Últimas indefectivações
quarta-feira, 28 de maio de 2025
Sobre a selvajaria do Jamor
"«Estes homens têm de perceber que são uma referência pedagógica para muita gente», explica alguém bem-intencionado na televisão. Não tenho que discordar, mas não me revejo especialmente. Tem-se por hábito falar do profundo exemplo que os futebolistas devem representar para a sociedade, em particular para as crianças deste país.
Compreendo a importância cultural do futebol e nada me move contra os indivíduos que exercem esta profissão, até porque alguns são meus heróis de infância ou da vida inteira, mas não me lembro de ter visto muitas vezes um futebolista fazer algo que me fizesse chamar os meus filhos para lhes dizer: «Estão a ver? É este exemplo que vocês devem seguir!»
Pode parecer que é uma crítica aos futebolistas, mas não. É uma simples constatação de que não conto com futebolistas para formarem uma ideia de sociedade ou de boas maneiras junto dos meus descendentes, e que não vem daí mal ao mundo. Se acontecer, nada contra, mas tenho apostado noutros exemplos para inspirar a sua educação cidadã e cultura desportiva.
Serve isto para dizer que não espero do jogador Matheus Reis que, ao minuto 90+4 de uma partida de futebol que se encontrava a perder, esteja consciente do seu lugar de pedagogo na sociedade. A minha única expectativa vem antes disso, na evolução da espécie humana: do Matheus Reis, eu espero apenas que compita com mínimos olímpicos de lealdade e não se comporte como um selvagem. Lamentavelmente, os mínimos não foram atingidos.
Pode parecer uma palavra dura, mas alguém que pisa a cabeça de um adversário com pitons, celebra esse mesmo ato horas depois nas redes sociais e, no dia seguinte, aparenta justificar as suas ações explicando que os «leões rugem», é, essencialmente, um selvagem. Um selvagem convosco. E não estou certo de que a mera suspensão por meia dúzia de jogos seja a solução para este caso de violência celebrada pelo autor da agressão — um caso que, à hora em que escrevo este texto, continua a ser ignorado pela Direção do clube e por todas as entidades que deveriam reagir ao sucedido e fazer disto um exemplo, quem sabe um dos tais para as crianças que esperam ver nisto uma escola.
Vale a pena registar a sonsice do campeão do desportivismo, Frederico Varandas, que há poucos dias subiu a uma varanda para discorrer sobre valores no desporto e rivalidades, com a bazófia típica de quem ganhou e, por isso, tem lições para oferecer ao mundo. Hoje permanece calado, para vergonha, inclusive, de muitos adeptos do seu clube.
No que toca ao comportamento do Matheus Reis, não estamos no domínio da opinião. Todos pudemos constatar o que se passou. Não há uma suspeita, há prova de uma agressão bárbara testemunhada por milhares. Não há investigação a conduzir, averiguação a realizar, nem perícia que nos falte. É — mesmo — assim tão escandaloso. Aliás, soube segunda-feira, foram 33 as câmaras que filmaram este jogo. Pasme-se: as únicas pessoas que não viram o que se passou foram um fiscal de linha e um VAR aos quais uma denúncia de má-fé não faria a devida justiça, como concordariam muitos correlegionários se eu lhes pedisse para utilizarem português corrente por forma a classificar aquilo que se passou.
É um facto que também não conto com os árbitros para educarem os meus filhos, mas também destes profissionais espero mínimos de competência, boa-fé, sei lá, capacidade para admitir um erro. Deles e de quem os dirige, os premeia ou, como se tem verificado semanalmente, os protege para lá de qualquer margem aceitável. Pois bem, as horas vão passando. Aguardei pacientemente por mínimos de competência, boa-fé, capacidade demonstrada para admitir o erro. Zero, zero, zero.
Não é caso para menos: se o agressor é um selvagem, quem o patrocina ou autoriza desta forma é uma vergonha. E, por muito que se possa apontar falta de competência ao Benfica em momentos do jogo da final, é difícil compreender como tantas pessoas, através de atos que não podem ser tolerados num estádio de futebol — as mesmas pessoas que tantas vezes pedem mais decência a quem se senta nas bancadas — puderam, em conjunto, criar as condições para que o Benfica fosse privado de um troféu.
Eu espero sanções exemplares para todos os intervenientes que patrocinaram este episódio no Jamor, e a única sanção exemplar será o afastamento do futebol profissional por um longo período de tempo.
Bom, agora que já estou mais calmo, permitam-me fazer uma coisa que tem acontecido poucas vezes nestas páginas: elogiar o comunicado publicado ontem pela Direção do Benfica. Foi preciso esperar quatro anos e chegarmos à véspera de eleições, com todos os troféus desta época perdidos, para que a Direção achasse por bem libertar uma reação que é a mãe de todas as reações.
Penso ter percebido a estratégia: talvez assim se faça esquecer todos os silêncios que foram deixando a situação chegar até aqui ou, quem sabe, as múltiplas decisões institucionais do nosso futebol em que o presidente do Benfica votou ao lado de Frederico Varandas. Mais vale tarde do que nunca, não é?
Assim sendo, registo com agrado este novo comunicado. O tom, duríssimo, não deixa pedra sobre pedra e promete finalmente fazer respeitar o Benfica, em especial nas jornadas que faltam desta Liga e na segunda mão da final da Taça de Portugal. É isto, não é?"
Benfica: o vazio que gera mais vazio
"De Di María a Otamendi, de Lage a Rui Costa é altura de se fechar o ciclo. Há poucas dúvidas de que o atual vazio vá continuar levar a mais vazio. Há muito que, no clube, se desespera por um rumo
O Benfica que esteve no Jamor foi uma mera equipa – que um treinador estabilizou, reforçou à sua imagem e aguentou mais ou menos coesa mesmo quando deu tiros nos próprios pés – e não um projeto. É certo que o mesmo se poderia dizer do Sporting, que este já não é o de Amorim, embora, até pelos recuos de Rui Borges, ajustando as ideias aos pedidos dos jogadores, ainda haja lá coisas do ex-treinador. Ganhou o menos mau a Liga e ainda que os encarnados extraiam um carregado sabor a injustiça da Taça, quem se permite não reagir àquela transição rápida, sobretudo pelos pés que a levava, revela infantilidade indigna de vencedor. Volto ao início, havia um pouco mais de projeto, de continuidade e alinhamento do lado verde e branco e não estranha que, no final, no último fôlego, tudo se voltasse a inclinar a seu favor.
O presidente das águias tornou-se refém das suas palavras antes da final. Tal como renovou com Schmidt fora de tempo, o maior culpado – liderança frágil, resultados no futebol e modalidades, finanças, perdas no scouting, erraticidade no mercado, incapacidade de reter talento – afirmou que Lage é, por sua vez, o menor e vai continuar. Já o treinador, que não pode ser dissociado do duplo fracasso, por ter falhado na afirmação decisiva em vários momentos perante o rival, deixou escapar um «vou falar com o presidente», percebendo que pode exigir mesmo perdendo, porque mais uma vez não há rumo além do dia a dia.
Já o escrevi aqui. Bruno Lage proporciona-me sensações divergentes. Tem grande parte do que valorizo num treinador: a capacidade de antecipar, moldar-se perante os adversários e de resolver problemas com apostas estratégicas de curto ou médio prazo. Basta ver como enquadrou Di María com Aursnes ou viu valências em Carreras que este ainda não mostrara. Só que depois não nos devem passar ao lado as fragilidades. A incapacidade de mover montanhas com o discurso antes de jogos decisivos – e teve três embates com o Sporting para poder fazê-lo – e a gestão dos jogadores – má a de Schjelderup, entre aposta e suplente esquecido, inexplicável a de um Bruma titular na Taça, inenarrável a de Rollheiser e criminosa a de Prestianni. E o que dizer de Renato? Ficam muitas dúvidas de que seja o treinador indicado.
O Benfica está há épocas em fim de ciclo. De cima a baixo. Mesmo que o exemplo do FC Porto possa assustar, não há fuga possível. Ou morre lentamente, ou sofre e tenta renascer."
A revolução necessária
"A final da Taça de Portugal, disputada no domingo, entre Benfica e Sporting, poderia e deveria ter sido uma montra elevada do futebol português, mas transformou-se, infelizmente, num penoso retrato dos males que persistem na nossa cultura desportiva.
Em vez de talento, espetáculo, desportivismo e exemplo, assistimos — de parte a parte — a uma monótona sucessão de interrupções, perdas deliberadas de tempo, antijogo ostensivo e, pior ainda, a demonstrações inequívocas de agressividade, quase sempre impunes e, até, festejadas com inexplicável orgulho.
Esta realidade, repetida tantas vezes ao longo da época desportiva que agora finda, não se compadece com a excelência técnica, o talento individual, a capacidade e competência de muitos dos nossos jogadores, treinadores e dirigentes reconhecidos internacionalmente.
Enquanto não houver coragem para enfrentar estes problemas com medidas estruturais e permanentes, estaremos a hipotecar irremediavelmente o futuro do futebol português.
O que está em causa é muito mais profundo do que simples questões regulamentares ou disciplinares. Trata-se da urgente necessidade de instaurar uma verdadeira cultura de valores, ética e educação desde a formação dos jovens atletas até ao topo das estruturas profissionais.
Os clubes, treinadores, dirigentes e árbitros têm responsabilidades acrescidas. É fundamental que assumam o papel pedagógico e exemplar que lhes compete, punindo rigorosamente comportamentos antidesportivos e incentivando o respeito pelo adversário, árbitros e público.
É preciso criar condições efetivas para que as famílias e as crianças regressem aos estádios sem receios, confiantes na segurança e na qualidade do espetáculo oferecido. Para isso, importa olhar para os melhores exemplos internacionais, onde o futebol é vivido como festa coletiva, assente em princípios de fair play e respeito mútuo.
Portugal merece um futebol que seja reflexo dos seus melhores valores culturais e sociais, e não a expressão triste das suas fragilidades. A mudança é possível, mas exige coragem, visão estratégica e determinação. É tempo de agir com clareza, exigência e responsabilidade, para que o futebol português recupere o lugar de destaque que, pelo talento dos seus melhores protagonistas, lhe pertence legitimamente.
Não há mais tempo a perder. O futebol português necessita, agora mais do que nunca, de uma revolução ética e cultural que o reconduza e afirme na medida do seu potencial e, sempre, na defesa da sua dignidade."
Siga!!!
"O lance de ontem do Belotti podia ser um quadro representativo do legado do Vieirismo/Costismo, o atual Benfica numa imagem:
Roubado, de joelhos, a ser pisado de forma covarde, comentadores de uma TV pública a rirem-se, jogador a vangloriar-se da agressão em vídeo exibido pelo próprio clube!
Um clube gigante transformado numa piada nacional, que ninguém respeita.
Para que a cara dos senhores que olharam para aquilo e conseguiram marcar uma falta à vítima de espancamento em pleno relvado, juntamos a fotografia de cada um:
=> Pedro Mota, fiscal de linha que a menos de um metro do lance viu uma falta do cidadão a ser espancado no chão. Um sujeito que já topámos há anos pelo seu fanatismo lagarto, fez parte da equipa de Tiago Martins como fiscal de linha durante anos.
=> Luis Godinho, cuja maior pressa era em fazer o jogo começar a ver se o seu Sporting chegava ao golo do empate. Indica à vítima de espancamento para se chegar para fora do campo e reinicia o jogo de imediato cagando de alto no estado da vítima.
=> Tiago Martins, o grande Tiago Martins. O canalha que já nos roubou vezes sem conta, um individuo do mais desonesto que existe no Mundo. Um crápula que como VAR vê as imagens e consegue não alertar o árbitro para a conduta violenta dos dois jogadores do seu clube do coração. Um nojo de ser humano que tem um diferendo com o Benfica por alegar que uma moeda de 5 cêntimos atirada da bancada da Luz lhe criou um hematoma.
Rui Banana, és a pior coisa que aconteceu ao nosso clube. Conseguiste destruir tudo. Desportivamente, financeiramente, culturalmente. Já não sobra nada no nosso clube. Quatro anos de inação total que culminaram no desrespeito total de toda a gente perante a nossa Instituição. Agora que existe um motivo mais do que justificado para avançar com uma queixa formal à UEFA de Tiago Martins para o banir de uma vez por todas das competições nacionais, vais deixar o assunto passar mais uma vez e permitir que este fanático lagarto continue nos próximos anos a adulterar jogos e resultados do nosso clube da forma impávida e serena que tem feito. À semelhança, por exemplo, do que aconteceu com Fábio Veríssimo, que desde aquela meia final da Taça da Liga de 2019 em Braga contra o Porto deveria ter ficado impedido de apitar jogos em Portugal. Ou do que está a acontecer com António Nobre, que nos últimos 3 jogos que nos apitou marcou sempre um penalti contra nós, as 3 vezes revertidas pelo VAR (sendo que na última, por decidir um campeonato, decidiu passar por cima do VAR e manter a decisão que nos custou um campeonato).
O desporto em Portugal devia hoje estar de luto, no culminar de uma das épocas mais vergonhosas da história do futebol Português. Mas está tudo bem, as capas dos jornais não falam de nada. As TV´s não mostram nada e vão andar uma semana a falar de uma dobradinha histórica dos donos disto tudo. O Benfica não ganha, logo está tudo bem. Sportinguistas e Portistas estão unidos, como sempre, a festejar e não passa nada. Tudo está óptimo no futebol Português! Siga, siga... como diz o nosso Capitão Otamendi!"
Fama !!!
Arbitragem portuguesa alvo de chacota internacional, graças ao VAR Tiago Martins e ao Godinho.
— Alberto Mota (@lbrtmt1904_mota) May 27, 2025
Obrigado FPF👏
Obrigado Pedro Proença 👌 pic.twitter.com/DyOKvERclW
Tempo de rutura
"Este sistema não serve o futebol. Muito menos serve o Benfica. O clube não pode continuar a competir em competições sem credibilidade.
“Há coisas que ultrapassam todos os limites”, disse ontem Rui Costa aos jornalistas, depois da derrota na final da Taça de Portugal. Sim, ultrapassaram-se todos os limites. Mas não apenas no campo. Este domingo, o Benfica não perdeu apenas uma final. Perdeu-se, também, a última réstia de esperança numa presidência que chegou ao fim sem deixar obra feita. O que vimos foi a confirmação de um ciclo falhado, marcado pela ausência de liderança e de rumo.
É difícil escrever isto. Difícil porque, como qualquer benfiquista, habituei-me a ver Rui Costa como símbolo de talento, entrega e mística. Mas o respeito pelo passado não pode justificar a continuação de um presente sem direção. E exige-se, a quem ocupa esse lugar, muito mais do que esforço ou boas intenções. Nestes últimos quatro anos, em que lhe foram oferecidas condições únicas para governar, Rui Costa tornou-se, ele próprio, um fator de instabilidade. Ora vejamos: o clube passou a estar ainda mais dependente da venda de jogadores para alcançar a sustentabilidade financeira. Teve mais treinadores do que títulos. E mais administradores da SAD a sair do que conquistas alcançadas. Manteve-se refém de interesses externos e de circuitos que deveriam ter sido cortados. Não reteve muitos dos seus principais quadros internos. Não lançou uma única infraestrutura relevante.
Ao longo dos últimos anos, tentei contribuir de forma construtiva para o clube, com ideias, propostas e com o livro A Nossa Camisola, onde procurei pensar o Benfica de forma exigente e ambiciosa. Infelizmente, o modelo de clube estagnou. Os erros repetem-se. Os discursos sucedem-se. E o Benfica continua entregue à inércia.
Tal como defendi em A Nossa Camisola, o problema vai além do Benfica. É também do futebol português. Depois de uma das finais mais escandalosas da história das competições nacionais, o clube não protestou o jogo nem exigiu a erradicação do VAR, Tiago Martins. E quando o maior clube português não age, o sistema agradece. Não podemos continuar a tapar os olhos.
O futebol em Portugal está capturado por vícios estruturais e poderes instalados que bloqueiam qualquer tentativa de modernização. Os regulamentos são aplicados de forma desigual. As decisões disciplinares carecem de critério. A arbitragem permanece opaca e sem responsabilização. A centralização dos direitos televisivos está parada. As instituições que regem a modalidade são geridas sem rumo, tornando-se meros espaços de acomodação, onde se protegem equilíbrios e se evitam conflitos.
Este sistema não serve o futebol. Muito menos serve o Benfica. O clube não pode continuar a competir em competições sem credibilidade. E tem de agir perante a erosão da verdade desportiva.
Faltam ideias.
Faltam reformas. Falta coragem. E o Benfica, que deveria ser protagonista dessa mudança, tem sido cúmplice por omissão. Hoje, mais do que nunca, é claro: se não formos nós a liderar esta transformação, não será ninguém.
O que está em causa é uma ruptura. E essa ruptura exige coragem e visão. Não se trata de um gesto impulsivo, mas de uma exigência institucional. Se o Governo continuar ausente, se a Liga e a Federação persistirem na opacidade e na conivência com o imobilismo, então o departamento jurídico do Benfica terá de analisar todas as hipóteses, incluindo ponderar a continuidade do clube nas competições nacionais. Liderar também é saber dizer basta. Com firmeza, com clareza e com autoridade.
Chegou o tempo da coragem. E essa coragem começa por reconhecer aquilo em que se falhou. Não há tempo a perder com dirigentes da velha guarda nem com candidatos que têm medo de incomodar. A ruptura não se faz com conciliadores, nem com perfis de diplomata. Faz-se com quem está disposto a enfrentar interesses, a incomodar poderes instalados e a liderar com firmeza. Chegou o momento de romper com o que falhou e construir, com exigência, um novo ciclo.
Competência, ambição, coragem, exigência e respeito. São estas as cinco condições essenciais para voltar a vencer. Quando estão presentes, constroem-se equipas, instituições e campeonatos. Quando faltam, colecionam-se desculpas. Rui Costa teve tempo, teve legitimidade, teve meios. Faltou-lhe o essencial: visão estratégica e capacidade de ruptura. Quem ama o Benfica, como ele ama, terá sempre lugar no clube. Mas não é à frente dos seus destinos.
Neste momento, a melhor decisão que compete à atual direção é apenas uma: demitir-se em bloco e permitir que o clube avance, de imediato, para eleições. O Benfica já perdeu tempo demais.
Precisamos de um Benfica capaz de se modernizar por dentro e de transformar o futebol por fora. Um Benfica que lidera sem hesitar, que protege os seus interesses sem medo e que constrói o futuro com seriedade. Esse é o compromisso que hoje se exige — um compromisso à altura do amor à nossa camisola, que deve estar sempre acima de qualquer agenda pessoal ou ciclo dirigente.
O Benfica tem de estar sempre em primeiro."
O caminho das pedras ou a Cheguização do Benfica
"São dias tristes para o Benfica e para os benfiquistas, aqueles que vivemos hoje. Tristes porque acreditávamos, porque tínhamos razões para acreditar, e porque chegámos aos últimos minutos dos momentos das decisões a poder ganhar tudo. E tudo perdemos. Pior. Isto, um ano depois de termos vivido uma época sofrível, com um segundo lugar sofrível, uma derrota por 5-0 no Dragão contra um dos piores planteis de sempre do FC Porto, e uma eliminação da Liga Europa em Marselha que nos ficou a todos atravessada na garganta. Este ano tínhamos de emendar a mão, mudar o rumo, e morremos na praia.
Sopram ventos de mudança no País, com a mesma força que sopram ventos de mudança no Benfica. Mas a História, do Benfica e do Mundo, já nos ensinou que a mudança, mesmo que mascarada de progresso, de amanhãs melhores, tantas e tantas vezes só nos leva ainda mais para baixo, para o fundo, para o pântano. Foi assim com o príncipe Vale e Azevedo, que teria um Benfica com a espinha dorsal da seleção nacional, e acabou a gerir a equipa de futebol 7 de Vale Judeus. Foi assim com Luís Filipe Vieira, que iria acabar com a hegemonia do FC Porto e nos primeiros 10 anos em que liderou o Benfica ganhou 2 títulos e deu 8 a ganhar a Pinto da Costa.
O progresso consistente faz-se por caminhos sinuosos, faz-se de avanços e recuos, de tentativas e erros, faz-se encontrando fórmulas de ultrapassar obstáculos, e reinventando essas fórmulas, que se vão gastando com o tempo. Nunca uma sociedade ou um clube evoluiu de forma permanente e consistente sem vitórias e derrotas, erros grosseiros e conquistas impossíveis. É assim, na dificuldade, na luta, que se ganha garra, espírito de luta e se constroem místicas e memórias únicas. Ninguém esquece os 2-0 em Liverpool e aqueles golos do Simão e do Miccoli, mas poucos recordam a época fraquíssima do Ronald Koeman nesse ano. Ninguém esquece o 6-3 em Alvalade e esse título histórico em 1993, mas poucos recordam que se seguiram 10 anos de deserto, do pior futebol da história do Benfica.
No futebol, a memória longínqua e seletiva é imensa, a memória prolongada, conjuntural, apaga-se rapidamente. Isto porque o futebol se pensa com o coração, e quando se pensa com o coração muitas e muitas vezes decide-se mal.
E é sempre nestas conjunturas que chegam os príncipes salvadores, os donos da verdades, os presidentes, treinadores e jogadores de bancada, os que se acham mais benfiquistas do que os outros benfiquistas, os únicos que sabem a fórmula certa para gerir clubes, conhecem os treinadores que irão ganhar todos os títulos e sabem, eles próprios, fazer sempre as substituições certas que os que estão sentados no banco e foram contratados para isso erraram.
Estes príncipes salvadores vêm muitas vezes em forma de adepto, os que berram e ameaçam nas redes sociais, mas também de comentadores profissionais do Instagram, e até de candidatos a presidente. Todos eles são mais benfiquistas, mais competentes, mais sabedores, mais entendidos de tática, mercado e gestão desportiva.
Vivemos tempos difíceis, em que as fórmulas simples servem para 1,3 milhões de pessoas que votam num partido que acha que basta gritar “abaixo os ciganos”, “rua com os imigrantes”, “pena de morte para os bandidos” e “vamos correr com os corruptos” é suficiente para resolver os problemas da Habitação, da Saúde e da Educação. Vivemos tempos difíceis em que as fórmulas simples irão corroer o discurso construtivo, o debate sério, as propostas para um futuro melhor do Benfica.
É nos tempos difíceis que os competentes, os capazes, os inteligentes têm a obrigação de parar, pensar com a cabeça, e lutar contra as fórmulas simples e milagrosas. E eu sou dos que acreditam que no Benfica ainda há e haverá quem queira pensar com a cabeça.
Infelizmente, é também nos tempos difíceis que é mais difícil aos moderados exercerem, democraticamente, o seu direito à opinião. Porque essa opinião, se não soprar na direção do vento dos populistas, é uma opinião “vendida”, que esconde uma subserviência a poderes obscuros. O foco deixa de ser a mensagem e passa a ser o mensageiro, que é então “um cartilheiro”, “um traidor”, um ser menor que não merece viver, que não merece falar, que tem de ser insultado, ameaçado, calado.
A Cheguização chegou ao futebol antes de o Chega chegar à política. Mas a Cheguização irá continuar no futebol muito depois de o Chega cair na política. O problema é mais grave: é que a Cheguização normalizou-se nas urnas, quando antigamente estava só normalizada na discussão de café. Foi a Cheguização que gerou um Bruno de Carvalho no Sporting e um ataque à academia de Alcochete. A pergunta é: o que é que a Cheguização vai trazer ao Benfica.
A gestão destes quase 4 anos de Rui Costa à frente do Benfica está cheia de erros, imperfeições, falhanços, desilusões. Verdade. Mas nenhum projeto consistente e duradouro no futebol se constrói em 1 ou 2 anos, a menos que haja algum príncipe árabe a despejar milhões de petro-dólares para cima do clube. E nem assim. Veja-se o Chelsea. Nenhuma reforma estrutural se faz em 2 ou 3 anos, sobretudo quando é preciso cortar com um passado e testar novas soluções, que podem resultar ou não. A direção do Manchester United, provavelmente, precisará de 4 ou 5 anos para ver o projeto Amorim chegar onde todos os adeptos do United esperam que chegue. Até lá, haverá erros, tentativas falhadas, tiros ao lado, desilusões, contestação. Mas haverá também, em quem manda, uma crença e uma confiança num projeto.
Como benfiquista, sócio, adepto, não entendo a política e a gestão das modalidades amadoras, não entendo tantos erros de comunicação, não entendo as contratações por empréstimo de jogadores eternamente lesionados, não entendo dezenas de micro-problemas do futebol. Não entendo o que estão a fazer ao Prestiani, não entendo porque é que o Bruma entrou na equipa a todo o gás e desapareceu da noite para o dia, não entendo porque é que o Schelderup explodiu na Taça da Liga e sabe-se lá porquê passou novamente para o banco, não entendo a gestão do Di Maria, não entendo o estão a fazer ao Artur Cabral, não entendo a falta de garra no jogo decisivo com o Sporting para o campeonato, não entendo as substituições na final da Taça. Não entendo tantas e tantas coisas da espuma dos dias do clube.
Mas consigo entender que em três anos e meio o Benfica fez contratações cirúrgicas de grande nível (Enzo, Aursnes, Kokçü, Trubin, Pavlidis, Carreras, Schelderup, Neres, Marcos Leonardo, Akturkoglü, e até Bah, Prestiani ou Bruma), e enfiou muito menos barretes do que era costume (Jurasék, Artur Cabral, João Victor e Tengsted serão as exceções). Fez vendas de jogadores importantes, mas por valores acima do que o mercado estava a pagar (João Neves, Gonçalo Ramos, Enzo, Neres) e alguns até sobrevalorizados (Darwin, Marcos Leonardo, Morato, Paulo Bernardo). E sobretudo, despachou muitos erros do passado e encaixou um bom dinheiro com isso (Cebolinha, Waldschmidt, Weigl, Vlachodimos, Yaremchuk, Vinicius, Pedro Pereira, Pedrinho, Caio Lucas, Alfa Semedo, Ferro, Tomás Tavares, Gilberto). No meio de uma gestão de ativos que acho muito acima do normal, e da média, há um ou outro caso de jogadores que talvez pudessem ter sido rentabilizados de melhor forma, como o Gedson, o Nuno Tavares ou o Jota).
Não estaria tudo bem se o Benfica tivesse ganho este campeonato e esta taça, conseguindo um triplete, que não chegou por incompetência dos jogadores e do treinador em momentos-chave, bolas aos postes, competência e eficácia do Sporting, erros de planeamento de época e erros de arbitragem. Não está tudo mal no Benfica por se terem perdido dois títulos numa questão de minutos.
No futebol, pensa-se o momento, vive-se o momento e exige-se, no momento, o mundo. Mas o resultado no futebol, o golo, a vitória da semana, é como o açúcar no sangue, dá-nos um pico de energia, mas pouco depois estamos cheios de fome. E o Benfica não precisa de um quadradinho de chocolate para satisfazer o corpo, precisa de uma refeição equilibrada, bem nutrida, que nos mantenha vivos, com saúde, durante muitos anos. E isso não se consegue com gritaria, ameaças, insultos e populismos. Não se consegue no Benfica, como não se consegue no País."
‘Off-season’ no futebol português: praia ou continuar a treinar?
"O período de férias no futebol leva necessariamente a mudanças no estado físico. É frequentemente caracterizado por uma diminuição na carga de treino ou até mesmo por uma interrupção completa do treino. Há quem opte por colocar em prática a música «pé na areia, a caipirinha, água de côco, a cervejinha».
Embora o período de off-season varie de país para país, este geralmente dura de quatro a seis semanas, enquanto uma pausa durante a temporada pode durar cerca de duas semanas, como o período das festividades natalícias e de final do ano. Estes períodos de interrupção do treino ou volume reduzido podem ser categorizados como de longo prazo (superior a quatro semanas) ou curto prazo (inferior a quatro semanas).
E o que pensar sobre o que acontece no futebol português? Pois bem, totalmente desajustado. Se temos os crónicos candidatos ao título com um período de férias muito curto — entre decisões, jogadores na Liga das Nações e Mundial de Clubes —, alguns jogadores se tiverem 15 dias de descanso já não é mau.
Por outro lado, o campeonato para 48 equipas do Campeonato de Portugal, num total de 56, terminou ainda em abril. Como é que é possível ser denominado de Campeonato das Oportunidades, se os jovens passam metade do ano sem jogar? Neste caso em específico e estando em período de off-season de cerca de quatro meses, o erro aqui passa pelo descanso em demasia. Há com certeza alguns excessos com tanto dia livre. A necessidade de procurar trabalhar e treinar de forma sustentada e projetada com qualidade é essencial, pensando também na minimização do risco de lesão na época seguinte.
A utilização de um programa de off-season tem como objetivo minimizar perdas no desempenho atlético e controlar mudanças negativas na composição corporal. Portanto, este período deve ser refletido como um período de transição. Assim, parte do período deve ser aproveitado para reiniciar o processo de treino e, por sua vez, ajustar progressivamente o nível de preparação física do jogador ao que é necessário para enfrentar e lidar com a carga imposta durante a pré-temporada.
O desempenho no futebol é multidimensional, sendo a aptidão física o ponto-chave que apoia as habilidades técnicas, táticas e de tomada de decisão durante treinos e jogos. Os jogadores de futebol percorrem distâncias até 14 quilómetros em 90 minutos, enquanto realizam ações máximas de curta duração, como por exemplo, saltar, acelerar, correr ou mudar de direção. Há necessidade de níveis de condição física adequada, incluindo capacidade aeróbica e anaeróbica, bem como força e potência.
Todos os anos assistimos a jogadores que se apresentam ao clube com excesso de peso, o que gera naturalmente críticas e preocupações. Este período de transição deve ser sempre acompanhado para tal não acontecer. Pode ser dedicado à recuperação do stress fisiológico e psicológico da temporada competitiva. Portanto, os programas fora de temporada devem ser caracterizados por objetivos de treino com baixa frequência e ferramentas de treino simples para aumentar a adesão.
O praticante deve adotar uma visão holística (por exemplo, fatores sociais, obrigações familiares, necessidade de regeneração mental) ao definir as variáveis individuais de treino (por exemplo, frequência, volume, intensidade) e modalidades da intervenção do exercício. O histórico de treino do jogador, treino acumulado e exposição ao jogo, histórico de lesões, personalidade e preferências do jogador e duração fora da temporada, são fatores que devem ser cuidadosamente considerados. A melhor intervenção de exercício é aquela que se adapta às necessidades específicas de um jogador. Pode ser entendido como uma janela de oportunidade para os jogadores se recuperarem e se autoavaliarem para o início da temporada seguinte. Isso não implica necessariamente uma cessação completa do treino. Pelo contrário, a interrupção do treino pode afetar negativamente o desempenho e aumentar a suscetibilidade a lesões ao reiniciar o treino estruturado e exigente."
Fechar este capítulo
"1. Florentino Luís escreveu numa rede social o que lhe vai na alma depois de o Benfica não ter conseguido ganhar o Campeonato Nacional de futebol pelo segundo ano consecutivo. O nosso médio pegou assim no assunto: 'Mas ainda há algo por conquistar (...)'. E tem razão. Há algo por conquistar já no próximo domingo.
2. É a Taça de Portugal, troféu oficial de grande simbolismo e importância que o Benfica não conquista há 9 anos. Continuemos com Florentino e com a sua 'carta aberta' aos adeptos do Benfica. 'O vosso apoio foi incansável durante toda época e queremos fechar esse capítulo com mais um título'. É verdade que o apoio dos adeptos do Benfica foi fora de série a partir do momento em que Bruno Lage 'pegou' na equipa.
3. Os benfiquistas encheram estádios pelo país fora, encheram a Luz sempre que foi preciso, viajaram com a equipa pelo estrangeiro, estiveram em todas até ao fim. O Benfica tem uma massa adepta da campeões, que ninguém duvide. Continuemos com Florentino. 'No Jamor temos uma final com muita história e mais uma oportunidade de vencer. Vamos, Benfica!' Vamos, Florentino! Vamos, Benfica!
4. Ángel Di Maria de saída do Benfica no final desta temporada. O argentino também deixou uma mensagem aos benfiquistas depois de terminado o tristonho e desinspirado jogo de Braga. 'Dói muito terminar desta forma depois de um ano tão longo'. É verdade, sim, dói que se farta. 'Foi o meu último jogo no campeonato com esta camisola', anunciou o internacional argentino. Mas, tal como recordou Florentino Luís, 'ainda há algo por conquistar'. No domingo, às 17:15, no Estádio Nacional. Vamos, Benfica! Vamos, Di Maria! Vamos todos!
5. Jan Vertonghen, um belga excecional que esteve conosco por duas épocas, decidiu colocar um ponto final da sua carreira aos 37 anos. Vertonghen foi 157 vezes internacional pela Bélgica, fez 89 jogos pelo Benfica tendo cumprido a maior parte da sua carreira ao serviço do Tottenham.
6. Despediu-se do Benfica num dos primeiros jogos da Liga de 2022/23, que o Benfica viria a conquistar, entrando a um minuto do fim do desafio, o que lhe valeu poder ser, também ele, campeão nessa temporada, que foi a primeira de Roger Schmidt nesta casa.
7. A saída do Benfica foi um momento muito triste na vida e na carreira do internacional belga. 'Queria muito ficar em Lisboa, porque a minha família estava tão feliz. E fizemos muitos planos'. Vertonghen, nunca o escondeu, deixou um bocadinho do seu coração no Benfica. Nunca o esqueceremos. Classe pura e paixão."
Leonor Pinhão, in O Benfica
Núm3r0s
"26
Taças de Portugal vencidas pelo Benfica, o clube que mais vezes conquistou a prova-rainha. Esta história de sucesso começou a ser escrita na temporada de 1939/40 com um triunfo por 3-1 sobre o Belenenses, no Estádio do Lumiar. A 26.ª conquista ocorreu na época 2016/17, com uma vitória sobre o Vitória SC, no Estádio Nacional. Salvio e Raúl Jiménez marcaram os golos que sentenciaram a dobradinha em ano de tetracampeonato. O Glorioso foi, ainda, o clube que conquistou mais títulos nas décadas de 1950 (5), 1960 (4) e 1980 (5).
39
A romaria ao Jamor representa um ponto alto para todos os Benfiquistas, que nutrem um carinho especial pela Taça de Portugal, prova onde os pergaminhos do Clube são expressos no recorde de presenças em finais: a deste domingo, 25 de Maio, será a 39.º do Glorioso. A taxa de sucesso das 38 anteriores cifra-se nos 68,42%.
474
Desde a primeira edição da Taça de Portugal, em 1938/39, as águias disputaram 474 jogos, registo que não encontra paralelo. A temporada com mais jogos pelo Benfica na prova (12) foi em 1961/62, numa altura em que todas as eliminatórias se jogavam a duas mãos e que finalizou com o Benfica a levantar o troféu após um 3-0 ao Vitória FC, na final. Recordar que em 1959/60 (10 jogos) e 1963/64 e 1964/65 (11) os encarnados atingiram ou ultrapassaram a dezena de encontros realizados.
365
Ninguém vence tanto como o Benfica na Taça de Portugal. No total, são 365 os triunfos alcançados, que se dividem em 194 enquanto anfitrião, 143 como visitante e 28 campo neutro, entre finais e desempates. Em 1963/64, o Benfica alcançou as 10 vitórias numa edição e, batendo o Sporting neste domingo, chega à 10.ª temporada sem derrotas na prova, sendo que, em 2024/25, pode igualar os feitos de 1939/40, 1979/80, 1980/81, 1982/83 e 1984/85, épocas em que somou 7 triunfos em outros tantos jogos.
1508
Com 1508 golos marcados, o Benfica regista uma média de 3.18 remates certeiros, que o torna no mais concretizador da competição. Em casa, o Glorioso balançou as redes em 889 ocasiões e, fora, foram 515 os festejos. Em campo neutro, o contabilidade cifra-se nos 104.
56
A época 1963/64 entrou para a história no capítulo das vitórias alcançadas numa só edição, mas também foi aquela em que mais golos se apontaram. Nas 11 partidas disputadas, marcaram-se 56, tendo o Benfica registado vitórias por 3 ou mais golos de diferença em 7 dessas partidas. Destaque para os 6-2 ao FC Porto na final, mas também para os 1-8 diante de Lusitano de Évora e Vianense, que também foi goleado no Estádio da Luz por 9-0.
98
Golos na Taça de Portugal são sinónimo de Eusébio. O Rei é o goleador do Benfica na competição, com um impressionante registo de 98 tentos em apenas 61 jogos disputados, o que perfaz uma média de 1,61 por partida. Em 1968/69, Eusébio marcou 18 golos numa só edição e, em 1963/64, fez 14. Em 1961/62 e 1964/65, festejou 12 vezes.
4
O Benfica é, também, o único que logrou vencer a Taça de Portugal em 4 edições consecutivas. O tetra foi construído entre 1948/49 e 1952/53: a edição de 1949/50 não se disputou porque o Estádio Nacional sediou a Taça Latina, conquistada pelos encarnados. Esta caminhada iniciou-se com um 2-1 sobre o Atlético na final da edição de 1948/49. A partir daqui, chapa 5! Em 1950/51, 1951/52 e 1952/53, triunfos sobre Académica (5-1), Sporting (5-4) e FC Porto (5-0), respetivamente.
8-0
Em 1943/44, Benfica e Estoril protagonizaram a final mais desnivelada da história da Taça de Portugal. Autoritárias, as águias venceram por 8-0 com golos de Rogério Carvalho 'Pipi' (13', 56', 69', 75' e 86'), Julinho (15' e 29') e Arsénio (35'). Na caminhada rumo ao jogo decisivo, disputado no Campo das Salésias, as águias eliminaram o Luso Beja (1-4 e 4-1), o Belenenses (1-2 e 8-2) e a Académica (6-1 e 1-1).
15
Aos 5 golos na final de 1943/44, Rogério Carvalho 'Pipi' somou mais 10 nas finais de 1950/51 (4), de 1951/52 (3), 1942/43 (1), 1948/49 (1) e 1952/53 (1), registo que faz da lenda do Clube o melhor marcador de sempre em finais da Taça de Portugal.
5-4
Um dérbi é sempre um dérbi, mas, no Jamor, ganha uma relevância ainda mais especial. E, como não podia deixar de ser, a final com mais golos de sempre foi, precisamente, em formato de dérbi lisboeta: 5-4 a favor do Benfica. Rogério Carvalho 'Pipi' (11' gp, 69' e 90'). Corona (49') e José Águas (73') marcaram os golos que encaminharam as águias para a sua 6.ª Taça de Portugal.
14-1
A maior goleada do Benfica na prova-rainha ocorreu na temporada 1988/89. Em 11 de Janeiro de 1989, num duelo válido para os 16 avos de final, o Estádio da Luz assistiu a um histórico triunfo por 14-1 sobre o Riachense. Ricky(6), Lima(2), Ademir(2), Pacheco(2), Garrido(1) e Miranda(1) foram os autores dos golos.
4
Com 4 Taças de Portugal conquistadas ao serviço do Benfica. Otto Glória é o treinador mais vitorioso da história da competição. O técnico brasileiro ergueu o troféu em 1954/55, 1956/57 e 1968/69, e participou na caminhada vitoriosa em 1958/59; só não disputou a final, onde a equipa foi orientada por José Valdivieso.
7
Figuras incontornáveis da história do Glorioso, José Águas e Nené têm uma história especial com a Taça de Portugal e venceram-na 7 vezes, cada um: José Águas em 1950/51, 1951/52, 1954/55, 1956/57, 1958/59 e 1961/62, e Nené em 1969/70, 1971/72, 1979/80, 1980/81, 1982/83, 1984/85 e 1985/86."
João Tomaz, in O Benfica
Fanático por golos
"Na temporada 1993/94, o hoquista Rui Lopes não parou de fazer o que mais gostava
Os desportos de pavilhão têm como chamariz e elevada intensidade de jogo a que são disputados, proporcionando resultados volumosos. A multiplicidade de acontecimento faz com que seja exigente até para os adeptos que estão nas bancadas. São, por isso, modalidades que fascinam tanto quem as pratica como quem as acompanha.
Natural de Paços de Arcos, Rui Lopes cedo se apaixonou pelo hóquei em patins, modalidade de eleição naquela vila. Com apenas 7 anos, ingressou no CD Paços de Arcos. No entanto, a sua constituição física fez com que tivesse de ocupar uma posição mais afastada de algo que tanto o encantava, que era marcar golos: 'Era muito gordo e baixinho, tinha alguma dificuldade em movimentar-me, pelo que jogava atrás'.
A dedicação e o amor pela modalidade fizeram com que evoluísse de forma excecional: 'Cresci, emagreci, ganhei maior maneabilidade e passei a jogar à frente'. Talentoso, foi construindo um palmarés soberbo ao longo da formação, conquistando o Campeonato Nacional em diversos escalões. A chamada às seleções nacionais de base tornou-se uma formalidade, sendo apontado como um jogador de enorme potencial.
Rápido, tecnicista e com pontaria afinada, Rui Lopes despertou o interesse dos dirigentes do Benfica, que asseguraram a sua contratação em 1987. Apesar de ter apenas 17 anos, ingressou na equipa de honra dos encarnados.
Ao serviço do clube mais titulado em Portugal, o avançado sentiu algumas dificuldades na integração: 'Efetivamente, não foi fácil; senti dificuldades de ambientação, dado as diferenças de idades entre mim e os restantes companheiros de equipa'. Contudo, acabou por ganhar um lugar no cinco inicial e passou a ser recolha habitual do selecionador nacional.
Apontado como um dos melhores avançados portugueses, viu esse estatuto confirmado na gala do Troféu Serpa de 1993, organizado pela Federação Portuguesa de Patinagem, em que foi distinguido como Jogador do Ano. Finalizador nato, confessava que tinha 'uma grande ambição pelo golo'. 'É a coisa que mais me satisfaz. Tenho um imenso prazer em festejar o golo', afirmou.
Na temporada seguinte não parou de fazer o que mais gostava! Entre 1 e 9 de Outubro, ao serviço da seleção nacional no Campeonato do Mundo, Rui Lopes celebrou em 24 ocasiões, sagrando-se melhor marcador de competição e sendo fundamental para que Portugal conquistasse o título. Terminada a prova, regressou ao Benfica e, após um começo periclitante no Campeonato Nacional, liderou os encarnados para uma sequência de 26 triunfos consecutivos, garantindo a vitória na competição. O avançado apontou 69 golos, sendo, a par do colega de equipa Luís Ferreira, o melhor marcador. Na final da Taça de Portugal, frente ao Sporting, apontou mais dois golos, na vitória dos benfiquistas por 11-3.
Saiba mais sobre este brilhante hoquista na área 3 - Orgulho Eclético, do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
Foco na Taça
"Tivesse o remate do Pavlidis ao poste, no dérbi da Luz, levado alguns centímetros mais adentro, e estaríamos agora a festejar o 39.
A história do futebol está repleta de competições definidas por detalhes. Este campeonato foi uma delas. Nada disso, obviamente, nos consola. Ser campeão nacional, é o barómetro anual da felicidade dos benfiquistas. Não aconteceu. Estamos desiludidos.
Temos ainda a Taça de Portugal, oportunidade perfeita para vingar a perda do título supremo. Oportunidade, igualmente, de voltar a erguer um troféu que nos tem escapado demasiadas vezes. Em 28 anos, apenas conquistámos três - o que é manifestamente pouco. Digamos que o Benfica está a dever Taças de Portugal aos seus adeptos, e acredito que, no domingo, vai começar a saldar essa dívida.
Falta a final do Jamor, falta o Mundial de Clubes. Temos uma Taça da Liga, uma excelente prestação europeia (com quatro vitórias fora de portas) e algumas das melhores exibições dos últimos anos (Atlético de Madrid, FC Porto em dose dupla, etc.). O campeonato falhou por pouco.
É, pois, prematuro fazer um balanço definitivo da temporada 2024/25. Vencer no Jamor (a quem nos tirou a Liga) não será indiferente. Uma participação prestigiosa, na nova competição da FIFA, também não.
De qualquer modo, se o humor dos adeptos depende, e dependerá sempre, se ganhar ou não troféus, uma análise fria ao trabalho dos nossos profissionais, nomeadamente da equipa técnica, não pode ignorar o desempenho até ao momento das decisões. Nesse particular, não é equivalente perder um campeonato na última jornada ou ficar em terceiro ou quarto lugar e vinte pontos de distância.
Para já, há que apoiar energicamente a equipa nos 90 ou 120 minutos que restam da temporada doméstica. Queremos terminá-la em festa, e com uma taça das mãos. E merecemo-lo."
Luís Fialho, in O Benfica
Jogar na Luz
"Um sonho de uma vida ao alcance de poucos, um sonho que todos querem, benfiquistas ou não. Para que isso possa acontecer é preciso nada menos que ser jogador ou jogadora do Benfica. As exceções são pouquíssimas e apenas em alturas de mudança de relvado, e no final da época, é que se torna possível dar acesso ao relvado por um período limitado. É então que crianças e jovens podem meter o 'pé na relva' e viver uma experiência única que não esquecerão, que ficará gravada nas memórias felizes da infância, que lhes trarão conforto e bem-estar pelo resto da vida. O Benfica sabe bem da importância disto e, sendo Benfica, cria estas oportunidades para alguns públicos especiais como os pequenos jogadores das Escolas de Futebol e os participantes dos projetos sociais da Fundação Benfica. Foi isso que aconteceu, uma vez mais, com o Torneio Final do projeto Para ti Se não faltares!. Centenas de crianças e jovens rumaram à Luz, de peito feito e vontade de vencer, como se impõe, para sentirem em primeira mão o privilégio de jogar na Luz.
Só por isso já ganharam todos, por isso e porque carimbaram a presença com a sua performance escolar, demonstrando que são capazes de vitórias no campo e na vida!"
Jorge Miranda, in O Benfica
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