Últimas indefectivações

sexta-feira, 10 de março de 2017

Luta a um

"Nem a três, nem a dois. Este campeonato vai ser uma luta a um até ao final. É o SL Benfica contra a sua história, contra si, contra os fantasmas do passado. Este é o campeonato do futuro, depois de, no ano passado, ter sido o campeonato contra a mentira e contra o insulto.
Estava na cara desde do início que o Sporting CP não teria pernas para a corrida - sem uma direcção credível, sem um plantel de qualidade, sem equilíbrio emocional e sem uma política de comunicação inteligente não se chega a lado nenhum. Mas os comentadores politicamente correctos não podiam dizer isso, porque ia ficar mal. Estou de consciência tranquila: no início da época coloquei-os logo de fora e recebi sorrisos condescendestes em troca. Pois bem, à 24.ª jornada, estão com 12 pontos de atraso. Podem dizer a verdade agora.
Mas ainda há o FC Porto... Sim, há. Uma equipa que tem encurtado a distância para o Tricampeão e que tem sabido aproveitar da melhor forma as 'desatenções' de adversários e de árbitros para resolver os seus jogos. Está a um ponto do líder, com desejos fundamentados de chegar ao topo, mas não vai dar. Temos pena.
É que o Tetra é um sonho antigo. O 36 é um desejo demasiado forte para ficar em banho-maria. Os jogadores sabem disso, a direcção sabe disso, os adeptos têm a certeza disso. Vai ser jogo a jogo, Benfica contra o resto do mundo e Benfica contra Benfica.
É hora de os críticos internos esquecerem as dores de cotovelo e a falta de protagonismo. É tempo de nos unirmos - ainda mais - em torno de Rui Vitória e dos seus jogadores. Esta é a nossa luta até Maio: esquecermos as divergências e concentrarmos-nos em cada um dos jogos (e das vitórias) que temos pela frente. Estamos prontos para fazer história."

Ricardo Santos, in O Benfica

Boas contas

"Foi com enorme satisfação que li o Relatório e Contas da SAD. Não só pela apresentação de resultados positivos pelo terceiro primeiro semestre consecutivo, mas principalmente por este se ter verificado num período em que os resultados com direitos de atletas foram negativos (-6,5 M€).
Tal significa que o resultado operacional foi suficientemente positivo (18,1 M€) para cobrir o referido prejuízo nas operações com atletas (tipicamente, o que equilibra as contas das SAD portuguesas) e os habituais resultados financeiros penosos no apuramento das contas devido aos elevados montantes dos empréstimos contraídos. Ou seja, a actividade operacional (prémios da UEFA, direitos televisivos, bilhética, Red Pass, Corporate e outros, sem atletas) gerou recursos financeiros que em muito suplantaram os custos necessários para suportá-la, permitindo um ganho muito interessante no período em análise. Por outras palavras, a SAD do Benfica, mantendo esta tendência, é viável e tenderá a tornar-se menos dependente de alienação de passes de atletas. Isto porque foi simultaneamente possível reduzir o passivo em 20,5 M€ (4,5%) e grande parte dessa redução ter resultado da diminuição dos empréstimos obtidos (13 M€). O impacto positivo dos resultados financeiros foi de cerca de 1,7 M€. Este deveu-se sobretudo ao menor pagamento de juros à Banca (-1,3 M€ ou -15%). Como a SAD do Benfica é cumpridora, nunca contará, como outros, com qualquer perdão de juros...
P.S. Faleceu, aos 36 anos, um nosso consócio, que tive o prazer de conhecer. A devoção benfiquista do Francisco Nascimento passava pelo pagamento de quotas, acompanhamento dos jogos e por uma inacreditável colecção de camisolas. Até sempre!"

João Tomaz, in O Benfica

Diga 35!

"O apuramento dos nossos Juniores A para as meias-finais da UEFA Youth League é um feito notável. Quem pôde assistir aos nove jogos da campanha de 2016/17 conclui que o Sport Lisboa e Benfica está no caminho certo. Para Moscovo, João Tralhão escalou 18 talentos. O CSKA apresentava-se como um adversário temível, pois vencera o seu grupo, batendo Mónaco, Bayer Leverkusen e Tottenham. O que mais nos entusiasma é a forma como jogam 'à Benfica'.
Quem viu as performances de Fábio Duarte, Aurélio Buta, Rùben Dias, Pedro Álvaro, Ricardo Mangas, Florentino Luís, João Félix, Gedson Fernandes, José Gomes, Diogo Gonçalves, David Tavares, Diogo Mendes e Mesaque Dju ficou regalado. João Tralhão tinha ainda de reserva Daniel Azevedo, Nuno Gonçalves, Filipe Soares, Tiago Dias e Vinicius Ferreira. É verdade que muitos destes jovens já evoluem num patamar acima, na equipa B, que está a fazer uma brilhante II Liga.. Se lavarmos em linha de conta que de fora ficaram João Carvalho, emprestado ao V. Setúbal, onde já é titularíssimo, João Filipe, Diogo Cabral, Jorge Silva, Rodrigo Borges, Diogo Pinto, Zidane Banjaqui, Bruno Lourenço, Jorge Pereira, Nuno Santos, Ricardo Araújo, Celton Biai e Diogo Garrido a conclusão é óbvia - futuro assegurado.
Dos 37 talentos inscritos pelo Benfica nesta Liga dos Campeões, 12 têm apenas 17 anos de idade, 17 têm 18 anos e 5 com 19 anos. Não é por acaso que somos o clube com mais jogos disputados nesta competição - 35. Em 35 partidas, vencemos 21, empatámos 9 e perdermos apenas 5. E marcámos 84 golos! Melhor só o Real Madrid, com 85. Em quatro edições desta prestigiada prova marcámos presença numa final, atingimos as meias-finais e fomos duas vezes aos quartos.
Os números não enganam!"

Pedro Guerra, in O Benfica

Venham mais dez!

"No rescaldo da conquista do Tri-Campeonato, e após as doze vitórias consecutivas que, por fim, permitiram garanti-lo – sempre com o segundo classificado a reboque -, Eliseu afirmou que, se necessário fosse, o Benfica ainda ganharia mais dez jogos.
Passados alguns meses, ora aí os temos. Exactamente dez jogos, com pressão extrema, e sem qualquer margem de erro. É o que está diante de nós, desta vez com vista para o Tetra. É o prato que temos novamente sobre a mesa. Um mar de dificuldades, como este campeonato já amplamente demonstrou. Um desafio à coragem, quer de profissionais, quer da estrutura que os envolve, quer dos adeptos que, por fora, sofrem e apoiam.
É preciso transpor o espírito subjacente àquela afirmação de Eliseu para toda a equipa, e para toda a nação benfiquista, de modo a que, em Maio, possamos voltar a ser felizes.
Há dois meses atrás, o pássaro quase parecia vir poisar nas nossas mãos. O desenrolar da prova mostrou-nos, porém, que teremos de lutar mais do que, nessa altura, chegámos a supor. É esta a marca da nossa história. Nunca ninguém nos deu nada. Na época transacta partimos de trás, e soubemos recuperar. Desta vez partimos na frente, temos agora de saber resistir.
Continuamos em primeiro lugar. Firmes. Com uma sequência de cinco vitórias e apenas um golo sofrido. Não dependemos de ninguém. “Basta” ganhar, ganhar e ganhar, dez vezes seguidas, uma a uma, para cumprir o nosso destino.
Vamos a isso! Venha daí o Belenenses!
PS: No Benfica aprende-se a respeitar os adversários, não a insultá-los. Mas, como dizia um meu tio-avô, vozes de burro não chegam ao céu."

Luís Fialho, in O Benfica

Vem aí a UEFA das vacas magras

"Salvo milagre - e por milagre entenda-se o FC Porto atingir, esta época as meias finais da Champions - a próxima edição da Liga portuguesa (2017/18) dará direito a um lugar directo na Liga dos Campeões de 2018/19 e a um outro a terceira pré-eliminatória. A crónica de um desastre anunciado que venho a escrever há muito (e tantos foram os e-mails que recebi a chamarem-ame ave agoirenta e outras coisas bem piores...) está prestes a concretizar-se, tornando ainda mais dramática a luta especialmente entre os três grandes do nosso futebol.
E como chegámos a esta praticamente irreversível sétima colocação no ranking da UEFA, não só atrás dos big five mas também a seguir à Rússia? Olhando para a tabela dos clubes, referente ao período relevante para esta matéria, as últimas cinco épocas, vemos que o Benfica é quem deu mais pontos e está em nono lugar, seguido, em 13.º, pelo FC Porto. Muito longe estão o SC Braga, em 53.º, e o Sporting, que surge logo a seguir, 54,º lugar. Depois, para se encontrar outro clube português é preciso escorregar até à 113.ª posição, onde se encontra o... Estoril Praia. Vitória de Guimarães e Marítimo (128.º e 129.º) são os portugueses que se seguem...
Perante este cenário, com a certeza de que apenas um dos nossos clubes acede aos milhões, enquanto outro ainda terá de batalhar duas rondas até lá chegar (e o terceiro passa a ir direitinho à Liga Europa), a carga dramática da I Liga vai aumentar exponencialmente. O (ou os, no pior dos casos) que ficar de fora deixará de ter condições para manter o orçamento com que vive. E depois, como será? Aproximam-se tempos difíceis."

José Manuel Delgado, in A Bola

A nova ordem da arbitragem

"Muito se tem falado de árbitros ao longo desta época. É, arriscaria, o tema preferido cá do burgo, preferível (e que jeito dá a alguns...) a falar de futebol a sério, de tácticas, das opções dos treinadores, do porquê de apostar em dois trincos ou num ponta de lança estático quando um mais móvel seria, de certeza, a melhor opção para aquele jogo. Isso não interessa nada. Importante é alimentar a velha discussão em torno dos árbitros, sempre vilões - e não é de agora - e responsáveis máximos pelas frustrações de todos.
No olho do furacão tem estado o Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, agora liderado por José Fontelas Gomes. Entre reuniões particulares e gerais com os clubes, o presidente dos árbitros lá se tem desdobrado para mostrar que sim, os árbitros erram, mas não há qualquer polvo por trás dos erros. Não é fácil, porque há por cá mentalidades demasiado tacanhas e quem faça da invenção de intenções ocultas (por estupidez ou por interesse) modo de vida.
Mas, embora poucos tenham dado por isso, José Fontelas Gomes deu há uma semana um sinal do que as coisas estão diferentes. Como? Vejam-se as nomeações para a 24.ª jornada da Liga: no FC Porto-Nacional esteve Bruno Paixão, pouco querido no Dragão; no Feirense-Benfica, Artur Soares Dias, um dos árbitros que há uns meses, na Maia, foi apertado por elementos identificados com a claque do FC Porto; no V. Guimarães-Sporting esteve Jorge Sousa, ainda hoje apontado pelos leões como responsável máximo pelo afastamento da luta do título por conta da arbitragem do derby. O que mostrou o Conselho de Arbitragem com estas escolhas? Pelo menos que não se deixa condicionar. E esse é o sinal mais claro que José Fontelas Gomes pode enviar a quem ainda pensa viver noutros tempos."

Ricardo Quaresma, in A Bola

PS: Extraordinárias as conclusões sobre as nomeações da 24.ª jornada!!! Nomear Bruno Paixão, para um jogo em casa dos Corruptos, contra o último classificado, é considerado um acto de independência!!! E se nomeassem Bruno Paixão (ou Manuel Mota, ou Jorge Ferreira...) para um jogo complicado fora de casa?!!! Será que existe coragem... Ou nos jogos fora de casa dos Corruptos, só podem ser nomeados árbitros da AF Porto ou outros amigos íntimos!!!

Admirável mundo da bola!

"Se nos ativermos ao clima distópico que caracteriza o mundo do futebol, um clima oposto ao halo utópico de um certo mundo ideal, do sonho, facilmente verificaremos que, nele, parecendo muitas coisas mirabolantes acontecer, a verdade é que nada de verdadeiramente novo acontece – ele é o admirável mundo velho, da replicação compulsiva, condicionada, de comportamentos alastrados e difundidos pela via mimética de uma espécie de buraco-negro fusional.
A esse clima caracteriza-o um certo pathos da bola, um misto de paixão e sofrimento, de alucinação e prostração – ele é o território do excesso, da paixão, da hubris e os seus habitantes – tanta gente! -, em delírio e em estado febril de alucinação, não parecem bater bem da bola, isto é, não parecem ter as contas em dia com a sensatez e com o sentido da medida: são seres excessivos e, nessa medida, alegremente irrelevantes. Os estádios ocupam o espaço metafórico da unificação mental e emocional de multidões debruçadas intermitentemente sobre o tapete verde da refrega e o telemóvel que, de apêndice curioso, se está convertendo na cópia rígida de massas uniformes e uniformizadas e que, nessa media, cada vez mais parece ameaçar encher o estádio da Luz ou do Barnabéu de gente ausente e alheada. Ou seja: estádios a abarrotar de cada vez mais gente que bate mal da bola, apesar de ser por causa da bola que ali crêem estar.
Os estádios são, neste mundo admirável, locais de culto onde se veneram os novos deuses de segunda (porque sucedâneos de uma divindade banida) e, já agora onde se vilipendiam os deuses caídos em desgraça – e basta um minuto para tão paradoxal queda – mas sobretudo onde, aos gritos e com jaculatórias capazes de ruborizar o mafarrico, se trafica e negocia com um céu à maneira as condições da vitória. Os clubes rivalizam entre si e os seus apaniguados extremam a mútua aversão, clubes convertidos em Ágora, ou praça pública onde se procede à destilação dos humores de multidões e massas em catártico fluxo – e refluxo. Eles não vão à bola um com o outro: não se gramam nem à lei da bala! O clube, mais um mito, daqueles “que apelam para a voz escrava do homem”. Como os mitos das ideologias, ou da morte delas (F. Fukuyama), “toda a corte de deuses modernos, desde o chefe, a causa, até às formas mais degradadas de divinização – como um clube” (Vergílio Ferreira, MO, 147).
Parecenças com o clima do famoso romance distópico de Aldous Huxley não faltam: Massas biologicamente precondicionadas e, no plano psicológico, controladas por infalíveis técnicas de condicionamento, se irmanam alarvemente em tiques de uma desumanizante uniformidade comportamental. E eis como o conspícuo paroquiano de Santa Maria Maior, de comunhão diária, cai nos braços de um vizinho, bem aviado pelos favores de Baco, ambos mimoseando, com igual fervor, o homem do apito com os mais indecorosos insultos. Talvez aqui a mais notória diferença em relação ao mundo de Huxley: não um sistema de castas, mas uma sociedade, indiferenciada, rasa, sem o acicate das classes: “o futebol é a única sociedade sem classes conhecida” - proclamou Vergílio Ferreira que confessa na sua Conta Corrente, ouvir aos domingos à tarde os relatos da Académica. 
Mas na indiferencialidade não medra a vida mas o tédio da morte: ela é o clima favorável do regresso à barbárie. Não será por acaso que a via popular deu vida à frase” não vou à bola com aquele tipo”, querendo com isto dizer que não tenho por ele a mínima simpatia. Caso contrário iria com ele à bola. Ou seja, a bola como espaço de uma concórdia básica e emotiva – a que resulta do facto de se ser do mesmo clube. Porque a indiferencialidade gera a ambivalência: tão depressa o caloroso abraço no correlegionário como o soco no adversário. A inconsciência é o combustível de todos os excessos. 
Num estádio de futebol à pinha eis o que acontece: uma gestalt fenomenológica, colectiva, das mentes individuais – a unidade mental dos egos. Multidão massificada e a que o d(en)ominador comum, o telemóvel, dá um colorido especial de procissão das velas – a caminho de um destino inelutavelmente comum. Esta uniformidade emocional das massas é o terreno propício ao exercício manipulatório de predadores – sejam eles untados do crude ou donos de casino (Trump tem um, não é?). Ela é analgésico que lhes permite usar o bisturi a seu bel prazer – e com um soporífero mais: os obscenos salários das principais estrelas. Tudo a condizer: o povo babando-se de um prazer inútil e meia-dúzia locupletando-se.
Enfim, tenho que fazer uma rectificação: Afinal, no admirável mundo da bola também há castas ! Enquanto isso o povão grita “golo!” "

Benfiquismo (CDII)

Ainda sobre o 'suposto' torneio de pré-época!!!!

Aquecimento... o caminho que se segue...!!!