renovado estádio, palco de novas oportunidades para a valorização do espetáculo desportivo como uma atividade com novas estéticas, em família e com sentido positivo, mas também um pouco por todo o lado onde o Benfica foi, dentro e fora do território nacional, com competência, eficácia e uma atitude recuperada, em linha com a mística de uma história de conquistas e de referências, sem paralelo em Portugal.
Foi um resultado construído pela liderança de Rui Costa, pela nova equipa técnica liderada por Roger Schmidt e por um renovado sentido de compromisso dos mesmos jogadores do ano passado e dos acrescentos de valor, ora da formação, ora da contratação, em qualquer um dos casos, com assertividade. Deu gosto voltar a ver futebol, mesmo que a paixão e o amor clubístico nos puxem sempre para adesão ao que nos é apresentado, ainda que sofrível. Essa chama e força imensa, incondicional, sempre presente, seja onde for.
Correu tudo bem? Claro que não. Depois de tanto encantamento e vantagem em campo, sem truques ou mãos alegadamente invisíveis, por vezes, tão à mostra que envergonhariam o mais empedernido gato escondido com rabo de fora, podíamos ter ganho mais cedo, não tivéssemos lesões cruciais, baixas de forma e ainda alguns nervosismos que se apoderaram da equipa perante os rivais diretos, as arbitragens habilidosas e outras contrariedades.
Agora que ganhámos, é tempo de pôr os pontos nos iis:
- Não é compatível querer valorizar o futebol como fenómeno desportivo para todos, com relevantes impactos para a economia nacional e a projeção do país permitindo que continuem a ocorrer atos de promoção do ódio; reiteradas indisciplinas em campo e nas imediações; estratégias de condicionamento dos agentes e dos media; condicionamentos aos adeptos e uma preocupante promiscuidade entre gente que se mistura com os adeptos estando na órbita da criminalidade e da ilegalidade;
- Não é possível persistir em manter um conjunto de disrupções, dualidades de critérios e opacidades da organização, da disciplina e da arbitragem que contrariam, em cada jornada, as proclamações gerais de intenção na valorização do futebol como fenómeno de massas virtuoso e indutor de dinâmicas positivas na sociedade;
- Não é possível a sustentação de um crossfire permanente de destilagem de ódio, de suspeitas e de condicionamento das partes intervenientes em campo, sem que se clarifique se estes modelos de comunicação são errados e inaceitáveis, havendo punição em concordância com a insistência, ou se podemos gerar um ambiente geral diferente, claro e transparente, focado no melhor que o futebol tem, sem ter proto-agentes a abocanhar a atividade do outro. É que entre o ser anjinho sem compreender as dinâmicas existentes com resultados práticos e o modelo de guerrilha permanente, tem de haver um ponto de equilíbrio promovido e protegido pelas instâncias do futebol, que não se podem colocar no conforto de anuir aos desvios, sob pena de os promoverem como referência útil.
- É tempo de maior escrutínio e transparência, em tudo o que mexe com as opções que podem ter impacto na dimensão positiva do futebol como desporto de massas, da organização às arbitragens, das opções dos clubes à disciplina, do VAR ao sentido da justiça desportiva. O que acontece tem de ser explicado, a partir de pressupostos e regras que têm de ser claras, com penalizações que se vejam para quem falha, distorce ou cede aos demónios que gravitam em torno da bola. A começar pela maior clarificação entre o que é da responsabilidade da Federação Portuguesa de Futebol e o que é da Liga Portugal, tantas vezes envoltos em convenientes confusões.
- É ainda tempo de respeitar o adepto, o que faz esforço financeiro para se deslocar, para ir ao estádio, para pagar o canal de desporto, para se organizar em função das dinâmicas previsíveis e positivas, que não quer ter nada a ver com os desvios, mas que sabe que eles existem e têm de ser punidos sem contemplações, com justiça, rigor e no tempo adequado.
O Benfica ter ganho não transforma nenhuma realidade negativa em positiva, só pode gerar melhores condições para fortalecer o projeto, afastando tentações de ida ao pote da instituição e da SAD; reforçar a competitividade e sustentabilidade do plantel nas diversas posições; manter um sentido de equilíbrio na gestão e continuar a gerar ainda melhores condições para a valorização de todas as modalidades, de quem as pratica e de quem assiste às prestações do Glorioso.
O Benfica ganhou, isso nos envaidece, mas não descansa, é preciso continuar a construir o processo de liderança e de vitória, exigindo regras claras e respeito pela instituição.
O Benfica é campeão paritário no futebol, ganhou em masculinos e femininos. É a vitória da medida de todas as coisas, um sentimento positivo de equilíbrio, com uma mística, um querer e de uma paixão clubística que é a maior de Portugal e uma referência global.
Recarrega Benfica, que o 38 já cá canta!

NOTAS FINAIS PARABÉNS
JOÃO ALMEIDA
Um enorme resultado do ciclista João Almeida no Giro de Itália. O terceiro lugar é histórico e mais um prenúncio de um talento raro do atleta de A-Dos-Francos, nas Caldas da Rainha.
(...)"

Obrigado Campeões


"Como referiu o presidente do Benfica, não há para os adeptos do Benfica emoção maior do que ver o Benfica campeão. E três anos seguidos sem Marquês, parecem-nos uma eternidade, daí o agradecimento a todos os que tornaram este título uma realidade.

Desde logo, obrigado Rui Costa. Obrigado por, no seu primeiro ano de mandato a sério, ter seguido o seu instinto de homem do futebol e ter arriscado sem medo, mudando o paradigma e privilegiando a componente desportiva, tendo escolhido um treinador para isso mesmo, que gosta de jogar ao ataque, pressionando. Ou seja, aquilo a que nós adeptos mais antigos gostamos de chamar: jogar à Benfica!
Para ele, o segundo agradecimento, obrigado Roger Schmidt. Pelo muito mérito na forma como pôs a equipa a jogar o melhor futebol que se viu por cá, ou na Europa, jogado por uma equipa portuguesa, neste ano; pela forma como manteve o grupo coeso e os jogadores do seu lado sem precisar de atitudes histriónicas, nem de passar a vida a correr para dentro do campo; pela forma como, no momento de maior desgaste, soube reinventar soluções e refrescar a equipa para a reta final.
Obrigado aos jogadores (a todos, não consigo escolher um que seja) que perceberam desde o início o que lhes era pedido e interpretaram de forma excelente o futebol e o modelo tático desenvolvido. Obrigado a todo o staff.
E, já agora, obrigado aos grandes adeptos do Benfica, aqueles que fazem centenas e centenas de quilómetros para apoiar a equipa. Gente humilde que se orgulha de ser gente do povo e ama "o clube do povo". Esse amor ao Benfica cantado por Rui Costa e centenas de milhares no Marquês e, antes disso, por Schmidt, em pleno relvado da Luz. Obrigado!

Positivo:
O Benfica pelo 38.º título de campeão nacional.

Negativo:
As desculpas de mau perdedor."

Roger Schmidt na fina camada de gelo


"Roger Schmidt começou a construir um Benfica vencedor quando assumiu, logo à partida, um jogar de equipa grande, atrativo, assente numa ideia de iniciativa com bola e pressão sem ela. Claramente valorizou mais o modelo que a estratégia, amarrando os jogadores a uma identidade que hoje é justamente elogiada como coerência. É o tal Benfica que, como bem assinalou Rúben Amorim, joga sempre da mesma maneira. Ou quase sempre. Claro que na fina camada de gelo que é a diferença entre ganhar ou desperdiçar, teimosia seria o adjetivo mais simpático para o alemão se outro tivesse sido o campeão.
O treinador do Benfica tem, como qualquer de nós, os defeitos das suas qualidades, que até uma moeda dividida com cinzel terá sempre duas faces. Schmidt aparenta desprezar a estratégia, o plano específico para cada jogo, e dá até a ideia de que esconde dos jogadores os vídeos que dissecam o rival seguinte. Daí, vai de pressionar nos jogos mais difíceis – ainda recentemente em Alvalade, como perante FC Porto ou Inter - da mesma forma com que aborda jogos com emblemas do meio ou fundo da tabela e nem sempre se dá bem. Mas o que explica a dificuldade em ganhar clássicos – só duas vitórias nos seis jogos com FC Porto, Braga e Sporting – também ajuda a entender porque foi mais dominante perante os demais. A estratégia ganha jogos, mas um bom modelo (com bons jogadores, claro) está mais perto de ganhar campeonatos.
Vale a pena sublinhar que não há aqui dois mundos paralelos, porque não existe boa estratégia sem sólida base tática, nem modelo que vingue se nos jogos mais difíceis nunca for capaz de antecipar fraquezas e forças. No entanto, perante adversários com anos de processo consolidado, ainda por cima liderados por homens de capacidade estratégica forte – e comprovada mesmo perante alguns dos maiores emblemas na Europa – como Sérgio Conceição no FC Porto e Rúben Amorim no Sporting, dificilmente Schmidt teria tido sucesso se não se agarrasse desde cedo a uma ideia e criado compromisso com o grupo em redor dela. No limite, também terá sido que lhe permitiu sobreviver às abordagens estratégicas ineficazes que chegaram a colocar o título em risco.
E depois há os jogadores, que são quem verdadeiramente ganha ou perde, porque a eles compete o mais difícil, decidir o “quando” executar - como há dias bem explicava Guardiola – por muito que os treinadores lhes digam tudo sobre onde e como devem fazê-lo. Nesse plano Schmidt acertou quase sempre: quando quis manter Grimaldo, recuperar Florentino e travar a saída de João Mário; quando lançou António Silva; quando apostou em Gonçalo Ramos e quis Aursnes mais que qualquer outro; quando se agarrou a Chiquinho após a saída traumática de Enzo mas também na decisão fundamental de colocar João Neves como titular no momento em que o barco adornava. Um treinador é muito mais que isso, mas a missão principal nunca deixará de ser a de escolher os melhores jogadores para cada momento. Também isso ajuda muito a caminhar sobre o gelo sem que ele quebre."

Rui Costa, o 'príncipe de Florença'


"Rui Costa, o "príncipe de Florença". É ele o principal responsável deste Benfica. Jorge Jesus dizia que, na estrutura do Benfica, o Rui Costa era a pessoa que mais percebia de futebol. JJ estava certo. Teve olho de lince para contratar Roger Schmidt. Um antigo engenheiro da Benteler, em Salzburg, amante do futebol ofensivo. Viu nele alguém capaz de incorporar a filosofia do futebol do Benfica de Eriksson. Mas Rui Costa é alguém muito especial. Dos últimos românticos do futebol. Não há muitos. Foi sempre um exemplo, a sua conduta como benfiquista. No verão quente de 1993, quando o Sporting tentou oferecer-lhe mais do dobro do que ficou a ganhar no Benfica, não hesitou (ao contrário de JVP) e continuou no glorioso. No ano seguinte, após o Benfica ganhar o campeonato de 1994, podia ter ido para aquela que era, na altura, a dream team europeia, o Barcelona, mas foi para a Fiore (que, na altura, tinha acabado de subir de divisão) porque o Benfica lucrava mais com esse negócio. Em 2006, apesar de "tapado" pelo Kaká (que acabou por ganhar a bola de ouro nesse ano), podia ter continuado a usufruir de um contrato milionário em Milão, mas decidiu voltar ao Benfica. Enquanto jogador colocou sempre os interesses do clube à frente dos seus.
É desta fibra que se faz um clube como o Benfica. Eu nunca vi o Rui Costa jogar na primeira passagem pelo clube (1991-1994), era muito novo, mas vi-o jogar na seleção nacional e aquilo que ele mostrava em campo era o que mostrava fora dele. Um romântico do futebol, um lírico. Assim se explica que tenha ido para uma cidade como Florença, a romântica cidade da Toscânia, o epíteto do bom-gosto. Se hoje sou do Benfica não é tanto pelo Rei Eusébio (de quem apenas ouvi falar) mas mais pelo Rui Costa. Foi com ele que aprendi o que era o sentimento pelo Benfica. É, por isso, de louvar quando surgem novos jogadores, da formação do Benfica, com este tipo de sentimento. Para incutirem nas novas gerações, que nunca viram as velhas glórias jogarem, essa "chama imensa, que nos conquista e leva à palma a luz intensa". Bernardo (Silva) é dessa estirpe. Alguém que vive o clube, em Portugal ou no estrangeiro. É por eles que ganhamos."

Parabéns Benfica!


"Sou do Sporting, mas não sou "doente". Ao contrário do que disse Sérgio Conceição, a melhor equipa não foi o F. C. Porto. Foi o Benfica! Porque teve mais pontos, mais golos marcados e menos sofridos. Este treinador tem os neurónios "gripados"! E, assim, nunca treinará um "tubarão" da Europa! Parabéns Benfica, ponto final! Foram horas e horas a fio, com os ecrãs das nossas TV borrados a vermelho. Por um lado fez-me lembrar as grandes paradas militares chinesas com milhões de bandeirinhas vermelhas, à volta dos mísseis nucleares. Por outro, agradeço, por ter sido uma eternidade televisiva sem se falar no Galamba, no SIS e no maldito computador. Obrigado! É incrível a tecnologia de hoje que consegue, com tudo vermelho, ver-se os rostos dos personagens. Desde a queda do muro de Berlim que não via um alemão tão feliz e tão sorridente a falar do tinto português. E também armado em Pinóquio a falar dos árbitros de todo o mundo. Nunca deve ter visto um jogo de futebol em Inglaterra, o que é imperdoável a um treinador campeão! Mas pronto. Viva o nosso vinho! As nossas marcas vinícolas têm de aproveitar esta balda! Findo este campeonato, medito em muita coisa que nunca compreendi. Porque será que quando o Benfica ganha um campeonato, os benfiquistas vão todos para o centro de Lisboa comemorar o feito com um leão em cima das suas cabeças? Mistério! Só falta o F. C. Porto, no próximo campeonato que ganhar (espero que não esteja para breve), mandar os seus adeptos para a Rotunda da Boavista, onde está um leão esborrachando a águia com a sua pata. O presidente do F. C. Porto ficaria em delírio! Também não compreendi a frase de Pinto da Costa: "O inimigo está a 300 km!". Gostava de saber a quem ele se referia. Ao DIAP? Ao SIS? A um juiz? Ao Benfica? Gostava de ser esclarecido! Tudo muito difícil de entender. E quanto ao Sporting? Uma profunda tristeza. Ter de vender os melhores. Que venham os miúdos!

Positivo:
Parabéns ao Benfica!

Negativo:
O jogador João Mário não quer ir à seleção de Portugal. Obrigado, meu Deus. Que alívio!"

No desporto e na vida, não se pode tomar a parte pelo todo


"Os campeões nacionais foram recebidos na Câmara Municipal de Lisboa, ontem. O Benfica mereceu o título, lutou para isso e a equipa "comeu a relva" para chegar ao fim no primeiro lugar do pódio. Os vencedores têm a capacidade de inspirar e contagiar positivamente uma população. Dão alegrias (pelo menos, a quem torce pelo clube) e provam que lutar vale a pena para alcançar um objetivo maior, um sonho. O Benfica este ano mereceu e o troféu é dele. Acenar na varanda da autarquia, ao lado do presidente, Carlos Moedas, é mais um sinal de reconhecimento do esforço e da entrega.
O desporto ensina-nos a ter fairplay, a sabermos cair e levantar-nos, perder e ganhar. Essa é (ou deveria ser) a grande lição do mundo desportivo. E não o contrário. No sábado, a ordem para encerrar a Feira do Livro pelas 17 horas e fechar todo o comércio mais cedo foi, para muitos, um exagero preventivo. Com medo de que alguns loucos pudessem estragar o ambiente festivo, tomou-se a parte pelo todo e prejudicou-se a manifestação cultural que é a Feira do Livro e os seus livreiros, bem como muitos comerciantes da Baixa de Lisboa. Se há hooligans entre nós, devem ser detidos e punidos por isso. Mas não se deve prejudicar todos os outros por causa de um nicho de adeptos que poderiam, eventualmente, vir a comportar-se fora das normas.
Como se diz no desporto, é preciso ter coragem e, se necessário, "comer a relva" para marcar golos na baliza do adversário. Também as autoridades e as forças de segurança têm de ter coragem para impor os limites, controlar e punir, se necessário, quem infringe as regras de boa cidadania e as leis, em vez de se optar por penalizar a todos preventivamente.
Os atletas e os treinadores alcançam o seu máximo potencial alicerçados numa liderança inspiradora, numa resiliência mental ímpar e em escolhas estratégicas bem fundamentadas. Dentro das quatro linhas, como na política ou na segurança, esses valores devem ditar a cartilha dos vencedores.
Segundo a Harvard Business Review, a estas lições do desporto podem juntar-se a capacidade de aprender a melhorar os pontos mais fracos e não só os mais fortes, de aumentar a confiança e ter mais energia antes de um momento importante, de mudar o rumo de uma equipa em declínio, de perceber os limites das métricas de desempenho, de se concentrar nos objetivos a longo prazo e lidar com obstáculos.
Que estas lições desportivas e o fairplay não caiam em saco roto da próxima vez que celebrarmos a coroação de um campeão."

Cashball, explicado!!!

Quem é o Inspetor Pedro Fonseca?


"Pedro Fonseca, inspetor e o atual coordenador superior da Polícia Judiciária é, também, o Diretor da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC), desde 2022.
Conhecido por ser um portista doente. Ficou igualmente conhecido, por fazer de toupeira para alguns jornais e alguns jornalistas. De Henrique Machado a Carlos Rodrigues Lima, passando por Tânia Laranjo, entre outros, Pedro Fonseca passou muitas informações sobre os processos em que o nome do SL Benfica estava envolvido e que chegaram mesmo a ser ter acusação feita pelo Ministério Público. Crimes esses, que em alguns casos, mais tarde, o próprio Juiz Carlos Alexandre, não validou.

Quando o atual diretor da Polícia Judiciaria - conhecido pelo seu sportinguismo exacerbado (dizem até que prefere festejar as derrotas do Benfica do que as vitórias do "seu" Sporting) criou a Unidade Nacional de Combate à Corrupção, pensou em Pedro Fonseca para liderar está unidade.
Recentemente, tivemos Francisco J.Marques e a comunicação do FC Porto, a insurgirem-se pelo facto do Juiz, que irá ler a sentença do processo dos e-mails, ser um sócio do SL Benfica e com isso a sentença estar inquinada de isenção. No entanto, são adeptos e sócios do FC Porto e do Sporting que gerem a Polícia Judiciária e nada disso lhes é estranho ou tem falta de isenção.
Foram estas pessoas que livraram o Sporting do processo Cashball e são estas mesmas pessoas que agora ilibaram Rui Pinto de cinco processos criminais.
“𝙏𝙚𝙣𝙝𝙤 𝙣𝙖 𝙢𝙞𝙣𝙝𝙖 𝙡𝙞𝙨𝙩𝙖 𝙙𝙤𝙞𝙨 𝙟𝙪í𝙯𝙚𝙨-𝙘𝙤𝙣𝙨𝙚𝙡𝙝𝙚𝙞𝙧𝙤𝙨 𝙙𝙤 𝙎𝙪𝙥𝙧𝙚𝙢𝙤, 𝙪𝙢 𝙥𝙧𝙤𝙘𝙪𝙧𝙖𝙙𝙤𝙧 𝙙𝙖 𝙍𝙚𝙥ú𝙗𝙡𝙞𝙘𝙖, 𝙪𝙢 𝙟𝙪𝙞𝙯-𝙙𝙚𝙨𝙚𝙢𝙗𝙖𝙧𝙜𝙖𝙙𝙤𝙧. 𝘼𝙘𝙝𝙖 𝙦𝙪𝙚 𝙚𝙨𝙩𝙖𝙨 𝙥𝙚𝙨𝙨𝙤𝙖𝙨 𝙣ã𝙤 𝙫ã𝙤 𝙛𝙖𝙯𝙚𝙧 𝙗𝙧𝙖ç𝙤-𝙙𝙚-𝙛𝙚𝙧𝙧𝙤 𝙣𝙖 𝙟𝙪𝙨𝙩𝙞ç𝙖 𝙥𝙚𝙡𝙤 𝙎𝙥𝙤𝙧𝙩𝙞𝙣𝙜?” - Frederico Varandas, Presidente do Sporting CP.
"𝙂𝙖𝙧𝙖𝙣𝙩𝙤-𝙩𝙚 𝙦𝙪𝙚 𝙣𝙤 𝙋𝙤𝙧𝙩𝙤 𝙣𝙪𝙣𝙘𝙖 𝙚𝙧𝙖𝙨 𝙙𝙚𝙩𝙞𝙙𝙤" - Pinto da Costa em, alegada, conversa com Vieira.
Cada vez mais estas, afirmações de Frederico Varandas e Pinto da Costa, fazem mais sentido."

Kerkez...

Espinho...

Benfica Podcast #488 - The Champion is back

A Verdade do Tadeia #818 - O mercado de FC Porto e Benfica

Terceiro Anel: Diário...

Os perigos de festejar antes do tempo e os golos que não podem ser marcados com assistências dos árbitros

3x4x3, excerto...

Leonor, excerto...

105x68, excerto...

Terça, excerto...

Liga d'Ouro, excerto...

Mata-Mata #3 - Pedro Correia, Benfica Campeão, Sérgio e Ruben, Roberto Martinez e as finais que faltam jogar!

João Mário renunciou e devia estar tudo bem com isso


"Ainda com as celebrações da conquista do título do Benfica bem frescas, causou João Mário uma ‘onda de choque’ na opinião pública com o anúncio da renúncia à Seleção depois de 56 jogos ao serviço do País. Coube a Rafa, em setembro passado, a difícil tarefa de abrir a caixa de Pandora e o médio, aos 30 anos, decidiu que era a hora dele.
A gota de água, não é difícil de adivinhar, terá sido em março, nos jogos de estreia de Roberto Martínez, e desde então João Mário terá maturado a decisão. Portugal passeou frente a Liechtenstein (4-0) e Luxemburgo (6-0) e o máximo a que teve direito, quando atravessava uma das melhores fases da carreira, talvez só equiparável à de 2015/2016, quando saiu por €45M para o Inter, foi um minuto de utilização no primeiro jogo, nem sequer saindo do banco no segundo. Ainda assim, esse minuto, em Alvalade, chegou para que fosse assobiado, numa reprovável confusão entre clubite e Seleção, sempre sabendo que o passado não se apaga e João Mário carregará para sempre a cruz de ter ‘trocado’ o Sporting pelo Benfica.
Foi o médio que renunciou à Seleção mas a Seleção há muito que já o havia prescrito, bastando para isso constatar a parca utilização que teve – também ligada, claro está, ao ‘desaparecimento’ no Inter, Spartak e West Ham – desde o Mundial-2018, em que se contam pelos dedos de uma mão os jogos que teve como titular. Mas, lá está, o passado não se apaga e o João Mário que hoje já não quer jogar na Seleção é o mesmo que, em 2016, em França, teve papel preponderante como titular absoluto no maior feito da história do futebol do País.
Vários terão sido os fatores a fazerem pender a balança de João Mário, que foi novamente pai há pouco tempo e sentirá que, aos 30 anos, é hora de redefinir objetivos, prioridades e focar-se a 100 por cento no clube. Foi, de março para cá, evidente a quebra de rendimento do camisola 20 das águias e nem Roger Schmidt escondeu o desagrado pela falta de jogo e treino de alguns jogadores na pausa para as seleções. E, não sendo tudo, os números não mentem: nos nove jogos antes da ida à Seleção, 10 golos e quatro assistências, apenas dois passes para golo nos nove jogos desde então até final da época. Esclarecedor.
O alemão, que deu nova vida a João Mário e dele fez pedra basilar na dinâmica do meio-campo, não disse nomes mas nas entrelinhas ficou latente o desconforto com a situação.
Numa altura em que dá pano para mangas a fartura de quantidade e qualidade de opções para Roberto Martínez, estranha-se que a decisão legítima do jogador cause tanta estranheza, evidente pelo ‘bombardeamento’ de perguntas sobre o tema feito ao selecionador no anúncio da última convocatória. Há Vitinha, há Bruno Fernandes, há Fábio Vieira, há Otávio, há João Neves a ‘rebentar’, há Matheus Nunes, há André Almeida e, por isso João Mário não criou qualquer terramoto. O que deveria levantar o debate é, isso sim, a facilidade com que jogadores no auge das carreiras se afastem da Seleção tão precocemente."

Um campeonato revisto nos 90 minutos finais


"Fugitivo aguentou a margem com que entrou na reta da meta, apesar da resposta pronta do perseguidor. Logo abaixo, filmes também se repetiram.

Benfica na dianteira, FC Porto a perseguir. Gonçalo Ramos marcou aos sete minutos, Taremi respondeu aos 8". Foi como se a última jornada do campeonato quisesse resumir o essencial do mesmo - pelo menos, da fase decisiva -, em dois jogos que concentravam a decisão quanto ao novo campeão e que depressa dissiparam as dúvidas restantes. Não só porque as contas da ultrapassagem eram complicadas para o perseguidor FC Porto mas essencialmente porque o fugitivo Benfica, com vantagem para gerir desde que o triunfo em Portimão dera conforto pontual e mental para a deslocação a Alvalade, soube ser mais prático do que avassalador e em menos de meia hora cortou as asas ao condenado Santa Clara com golos de duas das principais figuras ao longo de toda a época - o citado Ramos e Rafa. O 2-0, aos 28 minutos de jogo, foi o rastilho que as explosivas bancadas da Luz precisavam para passarem ao nível de completa euforia.
O 38 era já uma certeza, mas, como no Dragão ninguém atirava a toalha, aos 32", Otávio voltara a responder ao que se passava a 300 quilómetros de distância. Ainda que fosse infrutífero. Pelo menos para os cálculos do título, porque do outro lado do ringue estava um adversário à beira do KO técnico com estas duas idas ao tapete.
O Vitória de Guimarães via fugir o derradeiro objetivo da temporada, o quinto posto, que daria direito a entrar na Conference League uma pré-eliminatória mais tarde. Até aqui se viu, em poucos instantes, uma imagem de tudo o que estava para trás, com a impetuosa juventude de Tomás Händel a trair a prudência na abordagem a uma dividida com Uribe. Entrada de sola e vermelho direto... aos dois minutos apenas! Conclusão, ficou para o Arouca o (merecido) quinto, depois de ter feito a sua parte ao vencer em Portimão, com tranquilidade e competência, à imagem do homem do leme, Armando Evangelista, e toques de classe, sobretudo, a cargo de Alan Ruiz.
Na véspera, o Sporting evidenciara, em Vizela, as debilidades que fizeram desta a pior das últimas épocas - a pior de Amorim -, conseguindo, ainda assim, chegar ao triunfo já perto do fim. Insuficiente, como já se sabia que seria, para melhorar de posição na tabela, porque o degrau mais baixo do pódio (e das pré-eliminatórias da Champions) já estava entregue a um Braga que fez questão de exibir o bilhete de identidade - ou melhor, de dar três "bilhetes" no já despromovido Paços, cortesia de Djaló, Ricardo Horta e Banza. Num jogo "a feijões", estes 3-0 garantiram aos guerreiros do Minho o segundo melhor ataque da I Liga e, no fecho do campeonato, enviaram um recado para o próximo domingo, dia da final da Taça com o FC Porto. Ainda há jogos a feijões?"

As 10 maiores revelações da Liga 22/23


"Na época passada desfizemo-nos em elogios a um jogador que, apesar da sua juventude, mostrava uma maturidade no seu jogo e uma clarividência táctica que acabaram por ser fundamentais para o título do FC Porto. O craque em questão era Vitinha Ferreira, médio que foi nosso destaque como Revelação GoalPoint da Liga bwin 2021/22 e acabou por rumar, por uma verba milionária, ao Paris Saint-Germain. A tendência, porém, parece manter-se. Em 2022/23 também foram alguns os jovens atletas a mostrarem uma maturidade pouco vista para a idade, casos de João Neves ou António Silva (e outros), e é precisamente este último, central do Benfica, que merece um galardão especial da nossa parte, a estrela de um lote de dez revelações, no que ao rating obtido diz respeito.

António Silva é o Jogador Revelação GoalPoint da Liga bwin 2022/23, num critério que abarca apenas nomes com mais de 1020 minutos de utilização na Liga (um terço do tempo de jogo), nascidos a partir de 1999 e que não tenham disputado mais de 765 minutos em edições anteriores. O central, um ilustre “desconhecido” para muitos, no momento em que Roger Schmidt o decidiu lançar na equipa principal com apenas 18 anos, terminou a época passada conquistando a UEFA Youth League, fazendo aliás dupla com outro nome “premiado” como revelação GoalPoint da época mas já lá iremos.

A lesão de Morato abriu-lhe em definitivo a porta à titularidade nos “encarnados”, estatuto que assumiu bem cedo na temporada e nunca mais o largou, tendo andado durante muitas jornadas sem qualquer GoalPoint Rating abaixo de 6.0. Segurança, maturidade pouco usual para a idade e muita qualidade levaram-no mesmo ao Mundial 2022 e em Maio celebrou, como “jogador-adepto” (palavras do próprio), o 38º título nacional por parte do Benfica.

Pelo caminho várias exibições de grande nível e não só entre portas, apesar desta eleição incidir apenas e só em desempenho na Liga bwin. António Silva realizou 30 jogos na Liga, esteve em campo 2689 minutos (quarto jogador do Benfica mais utilizado na Liga) e marcou três golos. Pelo caminho esteve presente em três “onzes” da jornada e em dois mensais (Setembro e Outubro/Novembro), acumulou estatísticas de grande nível e terminou a temporada com um excelente rating de 6.36, fruto de uma personalidade forte, própria de um veterano, sem medo de atacar, de assumir o risco no passe e com um posicionamento que lhe permitiu pressionar e ter influência em zonas adiantadas, e estar sempre no sítio certo na retaguarda – algo constatável no heatmap e mapa de acções com bola.

O jovem benfiquista foi mesmo o sétimo central em acções com bola (75,3) por 90 minutos, nunca se escondendo e assumindo o jogo para iniciar as jogadas ofensivas dos “encarnados”. António Silva foi também o sétimo central em eficácia de passe (91,4%), sendo o quinto da Liga bwin com mais passes eficazes em termos absolutos, nada menos que 1727. Fiável a defender e a construir.

Leitura de jogo, velocidade e temporização
A maturidade mais do que reconhecida de António Silva eleva o seu jogo a um patamar de excelência. O seu posicionamento permite-lhe estar sempre no caminho das jogadas adversárias e a sua leitura de jogo e antecipação das intenções oponentes ajudam-no a estar um passo à frente. Além disso, o jovem é veloz, conseguindo acompanhar as investidas contrárias antes de realizar as acções defensivas. Tudo isto com uma noção exacta dos momentos ideais para esperar e para agir. Não espantam, por isso, os números que amealhou ao longo da época.

O jogador das “águias” foi o terceiro central com mais desarmes na Liga em termos absolutos, nada menos que 57, sendo o sexto na média por 90 minutos, com 1,9. Foi, igualmente, o sexto da posição em acções defensivas no meio-campo contrário (0,8), beneficiando da grande pressão realizada pelo Benfica, muitas vezes em terrenos muito adiantados.

Os mapas acima mostram esta realidade, mas também a grande capacidade que António Silva tem para ler o jogo, posicionar-se bem e recolher a bola, dando posse à sua equipa. O internacional português foi mesmo o central do campeonato com mais recuperações de posse por 90 minutos (7,2) e o segundo em recuperações de posse no meio-campo (3,3), apenas atrás do seu colega de equipa, Nicolás Otamendi – mais uma prova do adiantamento das linhas “encarnadas”. E pelo ar esteve sempre imperial, terminando a temporada com 69% de duelos aéreos defensivos ganhos.

Surpresa, até para o próprio
“Sabia que ia gritar o ’38’, mas não como jogador. Sou jogador-adepto e a Youth League foi o que me catapultou para estar aqui hoje”, disse António Silva durante os festejos do Benfica, mostrando-se ele próprio ainda surpreendido, como se “a ficha” ainda não tivesse caído pelo lugar de protagonismo que assumiu no seu clube, quando em Agosto ninguém verdadeiramente esperava.
Agora, já uma estrela do futebol português, embora não o reconheça, na sua habitual humildade, António Silva acumulou estes números que podem ser constatados acima, os principais num lote extenso de estatísticas que ajudaram ao destaque como Jogador Revelação GoalPoint de 2022/23.

O Top 10 das Revelações da Liga bwin
O benfiquista não foi o único jovem a brilhar na Liga esta temporada. O top 10 das revelações mostra isso mesmo, o lote de jogadores que deixaram uma marca e mostraram qualidade consistente ao longe de longos meses de grande exigência. Logo atrás de António Silva, bem colado no rating, ficou Tomás Araújo, emprestado pelas “águias” ao Gil Vicente. Os dois constituíram, aliás, a dupla de centrais que conquistou a Youth League para o emblema lisboeta.

Os destaques são muitos e alguns têm já como destino o regresso aos clubes que os emprestaram (como o caso de Tiago Gouveia) ou despertam já o interesse de emblemas de maiores ambições, em Portugal ou no estrangeiro (como acontece com Ibrahima Bamba). E muitos outros mereciam estar nas luzes da ribalta.

Parabéns António, Jogador Revelação GoalPoint Ratings de 2022/23, mas também todos os jovens e recém-chegados que abrilhantaram a Liga bwin! Não perca, nos próximos dias, o anúncio do Jogador do Ano GoalPoint e dos 44 Magníficos da Liga, mais 11 do que é habitual."

O tango assassino de Boedo


"A gente de Boedo benzia-se na missa, de manhã, porque sabia que, à tarde, ia assistir a mais uma execução de Los Matadores

Nessa tarde amena de Primavera de 1966 nem uma brisa bulia com as árvores do Barrio de Boedo, em Buenos Aires, o local onde Julio de Caro deu ao tango um novo caminho para percorrer na sua história tão presa à própria história do bairro e da cidade. As opiniões começaram por dividir-se. Depois até os mais conservadores abriram finalmente os braços à musicalidade de Julio. Souberam decorar e cantar com lágrimas nos olhos:
«De aquí, de Boedo y San Juan
voy a cantar
un tango triste y sentido...
Porque quiero saludar y recordar
el barrio donde he nacido...
Dónde quedó la emoción
de mi niñez
con cielo azul de rayuelas...».
Nada podia ser mais bairrista. Nessa tal tarde de que falo já Julio de Caro entrara para a ala dos mestres. Nessa tarde abúlica de 1966, com o peito enfunado do orgulho próprio das gentes de Boedo, três rapazes entraram pelos portões de El Gasómetro, o estádio do San Lorenzo, com a absoluta convicção de que iriam fazer parte da história do futebol argentino.
O Clube Atlético de San Lorenzo foi fundado a 1 de abril de 1908 no bairro de Almagro graças à força de vontade de um grupo de garotos salesianos comandados pelo padre Lorenzo Massa. Depois as regras da urbanização de Buenos Aires encaixaram Almagro no Barrio de Boedo e o clube foi expulso por via da construção civil desenfreada e teve de se albergar em Bajo Flores. Seria inevitável que voltasse a casa. Voltou. El Nuevo Gasómetro ergueu-se no local do antigo. Os rapazes que sonhavam em vestir a camisa - era camisa mesmo, com botões e tudo - do San Lorenzo chamavam-se Antonio Rosl, Carlos Buttice e Agustín Iruja. Cumpriram o sonho. Mas aquilo com que nunca haviam sonhado foi, dois anos mais tarde, ainda maior do que o próprio sonho: fizeram parte de Los Matadores, a primeira equipa campeã da Argentina sem perder um único jogo. O tango triste de que falava Julio passou a ser um tango pleno de alegria. Era bailado de pé para pé com uma bola pelo meio e desesperava adversários porque bola há só uma e eles nunca a tinham. O tango do San Lorenzo de Almagro não se aprendia de cor porque a imaginação profícua de gente como Rodolfo Fisher, El Tucumano, trocava de nota a qualquer momento sem nunca desafinar. E, lá de trás, do centro da defesa, ouvia-se o grito poderoso de Rafael Albrecht que fazia parelha com o veterano da equipa Oscar Calics. Cada berro era um incentivo. Quando Rafael abria as goelas uma rajada de impropérios saía a par de um bafo assustador até para os próprios companheiros de equipa. Ah! Não, ninguém se metia na frente de Albrecht que não fosse, no final do jogo, a correr com urgência para ser atendido por um otorrino. Eram berros homéricos! Berros capazes de levantar uma ventania desatada mesmo quando as tardes eram tão calmas como aquela tarde de verão de 1966 no Barrio de Boedo.
Carlos Buttice foi o guarda-redes dessa equipa do San Lorenzo e explicou o êxito da forma mais simples que lhe veio à cabeça: «El grupo no tenía fisuras». Pois, nem uma brecha se abria enquanto iam atropelando adversários como o River Plate, o Banfield, o Huracán e os Estudiantes de La Plata. O golo corria como sangue pelas veias de avançados revoltados, furiosos, inquietos: Fisher, Carlos Viejo, Hector Vieira, Alberto Rendo ou Pedro Alexis Gonzalez. Se o tango de Julio de Caro entremeava a tristeza com a rebeldia, o futebol de El Ciclón tornava-se cada vez mais imparável à medida que ia destruindo opositores apavorados como se fossem perseguidos por uma manada de hipopótamos. Mas hipopótamos como o da velhinha história em que saltavam de nenúfar em nenúfar. El Ciclón atropelava quem lhe surgisse pela frente mas não o fazia com brutalidade, fazia-o com a elegância cavalheiresca que provinha do talento ímpar dos seus jogadores. E provava ao mesmo tempo como era possível ser-se homicida sem piedade e executor sóbrio de uma estratégia que exigia tanto da agilidade como da inteligência.
«Barriletes de color
ilusiones de papel
que ya el viento se llevó!...
Todo aquello
¿dónde está
esquinitas de mi ayer
de aquí, de Boedo y San Juan?»
cantavam os homens dos tangos e das milongas enquanto enlaçados os pares bailavam no enlevo erótico de uma sensação íntima. Los Matadores iam de cancha em cancha cumprindo o seu destino de matar todas as equipas que lhes surgissem pela frente. Os três sonhadores daquela tarde de Verão na qual o vento não soprava sequer a mais leve das brisas tornaram-se tão sanguinários como os seus companheiros. Tango assassino. Talvez fosse a melhor forma de descrever a fatalidade dos seus golpes. Roberto Telch tinha a missão de marcar o ritmo mortífero. As gentes de Boedo sonhava com os domingos. Benzia-se na missa, bem cedo, porque sabia que ia em grupo assistir a uma execução. E que a vítima era o mais inocente possível..."