Últimas indefectivações

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Benfica FM - pós-Boavista

Gedson, Ferro & Heriberto

O Benfica anunciou hoje a renovação com três jovens da equipa B. Todos com muito potencial, acredito que o Gedson será titular do Benfica dentro de pouco tempo, o Ferro fará parte do grupo dos 4 Centrais... o Heri, tem golo nos pés, mas tenho algumas dúvidas se terá qualidade suficiente para ter titular, mas vamos ver...!!!

Alvorada... do Júlio

O povo é sereno, é só fumaça...

"Bruno de Carvalho continua de vitórias em vitória, até à derrota final. No sábado, alienou mais uma parcela do sportinguismo

O Sporting será aquilo que os seus sócios quiserem que seja. No sábado, numa Assembleia Geral sui generis, repetiram-se, grosso modo, os números verificados nas últimas eleições e Bruno de Carvalho fez aprovar, como se previa, alterações estatutárias que reforçam sobremaneira os poderes presidenciais. Quando votaram, os sócios do Sporting sabiam o que estavam a consagrar; o caminho escolhido foi o de colocar todos os ovos no cesto de Bruno de Carvalho e isso, valha o que valer, tem de contar como uma vitória expressiva do presidente dos leões. Porém, tudo indica que Bruno de Carvalho caminha de vitória em vitória até à derrota final, como aconteceu a todos os que fizeram do populismo uma forma de ser e estar. Apesar de ter conquistado uma maioria altamente expressiva, o presidente do Sporting reduziu a sua margem de manobra, ao alienar muitas figuras marcantes do sportinguismo. De forma gratuita, irresponsável e profundamente injusta, atingindo pessoas que têm o Sporting como referência de vida e simplesmente não toleram a vulgarização da presidência. É muita interessante verificar como até apoiantes de longa data de Bruno de Carvalho, pessoas de bem, com posições relevantes na nossa sociedade, sentiram necessidade de se demarcarem do discurso ordinário e reles utilizado, chamando, alto e bom som, que nem se revêm naquele palavreado rasca, nem aquela forma de estar reproduz os princípios do Sporting. Estas objecções, de pessoas que admiram muito do que Bruno de Carvalho trouxe ao clube de Alvalade, fundam-se em princípios e valores que vão muito para além da espuma das vitórias e das derrotas que mantêm vivos os demagogos e os populistas.
Disse Bruno de Carvalho, no sábado, aos sportinguistas: «1 - A partir de hoje não compraremos nem mais um jornal desportivo, assim como o Correio da Manhã; 2 - Não vejam nenhum canal português de televisão, além da Sporting TV; 3 - Que todos os comentadores afectos ao Sporting abandonem os programas».
Há muito tempo, na sociedade portuguesa, que não se via apelo tão pungente ao retrocesso civilizacional. Nem uma verbalização tão fascizante. Mas como não há mal que não se acabe, mais vale citar um antigo primeiro-ministro: «O povo é sereno, é só fumaça».

Ás
José Couceiro
Vitória tangencial sobre o Paços de Ferreira, que representou importante alento para uma equipa que luta pela permanência num contexto difícil, numa época em que já viveu a instabilidade de uma mudança de Direcção. José Couceiro continua a ser a âncora e a bússola de nau sadina. Mas ainda tem muito que penar...

Rei
Abel Ferreira
Depois de uma má jornada europeia, em que SC Braga não esteve à altura das circunstâncias (e a referência a FC Porto e Benfica foi inapropriada) a vitória histórica em Guimarães foi um bálsamo precioso para a equipa de Abel Ferreira, um treinador com futuro muito promissor que deverá, contudo, temperar alguns devaneios.

Duque
Bruno de Carvalho
Luís Vaz de Camões, no Canto III dos Lusíadas, faz menção ao «rei fraco que faz fraca a forte gente». Quando um líder apela aos piores sentimentos dos seus seguidores, fazendo a apologia da intolerância, do sectarismo e do fundamentalismo, a sociedade deve ficar de sobreaviso, porque estão em causa fundamentos civilizacionais.

Todos iguais mas uns mais iguais que outros...
«O meu trabalho não é comentar as opiniões do presidente em público. Se tiver de comentar alguma coisa faço-o em privado...»
Jorge Jesus, treinador do Sporting
A  contrário da lei da rolha presidencial a que os ciclistas e os atletas do Sporting se submeteram, Jorge Jesus deu a cara na conferência de imprensa que antecedeu o jogo com o Tondela e teve até alguns considerandos importantes sobre a necessidade de todos cooperarem em prol da indústria do futebol. Vamos ver onde desagua esta deriva censória de Bruno de Carvalho.

Não tenham juízo, não...
Ontem, antes do V. Guimarães - SC Braga, a Cidade-Berço foi palco de incidentes graves entre adeptos dos conquistadores e dos guerreiros, que motivaram intervenção musculada da polícia, com disparos de 'shotgun' pelo meio. Vários cidadãos da república tiveram de receber tratamento hospitalar e esteve perto de acontecer uma tragédia. Mais um episódio que sugere a reflexão de dirigentes e governantes, uns porque têm de ser os primeiros a dar o exemplo pela pedagogia, os outros porque não podem ser Pôncio Pilatos.

Memórias olímpicas canadianas no gelo
A Coreia do Sul recebe os Jogos Olímpicos de Inverno, onde Portugal tem participação residual. Mas o impacto dos Jogos na maior parte do planeta é enorme. No Canadá, onde o hóquei no gelo é rei, o 'Ottawa Citizen' recordou a equipa da Real Força Aérea, que representou o país em 1948 e ganhou o ouro olímpico."

José Manuel Delgado, in A Bola

Os equívocos de Bruno de Carvalho

"As palavras de Bruno de Carvalho no final da AG de sábado são mais do que um atentado à liberdade de pensamento, expressão e opinião. São, também, um atentado à inteligência dos sportinguistas: primeiro por querer o seu presidente convencê-los de que o futuro passa por recuar até aos tempos que não deixam saudades mesmo a quem por eles não passou - e houve muitos sportinguistas que por eles passaram; segundo por mostrar o seu presidente não acreditar que sejam capazes de, vendo e lendo aquilo que muito bem entenderem, formarem uma opinião própria sobre o rumo que pretendem para o Sporting - o que, convenhamos, não mostra lá grande confiança em quem lhe deu, a ele, prova de confiança quase cega.
As palavras de Bruno de Carvalho no final da AG de sábado são, também, de uma tremenda contradição: a liberdade de expressão foi um dos argumentos a que recorreu sempre que teve de se defender de castigos e críticas por que se sentiu perseguido ao longo de cinco anos. Manda agora essa liberdade às urtigas. Ou se esqueceu ou acha que se trata de direito exclusivamente seu. Não é. e nunca será.
As palavras de Bruno de Carvalho no final da AG de sábado são, acima de tudo, profundamente infelizes. E mais infelizes se tornam ao percebermos que não foram ditas no calor da refrega. São parte de uma estratégia pensada, como ficou claro em indescritível post ontem publicado pelo seu incansável director de comunicação. Sim, em 2018 foi apresentado aos sócios do Sporting um documento que lhes diz o que podem ler, o que podem ver, o que podem dizer e onde podem dizê-lo, o que podem escrever e onde podem escrevê-lo. É deprimente. Como deprimentes são sempre os dias nas latitudes onde dita leis quem acha que pode tudo só porque está no poder. Não é esse, sabemo-lo todos, o caminho para a felicidade."

Ricardo Quaresma, in A Bola

PS: Os editoriais e colunas de opinião não param... os jornaleiros sentiram-se todos ofendidos pelas palavras do Babalu! Só acho estranho, terem ficado calados, quando nos últimos 8 anos, o Babalu, como figura pública, disse ou escreveu, coisas idênticas ou piores...!!! Como a polémica vende, têm andado com o maluquinho ao 'colo', agora aturem-no!!!

As Regras dos Jogos... Deontologia, a falta dela...!!!

Faça-se justiça a Rui Vitória

"É certo que fez uma campanha europeia miserável e nas provas internas também não foi brilhante. Mas a partir do momento em que ficou com o campeonato como único objectivo, o Benfica agarrou-se a ele e não mais o largou

Numa semana em que o FC Porto baqueou estrondosamente perante o Liverpool e o Sporting fez a sua obrigação no Cazaquistão – embora as “obrigações” no futebol nem sempre se cumpram –, estranhar-se-á que fale do Benfica e de Rui Vitória.
Mas é exactamente por isso: do Porto e do Sporting tem-se falado muito, do Benfica não se tem falado quase nada. Mas merece. É certo que fez uma campanha europeia miserável e nas provas internas também não foi brilhante. Mas a partir do momento em que ficou com o campeonato como único objectivo, o Benfica agarrou-se a ele e não mais o largou. Esteve várias vezes à beira do precipício – uma derrota nalguns jogos tê-lo-ia afastado irremediavelmente do título –, mas conseguiu sempre salvar-se.
É necessário dizer que, desde a entrada de Rui Vitória no Benfica, há duas épocas e meia, a equipa tem sido dada várias vezes como “morta”, mas nunca desistiu e acabou por ressuscitar. Perseguida pelo infortúnio de lesões graves de jogadores “insubstituíveis”, teve artes de ultrapassar os problemas e inventar soluções que funcionaram. E isso deve-se certamente à célebre “estrutura” do Benfica, muito competente e muito profissional. Mas deve- -se sobretudo a Rui Vitória.
Geralmente tido como um treinador competente mas pouco criativo, Vitória inventou Zivkovic como substituto de Krovinovic, surpreendendo tudo e todos. E tirou da cartola Rúben Dias, quando Luisão se lesionou e parecia não haver mais centrais, pois Jardel também estava impedido. E, em épocas anteriores, lançou um Renato Sanches que ninguém conhecia, fazendo dele o motor que conduziu o Benfica para um título. E chegou a ter os três avançados lesionados (Jonas, Mitroglou e Jiménez), não deixando por isso de marcar golos e ganhar jogos.
Fala-se muito em Sérgio Conceição, fala-se muito em Jorge Jesus, mas fala-se muito pouco em Rui Vitória. E não é justo. Ao longo dos últimos dois anos e meio, Vitória tem sido um referencial de estabilidade, de serenidade, mas também de capacidade para encontrar soluções e superar obstáculos. Sem um queixume, sem lamentações, com um invejável fair play.
E esta “resistência” de Rui Vitória, que nos momentos decisivos do campeonato tem vindo ao de cima, é talvez o factor mais determinante para o Benfica ser hoje considerado como um sério candidato ao título. Todos já sabem que, por muitos problemas que a equipa tenha, não desiste da luta, resiste à adversidade – e isso acaba por atemorizar os rivais.
Rivais que estão hoje fragilizados por razões diferentes: o Porto, pela tremenda derrota perante o Liverpool; o Sporting, pela perda sucessiva de cinco pontos perante dois dos últimos classificados: Estoril e Setúbal."

O tesouro inca do golo!

"Louco! Nas bancadas, o povo embasbacava-se e deixava correr pelos beiços aquela baba admirativa que se dedica aos heróis humanos, de pele e osso, que ousam medir-se com os deuses, nem que sejam deuses de trazer por casa como são os deuses do futebol, íntimos e familiares.
«Diziam que eu era louco porque estava sempre a tentar fazer coisas diferentes»: Juan Seminário, natural de Piura, San Miguel de Piura tal como a fundou Francisco Pizarro, o comandante dos homens de ferro que demandaram o Peru na busca do ouro quíchua de Manco Capac. Mas talvez louco também porque corria como um, desvairado, incontrolável, subitâneo. E no fim dessa corrida enlouquecida havia o tesouro inca do golo!
Em Maio de 1959, em Lima, Lima-La-Fea, essa cidade indescritível que ainda não era Lima-La-Horrible. Ou melhor, era e não era. Eu explico, eu explico. Foi em 1964: Sebastián Salazar Bondy transformou o epíteto no título de um livro. Era um libelo contra a oligarquia. Os editores peruanos tiveram medo. Muito medo. O livro acabou por sair primeiro no México. Mas Lima-La-Horrible fora criada antes de Salazar Bondy e ele próprio o confirmou incluindo na abertura parte de um poema de César Moro, autor de La Tortuga Ecuestre: «Para decirme que aún vivo/respondiendo por cada poro de mi cuerpo /al poderío de tu nombre oh Poesía. Lima la horrible, 24 de Julio o Agosto de 1949»
Mas eu ia para 1959, mês de Maio, mês das rosas, e portanto Lima-La-Horrible não era popular ainda com este nome mas já fazia parte da poesia sul-americana. A Inglaterra jogava pela primeira vez no Peru. Treinada pelo habitualmente cavalheiro Winterbottom, que se dava de quando em vez a atitudes plebeias que lhe valiam muitas críticas na Grande Ilha para lá da Mancha, já tinha Bobby Charlton, Billy Wright e Jimmy Greaves. Não bastou.
Ninguém conseguiria parar, nessa tarde, no Estádio nacional, frente a mais de 50 mil pares de olhos atentos, a raiva explosiva de Miguel Ángel Loyaza Ríos. A linha avançada peruana ficou pendurada para todo o sempre na parede branca da sala de estar da memória do país: Óscar Gómez, Juan Joya, Alberto Terry, Loyaza Ríos e Juan Roberto Seminario. Ainda sem acento.
Loyaza deixou-se encantar pelo som melodioso da sereia europeia. Nesse mesmo ano assinou pelo Barcelona, mas não havia lugar para ele. Evaristo, Kubala e Kocsis atiraram-no para o anonimato. Renasceu na Argentina, no Boca Juniors, no River Plate, mas não voltou a vestir a camisola branca da risca diagonal vermelha da sua selecção.
Loyaza podia ser o menino bonito dos adeptos peruanos nesse tal mês de Maio de 1959 quando o Peru derrubou a soberba inglesa por uns pouco críveis quatro-a-um.
Nunca nada fora tão falado nos bairros de Famílias Unidas, Virgen del Rosario e San German até ao sossego pacífico de San Cristobál e aos subúrbios de Callao. Um vento de orgulho atravessou a Ciudad de los Reyes. E sussurrava-se outro nome: Juan Roberto Seminário Rodriguez. Ele fora o furacão para lá da tempestade. Três golos, aos 10, 39 e 80 minutos.
Juan Seminário.
Fica aí, iluminado pelo ponto parágrafo que lhe é devido.
O triunfo dos peruanos foi tão extraordinário que a Radio Sport repetiu o relato do jogo dois dias depois às oito e meia da manhã: «Para que todos gocen recordando los incidentes, mediante la grabación de tan trascendental victoria».
Em Inglaterra, o Herald, trazia a público a vergonha pela pena do enviado San Leitch: «Imaginem a maior das indignidades sofrida no Peru que jogou com quatro bons jogadores e sete bailarinas, patrocinado por uma marca de cervejas reduzindo a selecção inglesa à figura triste de um grupo de noviços perdidos».
Como de costume, Winterbottom não se ficou: «Já estou amargurado que chegue. Não quero nem saber o que dizem de nós em Inglaterra para não ficar mais amargurado ainda».
O seleccionador peruano era György Orth. No ano seguinte treinou o FC Porto. Foi no Porto que morreu, a 11 de Janeiro de 1962.
Seminário foi levado em ombros pela populaça, mas não fugiu às críticas de La Prensa: «Criticado por ser individualista, en esta ocasión no fue la excepción. Sin embargo, los tres goles anotados y el manejo de la diagonal por izquierda le dieron la razón para sus desplazamientos en la cancha»
Loyaza, por seu lado, só lia elogios: «Miguelito jugó un partido formidable! Sirvió un pase como con la mano para el segundo gol de Seminario».
Seminário, o Expresso de Lima, viajou para Lisboa. Jogou dois anos no Sporting, marcou 42 golos e seguiu para Saragoça. Também chegaria ao Barcelona.
Nessa tarde de 17 de Maio foi grande como nunca!"

Benfiquismo (DCCLIII)

Eugénio Salvador !!!