Últimas indefectivações

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Denúncia anónima contra inspector da judiciária que queira «arrumar com o Benfica»

"Deu entrada no DCIAP (Departamento Central de Investigação e Acção penal), da PGR (Procuradoria-Geral da República), uma denúncia anónima (número 848/18, de 23 de Abril de 2018, ou seja, esta segunda-feira) contra o inspector Pedro Fonseca, da Polícia Judiciária.
A Bola teve acesso ao conteúdo da referida denúncia, na qual pode ler-se, logo no início, que a mesma «completa uma que foi feita há cerca de mês e meio e que foi enviada à Ministra da Justiça, à Procuradora-Geral da República, ao Director do DCIAP e ao Director Nacional da Polícia Judiciária, recordando que nessa denúncia se referia quem esteve por trás e qual a estratégia montada por quem roubou os `e-mails` do Benfica».
E prossegue: «Essa estrutura actuou em conluio com elementos afectos ao poder judicial e comunicação social na altura identificados. Faltou foi saber quem era o elemento de dentro da investigação que era a verdadeira toupeira que passava as sucessivas informações dos processos para os órgãos de comunicação social e redes sociais à revelia dos procuradores e do interesse da investigação. Facto provado porque só quem estivesse por dentro da investigação é que poderia passar dados concretos e com este nível de detalhe e sempre contra a mesma identidade. Esse responsável é o inspector Pedro Fonseca da Polícia Judiciária, reconhecido pelos próprios colegas que quer subir na estrutura sem olhar a meios, de desmedida ambição e que em múltiplas conversas não esconde o seu portismo e que queria arrumar com o Benfica.».
«Basta ter em conta os seguintes factos: Quem passou para a revista Sábado a informação em segredo de justiça que a investigação ficou insatisfeita com pelo menos duas respostas que tinham sido obtidas junto da SAD do Benfica sobre informações contabilísticas e financeiras? Quem fez chegar ao blogue Mercado do Benfica documentos originais internos, da sua própria responsabilidade, sobre uma denúncia anónima que tinha recebido e depois fingiu que poderia ter saído de uma alegada toupeira do Benfica, quando basta ver que o referido blogue é reconhecido por ser totalmente antibenfiquista e tem sido a central de ataque e de divulgação de e-mails do Benfica, para perceber que nunca será daí que essa informação sairia para o referido blogue? Quem passou para o Expresso a tese de que a investigação tinha como objectivo principal a demonstração de que o Benfica tinha um padrão de comportamento destinado a controlar o mundo do futebol?
E mais grave, quem passou para a revista Sábado a informação de que os processos de investigação tinham sido centralizados numa equipa coordenada pela senhora PGR e que isso poderia estar a causar mal-estar nos investigadores, não escondendo o desagrado por não poder continuar a manipular o andamento das investigações com fugas cirúrgicas para os vários protagonistas identificados na denúncia anterior?», pode ler-se.
Mas há mais: «Toda esta intervenção do referido inspector tem procurado instrumentalizar o Ministério Público e o trabalho dos seus colegas. É ele que tem fornecido informação circunstanciada sobre horários e locais de busca, e que em diversos momentos em público não esconde o seu clubismo, vangloriando-se de passar informação que deveria estar em rigoroso segredo de justiça e procurando sempre que nas notícias se refira o seu papel nas investigações. A vaidade, a ambição e o clubismo têm a perna curta. Fica completo o quadro da estrutura que denunciámos anteriormente, que deve ser encarada com muita preocupação tendo em conta a capacidade demonstrada para roubar correspondência privada de uma instituição e montar toda uma estratégia com tentáculos na própria justiça.»"


PS: Em primeiro lugar, isto é uma denúncia, não é uma condenação, portanto a informação tem que ser relativizada!
Agora, ao contrário de outras denúncias estapafúrdias, esta a 'bota bate mesmo com a perdigota', e nem é preciso ser um génio para perceber isso!!!
Além das várias ligações óbvias e conhecidas, entre investigação e avençados, deixo só um destaque:
- muito mal vai a PJ e o MP quando permite que 'um' desqualificado interno, permita que todo o processo de Justiça seja instrumentalizado!!!
E já agora, não me admirava nada, que os últimos 'e-mails' tivessem sido o 'isco' para desmascarar esta 'toupeira'!!!

Quatro conselhos a Bruno de Carvalho

"Não sei se a autocrítica está no ADN de Bruno de Carvalho. Mas só lhe fará bem se reflectir sobre o que Daniel Sampaio disse ao 'DN'

Daniel Sampaio, em entrevista ao Diário de Notícias (uma peça jornalística muitíssimo relevante), deixou algumas ideias sobre a crise do Sporting, que passo, com a devida vénia, a transcrever...
«Bruno de Carvalho tem de perceber que não há sportinguistas dispensáveis, mesmo aqueles que o criticam. Isto implica uma posição de ser o presidente de todos os sportinguistas. Discordo que ele tenha dito que haja sportinguistas e sportingados. São todos sportinguistas, uns são apoiantes, outros não são apoiantes. Numa organização como o Sporting, com o número de adeptos que tem, haverá sempre pessoas que não concordam com ele e ele tem que perceber isto e conquistar cada vez mais pessoas para a sua causa e para o seu trabalho para ser cada vez mais o presidente de todos os sportinguistas».
«Espero que Bruno de Carvalho não reincida (...). De qualquer forma há uma linha que é a critica técnica aos jogadores e essa linha não pode ser passada. Quando um presidente faz isso está a entrar num terreno que não é o melhor. Penso que o pode dizer. Lembro-me de João Rocha entrar no balneário e criticar os jogadores, espicaçar. Em síntese, houve um erro, foram muito aumentadas as consequências desse erro e esse erro está ultrapassado. Espero que não haja mais páginas do Facebook, que os jogadores comuniquem directamente com o presidente e vice-versa.».
«Existe, em Bruno de Carvalho, alguma pressa em responder mas não pode ser dito que seja uma pessoa que não sabe o que está a fazer. Quando se diz que uma pessoa está doente significa que não sabe o que está a fazer e quando se insinua que há um problema psiquiátrico sem falar com a pessoa mais grave é, porque não há maior estigma que a doença mental. Como professor catedrático de psiquiatria acho isso uma coisa lamentável e farei tudo para acabar com esses falsos diagnósticos».
«A bem do Sporting, Bruno de Carvalho devia reconhecer junto a Marta Soares o erro do facebook e Marta Soares devia reconhecer o erro do pedido de demissão. As pessoas falam sobre o 'estranho silêncio de Marta Soares'. Para mim foi uma pessoa que reflectiu...»
E Bruno de Carvalho, será que vai reflectir sobre os (sábios) conselhos de Daniel Sampaio?

Ás
Eduardo 'Toto' Salvio
Herói improvável no golo que deu a vitória ao Benfica na Amoreira, não por ter marcado mas sim pela forma como meteu a bola no fundo da baliza do Estoril, num belo golpe de cabeça, em rotação, um gesto técnico pouco habitual no rico portfolio do internacional argentino. O melhor Salvio está aí. Rumo ao Mundial?

Ás
Pedro Filipe 'Pepa'
Quando se fizer a história desta Liga de 2017/18, o nome de Pepa, 37 anos, deve constar no lado dos vencedores. A tarefa de manter o Tondela entre os maiores não era fácil, mas aquilo que se viu foi uma equipa personalizada nos momentos importantes, à procura da sorte, sem nunca ficar à espera dela. Treinador interessante!

Duque
Gonçalo Martins
O VAR do Estoril - Benfica vai ter de dar muitas explicações a quem de direito pela omissão grave no lance em que Raúl Jiménez foi atingido por uma cotovelada, numa situação de penalty e cartão vermelho. O que é que lhe faltou? Autoridade? Coragem? Competência? O Conselho de Arbitragem deve uma explicação...

O treinador que diz o que deve dizer. Mas...
«Foi uma goleada por 2-1 face às ocasiões que tivemos (...) Acabámos por marcar perto do fim e ganhar de forma justa...»
Rui Vitória, treinador do Benfica
O Benfica passou na Amoreira em estado de sofrimento, depois de 90 minutos jogados pela equipa encarnada entre o sofrível e o razoável. A três jogos do fim do campeonato, percebe-se o discurso de Rui Vitória, pese embora seja identificável uma divergência material entre o que é dito para ser ouvido na cabina e aquilo que chega à opinião pública. E Jonas, o que se passa?

Um brinde com vinho no adeus a Espanha
Andrès Iniesta, um dos melhores jogadores do século XXI, ergueu a Copa del Rey, penúltimo triunfo ao serviço dos blaugrana (a Liga está quase). Vai para a China, para a equipa de Paulo Bento, por causa do vinho, que produz em Fuentealbilla, entre Valência e Madrid. Compraram-lhe a produção para os próximos 10 anos...
Ruth
Estreia num cinema próximo de si, a 3 de Maio, um filme português, realizado por António Pinhão Botelho, que conta a história da luta entre Benfica e Sporting por um jogador chamado Eusébio da Silva Ferreira. Trata-se de uma obra notável, que mostra, através da equipa que o concretizou, como as novas gerações estão bem preparadas. Remete-nos para o Portugal do Estado Novo, por altura do inicio da guerra colonial e para os jogos de poder na sociedade lisboeta, com os eternos rivais sempre na ribalta. Além da forma clara como a história é contada, a fotografia é de enorme qualidade e não falta o bom sabor dos velhos tempos, da era de outro do cinema português, plasmada na cena do «mete cavilha, tira cavilha», digna de António Silva. Parabéns à Nônô..."

José Manuel Delgado, in A Bola

PS: A ingenuidade do Daniel Sampaio é comovente...!!!

As Regras dos Jogos... Ofensas, Competências, Apostas...

Sabe quem é? Parecia o Damas... - Enke

"Na primeira vez que Toni o viu ficou deslumbrado, apesar dos 7 golos; Começou avançado e acabou em tragédia.

1. Andava-se pela década de 70 na RDA, o pai corria 400 metros barreiras - e obrigam-no a largar a alta competição simplesmente porque a polícia politica descobriu que recebia postais do irmão que fugira para a RFA, a Alemanha não comunista.

2. Nasceu a 24 de Agosto de 1977 em Jena. Cresceu num bairro de edifícios pré-fabricados de 15 andares, típicas «construções estalinistas». Entre eles havia pátios onde os rapazes criaram jogo a que chamaram «por cima do pau»: «Um ficava a guarda-redes entre os dois paus de roupa, levantava a bola por cima do pau que estava à frente, e do outro lado estavam os companheiros à espera da bola para rematar na direcção da baliza» - e assim se lhe começou a perceber a perícia do remate, o jeito para o golo.

3. Levaram-no para o SV Jenapharm - e indo o FC Carl Zeiss jogar ao acidentado campo no sopé do monte de Jena, perdeu por 3-1. Após o jogo, Helmut Muller, o seu treinador, correu à procura do pai do avançado que lhe marcara os três golos, para lhe dizer que o filho deveria ir imediatamente para o FC Carl Zeiss. Era ele - e foi.

4. Nos infantis do FC Carl Zeiss continuou a marcar golos a fio. A dado momento a marcar golos a fio. A dado momento, o pai do guarda-redes foi colocado pelo partido em Moscovo, levou a família para lá - e teve de se lhe arranjar substituto. Para o fazer, Muller pôs todos os seus jogadores à baliza,  a defenderem-lhe remates: «Bastou defender, como defendeu, duas bolas, para o decidir: o guarda-redes passava a ser ele, o nosso avançado».

5. O muro de Berlim caiu, a RDA e a RFA passaram a ser uma só Alemanha. Aos 17 anos, já ele era guarda-redes da equipa principal do Carl-Zeiss Jena - e tinha em sonho: ser como Bodo Iller, que saíra campeão do Mundial de 1990. Numa partida abriu-se sinal que não se percebeu lhe marcava o destino: por causa dum falhanço que deu em golo e em derrota - trancou-se no quarto e não foi à escola durante uma semana.

6. Toni nunca se esqueceu da primeira vez que o viu debaixo de uma baliza - e contou-o: «Foi o resumo de um jogo que o Borussia perdeu por 7-0 e ele foi o melhor em campo, com defesas doutro mundo. Fez-me logo lembrar o Damas, naquela vez em que o Benfica ganhou 5-0 ao Sporting e o melhor em campo foi o Damas...»

7. Era meados de 1999, Heynckes foi buscá-lo ao Monchengladbach para sucessor de Preud'Homme. Tinha 21 anos - e ao aterrar em Lisboa soltou-se-lhe outro sinal do que ele era e ninguém percebeu: teve uma ataque de pânico, cinco minutos após assinar o contrato quis livrar-se dele, num acre murmúrio: que já não queria Lisboa, por medo do desafio que era o Benfica.

8. Acabou por vir - e brilhar na sua baliza. Monumental foi naquele jogo em que o Sporting preparava para fazer a festa de campeão à custa do Benfica, não a fez por causa dele - e do golo de Sabry a Schmeichel.

9. Mourinho tentou levá-lo para o FC Porto, o Barcelona contrato-o. Van Gaal deu a balzia ao guarda-redes que viera dos juniores, ele passou a remoer a ideia: «Falhei! Deveria ser o número um. Escolheram o Valdés, a culpa é minha». Pior ficou quando, para a Taça do Rey, Van Gaal o pôs a jogar contra o Novelda da 3.ª divisão - e sofreu três golos. Começou a ser tratado por um psiquiatra, meses depois, revelou: «Já me sentia morto no Barça, de lá fugi».

10. Foi para o Fenerbahce, a vida ficou-lhe mais negra na sua cabeça, a Ronald Reng, seu biógrafo contou-o: «Ao olhar para as minhas fotografias no Benfica, só me apetecia dar estalos a mim mesmo, por que raio me fui embora se era tão feliz?» Da Turquia saiu após 13 dias de empréstimo - e uma derrota com o Istambulspor, em que os adeptos o atingiram com objectos e impropérios. Do Tenerife passou em 2004 para o Hannover 96. Foi eleito o melhor guarda-redes do campeonato, à frente de Oliver Kahn. Voltara-lhe a felicidade, pensava-se...

11. Lara, a filha, nasceu com problema cardíaco, aos 2 anos morreu - e a escuridão voltou-lhe à cabeça, à vida. Esteve no Euro 2008, não jogou - mas Low não o escondeu: o guarda-redes da Alemanha no Mundial 2010 seria ele. Não foi. A 10 de Novembro de 2009, atirou-se para debaixo de um comboio que passava perto do cemitério onde fora sepultada a Lara."

António Simões, in A Bola

A irracionalidade do dirigismo desportivo

"Os que andam no desporto sabem que este meio tem algo de especial e de diferente de outros campos da sociedade. Nem tudo é bom, mas o desporto tem muitos valores e é algo que se entranha e depois perdura pela vida fora. Tem a vertente competitiva, da sorte, do jogo, das regras e da organização que nos apaixona. Para lá da competição propriamente dita, tem a componente do dirigismo que face aos desafios da sociedade e da ligação do desporto com o negócio, educação ou entretenimento, vai conquistando cada vez mais o seu espaço no sistema social e desportivo.
Mas este dirigismo é diferente do dirigismo da banca, da gestão pura e dura, do negócio dos restaurantes ou das viagens, só para dar alguns exemplos. É normal ouvir dirigentes desportivos que vieram de outros ramos a opinarem que a gestão e o dirigismo no desporto tem uma componente que não se encontra com esta dimensão noutros ramos: a irracionalidade, ou se quisermos, a emoção que impera em quantidades gigantescas no dia-a-dia ou no processo da tomada de decisão.
A emoção que nos faz vibrar com os resultados, com as vitórias, que nos faz chorar e ficar tristes com muitas variáveis em que nenhuma depende de nós. A emoção que faz com que um treinador de escalões infantis passe por vezes mais tempo a justificar-se aos Pais do que a dar treino. Que faz com que o projecto passe de bestial a besta com um golpe sofrido nos últimos segundos de competição. E que deturpe uma decisão lógica em vária decisões que não apresentam lógica nenhuma. E que faz com que algo que é ilegítimo passe a uma acção com naturalidade.
A juntar a isto, confrontamo-nos com a falta de formação da maioria dos dirigentes. Não apenas a formação do conhecimento, mas muitas vezes, a formação de saber o que é ter sido atleta, o que é conviver num balneário, o que é conviver com a dor do treino com um sorriso nos lábios ou simplesmente saber gerir recursos, sejam humanos sejam financeiros. E aqui levanta-se uma questão bastante pertinente: um dirigente, no amadorismo ou num ambiente profissional, deve possuir que competências? E falo das competências técnicas e comportamentais. A discussão à volta deste tema é tão pertinente quanto as consequências das constantes decisões que os dirigentes têm de realizar. Consequências para as suas entidades, para a educação e o futuro das crianças, das carreiras dos atletas.
Nos últimos tempos não têm acontecido mais acções ou decisões ilógicas ou irracionais de alguns dirigentes desportivos. Provavelmente essas aconteciam com muita regularidade em meios ou contextos onde a comunicação social não chegava ou não existiam as redes sociais para potenciarem uma qualquer notícia. Algo que referi no início do artigo vem, na minha opinião, juntar alguns ingredientes que se podem tornar menos agradáveis. O poder sempre foi e será aliciante para o ser humano. O protagonismo que o desporto ganha todos os dias nos milhares de horas e espaços que a comunicação social proporciona ao desporto. As escolinhas que proliferam como cogumelos. Dos muitos milhões que de repente um clube tem na mão para gerir. Há que repensar e agir a formação dos dirigentes que tomam decisões. E penso que falo por muitos quando – por exemplo –afirmo: quer os dirigentes do meu clube quer aqueles que gerem os clubes onde os meus filhos praticam desporto apenas para se divertirem."

O adeus de Arsène Wenger

"O anunciado adeus de Arsène Wenger como treinador do Arsenal, que liderava há 22 anos, parece ser o encerrar de uma era. Sinal dessa mutação fora a saída de Alex Ferguson do Manchester United. 

Hoje, mesmo nos mais carismáticos clubes britânicos, já não há lugar para estratégias de longo prazo, ou para planos quinquenais. Os resultados imediatos guiam os destinos dos clubes. É isso que desejam adeptos e investidores. São as vitórias céleres que trazem receitas, patrocínios e lucros. No fundo os clubes, para lá do seu lado emocional, guiam-se por dividendos, como as empresas. Remunerar os accionistas ou os adeptos é um destino. E foi isso que Arsène Wenger sempre se mostrou incapaz de fazer: o Arsenal foi um clube que prometia altos voos e que, quase sempre, planava baixinho. Wenger aguentou até que o novo tempo lhe ordenou que deixasse o banco do Arsenal.
Não deixa de ser curioso que Wenger tenha sido um dos que mais depressa adivinharam os novos tempos das estatísticas, dos computadores e da informação para julgar as qualidades dos jogadores. Além de treinador, Wenger era licenciado em Economia e um distinto matemático. Em finais da década de 1980 o seu olhar clínico levou-o a usar, no Mónaco, um programa de computador chamado Top Score. Era o tiro de partida para a utilização de informação recolhida e tratada sobre o que cada jogador fazia em campo: quantos quilómetros corriam, quantos desarmes faziam, quantos passes acertavam. A economia do desporto ocupava o relvado. Interessavam os resultados e não apenas as fintas. Claro que as estatísticas também mentem, como reconheceu Ferguson quando vendeu o defesa Jaap Stam, porque elas diziam que ele fazia menos desarmes do que antes. Portanto, estava em declínio. Não era o caso: com a idade, Stam lia melhor o jogo e sabia antecipar-se antes de fazer faltas. Wenger também era um fanático da informação: no dia a seguir a cada jogo lia todas as estatísticas com rigor matemático. Mas isso não o salvou. O futebol vive de resultados. Mas também vive da criatividade. Que não vem nas estatísticas."

Benfiquismo (DCCCVI)

Até ao fim...

Primeira 'vs.' décima sétima

"Foi uma vitória sofrida mas que mantém vivo o 'sonho benfiquista', que é um elemento preponderante face ao que se passa 'fora dos relvados'.

1. (...)

2. O Benfica jogou ontem no Estoril - foi uma vitória bem sofrida, mas que mantém vivo o sonho benfiquista, que é um elemento preponderante face ao que se joga fora dos relvados -, o Sporting defronta hoje, em Alvalade, o Boavista e Futebol Clube do Porto confronta-se, amanhã, no Dragão com o Vitória de Setúbal de José Couceiro. Dizem alguns que a Liga portuguesa não é competitiva. O certo é que lá por fora - para lá do Guadiana e para lá de Salamanca - já sabemos quem conquistou o título inglês, quem reconquistou o alemão, quem ganhou o francês ou quem quase agarrou o espanhol. E também o vencedor da liga holandesa ou, também, quase o conquistador italiano. Mas na nossa Liga a incerteza quanto ao título e as dúvidas acerca de quem desce fazem acrescer a emoção nos últimos duzentos e setenta minutos. O que está bem para além das diferenças de rendimentos derivados dos direitos televisivos e com a convicção, salvo se ocorrer um alteração fundamental de circunstâncias, que a centralização de direitos televisivos, entre nós, terá de esperar, no meu prisma, pelo menos três anos. Apesar das vontades, não simétricas, da Liga de Pedro Proença e da Federação de Fernando Gomes. Mas a competitividade também ocorre na dita 'Segunda Liga' com múltiplos candidatos à choruda subida e outros tantos à dor da descida ao mencionado 'Campeonato de Portugal'. E logo numa época onde se antecipa uma nova e relevante competição - os sub-23 -, o que se saúda e que permite a muitas equipas completar e complementar os seus projectos de formação e com acrescidas dúvidas acerca da manutenção competitiva das equipas B. Mas a nova competição, tal como a Taça da Liga, precisa de novos patrocinadores. E, aqui, a Federação tem de apoiar todo(s) que apostem no futebol português neste tempo, com este ambiente e neste conjunto de circunstâncias. E havendo a consciência que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não chega para tudo... Mesmo que os seus jogos cresçam e sejam cada vez mais atractivos... E mesmo que a entrada no Montepio seja bem menor do que estava previsto... Mas o que é real é que se buscam patrocínios... Se buscam mesmo! E para os sub-23 acredito que vão aparecer! O que perturba outras competições e abre pistas e oportunidades a certos operadores televisivos.

3. (...)"

Fernando Seara, in A Bola