Últimas indefectivações

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Contra factos...

"O Diário de Notícias publicou, no fim-de-semana passado, um artigo sobre a contagem de títulos nacionais de futebol. Para tal recorreu a historiadores que, como seria de esperar, desmentiram a tese revisionista, nascida no Lumiar, que procura simultaneamente sonegar as quatro primeiras edições do Campeonato Nacional, então denominado Campeonato da Liga (Benfica 3; FC Porto 1), e fazer do Campeonato de Portugal a prova precedente do Campeonato Nacional (Sporting 4; FC Porto 4; Benfica 3; Outros 6). No mesmo artigo é referido o silêncio da FPF relativamente ao assunto, escusando-se a esclarecer a situação.
Esta atitude é incompreensível, mas darei uma ajuda, recorrendo ao relatório da própria Federação Portuguesa de Futebol publicando em 1938: 'Por virtude da reforma a que se procedeu no Estatuto e Regulamentos da Federação, os Campeonatos das Ligas e de Portugal passaram a designar-se, respectivamente, Campeonatos Nacionais e Taça de Portugal'.
Talvez avisados de que, passados quase 80 anos, haveria do futebol português, os redactores do relatório da FPF acerca do ano de 1938 repetiram, por outras palavras, o que escreveram no parágrafo anterior: 'O campeonato da 1.ª Liga passou a ser Campeonato Nacional 1.ª Divisão'.
Será esta prova documental suficiente para encerrar o assunto? Infelizmente, creio que não e nem sequer tentarei perceber as razões, pois não sou psiquiatra nem sequer investigador de métodos de manipulação de massas...

P.S. José Gomes fez uma bela exibição em Santos, só se lamentando a grande penalidade desperdiçada. Um dia há-de marcar, a alcunha 'Zé Golo' não surgiu por acaso."

João Tomaz, in O Benfica

Só coisas boas

"Um fim de semana de paragem no campeonato nacional de futebol pode ser uma coisa muito aborrecida. Principalmente para quem só pensa em futebol. Não é o meu caso. É certo que o SL Benfica jogou um particular no Brasil com o Santos FC, mas essa foi apenas mais uma prova do imenso prestígio do maior clube português. O homenageado foi Léo, mas poderiam ter sido Eusébio e Pelé. Ou simplesmente a arte do futebol. Foi bonito. Tão bonito como nenhum dos nossos jogadores se ter lesionado nessa partida nem nos encontros da selecção nacional.
Então, como eu dizia, sábado e domingo sem campeonato pode ser um problema se não tivermos um gosto eclético. Tendo uma paixão pelo clube e pelas muitas modalidades que o SL Benfica apresenta, tudo fica mais simples. Peguemos, por exemplo, no futsal. É uma das modalidades mais queridas dos portugueses, tem milhares de adeptos e dá azo a grande espectáculos nos pavilhões. Foi o que se passou no fim de semana passado, com a disputa nas duas Supertaças nacionais, em masculinos e femininos. Em ambos os casos, vitória do SL Benfica pela diferença mínima frente aos campeões em título. E num dels, perante um adversário ao nível do Glorioso, com um historial de peso na modalidade, um clube que apostou forte em grandes profissionais e que vive o desporto também como um viveiro de formação de seres humanos e atletas. Parabéns ao FC Vermoim pela excelente campanha no futsal feminino. Da partida masculina, o destaque vai inteirinho para o brasileiro Elisandro, que se estreou da melhor forma com a camisola vermelha: três golos e uma taça para o Museu Benfica - Cosme Damião. Limpinho!"

Ricardo Santos, in O Benfica

O nome é Gomes

"Para quem siga com atenção o futebol jovem do Benfica, não é certamente novidade o surgimento de José Gomes, aos 17 anos, no nosso plantel principal, com minutos e protagonismo.
Não sendo eu um observador muito regular dos jogos da formação, nem mesmo assim me escapou aquele miúdo, com movimentos felinos e fato pela baliza, que terei visto pela primeira vez aos seus 14 anos. Logo me impressionou. Desde então, a cada jogo que via das suas equipas (sub-15, Sub-17 ou Sub-19), rapidamente o procurava, seguindo todos os seus pormenores, arrancadas, movimentações, desmarcações e golos. Não era preciso ser especialista para perceber tratar-se de um talento raro. De um possível fora-de-série. Mais do que Renato Sanches, mais do que Bernardo Silva, foi José Gomes o jovem da 'cantera' do Seixal que mais cedo me saltou à vista. Talvez por ser ponta-de-lança - sendo essa a minha espécie predilecta no mundo do futebol.
Beneficiando das lesões de Jonas e Jiménez, chegou agora à equipa principal. Mas isso para ele não pode ser um ponto de chegada. É, sim, o ponto de partida.
Com a sua idade,e com todo um trabalho que ainda tem pela frente, dentro de uma década tanto poderá estar no Real Madrid como no Real Massamá. A diferença é muito ténue, e não faltam exemplos para o comprovar. O caminho é estreito, e qualquer desvio será fatal.
Depende dele, do seu trabalho, da sua humildade, do seu empenho em cada treino, dos cuidados a ter fora do campo, da sua vontade de aprender mais e mais, de melhorar todos os detalhes. Cada dia conta. Talento não lhe falta. Enquadramento também não.
A bola é tua, Zé."

Luís Fialho, in O Benfica

Quantas estradas deve um homem...

"O futebol sempre teve o condão de despertar paixões, levando a que a emoção se sobreponha à razão. Mas para tudo há um tempo e um modo. E há ma medida certa que, se ultrapassada, torna o belo em feio, o puro em impuro. A verdade é que, na interdependência da vida em sociedade, «ninguém é livre. Até os pássaros estão presos ao céu».
Ontem, Luís Filipe Vieira, um líder que em muitas ocasiões se guia pela frase «se você precisa de alguém para confiar, confie em você mesmo» apresentou a equipa que vai acompanhá-lo no próximo mandato à frente do Benfica. Ao longo dos últimos 13 anos, Vieira conseguiu levar à prática a ideia de que «a melhor coisa que você pode fazer por uma pessoa é inspirá-la», criando a vaga de fundo que devolveu o clube fundado por Cosme Damião ao topo do desporto nacional.
Desde que é presidente, Luís Filipe Vieira foi capaz de aceitar que «a felicidade não está na estrada que leva a algum lugar. A felicidade é a própria estrada», e foi por isso que se empenhou com insuperável militância na transformação do emblema encarnado, que recebeu ainda ferido pela terra queimada de Vale e Azevedo.
Quando chegou, o líder benfiquista podia pensar que «quando não se tem nada, não há nada a perder». Hoje, as coisas são diferentes. O Benfica é tricampeão, tem o Seixal em laboração de qualidade e joga, em todas as modalidades, para o título. Por isso precisa de procurar as melhores respostas para os novos desafios. E estas, provavelmente «estão a soprar no vento...»

PS - A negro, excertos da obra poética de Bob Dylan, novo Prémio Nobel da Literatura."

José Manuel Delgado, in A Bola

Permitam-me discordar

"Há tempos cruzei-me com uma história curiosa de um cronista brasileiro. Dizia ele que, numa conversa corrente, um amigo lhe dava conta detalhadamente de um crime qualquer.
«O mundo está cada vez mais violento», sentenciava.
O cronista discordava.
«Já leste sobre as crueldades da Idade Média? Já estiveste em Auschwitz? O mundo nunca foi tão pouco violento como agora. O homem é que nunca esteve tão bem informado.»
No fundo, caríssimos, é isto: depende tudo da perspectiva. Para quem não esteve numa Gulag e só viveu neste nosso tempo, é fácil pensar que isto agora está muito mau.
Mesmo que já tenha estado bem pior.
Ora vem esta conversa a propósito do futebol português e de uma perspectiva optimista.
O sucesso do último verão, com títulos europeus e finais de competições internacionais, encheu o peito do futebol nacional de orgulho: os protagonistas do jogo estão cada vez mais empertigados e altivos, quase, quase deixando escapar uma certa arrogânciazinha.
Tornou-se banal ouvir treinadores, dirigentes e até comentadores puxar dos galões para perguntar em que actividade é que Portugal tem um sucesso semelhante? Ou para dizer que só no futebol é que o nosso país consegue estar entre os melhores do mundo.
Nesta altura peço licença para dizer: permitam-me discordar.
Mas antes disso deixem-me só contar outra história. Tenho um amigo francês que vem a Portugal com regularidade. Gosta de futebol, é adepto do PSG, pensa mudar-se para cá e recusa ter um clube português porque só consegue gostar do Paris, como lhe chama.
É no fundo um tipo como nós.
No início do último verão veio a Lisboa com outros amigos franceses. Como sempre a conversa foi parar ao futebol e ele sentiu-se na obrigação de avisar os compatriotas.
«Há algo que têm de saber: em Portugal o futebol é a coisa mais importante do mundo.»
Nessa altura dei comigo a pensar que sim, que aquele francês não andava longe da verdade. Damos uma importância ao jogo que provavelmente não damos a mais coisa nenhuma e gostamos de citar pelo menos duas vezes ao dia o inglês Bill Shankly: que o futebol não era uma questão de vida ou de morte, é mais importante do que isso.
Não seguimos, certamente, mais nenhum fenómeno com tanta atenção, não nos irritamos tanto com mais coisa nenhuma, nem nos desgastamos assim com mais nada. Também nada nos tira do sério com tanta facilidade como o futebol: para o bem ou para o mal.
Quantas vezes não condicionamos a nossa vida porque dá este jogo ou aquele programa?
Para nós o futebol é realmente o elemento mais importante do mundo. E é, nesse sentido, injusto compará-lo com qualquer outra coisa.
Quando alguém perguntar em que outra actividade o país tem tanto sucesso internacional, o melhor é responder que faz sentido que seja assim: é no fundo um nexo de causalidade. Afinal de contas, a que outra actividade o país dedica tanto tempo, entusiasmo e carinho?
Por isso, lá está, permitam-me discordar: essa perspectiva está distorcida. Porque a nenhuma outra actividade Portugal dedica tanto de si."

Benfiquismo (CCXLIX)

Um Alverca 0 - 2 Benfica
... para a Taça de Portugal,
em 1985

Eu vou votar em Luís Filipe Vieira

"Sou do Benfica e isso me envaidece. Por isso, vou continuar a querer que o Benfica ganhe sempre e que os nossos rivais percam...

Eu vou votar em Luís Filipe Vieira. Porque nunca, quis concorrer contra ele, ... nunca, sequer, anunciei essa disponibilidade, em tempo algum, ... nunca concorri contra ele, ... e - a não ser que queira que o Benfica jogue de azul ou verde... ou coisa parecida - nunca concorrerei contra ele.
Ele vai continuar Presidente do Benfica, como o é há 13 anos, e eu vou continuar sócio do Benfica, como sou desde que nasci, em 23 de Agosto de 1958, ... há 58 anos.
Como fui até 3 de Julho de 2009, vendo todos os jogos em casa e muitos fora...
Não consigo estar sem ser!
Empenhado e a dar a cara!
Sem medo de dar o peito às bolas, porque como ouvi dizer, ... «se não tens coragem, não adianta ter vontade!»
Há quem consiga estar por estar!
Eu não!
Como não consigo ser como outros, ... eternos defensores de convicções alheias.
Sei da especulação que por ái vai andar, como medito em tudo o que leio (achei tanta graça a um artigo de um tal Redmoon, no 'Novo Geração Benfica')!
Mas, como quem andou na política 30 anos (embora nunca a tenha frequentado, enquanto fui Vice Presidente do Benfica, não me aproveitando, por isso, dessa visibilidade para outros fins), tenho sempre presente uma grande verdade:
«Saber estar a romper a tempo, correr os riscos de adesão e da renúncia, eis a política que vale a pena» (Francisco Sá Carneiro).
E, recorrendo - mais uma vez - ao conforto de outra citação, ainda e também de Francisco Sá Carneiro, nunca me importei de pode dizer:
«Nunca estive tão sozinho e nunca tive tanta certeza de ter razão».
O que nem sequer é o caso, ... e a vida dá tantas voltas...
Sei que nos Dragões Diário, no Comunicação SCP, nas casas de alguns comentadores e até em casas onde era pressuposto isso não acontecer, pelo cartão de sócio que exibem (o que é diferente de ser...), se abrirão garrafas de champanhe.
Mas, porque sou do Benfica, ... e isso me envaidece, ... vou continuar a querer que o Benfica ganhe e eles - os meus e nossos rivais e adversários de sempre - percam.
Mais, se poddível, do que quando por lá andava.
Começando, já, pela concretização do Rumo ao 36!
Porque, nós, os sócios, queremos, e o Presidente, que vai continuar, merece!
Podendo contar comigo para as lutas que valem a pena!
Sem ter lugares, porque só quem não tem convicções precisa de lugares por se bater por aquilo em que acredita!
Como lhe disse, na terça feira passada, numa conversa a sós, que não vou esquecer (e que acabou com um abraço a um grande amigo que, passados estes sete anos, deixo, na Presidência do Sport Lisboa e Benfica)!
O tempo tudo resolve!
E hei-de comemorar o terceiro título de Campeão Europeu do Benfica, daqui a poucos anos, com outro grande abraço, no estádio onde isso se concretizar, a Luís Filipe Vieira!
Ou, porque e como diria Mário Wilson... «O valor ais alto que se levanta chama-se Benfica»."

Rui Gomes da Silva, in A Bola