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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Violência no futebol. Penalizar os clubes tem sido a melhor solução


"Tem sido feito um longo e demasiado lento caminho para fazer o que devia ser básico: domesticar os selvagens que transformam o desporto, essencialmente o futebol, num cenário de guerra.

Rui Mendes, adepto do Sporting, morreu aos 36 anos atingido por um very-light quando assistia ao derby no Estádio da Luz, em 1996. O autor do crime, Hugo Inácio, adepto do Benfica, foi condenado, em 1998, a quatro anos de prisão. Quatro anos. Em 2016 voltou a ser condenado a três anos de prisão e proibição de entrar em recintos desportivos durante sete anos, por posse de material pirotécnico.
Em 2008 escrevi, ainda enquanto jornalista do Expresso, que cerca de 2000 adeptos, a maioria ligada a claques, já tinham estado envolvidos e incidentes violentos nos jogos de Campeonato Nacional de Futebol. Os dados eram da PSP. Nesse ano, houve 184 casos graves nos estádios da 1.ª Liga, tendo sido identificados formalmente 189 indivíduos e detidos 19. Fora o maior número de incidentes registados nos últimos cinco anos. A interdição de entrar em estádios tinha sido aplicada apenas as seis pessoas.
Em 2018, já aqui no DN, voltei ao tema, de novo com base num relatório da PSP: havia 672 membros de claques identificados por crimes de violência no desporto e 975 que agrediram, cometeram roubos e tráfico de droga. Apenas 21 adeptos estavam impedidos de entrar em estádios de futebol.
Tem sido feito um longo e demasiado lento caminho para fazer o que devia ser básico: domesticar os selvagens que transformam o desporto, essencialmente o futebol, num cenário de guerra, obrigando a deslocação de pesados e onerosos recursos do Estado - as polícias -, equipados como se estivessem a enfrentar uma poderosa e bem armada organização criminosa.
Sinais de otimismo vão surgindo. Ao longo da época passada entraram em vigor 583 interdições, o que constituiu um aumento de 21,1%. Foi o número mais elevado de sempre de medidas de interdição que entraram em vigor numa só época desportiva em Portugal, segundo o Relatório de Análise da Violência Associada ao Desporto (RAVID), divulgado recentemente. Em dezembro estavam ativas 330 destas medidas aplicadas pela Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD).
Nada disto, porém, impediu uma escalada sem precedentes de explosões de engenhos pirotécnicos nos jogos de futebol, registou o mesmo RAVID, com um aumento de 64%. Estes incidentes, juntamente com todos os outros que, incompreensivelmente, a “Justiça Desportiva” , enquadra no mesmo grupo de qualquer “mau comportamento de adepto”, tais como arremessos de cadeiras, custam muito caro aos clubes, como reportámos no DN desta terça-feira. Só na época passada foram quase meio milhão de euros, com o Benfica no topo, seguindo do Sporting, em multas.
A UEFA tem tido mão mais pesada (multas entre 20 a 40 mil euros) e interditado bancadas e ameaçado Sporting e Benfica com jogos à porta fechada, mas alguns adeptos, muitos deles afetos a grupos organizados, continuam a desafiar a lei, as autoridades desportivas e os clubes a quem apoiam, explicou a nossa jornalista Isaura Almeida.
O que é facto é que os clubes já perceberam que têm de assumir a iniciativa de encontrar soluções. De claques poderosas e criminosas sabe bem André Villas-Boas, presidente do FC Porto, e não foi por acaso que foi ele a chamar os outros clubes para criarem uma task force e reunirem com as várias entidades com responsabilidades neste combate, incluindo o Governo. Diz a experiência que é quando os clubes são penalizados que as soluções melhor surgem.
Nunca é demais lembrar o exemplo de Inglaterra, o berço dos hooliganismo. Nos anos 80 assombravam o estádios onde as suas equipas jogavam. Em 1985, depois da tragédia no Estádio de Heysel, na Bélgica, onde foi disputada a final da Taça dos Campeões da Europa (a atual Champions) entre Juventus e Liverpool, os hooligans britânicos atacaram os tifosi. Em pânico, tentando fugir, milhares de pessoas foram pisadas e um muro caiu: 39 morreram e centenas ficaram feridas. Quatro dias depois, a UEFA suspendeu cinco anos todas as equipas inglesas de todas as competições europeias de futebol.
Na época, até a então primeira-ministra britânica Margaret Thatcher apoiou a decisão. “Temos que limpar o jogo deste hooliganismo em casa e talvez possamos jogar no exterior novamente”, disse a dama de ferro.
A punição levou a uma total reformulação do futebol inglês e o Governo aplicou medidas duras para banir os hooligans dos jogos. Os clubes estiveram na primeira linha e renasceram. Portugal está no bom caminho."

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