Últimas indefectivações

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Vermelhão: Vantagem ao intervalo, que podia ser maior...

Mónaco 0 - 1 Benfica


Podíamos ter 'matado' a eliminatória! Desta vez com a expulsão no Mónaco, não deixámos os monegascos atacar, até conseguimos criar perigo (devíamos ter criado mais...), mas não conseguimos alargar a vantagem! É um daqueles jogos, onde o 0-1 antes da partida, até seria um bom resultado, mas no fim, com as condicionantes do jogo, sabe a pouco!

Primeira parte com pouco risco, com o Benfica mais recuado, o Trubin fez uma boa defesa, o Mónaco criou mais jogadas, mas os nossos defesas conseguiram quase sempre interceptar ou recuperar a bola. A maioria das nossas tentativas de sair a jogar, saíram mal... com o Carreras a ter quase a exclusividade das nossas oportunidades na 1.ª parte!!! Nos últimos 10 minutos antes do intervalo, já estávamos por cima...

Entrada a matar no 2.º tempo, com um golão do Pavlidis... é caso para dizer Ketchup Gourmet!!! Pouco depois a expulsão do Mónaco, e o jogo ficou totalmente inclinado para o nosso lado! Criámos imediatamente oportunidades, o Pavlidis devia ter bisado! Mas com as substituições o Mónaco ficou mais 'fechado' e partir daí os nossos remates, nunca saíram 'limpos'... havia sempre uma perna, um ressalto, um tufo de relva, um passe ligeiramente ao lado, e não conseguimos marcar mais um...

Pelo meio, mais duas lesões! O Tomás com o Moreirense, já tinha demonstrado problemas na perna... espero que não seja pubalgia! O Di Maria, parece ser uma recaída... Além destes problemas, ainda ficámos sem o Tino para a 2.ª mão, com um Amarelo.


A arbitragem foi muito zelosa, o Amarelo ao Carreras foi exagerado, o do Tino não vi qualquer falta... Por outro lado, o 2.º Amarelo ao Musrati foi 'justo' mas poucas vezes os árbitros mostram Amarelos nestas situações!

Mas agora, não podemos pensar na 2.ª mão, o jogo em São Miguel, com o Santa Clara, tem que ser encarado, como fosse a Final da Champions! Os Açorianos, são uma equipa que joga bem em contra-ataque, tem jogadores rápidos, e dão muito pau... Além disso, a relva é pesada! No último jogo em São Miguel, o Casa Pia fartou-se de queixar do relvado no final! E vamos ver se não chove!!!


Com as lesões e gestões, não espero uma equipa muito diferente, talvez o Bruma, talvez, o Belotti ou o Cabral! O Barreiro tem que ser protegido para o Mónaco, porque com o castigo do Tino é a nossa melhor opção! E com o provável desvio do Aursnes para a Lateral, vamos ter problemas em montar o Meio-campo! Sem o Di Maria, e com o Aursnes, na Lateral, talvez, 'voltar' ao 442, com o jogador mais ofensivo perto do Pavlidis!

Hat-Trick na Taça da Liga...


Benfica 3 - 0 Torrense


Hat-Trick finalizado com um grande golo da matadora vinda de Castela!!!
A eliminatória estava praticamente decidida, com a vitória na 1.ª mão, mas é sempre bom manter o ritmo...
Agora, mais uma Final da Taça da Liga, contra o Sporting.

Luz que ajuda o Benfica


"Visão de golo é o espaço de opinião semanal de Rui Águas, treinador e antigo avançado internacional português

A vitória do Benfica foi tão preciosa quanto complicada por um bom Moreirense, num jogo afetado pela dupla infelicidade que escolheu Manu e Bah como vítimas. Mesmo que a custo e com esse grave percalço que toldou o ambiente da equipa, o Benfica lá conseguiu a desejada aproximação ao líder do campeonato. É costume dizer-se que a vitória é o que mais importa, mas há sinais que ficam e vão para além do resultado. O que as equipas vão mostrando pode animar e reforçar o moral das tropas para o que se segue ou, ao contrário, fazer recear o que aí vem, pela forma pouco convincente e insegura como a vitória acontece.
Na Luz tivemos uma reedição desejada do início categórico e goleador que o Benfica conseguiu na Amadora. Porém, a repetição da muito falada inconsistência viria também a confirmar-se no decorrer do jogo, estendendo-se até ao ansiado final.
Recuando ao novo cenário clínico, o Benfica vinha tendo na sua defesa dois titulares indiscutíveis no centro esquerda e 3 candidatos para dois lugares do lado oposto, que se vinham revezando. Esta aliança perdeu agora um dos seus elos com a grave lesão de Bah, que limita as futuras opções. Por outro lado, a estreia convincente de Manu será certamente confirmada no futuro, mesmo que agora duramente interrompida, tal foi a demonstração da sua qualidade.
De bom ficam ainda assim a vitória, a eficácia nas bolas paradas, a boa onda de Pavlidis e a Luz que ajuda, influente no apoio em momentos de menor segurança.
De pior, sem dúvida, as lesões complicadas de Manu e Bah, que os afastam do campo por longo período. A insegurança exibicional, essa, conheceu mais um episódio. O importante é ganhar, sim, mas aquilo que a equipa vai mostrando não tranquiliza e obriga a dar a volta àquilo que já mostrou poder fazer.

O grande Marcelo
Por cá, quando falamos em Marcelo, lembramo-nos do Presidente da República, que curiosamente caminha também para o final de carreira. No Brasil, ao contrário, é um nome muito usado, mas há um que em especial se destacou. Falo de Marcelo, lateral-esquerdo marcante do Real Madrid, que deu por finalizada recentemente a sua carreira de indiscutível sucesso. O currículo vivido é impressionante, como incrível era a sua capacidade futebolística. No entanto, o último ato de um grande artista como ele devia ter sido outro, mais de acordo com a carreira que tão alto o levou.
Puxando a fita atrás: quem entra vindo do banco, seja quem for, não tem que estar feliz, mas tem que entrar com o espírito certo para ajudar e sem tempo a perder, porque o relógio não pára e anda rápido.
É verdade que o fechar da cortina para Marcelo se deu no seu clube, o Fluminense, mas protagonizando um infeliz episódio de desentendimento com Mano Menezes, o seu treinador. Chamado para entrar na fase final de um jogo, terá dito algo que desagradou ao seu líder, que reagiu e resolveu fazer entrar um outro em seu lugar. No seguimento da incómoda situação rescindir o contrato foi o passo seguinte. Marcelo merecia outra despedida, não esta, nada de acordo com a alegria que transbordava do seu sorriso de craque feliz.

Redes sem fim
Outros tempos estes que vivemos, disso ninguém duvida. As redes sociais que hoje se multiplicam são um meio também útil, mas de difusão massiva de pouca virtude, muita vulgaridade e violência. Interrogo-me se os clubes na atualidade definem regras mínimas em relação à utilização das redes sociais pelos seus colaboradores e respetivos núcleos. Se ainda não o fazem, penso que deviam, porque vamos observando o contrário. É um espaço escorregadio e fértil para fomentar desentendimentos, críticas e recados.

Carta a Trubin
Caro Trubin. Tens autonomia, experiência e personalidade para decidir de acordo com os momentos do jogo e com as indicações recebidas dos teus treinadores. Entende que algum pessoal da bancada, e que nunca jogou, anseia pelo pontapé na frente e rápido, mesmo que o momento peça o oposto. Convém de vez em quando lembrar que o futebol não se joga só com os pés... Se devias ter optado pela decisão mais popular ou pela tua própria cabeça, como fizeste? Claramente esta última opção, ainda mais quando falamos de desporto profissional. Estiveste bem."

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Tema do Dia - O tabu Gyokeres: o que se passa com o Sueco?

Observador: Três Toques - Trincão anda aos beijinhos no balneário?

Ambição


"O tema em destaque nesta edição da BNews é o desafio no Mónaco da 1.ª mão do play-off de acesso aos oitavos de final da Liga dos Campeões.

1. Confiança
O treinador do Benfica, Bruno Lage, acredita no bom desempenho nesta noite: "Sinto a equipa muito confiante. O nosso objetivo passa por fazer um bom jogo, um bom resultado e que a eliminatória seja discutida no Estádio da Luz."

2. Vencer sempre
Para Pavlidis, os objetivos coletivos são o mais relevante: "Tento sempre dar o meu melhor pela equipa. O que importa é a equipa ganhar. Estamos aqui para praticar futebol de ataque e vencer o jogo."

3. Informações aos adeptos
A ler pelos Benfiquistas que se deslocam ao Mónaco para apoiar o Benfica.

4. Calendário
O desafio entre Benfica e Boavista, na Luz, relativo à 22.ª jornada da Liga Betclic é no dia 22 de fevereiro, sábado, às 18h00.

5. Distinção
Gustavo Marques foi eleito, pelos treinadores, o defesa do mês de janeiro na Liga 2.

6. Últimos resultados
O Benfica foi eliminado, no desempate por pontapés da marca de grande penalidade, da UEFA Youth League. Em andebol, na 1.ª jornada do Grupo 2 da Main Round da EHF European League, derrota por 28-27 no reduto do Bidasoa Irun.

7. Rumo à final
A equipa feminina de futebol do Benfica defronta o Torreense, no Benfica Campus, às 15h00, na 2.ª mão das meias-finais da Taça da Liga. Em Torres Vedras, as Inspiradoras venceram por 0-3.

8. Convocatórias
A Seleção Nacional feminina de futebol chamou seis jogadoras do Benfica. E a Seleção Nacional de basquetebol conta com dois atletas benfiquistas.

9. Exigência no atletismo
Em entrevista à BTV, a coordenadora do atletismo benfiquista, Ana Oliveira, sublinha as razões do protesto do Benfica sobre o Campeonato Nacional em pista curta, prova que as águias venceram.

10. Contributo para um feito do râguebi português
José Lima, centro do Benfica, contribuiu para novo apuramento português para o Mundial de râguebi e, em entrevista à BTV, faz o balanço da qualificação.

11. Bom desempenho na natação
Os nadadores do Benfica estiveram em destaque no Arena Lisbon International Meeting 2025.

12. Iniciativa da Fundação Benfica
O Parque La Salette, em Oliveira de Azeméis, foi o eleito para a plantação de 10 mil árvores autóctones por parte de autoridades locais, representantes da Fundação Benfica e, também, colaboradores do Clube e da Casa Benfica Oliveira de Azeméis."

Obviamente o ouro é para Salah


"Egípcio é responsável por mais de um terço dos golos do único líder dos 10 principais campeonatos europeus que passou diretamente aos oitavos da Champions. Um detalhe de um rei silencioso

Foi no passado domingo, na competição de clubes mais antiga do mundo. O Liverpool via-se eliminado da Taça de Inglaterra pelo último classificado do Championship, o equivalente à nossa Liga 2, e ficava impedido de poder conquistar um inédito quadruple, coisa nunca alcançada por uma equipa britânica (apenas o treble pelos dois gigantes de Manchester, United e City: Premier League, FA Cup e UEFA Champions League). Um escândalo, tendo em conta a diferença de valores entre o líder do campeonato (e também da fase de liga da Champions) e o modesto Plymouth, que nunca pôs os pés na divisão dos big boys e se nenhum milagre ocorrer até lá no próximo ano estará no terceiro escalão. Analisamos os jogadores utilizados por Arne Slot, principalmente no ataque, e vemos que estão lá futebolistas que seriam titulares em quase todas as grandes equipas da Europa: Elliot, Luis Díaz, Federico Chiesa, Diogo Jota (e Darwin Núñez a sair do banco). Mas depois vemos quem não está: Mohamed Salah, que ficou a descansar. E aí começamos a entender o porquê de os adeptos dos reds temerem a partida do egípcio no final da época, um medo proporcional à atual dimensão futebolística do esquerdino, hoje por hoje o melhor jogador do mundo.
Seja pelo feitio mais introvertido ou por motivos religiosos, o avançado do Liverpool está a anos-luz de muitos dos seus concorrentes ao nível do marketing pessoal, limitando-se quase sempre a ações de campanha dentro do relvado. Porém, face a épocas mais inconsistentes de Haaland , Vinícius Júnior e Mbappé, se nada acontecer até ao final da época e a formação superiormente dirigida pelo técnico neerlandês vencer a Premier League ou a Champions bem pode haver jogadores a fazerem piruetas com mortal carpado no Mundial de Clubes, nos Estados Unidos, que a próxima Bola de Ouro já estará encontrada.
Será um troféu mais que justo e porventura virá com atraso (ou pelo menos o egípcio já deveria ter entrado nestas discussões há mais tempo). Além da estética que tem percorrido todo o seu trajeto (a maioria dos seus golos faz os adeptos sorrir, além de vibrar) os números que apresenta são de uma consistência à prova de bala: Salah é neste momento o jogador na Europa com mais contribui para golos: 21 na sua conta pessoal e 13 assistências, 37 por cento dos golos do Liverpool nesta época em todas as competições.
Parece ser, novamente, o homem certo no clube certo, aquele que mais contribui do ponto de vista individual para um feito que não dá troféus, mas revela o estado de maturidade de uma equipa candidata a vencer (quase) tudo: de todos os atuais líderes dos 10 melhores campeonatos na Europa, o Liverpool é o único que passou diretamente aos oitavos de final da Champions – PSG, Real Madrid, Bayern, PSV e Sporting tiveram de ir ao play-off, Slavia Praga e Galatasaray jogam na Liga Europa, Nápoles e Genk está fora das competições europeias.
30 anos depois da Bola de Ouro de George Weah, (jogador do Milan, à data a melhor equipa da Europa), acredito que tudo se conjuga para que África volte a ter pela segunda vez o melhor jogador do mundo. E será uma espécie de regresso à regra interrompida por Rodri (e não, não é a posição): nos últimos 10 anos, o médio defensivo do Manchester City e campeão da Europa por Espanha foi o único jogador abaixo dos 30 anos a vencer o troféu - Ronaldo, Messi, Modric e Benzema dominaram os palcos numa idade que há 20 anos seria visto como uma impossibilidade física e biológica.
Das muitas coisas que se alteraram no futebol, a longevidade é provavelmente uma das mudanças mais marcantes e que se refletem no próprio mercado de transferências. Daí que aos 32 anos Mo Salah possa dar-se ao luxo de pedir o que quiser: tem muito tempo pela frente para ser o rei. Para muitos, um reinado inesperado."

Falar Benfica #194

Zero: Negócio Mistério - S03E21 - Ivkovic no Sporting

Zero: Senhoras - S05E22 - Sporting escorrega: campeonato resolvido?

Zero: 5x4 - S05E21 - Damos uma perninha no Euro, nas Taças e no mercado

Jogo Pelo Jogo - S02E27 - Porto-Sporting

Maldito Florentino

Sentenças do Tribunal Arbitral do Desporto devem poder ser objeto de uma fiscalização exaustiva


"No início deste ano, o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) voltou a ter destaque no âmbito do direito do desporto. De acordo com a advogada-geral Tamara Ćapeta no processo C-600/23, as sentenças do Tribunal Arbitral do Desporto (CAS) devem poder ser objeto de uma fiscalização exaustiva pelos órgãos jurisdicionais nacionais para garantir a compatibilidade das regras da FIFA com o direito da UE.
Neste caso, o Tribunal de Cassação belga interroga o TJUE sobre a questão de saber se o direito da União se opõe à aplicação destas disposições nacionais a uma sentença arbitral cuja fiscalização foi efetuada apenas por um órgão jurisdicional de um Estado que não é membro da UE.
Nas conclusões, a advogada-geral considera que deve ser concedido aos intervenientes desportivos da UE sujeitos ao sistema de resolução de litígios da FIFA acesso direto a um órgão jurisdicional nacional e uma fiscalização jurisdicional exaustiva por este órgão jurisdicional nacional em relação a todas as disposições do direito da UE, sem prejuízo de uma sentença definitiva do CAS.
A advogada-geral faz ainda considerações sobre a distinção entre a arbitragem desportiva e a arbitragem comercial, designadamente quanto ao facto de que os intervenientes desportivos sujeitos às regras da FIFA não têm outra opção senão submeter os seus litígios ao Comité Disciplinar da FIFA e, posteriormente, ao CAS.
A advogada-geral considera ainda que o sistema de resolução de litígios instituído pelos Estatutos da FIFA se caracteriza pelo seu caráter autossuficiente pelo que, no seu entendimento, a FIFA não necessita de recorrer a um órgão jurisdicional. Assim, os Estados-Membros têm de permitir um acesso direto a um tribunal com competência para fiscalizar judicialmente a compatibilidade das regras da FIFA com a UE, inclusivamente quando uma sentença do CAS que aplica estas regras tenha sido confirmada pelo Tribunal Federal Suíço."

Violência no futebol. Penalizar os clubes tem sido a melhor solução


"Tem sido feito um longo e demasiado lento caminho para fazer o que devia ser básico: domesticar os selvagens que transformam o desporto, essencialmente o futebol, num cenário de guerra.

Rui Mendes, adepto do Sporting, morreu aos 36 anos atingido por um very-light quando assistia ao derby no Estádio da Luz, em 1996. O autor do crime, Hugo Inácio, adepto do Benfica, foi condenado, em 1998, a quatro anos de prisão. Quatro anos. Em 2016 voltou a ser condenado a três anos de prisão e proibição de entrar em recintos desportivos durante sete anos, por posse de material pirotécnico.
Em 2008 escrevi, ainda enquanto jornalista do Expresso, que cerca de 2000 adeptos, a maioria ligada a claques, já tinham estado envolvidos e incidentes violentos nos jogos de Campeonato Nacional de Futebol. Os dados eram da PSP. Nesse ano, houve 184 casos graves nos estádios da 1.ª Liga, tendo sido identificados formalmente 189 indivíduos e detidos 19. Fora o maior número de incidentes registados nos últimos cinco anos. A interdição de entrar em estádios tinha sido aplicada apenas as seis pessoas.
Em 2018, já aqui no DN, voltei ao tema, de novo com base num relatório da PSP: havia 672 membros de claques identificados por crimes de violência no desporto e 975 que agrediram, cometeram roubos e tráfico de droga. Apenas 21 adeptos estavam impedidos de entrar em estádios de futebol.
Tem sido feito um longo e demasiado lento caminho para fazer o que devia ser básico: domesticar os selvagens que transformam o desporto, essencialmente o futebol, num cenário de guerra, obrigando a deslocação de pesados e onerosos recursos do Estado - as polícias -, equipados como se estivessem a enfrentar uma poderosa e bem armada organização criminosa.
Sinais de otimismo vão surgindo. Ao longo da época passada entraram em vigor 583 interdições, o que constituiu um aumento de 21,1%. Foi o número mais elevado de sempre de medidas de interdição que entraram em vigor numa só época desportiva em Portugal, segundo o Relatório de Análise da Violência Associada ao Desporto (RAVID), divulgado recentemente. Em dezembro estavam ativas 330 destas medidas aplicadas pela Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD).
Nada disto, porém, impediu uma escalada sem precedentes de explosões de engenhos pirotécnicos nos jogos de futebol, registou o mesmo RAVID, com um aumento de 64%. Estes incidentes, juntamente com todos os outros que, incompreensivelmente, a “Justiça Desportiva” , enquadra no mesmo grupo de qualquer “mau comportamento de adepto”, tais como arremessos de cadeiras, custam muito caro aos clubes, como reportámos no DN desta terça-feira. Só na época passada foram quase meio milhão de euros, com o Benfica no topo, seguindo do Sporting, em multas.
A UEFA tem tido mão mais pesada (multas entre 20 a 40 mil euros) e interditado bancadas e ameaçado Sporting e Benfica com jogos à porta fechada, mas alguns adeptos, muitos deles afetos a grupos organizados, continuam a desafiar a lei, as autoridades desportivas e os clubes a quem apoiam, explicou a nossa jornalista Isaura Almeida.
O que é facto é que os clubes já perceberam que têm de assumir a iniciativa de encontrar soluções. De claques poderosas e criminosas sabe bem André Villas-Boas, presidente do FC Porto, e não foi por acaso que foi ele a chamar os outros clubes para criarem uma task force e reunirem com as várias entidades com responsabilidades neste combate, incluindo o Governo. Diz a experiência que é quando os clubes são penalizados que as soluções melhor surgem.
Nunca é demais lembrar o exemplo de Inglaterra, o berço dos hooliganismo. Nos anos 80 assombravam o estádios onde as suas equipas jogavam. Em 1985, depois da tragédia no Estádio de Heysel, na Bélgica, onde foi disputada a final da Taça dos Campeões da Europa (a atual Champions) entre Juventus e Liverpool, os hooligans britânicos atacaram os tifosi. Em pânico, tentando fugir, milhares de pessoas foram pisadas e um muro caiu: 39 morreram e centenas ficaram feridas. Quatro dias depois, a UEFA suspendeu cinco anos todas as equipas inglesas de todas as competições europeias de futebol.
Na época, até a então primeira-ministra britânica Margaret Thatcher apoiou a decisão. “Temos que limpar o jogo deste hooliganismo em casa e talvez possamos jogar no exterior novamente”, disse a dama de ferro.
A punição levou a uma total reformulação do futebol inglês e o Governo aplicou medidas duras para banir os hooligans dos jogos. Os clubes estiveram na primeira linha e renasceram. Portugal está no bom caminho."

Por teu livre pensamento


"Numa velha mesa de madeira, enfiados para dentro das mãos e sem rosto, três homens jogam às cartas. Vemo-los de longe, observando-os em silêncio.
(Foram-te longe encerrar)
Afastado do cinco de ouros pousado no tampo, um copo de vinho e, ainda mais distante, no outro topo, de pé, olhando-os de espanto, uma mulher com rosto.
(Tão longe que o meu lamento)
Aqui sentado a escrever, Figueira da Foz 2025, salto para dentro desse desenho que me desenha da parede do escritório. Vejo a mão fina de Álvaro Cunhal a traçar agora a luz sobre a mesa velha de madeira.
(Não te consegue alcançar)
Uma lanterna caída do tecto humilha os homens, ilumina a mulher. Mostra um bêbado a dormir ao fundo. Passo as mãos sobre o seu chapéu cheio de pó, tento levantá-lo, mas a fina mão de Álvaro Cunhal, Forte de Peniche 1959, apaga-me do desenho.
(E apenas ouves o vento)
Quando este homem entrou algemado pela ponte do Forte de Peniche, já ia com isto na ideia: uma mulher com rosto a observar de espanto três homens bêbados, absurdos e sem cara. Álvaro sonhou com ela. Imaginou-a ao som do vento e do mar.
(E apenas ouves o mar)
A sua farta cabeleira enchia-se de maresia numa noite quase igual a esta e a mulher do desenho já o amava ainda tão longe de existir no desenho das paredes do meu escritório.
(Levaram-te a meio da noite)
- Para sermos livres, não basta a inteligência. É preciso coragem, Aníbal! É preciso trazer a verdade dentro de nós!
(A treva tudo cobria)
O guarda prisional Aníbal sem rosto não entendeu os dedos finos de Álvaro Cunhal, a sua cara fenomenal, os seus traços claros de luz e sombra. (Foi de noite numa noite) - O que é que está a desenhar, Doutor?
(De todas a mais sombria)
- A tua história, Aníbal. A nossa história. Os vultos redondos da miséria.
(Foi de noite, foi de noite)
Quando eu passava a ponte com o meu Pai, Forte de Peniche 1995, e via a cela de Álvaro Cunhal e o vento e o mar e a ideia da fuga e trazia para casa os desenhos da prisão, eu ainda não sabia que a liberdade era não morrer por dentro.
(E nunca mais se fez dia)
A liberdade é conseguir nunca ser envenenado.
(Ai! Dessa noite o veneno
Persiste em me envenenar
Oiço apenas o silêncio
Que ficou em teu lugar
E ao menos ouves o vento
E ao menos ouves o mar.)"