Últimas indefectivações

sexta-feira, 1 de maio de 2015

A audácia de Lopetegui...

"O momento de maior audácia de Lopetegui no jogo da Luz foi quando ofereceu um puñetazo a Jorge Jesus. Já o jogo tinha terminado. Se Lopetegui soubesse os nomes que os adeptos do FC Porto lhe chamam até agradecia aqueles que Jorge Jesus utilizou. Foi muito pouco para quem tinha que ganhar por dois golos.
Este FC Porto tem excelentes jogadores. Jackson é um dos melhores avançados do mundo e Oliver tem a classe dos grandes jogadores, apenas para referir os meus preferidos.
Excelente o fair play dos diversos jogadores no fim do jogo e o comportamento dos adeptos. Devia levar um puñetazo quem não percebe que o jogo é uma festa não é uma guerra.
Jorge Jesus, limitado e sem Salvio, jogou com o resultado e saiu-se de forma com razoável. O Benfica não fez um bom jogo, mas saiu com um bom resultado. O FC Porto não fez um bom jogo, nem teve um bom resultado. Não sei se Jorge Jesus é o mestre da táctica, mas deixou Lopetegui às voltas com a matemática. Este campeonato não está decidido, mas uma vitória em Barcelos praticamente o entrega. É verdade o que diz Luís Filipe Vieira, o Gil Vicente será bem mais difícil que este FC Porto. E por isso não há razões para euforias, o Benfica terá que ser melhor em Barcelos.
Nos últimos cinco anos, apenas por duas vezes ganhámos em Barcelos. Tem que ser mesmo o melhor Benfica, o mais concentrado e motivado, aquele que jogará amanhã em Barcelos.
Em fim de semana das festas locais, só a vitória evita que se fique a ver a procissão passar. Não é verdade aquilo que se tem dito, que faltam quatro jornadas para o fim da época. Faltam quatro jogos para o FC Porto, porque para o Benfica faltam cinco. Ainda bem. Há mais para tentar ganhar neste Benfica de 2014/2015, embora o 34.º título seja o fundamental no coração dos adeptos."

Sílvio Cervan, in A Bola

O que está em jogo em Barcelos

"Há uma semana, antes do Benfica-FC Porto, falou-se no «jogo do ano». Hoje, a propósito do Gil Vicente-Benfica fala-se, com propriedade, no «jogo do título».
É verdade que, mesmo que o Benfica ganhe em Barcelos, a conquista do bicampeonato ainda não é matematicamente certa. Mas, a três jogos do fim e podendo perder um deles (caso o FC Porto faça o pleno de vitórias...), não é crível que a festa não se faça no Marquês de Pombal. Por isso, o Benfica e os benfiquistas devem encarar a partida de Barcelos como a mais importante da temporada, ou se quisermos levar a coisa mais longe, das últimas 31 temporadas. É preciso recuar a 1984 para ver o Benfica celebrar um bicampeonato e tudo o que essa dupla conquista representa. Para vencer dois campeonatos seguidos é preciso ter uma equipa estruturada, com poder para suportar a pressão da segunda época, sempre mais exigente que a primeira. Mas, se o Benfica se sagrar bicampeão, deve iniciar-se a discussão sobre uma mudança de ciclo no futebol português? Pode ser prematura. O FC Porto continua competitivamente forte, com argumentos para disputar todas as provas e marcar uma posição firme. Talvez, neste caso, não seja abusivo falar-se uma alteração de paradigma no desporto português. A era do FC Porto dominador quase absoluto chegou ao fim. Está a ser substituída por tempos de equilíbrio entre águias e dragões, com triunfos renhidos, ao sprint, com golos decisivos de Kelvin ou de Lima a fazer a diferença.
Notável a recuperação do pilar desportivo do Benfica, conseguida pela gestão de Luís Filipe Vieira, depois da regeneração patrimonial e financeira!"

José Manuel Delgado, in A Bola

Europeus de Canoagem, a caminho das Finais...

Excelente primeiro dia do Europeu de Canoagem, em Racice na República Checa, com os nossos atletas a qualificarem-se todos para as Finais A:
A Teresa Portela no K1 500m, não conseguiu a qualificação automática, mas na Meia-Final foi 2.ª e qualificou-se para a Final, no Domingo.
A Joana Vasconcelos, no K4 500m, na companhia da Francisca Laia, Beatriz Gomes, e a Helena Rodrigues ficaram em 5.ª na primeira regata. Mas na Meia-Final, ficaram em 1.º, qualificando-e para a Final, no Sábado.
O João Ribeiro, no K4 1000m, (com o Fernando Pimenta, o Emanuel Silva e o David Fernandes) ficaram em 3.º na Meia-Final, qualificando-se também para a Final, de Domingo.
Mas o João não se ficou por aqui, em K2 1000m, com o Emanuel Silva, na eliminatória foram somente 6.º, mas nas Meias-Finais ficaram em 2.º, completando a nossa participação nas Finais, no Sábado.

Juniores - 11.ª jornada - Fase Final

Flávio Silva
Gil Vicente 2 - 2 Benfica

O Flávio Silva continua a marcar... mas para o Benfica já vamos tarde!!!

A três vitórias do título

"As opiniões de Lopetegui divergem da realidade. Depois de críticas sucessivas e infundadas às arbitragens, agora tenta vender oportunidades claras de golo e a exclusividade, em causa própria, da vontade de ganhar. Sejamos sérios: o FC Porto, enquanto equipa que precisava de vencer na Luz, foi indigente. Não é à toa que haja quem, entre os portistas, o apelide de 'incompetegui'.
Pela forma como apresentou a sua equipa em campo, o técnico portista assumiu o enorme respeito que sente pela qualidade do futebol Benfiquista, nomeadamente pela sua capacidade em executar triangulações rápidas a meio-campo e solicitar os seus extremos e avançados. Só assim se justifica que, a necessitar de um vitória, tenha utilizado Rúben Neves, Casemiro, Evandro e Óliver, enquanto os laterais Danilo e Alex Sandro pouco arriscavam. E nada alterou com as substituições, limitando-se a refrescar o seu onze. Esta postura originou um jogo fechado, carente de oportunidades de golo, de acordo com os nossos interesses. Bem fez Jorge Jesus em não se aventurar em nome de um Benfica mítico, aquele que muitos Benfiquistas julgam que não defronta adversários, mas coitados que a pouco mais poderão ambicionar que se vergarem ao nosso poderio.
Em suma, o apregoado 'melhor plantel dos últimos trinta anos', o mais caro da história do futebol português, arrisca-se a nada ganhar. O Benfica, com um plantel injusta e prematuramente criticado por uma comunicação social ávida de instabilidade na Luz, está a apenas três vitórias de conquistar o Bicampeonato. Não será fácil. No entanto, como diz o cântico, se mostrarmos a nossa raça, o querer e a ambição, em Maio seremos campeões."

João Tomaz, in O Benfica

O filho da garra

"Símbolo de força, velocidade e abnegação, Álvaro Magalhães formou com Chalana aquela que terá sido a melhor asas esquerda de sempre do futebol português.

A expressão 'um jogador à Benfica' vem de longe e todos a interpretamos de forma idêntica, sem ser preciso um dicionário de gíria.
Álvaro Magalhães é seguramente um daqueles a quem assenta como uma luva. Quem o viu nos anos 80 desbravar o corredor esquerdo do nosso clube e da Selecção Nacional guardou na memória um arraial de momentos 'à Álvaro', também traduzíveis por 'à Benfica'.
Força, velocidade, abnegação. Álvaro era isto. Trabalhava perfeito de trás para a frente. Com Fernando Chalana a completá-lo, era o motor de arranque daquela que terá sido a melhor de arranque daquela que terá sido a melhor asa esquerda de sempre do futebol português e uma das melhores do futebol mundial.
Um terror. Chalana e Álvaro. Álvaro e Chalana. Às arrancadas do lateral, carburadas a todo o gás, correspondia o 'Pequeno Genial' com piques e fintas mirabolantes, que acabavam quase sempre a matar.
Na Selecção era igual. Ponto supremo o Europeu de 1984, disputado em França. Num quarteto defensivo de pendor tripeiro, ao lado de João Pinto, Lima Pereira e Eurico, defrontou a Espanha, a Alemanha e a Roménia, até ao duelo de má sorte - uma meia final frente aos gauleses que ficou na memória como um dos melhores jogos de sempre da competição. Álvaro atrás. Chalana à frente.
Chegado à Luz na época de 1981/1982, para integrar a equipa recém-campeã nacional aos comandos do húngaro Lajos Baroti, cedo se revelou como atleta de garra, pronto a discutir um lugar ao sol. Nomes grandes como os de Pietra, Veloso, António Bastos Lopes e Humberto Coelho - sem descurar os de Frederico, Alberto Bastos Lopes e Laranjeira - não o amedrontaram.
Foi ganhando o seu espaço à medida que Baroti, primeiro, e Eriksson, depois, lhe reconheceram os méritos. Época em cheio teve-a em 1983/1984, ao conquistar, na qualidade de totalista, aquele que seria, até à data presente, o nosso último bicampeonato.
Nas competições europeias viveu a ribalta com sabor agridoce, ao jogar perdulariamente as finais de Taça UEFA 1982/1983 (1.ª mão) e da Taça dos Clubes Campeões Europeus 1987/1988.
Fez a sua última época pelo Sport Lisboa e Benfica em 1989/1990, tendo-se despedido com quatro títulos no campeonato nacional e outros tantos na 'Taça'.
Defenderia ainda as cores do Estrela da Amadora e do Leixões. Depois de pendurar as botas, em 1993/1994, iniciou a carreira de treinador. Em 2003/2004 regressou ao Benfica na qualidade de adjunto, ao lado do técnico espanhol José António Camacho, e conquistou a Taça de Portugal. Na época seguinte, foi o braço direito do italiano Giovanni Trapattoni rumo ao título nacional, arredado há nove épocas. Logo depois iria embora. A chorar por dentro, com o Benfica na alma. Como diria o Jobim: 'Coisas que só o coração pode entender...'

Álvaro Monteiro Magalhães
Nascido em Lamego a 3 de Janeiro de 1961
Álvaro representou o Sport Lisboa e Benfica entre 1981/1982 e 1989/1990. Conquistou quatro Campeonatos Nacionais, quatro Taças de Portugal e uma Supertaça. Fez 330 jogos pelo clube e 20 pela Selecção Nacional."

Luís Lapão, in Mística

Barcelona e Setúbal: na rota das bandeirinhas

"O maior clube da Catalunha e uma histórica colectividade de Setúbal foram pioneiros na oferta de galhardetes ao Benfica.

Consta que o único clube do mundo a ir à Lua foi o Independiente, da Argentina. Alunou sob a forma de galhardete, na bagagem de Neil Armstrong, que o recebera do clube rojo meses antes do acontecimento.
O Benfica não foi à Lua mas deu a volta ao planeta e é, possivelmente, o maior distribuidor de galhardetes à face da Terra. Não se sabe quando nem a que adversário terá oferecido o primeiro. Mas pode dizer-se que iniciou a 24 de Setembro de 1921 a colecção deste tipo de souvenirs. O ofertante foi o FC Barcelona, na qualidade de anfitrião, durante uma visita do Benfica e Espanha no mesmo ano. Antes do desafio inaugural - faria dois com o Barcelona e outros tantos com o Tarrasa FC -, o histórico 'capitão' benfiquista Ribeiro dos Reis recebeu das mãos do seu homólogo blaugrana 'uma pequena bandeira catalã'. E assim ficou eternizado e primeiro encontro de sempre entre os dois clubes.
Quanto aos dois jogos com o 'Barça', a nossa equipa teve de bater-se com um conjunto melhor preparado fisicamente e habituado a um 'piso muito duro e cheio de pedrinhas soltas'. Tudo isto logo após uma extenuante viagem de 48 horas de comboio. O saldo foi de duas derrotas, por 0-5 e 2-5, mas com notas de 'energia e impetuosidade' por parte dos nossos.
Já no âmbito nacional, o primeiro clube a presentear o Benfica com um galhardete foi a UFCI, União Futebol Comércio e Indústria de Setúbal, a 1 de Novembro de 1925. Emblema histórico da cidade do Sado, ainda em actividade, chegou a ter José Mourinho como jogador sénior e treinador das camadas jovens. Mas não só. O nosso saudoso Jaime Graça ficou igualmente ligado à sua história, ao conduzir a equipa de 1977/1978 ao título da I Divisão Distrital, feito único até então.
O encontro entre os dois clubes assinalou a inauguração do Campo da Bela Vista, pertencente ao adversário e considerado, à época, uma infraestrutura de se lhe tirar o chapéu. Numa altura em que Setúbal era um concelho do distrito de Lisboa, a UFCI tinha já como rival o grande Vitória, que no dia do jogo com o Benfica decidiu engendrar no seu terreno um desafio com outro clube da capital, no intuito de retirar público ao Campo da Bela Vista. Viva-se, então, uma 'guerra' entre os clubes da região do Sado, tendo como pano de fundo a resistência do Vitória a integrar a Liga de Futebol Setubalense.
Alheio ao cenário de altercação, a equipa benfiquista venceu a UFCI por 3-1 o capitão Vítor Gonçalves trouxe para Lisboa aquele que é hoje na colecção do clube o mais antigo galhardete nacional."

Luís Lapão, in Mística

À memória do meu pai, a quem devo o ser do Benfica

"Entrei pela primeira vez com o meu pai no antigo Estádio da Luz. O Benfica ia jogar contra a CUF e a minha emoção era imensa. Em minha casa, desde cedo, ouvia falar do Benfica e do tempo em que os sócios tinham contribuído com trabalho ou com dinheiro para a construção do seu estádio. O meu pai tinha sido um desses sócios, e isso dava-lhe um imenso orgulho sempre que falava do clube, o seu clube. A paixão e o fervor que por ele sentia faziam-no considerar-se parte integrante de um todo, um grande todo, em que a soma correspondia a cada uma das partes e em que cada parte nunca se via como um simples número de uma qualquer estatística. Eram tempos em que a dúvida sobre a vitória não existia e em que a entrega de cada jogador, do primeiro ao último minuto, era total. Eram tempos que sucediam a outros tempos em que o êxito e a glória se transmitiam aos futuros adeptos, para que estes, com brio e justificada vaidade, pudessem falar do passado mas sempre na perspectiva de o projectarem no presente e quererem ver repetido no futuro.
Foi desse modo e com esse espírito que fiquei adepto do Benfica. Um adepto que não possui, nem pretende possuir, qualquer conhecimento particular que o habilite a falar de tácticas, de estratégias ou de formas de jogar, mas um adepto para quem o Benfica significa mais, muito mais, do que as competentes e eloquentes análises e comentários a este ou àquele jogo. Transmiti isto mesmo ao Dr. Sílvio Cervan quando amavelmente me convidou para escrever na Mística e lhe expliquei que outros com competências que não tenho neste domínio, poderiam melhor corresponder ao desafio que me fazia. Ainda assim, e diante da sua insistência, aceitei o seu convite, quer como forma de homenagear o meu pai, que teve o emblema de ouro do clube, quer como forma de testemunhar o permanente contacto de gerações que o Benfica proporciona a milhares de famílias portuguesas. São disso exemplo os meus sobrinhos Baltasar, Luís Roque, Ana, Afonso, Salvador, Luís e Pedro, que com idades compreendidas entre os 16 e os seis vibram com o Benfica e vivem o Benfica de um modo entusiasmante e profundamente contagiante. Uns são sócios e outros não o são, porém em nada se diferenciam quando se trata de apoiar e de defender o clube. A sua chama, sendo idêntica à das gerações mais antigas, é uma chama intemporal, não dependente de épocas ou de fases e não sujeita a conjunturas ou a momentos melhores ou piores do mundo desportivo. E essa é, sem dúvida, uma das grandes características de um clube que é mais do que um clube, de um grupo desportivo que é mais do que um grupo desportivo. Um clube que, indiferente ao tempo, continua a atrair e a marcar quantos a ele aderem, nos mesmos termos em que nesse jogo contra a CUF me senti empolgado, não apenas com o que se passava dentro de campo, não apenas a vitória do Benfica, mas com a grandeza de um ambiente sempre plural, que une o que tantas outras circunstâncias da vida divide. Viva o Benfica!"

Manuel Monteiro, in Mística