Últimas indefectivações

quarta-feira, 17 de abril de 2019

O desassossego da incoerência

"Legalizadas ou por legalizar, a medida certa seria, pura e simplesmente, acabar com as claques

1. Vi os jogos do Benfica na Liga Europa e contra o Vitória de Setúbal fora do país. Por esse motivo, seja-me permitido resumir os dois excelentes jogos de equipa numa individualidade: João Félix. Não são precisas mais palavras. Não esquecendo Rafa, em quem sempre acreditei como grande jogador.

2. Pelo mesmo motivo, decidi escrever antecipadamente sobre dois outros assuntos, antes de sair de Lisboa. O primeiro, para voltar às dores de crescimento do VAR. Parto sempre do princípio - que mantenho - que os pró deste escrutínio de segundo nível são mais do que os contra. Acontece que, por cá e também pelo que vejo nas competições europeias, aquilo que se poderia esperar não está a acontecer. Ou seja, era previsível que esta «ferramenta» (é assim que se costuma dizer, não é?) fosse progressivamente oleada com o decorrer da sua experimentação. Ora, o que, na minha opinião, está a acontecer é algo inverso: há agora mais discussão e contestação ao exercício do VAR e à colaboração com o juiz soberano no relvado do que havia no início. Por um lado, por razões de um protocolo que urge aperfeiçoar; por outro, por inadequada preparação e colaboração entre o que se passa nos estádios e a sala do VAR; e, ainda, porque sendo este um escrutínio adicional, a opinião pública é (e bem) mais exigente e implacável perante os erros objectivos que já foram cometidos. Ou seja, antes do VAR, dizíamos que o árbitro, salvo erros absolutamente incompreensíveis, era absolvido pela circunstância de só ter dois olhos e ter de decidir numa fracção de segundo. Agora tem à sua disposição um VAR, com não sei quantas câmaras, de toda a forma e feitio, em velocidade real ou imagem lenta ou parada, repetida umas quantas vezes, pelo que o grau de exigência é máximo. Também não se percebe aquilo que deveria ser uma regra obrigatória: a de o árbitro de campo ir visionar, ele próprio, os lances do monitor, porque é ele por fim quem tem de decidir. Reconheço que seriam mais alguns tempos de interrupção de um jogo que já tem interrupções que cheguem. Mas, pelo menos, se evitaria a fita de árbitros que só vão ver as imagens quando politicamente lhes convém.
Estou absolutamente certo da importância do VAR nos casos que podem ser objectiva e factualmente verificáveis. Refiro-me à linha de golo, a um golo precedido ou não de uma bola que passou um não a linha do rectângulo e às situações de off-side. Mas para isso, e em particular para as situações de fora-de-jogo, são necessárias medidas que uniformizem a posição das câmaras nos estádios e um sistema de linhas virtuais que não fique ao sabor de manipulações (fáceis de fazer, não raro) ou de dúvidas de milímetros.
Já quanto aos penáltis, tenho muitas dúvidas. Estamos numa fase patológica de decisão e de análise dos lances susceptíveis de serem penalizados. Temos visto de tudo: penáltis forçados, absurda disparidade de critérios, mãos e braços para todos os gostos e desgostos, etc... Imagino a pressão a que o árbitro e o VAR estão sujeitos nestes lances, nesta recta final da Liga de apuramento do campeão e da luta pela permanência. Em vez de se terem tornado mais objectivos e menos discricionários com a introdução do VAR, sucedeu exactamente o contrário. Marcam-se agora mais penáltis por causa de mãos misteriosas e de sopros no adversário, como se o futebol fosse quase basquetebol e não fosse um jogo de contacto. Repare-se no penálti assinalado a favor do V. Setúbal, na Luz. Alguma vez seria assinalado em condições normais? E não diz o famoso protocolo que o VAR só deve actuar se tiver uma inabalável certeza da infracção? Então se algumas penalidades não intervencionadas pelo VAR foram justificadas porque faltava 0'5 por cento de certeza para se atingirem os 100 por cento (assim disseram os entendidos), como é que naquela caricatura de penalti se atingiu a plenitude da segurança?
Aliás, há uma injustiça a que, em tese, o árbitro de campo está sujeito nos penáltis. É que ele tem de ver (se é que sempre consegue ver) em tempo real do VAR vêem num sofá, distante da pressão do estádio, numa posição diria irreal porque param, repetem, vêem na lentidão que querem o que os árbitros tiveram de apreciar instantaneamente. Daí estes estarem numa situação de enfraquecimento que os leva, subsconscientemente, a defenderem-se ou a perderem o controlo a uniformidade das decisões. E, depois, há essa tonteria de se falar na «intencionalidade» da infracção (para além da «intensidade»). Mas será que alguém pode ajuizar da dita intencionalidade com um frame ou uma câmara lenta?
Uma última nota pessoal: agora com o VAR, quase deixei de comemorar instintiva e arrebatadamente os golos do meu Benfica, porque a seguir vem, quase sempre, a sinalética do ecrã pelo árbitro. Depois, caso confirme o golo, a vulcão da manifestação de alegria já não existe. O VAR que, repito, tem aspectos muito positivos, está a tirar ao futebol um dos seus mais deliciosos condimentos: o da espontaneidade e da vibração em tempo real.

3. A fazer fé no dikat sucessivo e calibrado pela oportunidade do tempo, o órgão disciplinar da Federação Portuguesa de Futebol e outros órgãos públicos terão, no seu conjunto, já batido o recorde de interdições e outras penalizações de um Estádio de um clube no planeta. Já lá vão 7 decisões de interditar a utilização plena do Estádio do Sport Lisboa e Benfica, popular e carinhosamente tratado por Estádio da Luz. Uma pessoa que nada soubesse destas peripécias da bola, diria que estamos diante de um clube, ainda não direi radicalizado por práticas pré-terroristas, mas violento até dizer basta. Por isso, nada como cortar a direito, assim pensaram os próceres decisórios.
Mais uns joguinhos de interdição do Estádio e aproximamo-nos das 17 jornadas em que o Benfica vai jogar na Luz lá fora no próximo campeonato nacional. Até se poderia pensar em encerrar, não direi para balanço, mas para transformar o relvado em palco de diversões ou num anexo da pomposamente chamada «Cidade do Futebol». Com comes e bebes, coiratos, macacos, jagunços, grunhos e laparotos.
Visto lá de fora, o que pensarão deste terrífico clube que se veria impossibilitado de enfiada em usar a estrutura que só ele próprio pagou? Perguntarão: mas porquê? Que país é esse? Em que teatro de guerra? E como assim, se todos os outros estádios do mesmo país são absolutamente imaculados e até exemplares nos seus cânticos de guerra e nas suas sempre elegantíssimas claques de apoio? Como é possível haver um clube com mais de 100 anos (sem torturar a data de nascimento) que regrediu tanto, a ponto de uma qualquer agremiação grega, turca, síria, argentina, uruguaia, colombiana e outras se comprazerem com a distância angélica que os separa do terrível Benfica?
Não, não. O que aconteceu há tempos no centro de estádio dos árbitros na cidade da Maia, foram meros arrufos e uma carinhosa ameaça de uns juízes que, pelos vistos, não tinham juízo? Houve alguma decisão? Os arruaceiros eram anonimamente anónimos? E as tarjas cretinas nos estádios, apelando sublinarmente (ou não) à violência, ou o hino preferido de certas claques sistematicamente insultando com impropérios violentos uma equipa que até nem está a jogar, mas que é sempre o tumor de fixação de mentes doentias= Mas, claro, o que tem tudo isto de censurável, quanto comprado com umas tontas e evitáveis pirotecnias (aliás, de uso generalizado), ou umas tarjas de mais uns tantos metros quadrados de que se queixaram terceiros (que não os clubes que jogaram e receberam o Benfica) porque exibidos, ao que dizem, por grupos de adeptos de claques não institucionalizadas?
É aqui que as autoridades (contra o Benfica) se revelam em todo o seu esplendor: venham mais interdições, em momentos bem escolhidos! Uma perturbaçãozinha a dedo, não porque se efective logo a interdição, mas porque é a tentativa de um grãozinho na máquina em momentos decisivos desta ou daquela competição. Para as autoridades (contra o Benfica) o importante nas ditas claques não é tanto o que elas fazem ou gritam de censurável; é, bem mais, o formalismo de estarem ou não registadas como «claques organizadas». Ainda aqui a forma é sempre mais importante do que o conteúdo. Aos desvarios das claques ditas legalizadas aplicam-se multas e multinhas, ignorando-se as traficâncias de largo espectro que estão aos olhos de toda a gente, mas sobre as quais as tais autoridades nada fazem, nada investigam, nada querem saber. Às claques não legalizadas, mesmo que o ilícito da sua actuação seja tal e qual o das claques legalizadas, passou-se à regra de juntar a interdição ou jogo à porta fechada às tais multas. Pois então que as tais autoridades (contra o Benfica) fiquem com as claques legalizadas ao colo e reclamem já a chave da Luz, epicentro dos desvarios!
Devo dizer, porém, que, legalizadas ou por legalizar, a medida certa seria, pura e simplesmente, acabar com as claques. Os clubes bem poderiam prescindir dessas formas tribais de apoio, porque esse é dado genuinamente pelos sócios e adeptos que gostam de ir aos estádios ver e acompanhar as suas equipas."

Bagão Felix, in A Bola

A classe da águia e a tarimba do dragão

"O Benfica apresentou sete portugueses (André Almeida, Rúben Dias, Ferro, Pizzi, Florentino, Rafa e João Félix) e o Porto três (Manafá, Pepe e Danilo)

Quando faltam cinco jornadas para o termo do Campeonato os dois principais candidatos ao título não dão sinais de fraqueza. E são principais porque, em rigor, há mais dois ainda com candidaturas pendentes: a do SC Braga, que vai receber o Benfica, e a do Sporting, por estar mais perto dos da frente e ter a oportunidade de na derradeira ronda visitar o dragão e... vencê-lo.
Este exercício tem algum cabimento unicamente em função da proximidade pontual entre quatro primeiros da classificação, mas ninguém admite a possibilidade de reviravolta tão significativa no pouco que falta cumprir. É verdade que sportinguistas e braguistas podem interferir na contagem final, mas as atenções continuam centradas no ombro a ombro que benfiquistas e portistas galhardamente mantém, sem emergir neste exacto momento, e do meu ponto de vista, indício que permita arriscar com o mínimo de fundamento qual deles evidencia mais argumentos para terminar a prova no primeiro lugar.
O que se observa, sim, é um debate interessante entre dois estilos de futebol:

FC Porto, mais compacto, robusto, adulto e musculado, mas menos alicerçado em estrutura consistente e reforçada ao longo de quase dois anos de trabalho orientado para um determinado conceito que, por sua vez, reflecte uma identidade diferenciadora. Por isso se diz que o Porto é o único com envergadura europeia.
Construiu e valorizou uma imagem de marcar que o torna temido por ser capaz de fazer muito com pouco. Além de atribuir muito valor a cada golo que marca e detestar que os adversários desfrutem de idêntico prazer, motivo por que é a partir de trás, da solidez da organização defensiva, que o seu futuro flui. Encorpado e de grau forte para apreciar com prazer e moderação. Como alguém me resumiu: pode não deslumbrar, mas raramente compromete.

Benfica, mais irreverente, agradável, elaborado e belo, mas menos agressivo e combativo, sequelas de passado recente que as novas e elogiadas dinâmicas de Lage ainda não diluíram por completo. Mais instável também, por apostar na elegância exibicional em detrimento de sacrifícios vários que a alta competição reclama sempre, independentemente do nome do oponente. De aí falar-se de equipas equilibradas, que funcionam em bloco e a uma só voz e de outras em que a uma forte tendência finalizadora não corresponde a necessária segurança defensiva. Creio que o Benfica integra este grupo, frenético, empolgante e com sentido de baliza, mas sem conseguir mostrar colheita para tamanha produção goleadora.
A talho de foice, até parece que, de repente, se tornou fácil marcar golos ao Benfica. Nem falo nos que sofreu diante do Eintracht para a Liga Europa, na sequência de falhas graves, de Fejsa, Jardel e Vlachodimos. Fico-me pelo que permitiu ao Feirense, um lapso de comunicação reprovável, e pelos que consentiu ao Vitória de Setúbal, num faltou gente, noutro faltou cuidado.

A diferença mais significativa entre águia e dragão, porém, mede-se pelas políticas desportivas que cada emblema defende: na última jornada, o Benfica apresentou sete titulares portugueses (André Almeida, Rúben Dias, Ferro, Pizzi, Florentino, Rafa Silva e João Félix - 64%), utilizou mais um (Jota) e teve no banco dois não utilizados (Yuri Ribeiro e Gedson), em contraposição ao FC Porto com três titulares (Manafá, Pepe e Danilo - 27%), um suplente utilizado (Bruno Costa) e um não utilizado (André Pereira).
Cada qual definiu o seu caminho: o Benfica, finalmente em sintonia com a base de formação no Seixal, confirmando o presente e abrindo as portas ao futuro; o FC Porto, mais virado para o consumo imediato, optando por comprar já feito e por medida em vez de investir num projecto próprio, que abraçou e desabraçou.
Faltam cinco jornadas e a atitude jornalística mais sensata será a de esperar para ver. Que aconteça desfecho que anime a discussão e agite este ramerrão em que a cada semana se repete o que foi perguntado e respondido na anterior.
O FC Porto tem a tarimba e o Benfica a classe. Mais, acredito que os ventos de mudança, sopram, e com força. À 16.ª jornada, quando Bruno Lage foi trazido à cena, o FC Porto era líder (39 pontos) e o Benfica quarto (32). Hoje, estão a par: prova de que o dragão estagnou e a água progrediu. Provavelmente, um simples detalhe que também poderá ser interpretado como anúncio de novo ciclo para os anos vindouros, com Benfica em alta e Porto em quebra. É a flutuação dos mercados..."

Fernando Guerra, in A Bola

Entre a ética e a 'realpolitik'

"A propósito da confissão de Petir, treinador do Marítimo, relativa a cartões amarelos vistos propositadamente - quem nunca pecou que atire a primeira pedra - foi levantada, com muito propriedade, aliás, a questão da integridade das competições. O problema deve ser visto, sem dúvida, num plano ético e, assim sendo, o que parece é que, para que a competição seja integra e todos os clubes sejam avaliados em igualdade de circunstâncias, é obrigação dos treinadores colocarem os melhores onze em todos os jogos, sem que outras razões levem a escolhas diferentes.
Por exemplo, será que o treinador da Juventus, que já tem o campeonato no bolso, deturpou a Serie A ao apresentar em Ferrara, frente à SPAL, uma equipa alternativa, poupando as estrelas para o jogo de ontem com o Ajax?
Provavelmente, o treinador do Empoli, que luta com a SPAL pela manutenção, terá essa opinião.
Mas qual era a primeira obrigação de Massimiliano Alegri? Criar as melhores condições para a vecchia signora chegar às meias-finais da Champions ou queimar trunfos numa competição que já ganhou?
Não haverá nenhum treinador no mundo que não olhe para a época como um todo, fazendo escolhas a pensar no bem maior. E é essa linha de pensamento que nos leva à questão dos amarelos a pedido.
Na avaliação feita, por exemplo, por Petit, alguns jogadores fazem-lhe mais falta para defrontar o Nacional ou o Tondela, do que o FC Porto ou o Benfica. Quanto à penalização adicional, o que se tem visto na UEFA, deixa muito a desejar: é casuística, discricionária e aleatória. logo, não é justa."

José Manuel Delgado, in A Bola

Mais uma denuncia...

"Apelo à polícia judiciária para que vão ao estádio do Dragão recolher as imagens do encontro entre esse esterco Do J Marques e o pau mandado Catão, foi dias antes da coação a que eu fui sujeito, e facilmente conseguem tirar dilação que tudo passou de uma encomenda desse senhor, depois vem a marionete a público dizer que o presidente do Benfica mandou matar esse boneco, para tapar o mal com a peneira, mas toda a gente sabe neste País onde os métodos são usados....
“O crime contra os elementos da Casa do Benfica de Barcelos que seguiam no autocarro é semelhante, na forma, ao que se passou em Alcochete: uma acção planeada e perpetrada intencionalmente para causar dano”
O Que Mais Quero é da Minha parte Dedicar Este Campeonato a Este Adepto Inocente...
Ganha Vergonha, Isto Está Quase Descoberto... Já Faltou Mais!!!"

A única diferença é a cor das camisolas...!!!



"Rui Costa, árbitro da Associação de Futebol do FC Porto – perdão, Associação de Futebol do Porto – marcou penalty num destes lances e no outro viu uma simulação, deu amarelo e meteu o jogador fora do próximo jogo. Tudo no prazo de uma semana. Será coincidência, ou algo mais?"

10 Grandes

"No futebol, grandes, são os jogadores.
Quando muito também os treinadores, que conjuntamente com os jogadores são quem ganha jogos, competições, troféus e assim contribuem para que os clubes que representam tenham um palmarés que vá fazendo a diferença entre eles.
É certo que em Portugal há um gosto, mesclado de subserviência, de chamar “grandes” a uns clubes em detrimento de outros, mas a expressão prática disso apenas resulta no favoritismo de que esses clubes gozam a todos os níveis e ajuda a empolar diferenças que a realidade das coisas devia fazer como se fossem bem menores.
Vamos ao que interessa.
Os grandes jogadores.
Escrevendo isto na noite em que os dois maiores da actualidade tiveram sortes bem diferentes na Liga dos Campeões, com Messi a seguir em frente e Ronaldo a ficar pelo caminho, parece-me oportuna uma pequena reflexão sobre o que têm sido os grandes jogadores da história do futebol e a velha polémica (em que nunca entrarei) sobre quem foi o melhor de sempre ou quem é o melhor da actualidade.
Mais de cem anos de futebol, mas com enfoque nos últimos sessenta, dizem-nos que houve um número razoável de jogadores de excepcional qualidade mas muito pouco ao nível da genialidade pura aquela que permite fazer a diferença com absoluta regularidade.
Falo dos que vi jogar.
Nunca vi Di Stéfano jogar mas todas as opiniões convergem no sentido de o declarar como um dos melhores de sempre o que ,aliás, o seu palmarés individual confirma na plenitude.
Génios que vi jogar?
Pelé, Eusébio, Maradona, Cruyff, Beckenbauer, Ronaldo, Ronaldinho, Messi, Cristiano Ronaldo e Zico.
Para mim os dez melhores jogadores que vi num relvado.
Infelizmente, boa parte deles (Pelé, Maradona e Zico) muito menos vezes do que gostaria porque nos seus tempos as transmissões televisivas não eram tão frequentes e diversificadas como nos tempos que correm.
Aos brasileiros vi-os apenas nos Mundiais (Pelé vi uma vez ao vivo no estádio das Antas num Portugal-Brasil) e o argentino pouco mais do que isso, embora o seu tempo já tenha sido na altura das televisões.
Foram os melhores que algumas vez vi. E dois deles, Messi e Ronaldo, ainda vejo e espero ver por mais alguns anos.
O melhor dos dez?
Nem me atrevo a dar opinião porque jogadores tão diferentes, em tempos tão diferentes, não permitem que se façam comparações justas dadas as diferenças abissais em termos de qualidade dos relvados, qualidade dos equipamentos e especialmente das botas; diferença das bolas, dos métodos de treino, da medicina desportiva e dos próprios conceitos de profissionalismo.
Imagino, por vezes, onde teria chegado Maradona sem o vício da droga que lhe arruinou os últimos anos de carreira.
Imagino o que seria Pelé nos tempos de hoje.
Mas imagino, essencialmente, até onde chegaria Eusébio com os métodos de treino actuais, com bolas e botas muito mais leves, com uma medicina desportiva que lhe teria evitado sete operações aos joelhos, sem ter de jogar em pelados, sem alinhar infiltrado em jogos particulares porque o cachet para o clube seria menor se ele não jogasse, com uma consciencialização bem maior dos árbitros para defenderem os grandes jogadores do jogo “sujo”, tendo oportunidade de fazer carreira num grande clube europeu onde pudesse ganhar a Liga dos Campeões.
Nunca saberei, e em bom rigor pouco me interessa, qual dos dez em igualdade absoluta de condições e actuando no futebol actual seria o melhor de sempre.
Mas não me custaria a crer que fosse Eusébio."

O ponta-de-lança de um olho só

"Bob Thompson perdeu uma vista na infância. O que não o impediu de assinar pelo Chelsea e marcar golos de olhos fechados

Robert Thompson, avançado-centro do Chelsea, passou grande parte da infância a brincar com foguetes e outras parvoíces pirotécnicas. Brincadeira estúpida, como sabemos, mas também nada nos garante que o jovem Thompson não fosse dono de uma inteligência caliginosa, sobretudo nesses tempos excessivamente bucólicos de Croydon, arredores de Londres, no ano de 1897.
Num desses momentos de reinação, o azar bateu à porta de Bob. Uma faúlha vazou-lhe o olho esquerdo. Foi então que decidiu dedicar-se a desenfados menos perigosos. Podia ter investido no tiro ao alvo, tendo em conta que no momento de fazer pontaria possuía a vantagem de prescindir do tradicional gesto de fechar um dos olhos, mas nada na sua biografia refere queda para armas de fogo, tanto assim que ficou dispensado do serviço militar, logo ele que queria ter sido soldado. Escolheu o futebol. Ajeitava-se e fazia golos em barda, quase ia a dizer de olhos fechados, se o calembur me é permitido.
Em 1911, Thompson foi definitivamente levado a sério e assinou um contrato com o Chelsea. Era de tal forma prolífico que caiu no goto do público e da imprensa. A sua deficiência nunca se tornou embaraçosa. Certa vez perguntaram-lhe, de caras, com uma protérvia de fazer comichões no sangue: «Quando a bola lhe é passada para o seu lado esquerdo, como é que consegue perceber o que fazer a seguir». E ele, com um descaramento divino de Alencar do Eça: «Ora, fecho o olho bom e jogo de memória!».
Em 1915, Bob Thompson estava ainda no Chelsea. Metida na guerra de alma e coração, a Grã Bretanha dividia-se em relação ao futebol. A revista Punch publicou um cartoon que se tornou histórico: um cavalheiro dirige-se a um rapaz equipado a rigor – «No doubt you can make money in this field, my friend, but there’s only one field today where you can get honour». Um murro bruto no estômago de todos os que se preparavam para disputar a final da Taça de Inglaterra, jogadores de Chelsea e Sheffield United. Para lá das Rochas Brancas de Dover não se acusa alguém de ser pouco honrado de forma leviana.
A Football Association respondeu de imediato na tentativa de contribuir para o esforço de guerra. Promoveu recolhas de fundos e disponibilizou os campos de futebol para utilização militar. Mas manteve a final: seria jogada em Manchester, em Old Trafford.
Eram precisamente 15h30 do dia 24 de Abril, quando o encontro teve início. Pelas bancadas, um monótono tom empoeirado deixava claro que se tratava de um acontecimento fora do comum. A grande maioria dos espectadores usava farda. Eram soldados de todas as especialidades, de lanceiros a sapadores, de artilharia a infantaria, de cavalaria à força aérea. Muitos, por seu lado, estavam vestidos de branco. Tinham sido trazidos dos hospitais em redor, exibiam ferimentos relevantes e amputações bem visíveis de braços e pernas.
A final de Old Trafford de 1915 ficou conhecida como Khaki Cup Final, ou a final do caqui. Caqui dos uniformes, como está bem de ver. Mal chegou ao fim, o governo britânico determinou a suspensão de todas as competições futebolísticas. Como afirmava o cavalheiro da caricatura da Punch, era tempo de os jovens trocarem os relvados pelas trincheiras. E irem à procura da honra dos campos das Ardenas, do Marne ou de Verdun.
Tal como muitos dos militares que se sentavam nas bancadas, procurando proteger-se do frio desagradável do noroeste da ilha, Bob Thompson sabia como se sente um amputado. E, já agora, como se sente um doente, atacado que fora por temperaturas altíssimas provocadas pela deslocação de um ombro dias antes. Como muitos dos espectadores, entrou em campo com um braço enfaixado. O que terá valido uma certa simpatia entre a brigada do caqui.
«Cottonopolis was enveloped in a mantle of mist; its streets presented a surface of greasy mud». Cottonopolis é um ‘nickname’ que os ingleses gostam de usar em relação a Manchester. Um nevoeiro digno das charnecas de O_Cão dos_Baskerville, tomou conta de Old_Trafford.
O Sheffield ganhou facilmente por 3-0. Bob pouco pode fazer. Perdido na bruma, diminuído, dominado pela agressividade dos adversários que cedo perceberam as suas limitações, foi-se batendo com coragem mas nem sempre o coração chega para tudo. Quando o 17.º Earl of_Derby, Lord Stanley, um antigo militar, entregou a taça ao capitão George Utley, sentenciou: «You have played with one another and against one another for the Cup; play with one another for England now». A ordem de marcha estava dada. Mais de 670 mil membros do British Army viram as suas vidas ceifadas. Thompson ficou em Londres. Marcando golos em jogos amistosos. Às vezes com a alma de soldado mais vazia do que a sua órbita esquerda."

O Ajax que nos deixa sonhar

"Os descendentes de Johan Cruyff fizeram história. 22 anos depois, o Ajax com uma excelente academia de formação, excelente scouting e um bom treinador, chegou às meias finais da Liga dos Campeões.
O Benfica com certeza poderia tirar algumas notas da formação holandesa se quiser mesmo cumprir o desejo / objectivo do Presidente. Ser campeão europeu com jóias da formação.
O plantel do Ajax é o mais novo dos oitavos de final da Liga dos Campeões, com uma média de idades de 23,4 anos.
Ontem, o Ajax alinhou contra a poderosa Juve (favorita à conquista do título europeu) com 6 jogadores da formação e com produtos do brilhante scout que têm, De Jong comprado por 1 euro, compraram ainda Onana, Neres, Tadic e Ziyech por relativamente pouco dinheiro. É sem dúvida uma boa mistura de experiência e juventude, já que recompraram também Blind ao Man. United, em 2012 compraram Schone.
Isto é resultado da retenção dos miúdos da formação, ou seja, deixar a jóia maturar no clube durante alguns anos e depois vender um jogador mais experiente por maior retorno financeiro, algo que o Benfica deveria ter feito em inúmeros casos.
Esta surpresa do Ajax também é resultado da filosofia de futebol positivo, de uma equipa que nunca abdica do seu estilo de jogo (nem mesmo contra Bayern, Real e Juve), um futebol apoiado e ofensivo resultado do legado que Cruyff deixou no clube, algo também que o Benfica poderia tirar algumas notas.
No entanto, deixa-me dar-te uma boa notícia, adepto benfiquista. É possível que nós também o façamos nos próximos anos.
Temos um dos melhores scoutings no mundo, caso vendamos algumas jóias da formação, será apenas por valores elevados e finalmente temos um treinador que além de apostar fortemente na formação, mete a equipa a praticar um bom futebol ofensivo. A isto, junta-se a experiência que alguns jogadores acrescentam à equipa e formamos um modelo semelhante ao que o Ajax tem."

A estratégia da identidade: o atrevimento e a insolência do Ajax (porque, quando há qualidade, o piano carrega-se sozinho)

"Há um certo franciscanismo que, de quando a quando, se manifesta no adepto de futebol. Refiro-me em concreto àquele sentimento, comum aliás a todos os desportos, que nos leva a torcer pelos mais fracos e pelos mais pobres. Parece existir um certo regozijo no ser humano comum em ver tombar os gigantes. É como se a queda os tornasse mais humanos. Quando um campeão é derrotado, o mundo volta a fazer sentido para os que o rodeiam. É mais fácil dormir à noite sabendo que essas pessoas não são diferentes de nós, e que as proezas delas afinal não as distinguem da nossa vulgaridade. A menos que sejamos adeptos ou gostemos muito do favorito num determinado confronto, a tendência geral é torcer pelo contendente teoricamente mais fraco. E maior é essa tendência, creio, quanto menor for o conhecimento e o interesse pelo desporto em questão.
Confesso que este fenómeno, como outros que caracterizam o comportamento irracional das massas, me aborrece um pouco. No caso particular do futebol, aborrece-me que não se tenha em conta o mérito de cada uma das equipas e que não se avalie aquilo a que se propõem, a audácia com que encaram o desafio ou, simplesmente, a forma como procuram confirmar ou contrariar o favoritismo teórico. A menos que as nossas preces tivessem o poder de equilibrar a contenda, e servissem portanto para aumentar o nível do espectáculo ou a incerteza no resultado, desejar o sucesso dos menos aptos é tão absurdo como desejar que um rato vulgar tenha a sorte de ficar com o queijo pelo qual se vai babando enquanto se encaminha lampeiro e desprevenido para a ratoeira. O desporto é competitivo, por definição, e é normal que tenha mais sucesso quem quer que melhor compita. A tendência para torcermos pelos mais fracos é, por isso mesmo, de espírito antidesportivo.
O Ajax de Erik Ten Hag acaba de fazer à Juventus o que tinha feito há umas semanas ao Real Madrid. Mas este Ajax não é apenas um tomba-gigantes, no sentido normal da expressão. É surpreendente que tenha conseguido eliminar dois colossos e esteja nas meias-finais da Liga dos Campeões, claro, mas quem viu as duas eliminatórias não pode com franqueza recusar que os holandeses tenham sido bem superiores a qualquer um dos adversários. Ainda que, teoricamente falando, o Ajax não fosse o favorito a passar, foi claramente a melhor equipa em campo nos quatro jogos. Não o foi apenas por ter ganho, como tantas vezes sucede entre quem comenta futebol. Pela forma corajosa com que encarou as eliminatórias, pela qualidade que apresentou, merecia sempre estar onde está, mesmo que, por qualquer incidência infeliz, não tivesse conseguido ultrapassar estes adversários.
O futebol, por ser um jogo no qual os detalhes muitas vezes são decisivos, presta-se a muitasinjustiças, e era perfeitamente possível que o Ajax, mesmo tendo sido mais forte, não tivesse conseguido seguir em frente. Mas isso não apagaria o extraordinário desempenho dos holandeses. Torcer pelo Ajax, em qualquer destas duas eliminatórias, não era pois torcer pelo mais fraco.
Ter sido mais forte, aqui, não é simplesmente ter sido mais eficaz ou competente na hora de atirar à baliza. Pelo contrário, se o Ajax tivesse sido eficaz e competente a definir aquilo que criou, teria goleado os espanhóis e os italianos, e estaríamos a falar de humilhações históricas. O Ajax foi mais forte na medida em que subjugou por inteiro esses dois adversários. Falando apenas dos quartos de final, não houve momentos em que se sentisse que a Juventus estava mais próxima do apuramento. Mesmo quando se pôs em vantagem, deu sempre a sensação de que o Ajax podia e iria recuperar. E a forma como os holandeses iam construindo as suas jogadas, como faziam deslocar as peças defensivas adversárias a seu bel-prazer, como punham aqueles jogadores consagrados todos a correr atrás da bola, impotentes para impedir a invasão das suas linhas e para assumirem eles o protagonismo, é uma inegável demonstração de força.
Mas como é que é possível? Como é que se explica que uma equipa teoricamente mais fraca se tenha afinal mostrado a mais forte em campo? O que é que esta equipa tem que lhe permita mandar assim nos jogos, seja em que campo for e contra quem for, e do princípio ao fim? Como é que é capaz de tirar a iniciativa assim a adversários tão poderosos? Como é que consegue furar blocos defensivos geralmente difíceis de furar, e arranja tantos espaços susceptíveis de invasão? Como é que pressiona tão alto e, mesmo sem jogadores particularmente agressivos no meio-campo ou na defesa, não fica à mercê das transições adversárias? Note-se que não há um único jogador na equipa, e muito significativamente naquele meio-campo, que seja especialmente indicado para tarefas defensivas. Afinal sempre é possível jogar à bola sem carregadores de piano? É que não é haver poucos; é não haver um único! Quando há qualidade, o piano carrega-se sozinho.
A ideia de que, contra adversários teoricamente mais fortes, há essencialmente que aceitar essa supremacia teórica e encontrar uma estratégia para a contornar enfrentou ontem o sabor amargo da derrota. O Ajax demonstrou, e tem-no demonstrado ao longo desta edição da liga milionária, que a melhor estratégia é e será sempre a da identidade própria. Quão estúpido seria se, com jogadores tão atrevidos como aqueles, Erik Ten Hag tivesse optado por uma estratégia de menor risco? A alegria daqueles jogadores em campo depende do protagonismo que conseguem ter e dos riscos que correm. Jogadores como aqueles sentem-se confortáveis é com a bola, e gostam sobretudo é de se recriar com ela e de apoucar os adversários.
Toda e qualquer ideia estratégica, por mais pequena que seja, cria constrangimentos e desconforto na própria equipa. Às vezes, pequenas alterações estratégicas produzem dividendos e compensam o desconforto que causam. Um extremo que se sente mais confortável na linha pode, por exemplo, ser utilizado mais por dentro para permitir ao lateral do mesmo lado outro tipo de espaços, e isso pode revelar-se particularmente útil para a equipa. O mesmo não acontece com grandes alterações estratégicas: as vantagens geralmente não compensam o enorme grau de desconforto causado na própria equipa. O que seria deste Ajax ontem se, para não ser apanhado em transição, não pressionasse tão alto? Quanta qualidade não perderiam em construção se, em vez de jogadores extraordinários do ponto de vista do passe e da tomada de decisão, como Frenkie de Jong e Lasse Schöne, Ten Hag apresentasse um meio-campo mais musculado? De que modo se ressentiria a equipa, em termos de criatividade, se aos quatro jogadores mais adiantados não fosse dada tanta amplitude de movimentos?
Em organização ofensiva, o Ajax junta muitas vezes três, quatro, cinco jogadores num espaço muito reduzido. Essa aproximação pode parecer exagerada, e vai contra alguns princípios gerais do jogo. Mas também tem virtudes. Por exemplo, produz mais soluções de passe curto, dá origem a mais tabelas e atrai mais marcações. Desde o Barcelona de Guardiola que não se via uma equipa tão entusiasmante na criação de lances de toque de curto e triangulações constantes como este Ajax. O jogo posicional não é tão perfeito como, por exemplo, nas equipas de Pep Guardiola ou Maurizio Sarri, e é também por isso que a equipa holandesa não consegue gerir muito bem os ritmos de jogo. 
Mas a harmonia com que combinam entre si, a inteligência com que fixam adversários e a criatividade que colocam nas manobras ofensivas está ao nível do melhor que há. A força colectiva deste Ajax depende muito do atrevimento e da insolência dos jogadores, e qualquer alteração estratégica poderia cerceá-los. Felizmente para todos, Ten Hag parece perceber isso. Fazem falta mais equipas atrevidas e insolentes como esta, e fazem falta mais treinadores que não se limitem a ser estrategas de balneário. O Ajax está nas meias-finais da Liga dos Campeões por mérito próprio. Foi assimilando ideias, foi cimentando uma identidade e, na hora das decisões, não se traiu a si mesmo. Apresentou-se em campo como sempre, igual a si mesmo, e venceu com toda a justiça. Não é certo que chegue para ser campeão europeu, mas a partir de agora já não se pode exclui-lo do grupo dos favoritos. Johan Cruyff deve estar orgulhoso."

Têm a certeza que querem brincar ao faz de conta? Vocês sabem que estariam tramados

"Já pensaram em como seria a vossa vida se a profissão que escolheram, se o vosso trabalho, fosse outro, completamente diferente? Onde estariam, quem seriam, o que teria mudado?
A proposta que vos trago hoje vai nesse sentido. Proponho-vos que embarquem comigo numa viagem viagem de "faz de conta".
Faz de conta que os meus amigos são agora árbitros de futebol profissional. Daqueles da Primeira Liga, que são o assunto do dia. De todos os dias, para toda a gente. Imaginem a coisa como quiserem: tiraram o curso há uma série de anos, blá, blá, fizeram o percurso obrigatório nos escalões de formação, distritais e campeonatos nacionais, blá, blá, e, depois de centenas de jogos arbitrados e de milhares de quilómetros percorridos, chegaram finalmente ao topo. À divisão maior do futebol português.
Foi rápido, não foi?
Agora faz de conta que, aí chegados, começaram por dirigir jogos menos mediáticos, jogos em que estavam menos expostos e, no espaço de duas, três épocas, foram lançados para partidas de maior mediatismo. Para desafios com importância relevante para as contas finais do campeonato (promoção e despromoção, derbies escaldantes, apuramento para as competições europeias, etc).
Estão agora no grupo dos oito, dez juízes considerados de topo, aqueles que são teoricamente mais qualificados para arbitrar qualquer partida no futebol português.
Sintam essa responsabilidade.
E sintam esse orgulho. O de saberem que - depois de anos e anos a percorrerem o país, a sacrificarem fins de semana e a prescindirem de tempo em família - atingiram o ponto mais alto da vossa carreira profissional. O topo da hierarquia nacional.
É reconfortante.
Agora faz de conta que foram finalmente nomeados para arbitrar um jogo decisivo. Um daqueles que pode decidir quem será o campeão nacional. Um daqueles que todos querem ver, todos querem jogar e todos querem dirigir. Faz de conta que essa nomeação - para vocês o reconhecimento da persistência e do trabalho - surge neste contexto:
- Semanas e semanas de tensão, de acusações e suspeitas, em que o assunto do dia gira em torno de favorecimentos e ajudas, de VAR e Varíssimos, de condicionamentos e pressões.
Faz de conta ainda que esse jogo, o tal que ansiavam por arbitrar, surge assim, nesse verdadeiro "cenário de guerra". Num cenário onde toda a gente parece desconfiar de qualquer coisa. Onde cada decisão, cada palavra, cada escolha é interpretada de maneira distorcida, poluída, infectada. Faz de conta que, em vez de sentirem a alegria por ter chegado o vosso momento, só conseguem sentir desencanto e tormento. Percebem, aos poucos, que tudo o que devia supostamente ser desafiante, entusiasmante e colorido é, afinal, tenebroso, dilacerante. Cinzento. Absorvam essas sensações e digam-me: isso afecta ou não a vossa motivação? Afecta ou não a vossa preparação mental para aquele grande momento? Afecta ou não o vosso foco, a vossa concentração, a vossa "liberdade" para fazerem o que melhor sabem?
Avançamos?
Agora faz de conta que, quando chegam ao estádio, o ambiente é de cortar à faca. Há caras fechadas, expressões de desconfiança e ansiedade visível. As pessoas não se falam. Estão de cabeça baixa e de semblante carregado. E há uma espécie de tensão no ar que faz pensar que tudo pode "explodir" a qualquer momento.
Sentem-se confiantes por trabalhar nessas condições? Era essa a recepção que desejavam naquele momento? Faz de conta que, antes do jogo iniciar, fazem o que dizem as regras: agem com neutralidade, cumprem protocolos e relacionam-se, de forma cordial e institucional, com tudo e com todos. Agora faz de conta que tentam mandar para trás todas essas nuvens negras. Toda aquela má energia. Todo aquele ambiente pesado e quase irrespirável que se vive antes do início do encontro. 
Abraçam a vossa equipa, dirigem-lhes palavras de motivação e incentivo e vão lá para dentro. Para o aquecimento. Mal entram em campo - e lembrem-se, ainda não começaram literalmente a trabalhar - são atropelados por um coro de assobios e por um mar de insultos. Dezenas de milhares de vozes unem-se, num só esforço, para vos dizer que vos odeiam. Para vos ofender, maltratar e esmagar. Para dizer que não prestam.
Faz de conta que estão a sentir agora essa onda de choque, essa enorme revolta da multidão. Agrada-vos? Ajudará a cumprirem a vossa missão com felicidade? Com qualidade? Com qualidade? Era a isto que aspiravam? Conseguem transpor essa sensação para aquilo que fazem, no vosso dia a dia? Estão a imaginar-se aceitar, de ânimo leve, que alguém vos tratasse assim? Antes mesmo de começarem a trabalhar? Achariam justo? Reagiriam? Ou aceitariam, em silêncio?
Há mais.
Com os assobios, chovem também os objectos. Faz de conta que metade do vosso "warm-up" é físico e de adaptação às condições... e a outra metade é táctica: táctica de fuga a isqueiros e moedas, a bolas de golfe e garrafas de água, a baterias de telemóvel, pilhas e afins.
É bom? Sabe bem? Gostam? Vá, deixem-se de coisas, voltem aos balneários e preparem-se para o jogo, que agora é a doer.
Faz de conta que a partida começou. E que, de cada vez que tomam uma decisão (seja ela qual for), têm seis, sete jogadores à vossa volta. A contestar, barafustar e a dizer asneiras mascaradas. Eles empurram-se, picam-se, caem e levantam-se. E, nos bancos técnicos, está toda a gente de pé, a saltar em histeria, de telemóvel em riste, a mostrar frames atrás de frames. O estádio inteiro está a protestar.
Parece que estão no meio de um furacão com ventos demasiado fortes. Ventos que um só homem não pode controlar. Faz de conta que surgem agora meia dúzia de lances, daqueles impossíveis. Os tais do parece, não parece. Do será, não será. Do foi, não foi.
Duraram um nanosegundo. Entre pernas e cabeças, corpos e suor, pouco viram. É pura intuição. Apitam ou não apitam? Os colegas que estão à linha, bem mais longe e focados noutras missões, não conseguem ajudar. O VAR tem tudo para dar apoio... menos certezas. Raios parta o protocolo. A imagem não esclarece, é tudo dúbio, estranho. Difícil de garantir. 
Vocês sabem que estão tramados.
Decidam o que decidirem, o tempo vai agravar e a chuva vai cair forte. Vai cair forte logo ali, no final do jogo e, sobretudo, nas semanas seguintes. Como está a vossa autoestima neste momento? E os vossos níveis de confiança? Como dividem, emocionalmente, a obrigação de agir de acordo com o que impõe a vossa consciência... e a convicção plena que os tempos que aí vêm serão absolutamente doentios? Arrasadores? Demolidores? Que impacto é que esse oceano de emoções tem no vosso discernimento? Onde termina a atitude do profissional e começam as emoções do homem?
O jogo terminou, os jogadores empurram-se, aparece um mar de gente de dedo em riste e não se ouve nada por causa dos assobios e do ruído exterior. Vocês estão ali no meio, cansados, exaustos, desesperados.
Só querem que aquele pesadelo acabe depressa. Não querem ouvir mais barbaridades, não querem ser mais espezinhados, não querem ser o alvo da ira desmedida de pessoas descontroladas. Mas são. E continuam a ser.
Chegam aos balneários depois de ouvirem vozes soltas a chamarem-vos de tudo. Vozes anónimas, lançadas nas vossas costas e perdidas nos ecos dos corredores.
Sentem-se derrotados. Acabados. Mortos.
E porquê? Porque, depois de dias dificílimos, deram o melhor que podiam e sabiam numa actividade exercida em condições adversas, perante um ambiente hostil e num cenário explosivo.
Era um jogo, mas parecia uma guerra. Agora que puseram a cabeça no duche e pediram aos vossos colegas cinco minutos para esfriar... como se sentem? Como está o aperto no peito? Dói menos? Que mensagem vão mandar à vossa esposa e aos vossos filhos, que estão lá em casa a prever o inevitável?
"Está tudo bem, eu estou bem, não se preocupem"?
É para isto que dedicaram tantos anos da vossa vida ao futebol? Era assim que viam terminar aquele que devia ser o ponto mais alto da vossa carreira? Não se percam em balanços. A partida terminou, mas o "melhor" ainda está para vir.
Tudo o que fizeram lá dentro foi visto e revisto, à lupa. Ao mais ínfimo detalhe. Ao mais microscópico dos pormenores. Agora vai começar outro jogo. O da análise, do escrutínio minucioso, da crítica implacável. Da crítica de conveniência.
É certo que vocês sabem que estes são danos colaterais dos tempos modernos, mas... estarão mesmo preparados para a implacável avaliação da opinião pública? No local onde trabalham de verdade, o país costuma parar para ver, criticar e qualificar o que fazem?
Ele é reproduzido, todos os dias, em todos os canais de informação? Em todos os jornais? Em todos os debates nos media? É falado e comentado durante horas e dias a fio? Durante semanas? E a vossa integridade, é arrastada nessa dissecação?
Não?
Mas... e se fosse assim? E se fosse assim, de cada vez que cumprissem a vossa função, de cada que fossem trabalhar? Como se sentiriam? Desistiam? Continuavam? Como se sentiriam se, de cada vez que saíssem com a vossa família, esta tivesse que ouvir um mundo de impropérios por causa daquilo que fazem?
Como reagiriam? Como os defenderiam? Como os protegeriam? Como lhes explicariam que as coisas "são assim mesmo"? Com conformação? Ou com raiva, com ódio, com vontade de partir tudo à vossa volta?
No mundo do faz de conta, qualquer coisa é possível, mas há coisas que só compreende quem as vive e sente, por dentro. Quem passa por elas de verdade. Às vezes é importante fazermos o exercício de nos pormos no lugar daqueles que tanto criticamos.
"Antes de julgar a minha vida ou o meu carácter... calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri (...)"
Já dizia a tal senhora."

Cardozo dá a vitória na Alemanha


"Óscar René Cardozo Marin. Ou como ficou conhecido entre nós Óscar Tacuara Cardozo. O tal que os adeptos avisavam os adversários para terem cuidado, pois ele era perigoso. Que Deus perdoava, mas o Tacuara não. Ao longo de 7 anos marcou tantos golos que terminou como o melhor marcador estrangeiro de sempre, pulverizando as marcas do antigo recordista Mats Magnusson. Se o enorme avançado Sueco marcou 87 golos, pois o Paraguaio quase que dobrou, com 172 golos!
Cardozo marcava às equipas pequenas, às equipas grandes, ao FC Porto, ao Sporting, ao Manchester United, ao Fenerbahçe, ao Liverpool, ao Celtic, ao Everton...tudo o que lhe aparecesse à frente. 
Falando de alemães? Marcou ao Nuremberga, ao Hertha de Berlim, ao Estugarda e ao Bayer Leverkusen. Coisa pouca. E no vídeo podem ver o fantástico golo que ele marcou na BayArena para os 1/16 final da Liga Europa em 2012/13, uma das épocas em que o Benfica chegou à final da Liga Europa. Esperemos que este ano também cheguemos, mas com um desfecho diferente."

Benfica Podcast #320

Denuncia... que a ser verdadeira!



"Esse Francisco J Marques anda a querer acusar quem nada tem que se aponte de á precisamente 3 três anos a esta parte, não queres antes dizer quanto pagas a determinadas pessoas para que elas falem? Não queres dizer a forma como se fazem notícias ridículas? É assumido por ti, até e-mails truncaste, imagina notícias, como as inventas! Pareces um cachorro que vai a tribunal e até o juiz te diz em tribunal “Escusas de Fazer de Nós Parvos”.... Não tens vergonha? Queres fazer dos Portugueses “Parvos”? Tens um canal de televisão a tua disposição, minto, tens vários, se és homem mostra as provas que eu corrompi, mostra que eu tentei aliciar, tens azar porque até hoje tu é que és arguido, tu é que roubaste e-mails, tu foste quem tornou a vida privada de muita gente pública, no foste que estragaste a vida a muita gente e famílias, mas a mim não vais estragar, eu estou aqui para te mostrar a ti e todos os Portugueses que na escola do crime foste aluno, mas fraco...
Andas a mendigar para não seres despedido, andas a comer as cascas dos amendoins, porque já não te dão ração... Mas eu a ti dou baile, escuta bem a gravação abaixo que só demonstra onde e como se faz corrupção, mas ela está à disposição das autoridades, só não vê quem não quer. Está à disposição das autoridades na totalidade. No dia que te chamei escroto devia sim ter-te chamado sem abrigo, tens saudades do parque Eduardo VII?
Só difamam e não querem levar comigo, venha a polícia buscar e constituir-me arguido que é a forma que tenho de vos processar a todos, provem as acusações que dizem.... tu és do mais reles que existe. 
Até um mero adepto do Benfica condicionaram para o resto da vida... Tem vergonha doente!
Vais saber com quantas grades se vai fazer a jaula onde vais passar uns anos.... Ou foge para Vigo! 

Escutem bem e Parilhem. Tenho anadado calado mas não estou mosto. Vejam o que é Corrupção... Crime Organizado!"

O nosso caminho

"As equipas de formação do Benfica estão, tal como a equipa principal, a cumprir a recta final dos respectivos campeonatos. Iniciados, Juvenis e Juniores ocupam o 1.º lugar, mantêm-se invencíveis (11 vitórias e 3 empates, no total) e alimentam legítimas esperanças em conquistar o(s) título(s).
O projecto do Seixal vive um período de ouro que não se resume ao excelente trajecto que estes três escalões estão a cumprir – independentemente de virem ou não a sagrarem-se campeões nacionais. A isto é preciso juntar o desempenho de grande qualidade do Benfica B e até a importância que tem hoje a equipa de sub-23 na estratégia global.
A aposta no talento formado em casa é, como se definiu e anunciou no momento certo, absolutamente inegociável. O futuro passa pelo Seixal e pela qualidade dos jogadores desenvolvidos na “Fábrica”, como há dias afirmou o Presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira.
O ressurgimento europeu do Ajax é a prova mais recente de que é possível, num patamar de grande exigência, atingir resultados de excelência a partir de um projecto assente nos frutos da formação. 
Enquanto o Benfica mantém esta preocupação em construir e acrescentar valor ao futebol português, há quem insista em lógicas incoerentes, indefinidas e que não contribuem para a melhoria da indústria.
Foi com estupefacção que o Benfica recebeu a notícia da multa, aplicada pelo Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol, na sequência de críticas feitas à arbitragem.
As observações que fizemos nessa altura (14 de Janeiro) estiveram em linha com aquilo que a maioria dos jornais, televisões e rádios também acabaram por defender relativamente ao que se passou, na arbitragem, na 1.ª volta deste campeonato.
Isso mesmo foi reconhecido por praticamente todos os analistas do futebol português – especializados ou não – e até, imagine-se, pelo Conselho de Arbitragem (CA), que no balanço ao primeiro terço da prova acabou por assumir “9 erros graves” relacionados com o desempenho de árbitros e respectivos vídeo-árbitros.
Faz sentido perguntar, já agora, se o CD também pondera a hipótese de ainda vir a multar o CA?
Por fim, lamenta-se o silêncio que este mesmo organismo mantém relativamente ao clima de ameaças e coação instalado no futebol português e com autores cada vez melhor identificados.

PS: Ficou agora a saber-se que o porta-voz do roubo dos e-mails mentiu em tribunal ao invocar o estatuto de jornalista e praticou assim mais um crime, agora de usurpação de funções, tendo levado a própria Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas a tomar uma posição pública. Quando se pensa que não é possível descer mais, existe sempre quem consiga surpreender."

Cadomblé do Vata (Dia de Vata..!!!)

"1. Ontem na imprensa nacional: "Hoje é dia de Ronaldo"; "Ronaldo ataca as meias finais"... hoje na imprensa nacional "Ronaldo e João Cancelo eliminados pelo Ajax".
2. Varela e Semedo já estão nas meias finais da Champions e hoje Bernardo e Ederson também se podem apurar... quando LFV falou no Projecto Europeu do SL Benfica, esqueceu-se de explicar que para a final da Liga dos Campeões, ia cada um no seu avião.
3. Os portistas continuam muito revoltados com a questão dos amarelos forçados pelo Marítimo... entretanto hoje, contra o Liverpool, já podem utilizar o Corona que tinha sido suspenso pela UEFA, por forçar amarelos.
4. Sérgio Conceição insurgiu-se contra o calendário do campeonato e disse que a Liga não defende as equipas que estão na Champions... vamos lá a ver, bem sei que os benfiquistas criticaram muito o fim da protecção ao representante português na pré eliminatória da Champions no sorteio do campeonato, mas o jogo 69 horas antes da nossa visita a Moreira de Cónegos, foi para a Liga Europa.
5. Saiu a convocatória do SLB para Frankfurt e inclui o regresso de Jardel, Fejsa, Sálvio e Jonas... estamos na altura das férias da Páscoa e o Benfica parece não querer arriscar mandar os putos para o estrangeiro sem supervisão de adultos."

Agradecimentos !!!



"Primordialmente, o Polvo das Antas gostaria de pedir ajuda ao especialista de Singapura da CMTV, de forma a reconhecermos a veracidade deste vídeo.
Em 2017, Francisco J. Marques dizia perante toda a plateia que era “uma enorme honra e um privilégio receber este Dragão de Ouro. É para partilhar com todos os camaradas que trabalham comigo. Quero agradecer ao presidente e ao diretor-geral Manuel Tavares, que acreditaram que valia a pena entrar nesta batalha pela verdade desportiva!”
Em 2019, questionado em tribunal pelo juiz relativamente ao envolvimento da SAD portista no esquema, Francisco J. Marques respondia que o fez "sem pedir ou receber ordem da SAD" e que ”apenas ele e Diogo Faria tinham acesso aos emails”.
Esperem lá, vamos recapitular:
2017: Francisco J. Marques diz explicitamente que o dragão de ouro é para ser partilhado com Todos os camaradas que trabalharam com ele no esquema dos emails e agradece a Pinto da Costa e a Manuel Tavares por terem acreditado que valia a pena divulgar os emails;
2019: Questionado pelo juiz, Francisco J. Marques responde - perante juramento - que a SAD do Futebol Clube do Porto (leia-se: Pinto da Costa, Manuel Tavares e todos os restantes “camaradas”) não tinha conhecimento dos emails e que não deram autorização nem impediram a sua divulgação. 
Sendo assim, o quão crucial para a "guerra dos e-mails" era, afinal, o presidente, a administração e o director-geral do Futebol Clube do Porto? Porquê todos os agradecimentos 2 anos antes, se eles não tinham sequer conhecimento dos emails?
A SAD do FC Porto está ou não está envolvida no esquema?
Nós somos todos parvos. E o óscar só poderia ir para... Francisco J. Marques!"

Truncagens !!!

"Como havíamos adiantado há muito tempo, alguns emails foram truncados. Quem o diz agora é o tribunal. Se dúvidas haviam, agora fica tudo mais claro. As suspeitas que se levantaram não foram apenas baseadas em emails roubados, foram também baseadas em emails truncados. É grave e não abona a favor do FC Porto que entrou numa guerra demasiado perigosa."

Critérios à medida...

"Durante esta época, 42 jogadores foram expulsos por acumulação de amarelos. E quantos viram mais do que 1 jogo? Zero. Tudo normal, até que Fábio Coentrão numa decisão inédita, é punido com 2 jogos de suspensão.
Porquê? Quem será o adversário do Rio Ave daqui a 2 jornadas?
Só mais uma coincidência na Liga da Vergonha. Já assistimos a interdições de estádio, dualidade de critérios e uma perseguição clara e evidente ao Sport Lisboa e Benfica.
Um jogador ser suspenso por 2 jogos, após ser expulso por acumulação de amarelos, é outra novidade do Sr Meirim das Antas que continua a sua saga de #portoaocolo a alta velocidade..."


PS: Este post está incompleto, pois a justificação para os 2 jogos, foram ofensas ao árbitro!
O curioso, é que noutras situações idênticas, sempre que os árbitros escreveram nos relatórios, que após a advertência disciplinar, foram ofendidos pelo jogador, os prevaricadores levaram 4 jogos, e não dois!!!
O problema aqui, é que se o Coentrão levasse 4 jogos, também não jogaria com o Benfica!

Processos de conveniência !!!

"Não foi há muito tempo que isto aconteceu. Foi no inicio do ano passado, na Primeira Liga, com o mesmo Conselho de Disciplina. Jogador força amarelo, treinador admite o mesmo.
Houve algum castigo? Não.
Quem é que foi beneficiado? O Porto, para não variar."

Benfiquismo (MCLIII)

Lá dentro...

Unidos na #Reconquista!

Som Ambiente

"Não é de mais insistir neste assunto. Aliás, é essencial fazê-lo. O problema não é de agora. Há dois ou três anos que o ambiente na Luz tem vindo a esmorecer. Foi dito neste espaço e é verdade: paira um nervosismos gritante nas bancadas do estádio. Não podemos fugir do assunto: já houve uma maior comunhão em volta das várias equipas que fazem parte do Benfica.
Quando o trabalho permite, lá estou eu, sentado no meu lugar, com amigos ou sozinho. Estou lá para ver o nosso Benfica. Estou lá para abraçar a equipa, independentemente do resultado final. Não minto quando digo que nunca assobiei os jogadores ou o treinador. Reclamo, claro, fico zangado e triste quando os objectivos não são alcançados, mas nunca assobiei a equipa. Eu estou lá para apoiar, mesmo que por vezes não o faça cantando. Gosto mais de um "vamos c$%&?!#" ou de um "pra cima deles". Prefiro um punho em riste e um sorriso na cara.
Na minha opinião, são dois os motivos para que o ambiente na Luz não seja o melhor.
Em primeiro lugar, e não me interpretem de forma errada, há uma necessidade extrema de ganhar. Essa necessidade é provocada pelo ambiente em torno do futebol português. Muitos dos adeptos, e isto acontece noutros clubes, querem que a equipa ganhe para depois irem para o trabalho e para as redes sociais atacar os rivais de forma pouco saudável. Ou seja, para esses o importante é serem eles a ganhar, não o clube. O que acontece? Cresce no estádio um nervosismo palpável. E claro que quem leva com isso são os jogadores, muitas vezes sem culpa, como verificámos nos dois últimos jogos em casa. É incompreensível que se assobie a equipa quando esta está a fazer um bom jogo e a ganhar. Não faz o mínimo sentido.
É imperativo que essa atitude mude e o clube deve ter um papel importante nessa mudança, principalmente o seu departamento de comunicação. Criar uma maior aproximação entre a equipa e os adeptos é essencial, assim como passar a ideia de que a maior necessidade que existe é o apoio à equipa. Se assim for, acreditem, as vitórias ficarão mais perto de acontecer.
Por último, é verdade que muitos dos presentes no estádio vão pelo espectáculo. Não discuto o seu benfiquismo, mas marcam presença pelo evento e não pela militância ou paixão. Mas estão no seu direito. Felizmente, vivemos num país livre. As redes sociais desempenham aqui um papel importante. O que se passa agora nos estádios de futebol é o que se passa há já alguns anos nos concertos. Quantas não são as pessoas que passam o tempo todo com o telemóvel no ar a captar algo que devia ficar captado antes na sua memória? No estádio passa-se um pouco isso. A plastificação do futebol, e não somente dos adeptos, é a maior inimiga da paixão e do 'ir à bola'.
Quanto às luzinhas, não me incomodam assim tanto. Até acho que dão um boneco giro. Incomodam-me muito mais os silêncios estranhos, os assobios inconvenientes, o afastamento das pessoas e, acima de tudo, a perda da verdadeira essência do futebol."

As Águias - ep. 32

Francisco J. Marques não pode invocar condição de jornalista

"O Secretariado da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista repudia as declarações feitas em tribunal por Francisco J. Marques, arguido no processo dos mails do Benfica, ao tentar declarar-se como jornalista e invocar interesse jornalístico na divulgação daquela correspondência, conforme noticiado nos últimos dias em vários jornais.
Francisco J. Marques é director de comunicação do Futebol Clube do Porto, funções que, como bem sabe, são incompatíveis com a profissão de jornalista. Isso mesmo é explícito no artº 3º, nº 1 al. b) do Estatuto do Jornalista (Lei n.º 1/99 de 13 de Janeiro) as “funções de marketing, relações públicas, assessoria de imprensa e consultoria em comunicação ou imagem, bem como de planificação, orientação e execução de estratégias comerciais”.
Francisco J. Marques está bem consciente desta incompatibilidade, tanto que não revalida o seu título profissional desde Fevereiro de 2012, quando deixou o jornalismo para ir trabalhar para a comunicação daquele clube desportivo.
Assim, as declarações feitas em juízo no sentido de justificar a divulgação de correspondência electrónica com o interesse jornalístico, auto-intitulando-se jornalista e com recurso a métodos jornalísticos não são aceitáveis em nenhuma das suas dimensões.
A Comissão da Carteira Profissional de Jornalista vai avaliar se as declarações de Francisco J. Marques proferidas em tribunal podem configurar crime. Mas não pode deixar de recomendar ao próprio maior rigor no pronunciamento sobre a sua condição profissional.
A CCPJ quer desta forma também afirmar publicamente a sua intolerância face a situações de incompatibilidade como as descritas no citado artigo, que constituem contra-ordenação punida com coima de 200 a 5000 euros para os jornalistas que acumulem funções ali descritas."

Boavista: há degraus para subir para lá do bloco de betão

"Basta levantar a cabeça e olhar em frente para vislumbrar uma das melhores novidades dos últimos tempos da Liga Portuguesa.
Da janela da redacção vejo o Estádio do Bessa.
Na verdade, vejo as traseiras: o bloco de concreto, tijolos e ferro, de costas para o parque de estacionamento.
Subitamente, aqueles 30 mil lugares construídos a propósito do Euro 2004 deixaram de parecer sobredimensionados.
Nas últimas duas jornadas em casa, o Boavista fez uma espécie de milagre de multiplicação dos adeptos. 
Depois dos 10 812 na recepção ao Belenenses (na 27.ª jornada), no passado domingo bateu-se o recorde de assistência desta época: 16 302 pessoas frente ao Nacional da Madeira.
A título comparativo, é mais do dobro do jogo frente ao Sporting (7 628, na 25.ª) e a segunda maior plateia da 29.ª jornada.
Em luta pela manutenção, a direcção do clube e da SAD tomou uma decisão simples e acertada: socorreu-se do público. Abriu mão de alguma receita, abrindo as portas do estádio.
A campanha era atractiva – tinha de o ser para «virar o jogo» nesta fase decisiva: cada associado podia levar consigo até quatro convidados, enquanto os não-sócios sem convite entrariam a troco de um euro.
Assim se começou a encher o Bessa e assim o Boavista venceu dois jogos importantes, deixando a zona de descida a cinco pontos de distância.
Subitamente, havia milhares nas bancadas, um ambiente fervilhante, como que se recuássemos até às equipas de Manuel José e Jaime Pacheco.
Como se em campo ainda se gritasse pelos golos de Ricky e Artur ou se celebrasse o talento de João Vieira Pinto e Nuno Gomes... Como se ainda houvesse a categoria e o pontapé certeiro de Ion Timofte e Erwin Sánchez. Como se, por magia, o Boavista tivesse voltado a tornar-se num aspirante a Boavistão.
Quase escusado será recordar o passivo gigantesco e a passagem pelo Campeonato de Portugal, recente na memória, para se perceber quanto esta árvore ainda tem para crescer.
Depois da tempestade, é preciso semear para depois colher. Uma das sementes é esta: transformar curiosos em simpatizantes e fazer destes adeptos.
Se há prova que esta iniciativa nos trouxe é a de que existe maior massa crítica do que era visível para os lados do Bessa. Há que chamá-la de volta e encher a casa de gente.
No final do jogo de domingo, o treinador Lito Vidigal sintetizou tudo numa frase: «Só um clube grande é capaz de ter 16 mil adeptos nas bancadas.»
Quando saio da redacção e deixo de ter o Bessa defronte, vejo no caminho até casa stencils pintados pelas paredes na cidade. Acompanhado do emblema do clube, sempre a mesma mensagem: «Boavista resiste.»
Se há coisa que a nova direção do clube percebeu sem demoras é que se resiste tanto melhor com mais gente na barricada e que a batalha pela sobrevivência só se ganha cerrando fileiras.
No final de tudo, será tão simples quanto isto: basta olhar em frente e ver as oportunidades que estão para lá do muro.
Há degraus para subir para lá do bloco de betão."

O Aikido: Uma arte ou um Desporto?

"Legítimo herdeiro da tradição marcial japonesa, o aikido (o caminho da harmonia) foi criado por Morihei Ueshiba (1883-1969), um homem de “fraca constituição física, muitas vezes doente e muito nervoso” (Hamon, 1992, p. 17). Considerado o pai desta disciplina marcial, que faz a sua aparição na Europa (em França, nos anos 50, e em Portugal essencialmente a partir dos anos 1960), Ueshiba, em 1903, alista-se como um simples soldado da armada imperial, onde se faz notar pela sua grande habilidade no manuseamento da baioneta, arma correntemente empregue na época nos combates de corpo a corpo. Durante a guerra russo-japonesa (1904-1905), ele faz prova de bravura. Dois anos depois desta guerra, o Governo japonês decidiu agrupar as principais escolas marciais numa organização chamada “Botokukai”, no seio da qual as disciplinas poderiam salvaguardar a sua tradição e manter o seu espírito.
A partir de 1926, Morihei começa a chamar a atenção de importantes personalidades japonesas do mundo político e militar, fazendo-lhe algumas visitas e para treinar com ele na via da “harmonia e da unidade”. Em 1931, vai instalar-se num bairro de Tóquio, onde cria um centro de prática chamado Kobukan, e que, uns anos mais tarde, assumirá o nome de Aikikai. Enceta contactos com Jigoro Kano, considerado o pai do judo. Em 1946, os americanos, temendo pela sua segurança, vão proibir a prática do aikido e de todas as artes marciais.
O “Sensei” (mestre) para os praticantes de aikido é quase um mito, uma fonte de reflexão e de inspiração. Grande parte dos alunos de Ueshiba no Japão eram filhos de famílias da alta nobreza e de oficiais militares de um Império do Sol Nascente saído vencido da Segunda Guerra Mundial.
Com o seu falecimento, em 1969, é o seu filho que assume o “testemunho” e prossegue a arte do seu pai, assegurando, assim, uma continuidade. Com a vinda de mestres japoneses para a Europa, como uma “espécie de missionários”, foram sendo criados vários centros de prática e promovidos estágios (treinos mais intensos, variáveis em número de dias), tendo a adesão de praticantes à procura de um desporto de combate e ávidos do exotismo que ele proporcionava.
Ainda que o aikido tenha assumido um lugar importante na Europa, para alguns instrutores avançados na prática ele ainda continua a ser uma “arte misteriosa”. Refutando a lógica competitiva (desportiva), o aikido coloca a tónica na “arte corporal”. Ele propõe a quem o pratica regularmente uma regra de vida moral e física. Os exercícios do corpo e morais são, de certa forma, inseparáveis. Para os praticantes, e seguindo a vontade extrema do seu fundador, “é uma arte de paz”. Reivindica-se uma “ética do combatente”, uma “ética cavalheiresca”.
Tal como no judo ou no karaté, a obtenção da graduação permite avaliar o nível técnico, e assume-se como uma luta simbólica. Assumindo uma perspetiva bourdiana, podemos dizer que a obtenção do cinto negro e ulteriores, simboliza o “poder simbólico” ou “capital simbólico” (estatuto social). Na realidade, o “prémio” (a graduação) resulta de um crédito. Não é o dinheiro, mas as recompensas asseguradas pela avaliação dos pares, reputação, cargos e funções nos clubes, associações ou federações. Este “crédito honorífico” (honorific credit) é pessoal e intransmissível (propriedade privada, não pode ser transmitido por contrato ou por testamento).
Como pudemos testemunhar com a nossa observação-participante, o espírito aikidoca diz muito: o praticante não está lá para propor ou impor as suas ideias aos outros e desvirtuar o ensinamento do Sensei, mas para progredir e trabalhar. O mestre está lá para ajudar os “desiludidos” com a prática (as técnicas difíceis de assimilar), os reconfortar e os ajudar a ultrapassar as dificuldades do treino. O praticante experimentado, mesmo se ele pode ensinar ou corrigir os mais inexperientes, pode não ser um instrutor. Para se ser instrutor, é preciso uma credencial, obtida após fazer uma formação da federação de aikido. A dificuldade principal, tendo em conta os diferentes níveis de expertise, é explicar que, para uma mesma prestação técnica, pode-se dar cumprimentos a um jovem iniciante e desiludir se é realizada por um praticante avançado. Existe uma distância entre o que um praticante pode projectar e o que ele pode viver. Quando um praticante não realiza as performances que ele se julga capaz, ele coloca em causa a sua preparação física e habilidade para a modalidade escolhida.
O aikido é percebido como uma arte estética e como complementar ao judo, permitindo a (eventual) possibilidade de defesa contra um ataque de arma branca. Como uma tripla acção da lâmina de barbear com três lâminas (a primeira tira o pêlo, a segunda corta, retirando mais um pouco e a terceira vai a um nível que as duas primeiras não permitem), para os praticantes, as técnicas podem ser “analisadas, estudadas, harmonizadas”. Analisadas separadamente, como de um factor educativo. Estudadas sistematicamente, pois tornam-se um gestual psicossomático. Harmonizadas interiormente, porque se tratam de exercícios privilegiados de conduta de energia. Para muitos, o esforço é centrado para uma eficácia que se deseja imediata. Os treinadores (ocidentais e orientais), treinados nas modas actuais, propõem técnicas que satisfazem os ávidos sentidos. Outros têm técnicas “avançadas”, nas palavras dos praticantes. Podemos ouvir: “ele tem um aikido que mata”, expressão paradoxal quando sai da boca dos cintos negros, que se referem especialistas, e que conhecem os preceitos de Ueshiba. 
No aikido prevalece uma vaga sentimental anticompetitiva, rejeitando-se o desporto e a instrumentalização corporal, tendo em vista o recorde. Bourdieu (2008, p. 27) chama a atenção para a questão das lutas em cada disciplina (como campo), da sociologia, mas também se pode aplicar nos desportos de combate: “cada protagonista desenvolve uma visão clara desta história, sendo as diferentes narrações históricas orientadas em função da posição daquele que as faz, não podendo portanto aspirar ao estatuto de verdade indiscutível”.
Em suma, cada disciplina é definida por um nomos particular, um princípio de visão e divisão, um princípio de construção da realidade objectiva."